Reinações Múltiplas: outubro 2010
ATENÇÃO: Este blog é pessoal e não profissional

Secrets - Capítulo 1

Regulamento da promoção na guia "Regras"



Prólogo

Eu senti desde a primeira vez que ela era diferente. Não em um aspecto positivo, admito, mas senti que poderia me surpreender.

Capítulo I

(flashback on)

Sempre que o ônibus amarelo do Colégio Hwertz estacionava em frente ao jardim dos Steves, Anne Spring corria para a janela, a fim de ver as crianças mais velhas conversando, rindo e fazendo muita bagunça. Enquanto seu vizinho, vestido com um uniforme azul, de gravatas vermelhas, entrava no veículo, segurando sua pasta de materiais. A garotinha não via a hora de crescer e pode ir para a escola, como as demais crianças da vizinhança faziam.

-Anne querida, o que está fazendo fora da cama?

-Mamãe, quando eu vou entrar no ônibus amarelo, como o filho dos Steves?

A mãe de Anne tinha cabelos compridos e lisos, que caiam sobre os ombros, em um negro brilhante e encantador. Seu rosto, de pele alva, contrastava com a cor dos belos olhos azuis e os lábios, pequenos e moldados, abriam um sorriso tão altivo, que faziam a mulher parecer uma fada.

-Minha princesinha – disse e abriu um sorriso, sentando-se na cama e batendo a palma da mão aberta, em um típico chamado para a filha voltar a dormir e ouvir sua resposta quentinha, na cama. Anne fez uma careta de quem obedece, mas não queria obedecer e saiu da janela, se enfiando embaixo das cobertas, com seu pijama cor-de-rosa listrado. – escute Anne, daqui há alguns anos você também entrará naquele ônibus e encontrará seus colegas na escola, mas agora você precisa descansar seu corpinho, porque teremos um dia cheio, minha querida. Aproveite mais algumas horas. – uma das mãos acariciava os cabelos ondulados da filha, que ouvia quietinha, embora os pezinhos não parassem de se mexer, ansiosos.

- Eu queria ser grande.

Mag Spring achou graça nas palavras da filha e abriu o sorriso mais radiante, do qual a Anne recordava.

(Flashback off)

O despertador parecia um berrador no ouvido de Anne, ela não suportava aquele som chato e estridente no ouvido, mas se não fosse assim jamais acordaria. Seu corpo reclamava e o braço, esticado, queria esmurrar o aparelho, para que parece de fazer aquele barulho.

Como se não bastasse, antes que o braço alcançasse o despertador, a porta de seu quarto foi escancarada e uma voz de bruxa, que era a de sua governanta Dora, disse em alto e bom tom:

-Hora de levantar Spring!

Sim, ela tinha aula e teria de ir para o colégio: um tormento.

Anne era a típica garota de grupinhos-sem-grupinhos. Andava aqui e ali, fazendo uma ou outra amizade, que duravam o tempo do “oi” e do “tchau”, pra simplesmente pedir licença na fila do lanche. Ou seja, não fazia amizade nenhuma, nem fazia questão. Seu rosto era dono do puro sarcasmo e suas feições eram de uma pessoa irritada, que detestaria ser incomodada.

Claro que Anne não era completamente sozinha, pois havia uma amiga de infância, a Lenah e também um amigo de projetos loucos, o Harry.

Os três mosqueteiros costumavam se encontrar, além do colégio, no sábado à tarde, para atualizar o site que mantinham, no servidor americano: Flyers. Um portal que atualizava semanalmente com prêmios, curiosidades e infinitas notícias para os fãs do filme Back to the Future, o vício do grupo.

Anne, que usava o cabelo preso, em rabo-de-cavalo, além de roupas escuras e maquiagem pesada – com as tradicionais camisetas do De volta para o futuro, é claro, não se relacionava bem com os demais alunos. Era uma pessoa bacana e interessante, pensava Harry Judd, seu melhor e único amigo, mas um pouco retraída e brava demais, pensava sua melhor e única amiga Lenah Muller.

Naquela manhã, as aulas seriam chatas e as companhias piores ainda, por isso Anne não fazia a menor questão em se aprontar no horário. Se ela atrasasse, não conseguiria pegar o maldito ônibus amarelo e, então, ficaria em casa, assistindo a série em desenho de Back to the future, pela milésima vez.

-Droga de babá!

