Reinações Múltiplas: julho 2011
ATENÇÃO: Este blog é pessoal e não profissional

Aquelas palavras que ninguém diz

E se eu resolvi confessar tudo o que sinto, qual é o problema?
Pois bem, vamos lá.... é o momento de criar coragem e vomitar, finalmente, tudo o que está em minha mente.
O vômito soa tão nojento, desconcertante, impróprio... mas é tão purificador. Assim como defecar, não? Pois bem, vou cagar ideias e fazê-lo com classe, como a dama, a lady, a senhorita, que minhas amigas (algumas, as mais espertas e confiantes) esperam que eu seja. Cagar as ideias com classe e eliminar o odor. Afinal, uma dama tem certos deveres, como cheirar bem.

Pois eu fedo. Fedo arte, fedo orgulho, fedo vontade, ideias, ideais, fedo mito.
Sou um mito, uma lenda. Conte para mim a história de minha vida. Você escolhe a que preferir.
Posso ser o que quiser que eu seja, sem deixar de ser quem eu sou.

Estou aberta. Como um livro.
Mas nem todos os livros são lidos.
E nem toda leitura agrada.
E nem todos sabem, querem ou gostam de ler.
Sou para os amantes da fantasia e do realismo. Sou drama, novelas de cavalaria, sou comédia romântica, sou uma serial killer.


Vou assassinar o seu pensamento. Não quero que pense, não sobre mim. Apenas respire, sinta, absorva.
Sou o sangue escorrendo da vagina e você o absorvente. Vamos, me absorva... ou demonstre que é incapaz e me deixe vazar, transbordar, manchar a sua honra. Arruinar o seu vestido.

O vestido dela.
Ela.
Aquela.
Que rouba o que eu quero e não entende quem eu sou.


Ele.
Aquele.
Que a deseja por despeito e se envergonha de mim.

Mas não sou, em hipótese alguma, digna de pena.
Pena. Galinha. Maldita galinha. Uma piranha qualquer.
E eu? Eu, moça puritana, com princípios e bases católicas, abandonada no altar.
Me deixe, não sou mais que um copo de coca-cola pela metade.
Fraca. Sem gás.


Não, eu tenho vigor.
Tenho?
Não importa, agora estou morta. Aqui. Esperando.

E ele não me vê.

E-mail

From: francielecf@hotmail.com
To: heraclio_*********@hotmail.com
Subject: Pois é, voltei
Date: Tue, 8 Jul 2008 23:35:39 +0000


Sim meu caro, resolvi voltar a escrever duras linhas. Resolvi enterrar meu cadáver poético, pois já não suporto em mim este odor fétido e pecaminoso.
Para que fique uma lembrança na memória. Apenas uma. O meu sepultamento, indigno de lágrimas e de lamentos. O corpo está frio, o dia está frio e a lua sumiu entre nuvens de fumaça. O que me resta amigo, senão um enterro infeliz?
Já presenciei enterros, muitos deles felizes. Grandes enterros! Não como o meu. Cadaver cru. Tempo sem graça. Nenhum testamento. Três exclamações, sendo uma com onomatopeia:
-Atchin!
-Saúde!
-Obrigada!
Eu disse, eu respondi, eu agradeci. Eu pessoa, eu verme, eu poetisa. Os poetas não são homens, nem bichos. São aquilo que eu fui, mas já não sou, porque morri. Defuntos não são nada, ou são? Bem, eu não sou!
Palavras ao vácuo, essas eram minhas palavras...
E como eu sofri, e quanto eu sofri! E para que? Para que sofrer? Agora meus olhos não abrem. Nem sequer tenho olhos. Me restam a indignação e a morte. Não, não. A morte não. Até esta abandona. Mata e foge.
Não fosse a velha companheira, nada me restaria. Velha companheira! Reencontrei a solidão. Solidão pós morte. Quase um privilégio.
Merda de palavras fragmentadas. Se eu vomitar, o som e a poética dos meus resíduos farão mais sentido do que elas.
Sim meu caro, novamente duras linhas.



Franci