Mas, como sempre tem um porém, a garota não fazia a menor questão de trocar o manicômio que era Hwertz, pelo inferno que era ficar em casa com Dora, a governanta-babá, que seu pai arrumou há tantos anos.

-Ok Dora, eu já vou! – ela gritou com o travesseiro no rosto, a fim de que a governanta não a irritasse com os sermões de “vamos logo sua peste”. Era um tormento viver com aquela mulher.

Anne levantou, se arrastando, seu quarto estava impecável, como costumava deixar. Odiava bagunça, coisas espalhadas, desorganização. Mas não, certamente não. Ela preferia manter todas as maravilhas que sua mãe havia deixado para ela. Desse modo, nem uma poeira poderia mudar o cenário “Mag Spring”, pois aquelas paredes, por mais vazio e mais distância que pudessem significar para a jovem, eram a única lembrança que restava de sua amada mãe.

Os tênis all star pretos estavam a postos, assim como a baby lock vermelha com o Martin Mcfly estampado, o casaco desbotado de gorro e a calça jeans preta. Partiu para o banho, enquanto olhava a combinação de peças que havia separado na noite anterior, todas organizadinhas em frente ao seu trocador.

O quarto de Anne era basicamente o palacete de uma princesa. As cortinas de rendas brancas, sob o tecido cor-de-rosa claro, contrastando com os móveis de madeiras raras, em um branco simples e delicado. A cama era de casal, havia ganho dos pais assim que completou 7 anos. “Agora você é uma mocinha meu bem”, Anne lembrava as palavras de sua mãe quando a cama foi posta ali.

O trocador era, basicamente, um biombo de madeira, com pintura de rosas e flores do campo. O closet repleto de roupas, ainda conservava os vestidos da meninice. Vestidos tão lindos, com laços e combinações de cores deslumbrantemente requintadas, encomendados por Mag Spring para sua pequena princesa Anne.

A delicadeza de sua mãe ainda estava presente em cada pequeno espaço do quarto, conservado e adorado. Ainda que todas as outras mobilhas da casa, assim como os ambientes, tivessem evoluído nos últimos anos, Anne não deixou que nenhum dedo fosse tocado em suas coisas, há não ser o despertador berrante que havia ganho de Harry e Lenah, depois de ser barrada uma semana consecutiva no colégio, pois ela realmente tinha problemas em acordar cedo.

No banheiro individual, Anne tinha a banheira com detalhes em prata e as toalhas com seu nome bordado em um vermelho encantador, sobre o branco. Sua mãe pretendia entregar o enxoval quando a garota completasse 15 anos, mas acabou não vendo nem mesmo os 9 anos completos.

As loções hidratantes e os perfumes também eram ao gosto de Mag Spring, a tão venerada Mag. Toda a vida de Anne era ligada a de sua mãe, seu grande e único motivo de viver era saber o quanto a mãe planejava o futuro da filha. Desde as pequenas e simples coisas, até as maiores possíveis. Mas todo esse amor era parte do íntimo de Anne, pois sua relação social não era muito amigável, nem mesmo a relação com o pai e a babá.

Aliás, ela achava o cúmulo do ridículo uma garota de 16 anos ter uma babá, mas era tão habitual ter a megera gritando pela casa, que seu pai não se desfaria dela tão cedo, por isso, a partir dos 13 anos, o cargo de babá foi suprimido pelo de governanta. O que era absurdo, aos olhos de Anne. Ela mesma era muito melhor na organização da casa do que aquela velha rabugenta, que deixava tudo parecendo um mausoléu, dos mais bregas e cafonas.

Os refúgios de Anne eram, basicamente, seu quarto, vulgo: o intocável; e sua sala de computador, vulgo: máquina para o futuro.

Era trancados lá que ,Anne e seus amigos, organizavam as coisas do site e movimentavam a rede de apaixonados que existia na internet. O site do trio fazia sucesso, embora usassem nomes fakes e identidades, até, bizarras. Fingiam desde suas idades, até suas supostas formações. Mas era por uma boa causa, conseguir os melhores contatos e saber tudo o que poderia ser descoberto sobre a melhor trilogia do universo.

Talvez, no começo, não fizesse sentido para seus amigos, mas ela, que cresceu ouvindo a mãe falar sobre as maluquices do Dr Brown e as aventuras de Martin Mcfly... Bem, certamente seria como estar mais próxima ainda de sua rainha suprema. Jamais deixaria a lembrança da mãe se apagar. Além disso, depois de pesquisarem e se entreterem com o tema, o grupo gostou tanto do filme e das diversões que ele proporcionava, que resolveu fazer uma homenagem com o site.

Não era pra ser tão grande quanto acabou se tornando. A dimensão atingiu fronteiras inimagináveis, foram citados em convenções e descobriram pontos jamais levantados, além de possuírem objetos de leilões, os quais ninguém poderia se permitir comprar, a não ser que tivesse uma fortuna: e Anne Spring tinha essa fortuna.

Mas, é claro que esse assunto não era agradável e falar do pai, por exemplo, um executivo burocrático até os dentes, era ainda mais desagradável. Anne usava o dinheiro com o que achava útil: a preservação da memória de sua mãe.

xxxXxxx

Danny Jones estava muito cansado, a festa havia acabado com seu corpinho. Sem dúvidas estava acabado. A ressaca poderia provocar algum mal estar, ele sabia, mas não estava muito disposto a se incomodar com isso. Afinal, pretendia passar o dia todo dormindo.

O quarto estava a bagunça de sempre, é claro. Meias espalhadas, canecas de cereal, pacotes de biscoitos, caixas de pizzas, garrafas de cerveja, em meio a calças e jaquetas, tênis e cuecas. Um verdadeiro furacão havia passado por ali.

A cama, de solteiro, estava grudada à parede e tinha o formato de uma nave espacial, de cor azul, com contraste de labaredas vermelhas, de sobretom meio laranjadas. O teto tinha uma porção de estrelas que reluziam com efeito de neon, na escuridão do ambiente.

A guitarra vermelha, recostada a parede, ao lado do amplificador, parecia ser o único objeto intocável. A porta do banheiro estava aberta, com um odor desagradável de mofo misturado com bolor. Seu cubículo, ou melhor, seu quarto, era desprezível. Ele não fazia muita questão de ficar em casa e, quando ficava, não arrumava suas coisas.

Danny era o filho do meio, em uma família de cinco irmãos. O mais velho havia se casado, o mais novo morava com seu ex-padrasto e os outros dois dividiam com ele o espaço que, com muito custo, chamavam de lar. Eram apenas os três, se levassem em conta que a mãe ficava em casa apenas nos momentos de folga, o que era raro para uma enfermeira que faz bicos como atendente de lanchonete.

É claro que Danny trabalhava, assim como seu irmão Jack, que era um ano mais velho que ele, mas os dois ajudavam com o básico, pois quem ralava mesmo era a mãe deles. Robert, o irmão de dois anos a menos, apenas estudava. Costumava arrumar toda a casa, mas o quarto de Danny não era passível de ser considerável parte da casa. A bagunça era tanta que ninguém se atrevia a entrar, além dele que... não tinha escolha.

Danny mal pensava no cheiro horrível de chulé com pizza podre, apenas pensava em dormir e ter sua dor de cabeça dilacerada por um delicioso analgésico. Isto é, se encontrasse o analgésico no meio da bagunça!

Com algum esforço, Danny rolou da cama e tentou alcançar a bolsa que estava há um metro de sua mão, jamais conseguiria ativar a força do pensamento e trazê-la para si, por isso se rastejou até ela e procurou, com o tato, pelos comprimidos.

Achou na bolsa: um pacote de camisinha fechado, um aberto, uma usada (eca!), cartão de crédito quebrado, panfletos de propaganda, um convite para a festa da Gio, um tablete de chicletes, uma bala derretida, uma conta de motel, um caderno de colégio (em estado lastimável) e uma cartela de analgésico: vazia.

-Droga. – ele murmurou, com a cabeça doendo ainda mais.

Resolveu estacionar ali mesmo, no chão frio e desconfortável, em meio as meias sujas, e continuar dormindo, quando a porta abriu, as luzes se acenderam e as janelas se abriram.

-Pronto... morri... to no céu... virei anjo? – ele dizia com a cara no chão, babando de sono, os olhos semicerrados, por causa da luz; as palavras saiam lentas e o bafo de cerveja era forte.

-Daniel Jones! Trate de levantar, se arrumar e ir para a escola agora mesmo!

Danny não fazia ideia de que anjo chato falava com ele com a voz de sua mãe, mas sabia que se não obedecesse naquele momento, o “coro ia comer”. Sem pensar muito, respondeu um “ok”, e se moveu como se fosse um sonâmbulo-bêbado-zumbi, tropeçando pelos cantos.

A mãe de Danny estava gritando com ele, enquanto o garoto se apoiava para chegar ao banheiro.

- Fico uma semana sem abrir a porta do seu quarto e quando abro: um tornado passou por aqui, acompanhado de uma tswnami e um furacão Daniel! Que porcaria é essa aqui na sua cama? Mas que coisa, não se pode deixar as crianças sozinhas mesmo, não é? Você é um bebê sem noção ou o que? Não acredito que você está com essa caixa de pizza aqui, faz uma semana que nós digerimos essa porcaria Jones! Você esqueceu onde as meias são colocadas ou o que? Me diga o que significa essa meia fedorenta vestindo o seu abajur? Daniel Jones!

Ela continuou enumerando as atrocidades que encontrava no quarto de Danny, arrumando uma a uma, gritando uma a uma, enquanto ele despertava devagar, com a ducha descendo quentinha sobre seu corpo. Aos poucos a cabeça parou de latejar e ele se concentrou no odor fétido que vinha das coisas podres espalhadas por lá. Nem ele agüentava a desorganização. Costumava ser desleixado com os bens materiais, que para ele, de nada valiam. Por isso se concentrava em se vestir bem e fazer festa, mas não em cuidar das coisas ou pensar nas consequências. Acreditava que os homens haviam nascido justamente para curtir a vida, mais nada.

O banho estava muito gostoso, fazia tempo que não sentia um mal estar ir embora tão depressa. Depois que saiu do chuveiro pensou no que estava acontecendo com mais calma: sua mãe estava gritando com ele pelo quarto bagunçado, seu banheiro estava horrível, sua cabeça ainda vibrava e ele estava prestes a ir para a escola. Opa, escola? Nem pensar!

-Ahhh mãe! – ele saiu só de toalha, com o cabelo bagunçado, os cachinhos caindo molhados no rosto.

-Daniel Jones, eu me mato trabalhando pra sustentar essa casa e te dar regalias, uma escola de alto nível que vai te levar pra faculdade que você desejar e o que eu recebo em troca? Em? Me diz?

-Mãezinha...- ele se aproximou abraçando a mãe e dando um beijo nela enquanto implorava para ficar em casa.

-Se veste logo! Mais cinco minutos e o ônibus passa.

-Ônibus?

-Você está de castigo, sem carro por uma semana.

-O que.. mãe, mãe.. não! Não, mãe... – ele até tentou pará-la, mas a essa hora a senhora Jones já estava descendo as escadas, a caminho da cozinha. Seu único dia de folga e o que ela fazia? Trabalhava! Limpar o quarto do filho era um tormento necessário, que deixava ela furiosa, por sinal.

Reinações de Cara Nova

Olá garotas!!

Estou retomando minha vida de blogueira feminina.
O tempo HipHop foi bom, até vou em um show dia 05, abafa!

Bem, mas e que tal um pouco de McFly?
Pois é, estou escrevendo uma fiction nova. O nome é Secrets, em homenagem a Nora Roberts (que tem um livro igual).
Nessa fic terá muito de tudo. O mais legal, ela dará prêmios para você leitora!
Nunca, comentar foi tão gostoso, rs

Claro que me esforcei para escrever, não vão se arrepender de ler!

Basicamente, posso adiantar que os guys são fixos e que até o final você não sabe com quem vai ficar lol
Será que engata? rs, Bem, acho que sim, ein!
Não perdem por esperar. =D
Vou deixar umas indicações e vocês me dizem o que esperam da fic nova, ok?
Regras e Promoções são guias fixos, entrem e vejam os prêmios!

Beijinhos


Tenho baixado novelas em espanhol para terinar bem aqui:
http://mundo-telenovelas.blogspot.com/2010/03/mi-pecado.html
O site é demais e eu estou viciada, vale a pena assistir Mi Pecado, com a Maite Perroni (diva lol), está mara e o elenco é beem legal.

Já conhece o Livemocha?
Um site para aprender qualquer língua, com nativos!
Eu aprendo espanhol e tenho vários amigos no mundo todo.
http://www.livemocha.com/

Quem aí usa facebook?
Pois é, eu levanto a mão lol
Para fazer contato no exterior é o que há!
Gosto mais que Orkut =x
http://www.facebook.com/profile.php?id=1564465130

Agradecimentos

Obrigada meus queridos que acompanharam.
Um ciclo fechado, mais um.
Foi MUITO legal escrever pro Tio C. Ele é um cara que não existe de tão gentil e querido. Sem palavras.
Carol, minha amiga linda, é inspiração pra qualquer um. Querida, nunca desista dos seus sonhos e cuida bem da popozinha.


Os nomes citados, todos, sintam-se abraçados. haha
Anne, você é a melhor.
Agradeço também ao timePRO que me deu auxílio.


"Não haveria outro como ele
Era o principe que qualquer mulher escolheria para si."



Capítulo 10 - Ontem sonhei com você

Em áudio:


Parte 1: http://goo.gl/3NqM





Capítulo 9 – Shut up, and drive

A limusine estava parada na porta, assim que saíram. Richard recebeu o bip de Carol e se apressou.

-Por aqui madame. – abriu a porta, falando em um sotaque carregado de inglês americano. Os olhos de Cabal estavam completamente estalados, não conseguia acreditar que aquilo era real. Uma gostosa, perfeita, poderosa, linda, rica, não, não, não: milionária, bem ali, na sua frente, praticamente obrigando-o a fazer sexo com ela. Não podia ser verdade. Caralho, ele era um cara muito sortudo, ou filhadaputamente perfeito. Ela vai ficar de quatro pro C4 caralho, me dei bem. Seus olhos incrédulos agora inspecionavam Richard, que estava impecável, esticando o braço ao indicar a porta aberta, para que C4 entrasse.

-Senhor, por gentileza. – Cabal hesitou um segundo, mas logo entrou, agradecendo.

O carro era perfeito, já estava com a divisória fechada, impossibilitando contato entre os passageiros e o motorista. Carol se apressava em abrir uma garrafa de Johnnie Walker Black Label com energético, precisava amenizar a sede de seu carburador. My engine’s ready to explode.

-A noite está só começando. – serviu aos dois. Cabal não tirava os olhos dos dela agora. Uma música envolvente começou a tocar e Carol aproximou seu corpo do dele, deixando a bebida de lado e beijando o pescoço com aroma de desejo, que só ele possuía. Got a ride that’s smoother than a limousine. If you can baby boy, the we can go all might.

Os olhos dele viravam com sutileza, enquanto ela provocava, mordendo delicadamente cada centímetro do corpo másculo e excitante. Cabal não deixava por menos, desbravava o corpo daquela mulher delirante, pedacinho por pedacinho, dando-lhe pequenos choques de calafrios que percorriam o corpo todo e concentravam-se na espinha.

-I need you. – sussurradas, as palavras da garota vieram como uma injeção de adrenalina em sua veia. Cabal ouviu a pronuncia tão peculiar, cheia de sensualidade, com a voz pausada e roca, que se aproximava de um gemido sussurrado em seu ouvido, quase gutural. Não evitou em erguer aquele corpo escultural, tomando o domínio da situação e se deliciando no sabor do corpo macio e rígido, forte e delicado. Tinha uma espécie de yin & yang em seus braços, era uma mulher extraordinária.

De repente Carol fez uma manobra com as pernas que deixaram o corpo de C4 estirado no banco do carro. Ela aproximava o rosto suavemente sob o dele, enquanto suas mãos pendiam em cima do banco, apoiando o corpo e deixando os cabelos negros caírem no rosto branquinho de bochechas rosadas. – o que você está pensando agora? – os olhos de felina o miravam como se ele fosse o jantar para uma manada de leões. Rendido aos desejos de comando da mulher, Cabal respondeu com o sex-appeal que os deuses do Olímpio lhe deram desde o nascimento. Carol mordia os lábios revelando a fome, adorava usar sua boca.

- Estou pensando que você é muito linda garota – ele aproximou os lábios dos de Carol tocando em todo o corpo, ainda colado no vestido - quero te dar um beijo de língua na boca. Tô imaginando você ficando louca e me imaginando – ele pausou a voz e fixou os olhos nos dela, passando a mão, com os dedos abertos, para a nuca dela e deixando que eles matassem a vontade de puxar aqueles cabelos negros, enquanto dizia com uma força típica do tesão – tirando sua roupa.

Não teve como segurar. A explosão de sexualidade era evidente. Carol arrancou do corpo dele a camisa xadrez, enquanto C4 lhe beijava incessantemente, segurando as mexas negras em uma das mãos e abrindo o faicheclere com a outra. O tempo corria, e logo ele via as mãos dela subindo pelo corpo sedutor, tirando sem cuidado o vestido vermelho, enquanto o carro passeava pelas ruas de São Paulo, com cortinas fechadas. Mal Carol mostrou seu corpo colado em uma lingerie, dessa vez de cor preta, Cabal recomeçou a beijar todo aquele mapa do tesouro, que maravilha era o corpo feminino.

Carol inclinou seu corpo, pegou um das camisinhas, estrategicamente guardadas e tirou o sutiã, deixando que os lábios dele tocassem sua pele, com fome e sede daquele corpo. Os gemidos sucedidos de toques e carícias, até Carol levar suas mãos ao membro rígido e acariciá-lo, com pouco carinho, vestindo nele a única roupa que restava entre os dois.

A ação sucedida é digna de narrações camonianas, mas o bravo poeta não teria inspiração suficiente das ninfas para descrever o espetáculo. Onze minutos? Não. Talvez outro número, provavelmente múltiplo de quatro. O fato é que se as obras de arte falassem estariam maldizendo invejosamente aquela cena tão chocante.

O carro havia parado há alguns minutos, Cabal percebeu que o movimento havia cessado e chamou atenção de Carol, afinal ele não tinha a menor ideia de onde estavam. O banco de couro estava tão suado quanto os vidros e os corpos. Ela o abraçou e deixou que o corpo descansasse no dele, ambos permaneciam deitados.

-Aonde a gente tá?

-Na minha casa – ela estava com um braço envolvendo-o e o outro passeando pelo corpo sedutoramente, acariciando-o.

-E posso saber na casa de quem eu estou? – C4 perguntou em um tom bem descontraído, esperando que ela se desse conta de que até agora não havia dito seu nome a ele.

-Na minha casa, já disse – ela riu.

-Engraçadinha – deu um beijo demorado e passou a mão pelos cabelos, parando alguns segundos para sentir o perfume tão gostoso. Era muito bom ter uma mulher como ela ali, tão frágil e tão forte. – não vai me dizer o seu nome?

-Eu costumo me chamar de Sua, mas no seu caso, pode me chamar de Minha. – os dois riram e ele levantou o corpo, deixando o dela estirado no banco. A mão deslizava suavemente pelo corpo esguio da mulher.

-Quero saber quem você é, ma. - What’s your name, linda garota?, pensou.

-Você já sabe. No fundo sempre soube. – ela estava jogando de novo, ele sabia, mas não queria brincar, queria ela e a teria por completo naquela noite.

-Sem jogos ma, me diz, o que está por traz dessa letra “c”? – ele acariciou o pingente que caia no colo dela e em seguida os seios, que estavam duros e acesos.

-Assim como você, tem um quatro por traz da letra C, embora minha vida seja regida pelo três. – eles se acariciavam, ela jogou as palavras ao vento, não como uma resposta, mas como um pensamento. Um pensamento que estava regendo aquela ocasião, em seu subconsciente.

-O quê? – ele balançou a cabeça confuso - Vai me deixar maluco desse jeito – falava das palavras e dos toques, então aproximou as bocas e insistiu. – um nome.

-Me chame de “ma”, eu adoro quando me chama assim. Sempre quis ouvir isso de você. Essa noite é um sonho louco. – ela falava francamente. Ele percebeu nos olhos e no tom de voz, que pareciam descompassados, naturais, cheios de sentimento.

-Tudo bem, eu vou esperar que você me diga quando estiver pronta. – ele a beijou e trouxe o corpo dela para cima, colando no seu. Os seios roçavam seu peito e a boca dele descia, deliciando-se na pele morena. A energia dela retornava e os gemidos leves também.

-Vamos descer – falava do carro, em um sussurro provocativo. – tenho muito mais pra você.

Carol colocou a camisa xadrez em seu corpo, ficava extremamente sexy e descompassada na roupa. Deixou os abraços e as carícias dele, descendo do carro.

-Vem – chamou-o com a mesma expressão sedutora que ele tanto queria desde semanas atrás e continuava querendo, talvez, ainda mais nesse momento. Ele não poderia resistir, nem que quisesse e não queria. – me beija toda.

-Seu chofer está aí... eu preciso me vestir. – disse olhando para fora do carro, prestes a pegar a calça no banco em frente.

-Deixa de ser bobo, Richard não está aqui, não tem ninguém aqui, estamos sozinhos – ela puxou a mão dele e o corpo veio meio trôpego, esbarrando no seu. Ela riu, ele estava hipnotizado e nu, ela apenas com a camisa que ficava grande no corpo esbelto.

O carro estava na garagem, que dava para a porta da cozinha. Carol entrou, as luzes da casa estavam acesas. Tudo era claro e límpido. Os móveis da cozinha em inox, brilhavam, assim como as panelas penduradas nos ganchinhos, acima do fogão. Eram vermelhas, com o fundo preto de pintinhas brancas, deixando um ar clássico que combinava com ela. Havia uma linda cesta de flores em cada canto do espaço, eram flores do campo, suas favoritas.

Caminharam lentamente até a sala, atravessando a cozinha a passos lentos. Ela continuava com o sorriso, agora de satisfação, chamava ele com o dedo indicador, a sobrancelha arqueada. Suas pernas torneadas e com bronze, quase natural, estavam de um jeito muito tentador, ele mal via a hora de mordê-las novamente, queria deixar sua marca naquele corpo, como quando um cão marca o território. Ela era toda dele.

-Vem. – Cabal se apressou, como que com um salto para aquele corpo enlouquecedor e segurou firmemente voltando a beijá-lo com intensidade. Carol aumentava a respiração e mal conseguia se conter nos braços dele, que percorriam com suas grandes mãos, todo o espaço ocupado pela camisa xadrez, desejando aquela desconhecida loucamente.

Havia na sala uma mesa de telefone e sob ela, ao invés do aparelho, uma cesta de frutas, ao lado de uma garrafa de vinho com duas taças a postos. Carol levou os corpos para perto da mesa encheu os copos e pegou um morango com a mão direita levando a boca, uma mordida pausada e sexy na fruta, sexy como tudo nessa mulher, pensou ele. Cabal deu uma gostosa mordida também, mas não no morango e sim no pescoço dela, fazendo com que o arrepio se prolongasse e o grito da ninfa saísse agudo.

Os braços de Carol já estavam ao redor do pescoço de C4, bastou que ela impulsionasse o corpo para que logo as pernas estivessem suspensas, entrelaçadas à cintura dele. Estava excitada em seu colo, falando com a voz rasgada em seu ouvido que subisse as escadas depressa.

Os beijos eram ardentes e o que estava por vir seria ainda melhor. Lá fora a noite passava tão rápido, mas o tempo deles era pausado, experimentando cada uma das novas sensações que invadia-lhes o corpo e a mente.

Era o primeiro quarto a esquerda, ela sussurrou e ele entrou intuitivamente, batendo a porta com pressa, atirando o corpo dela na cama e por pouco não rasga a própria camisa. Sua boca sentia o sabor daquele corpo, enquanto ela delirava de olhos fechados, passeando as mãos, com dedos finos e velozes, por seu próprio corpo, dando ainda mais prazer aos olhos dele, em um processo que ajudava-o a amá-la.

Cabal estava cada vez mais excitado e ofegante, adorava olhar aquela mulher entregue a ele. Era diferente de todas as outras sensações que já havia sentido. Mais do que puro prazer, sentia a luxúria daquele pecado em forma de mulher passear pelo corpo dele e ele, a retribuir, era recompensado com muito fervor. Carol não cansava, não esgotava, não negava. Ao contrário, o incentivava pacientemente, acelerando e diminuindo o ritmo do prazer, fazendo aquele sabor molhado ser doce. Ele queria mais.

No quarto havia uma porta do lado esquerdo inferior, era o closet, do lado direito outra porta, era o banheiro. A cama parecia uma tenda, havia camadas e mais camadas de véu caindo do teto, uma estante com diversos perfumes e incensos, outra com ursos de pelúcia e um tapete em forma de espiral, próximo a janela da sacada. Do lado direito da cama, uma penteadeira com espelho rústico, assim como a cama, de imbuia. Não era o quarto de Carol, ela preferiu levá-lo ao de hóspedes ou poderia ver algo que a identificasse mais do que ela desejava.

Cabal não havia reparado na decoração e em nada a seu redor, apenas uma coisa era prioridade ali e ele não se importava com mais nada naquele instante. Apenas o cheiro suave e forte que exalavam dela, apenas a vibração de seu corpo frágil nas mãos dele. A sensibilidade dela em acariciar-lhe e a dureza em fazer coisas vis. Era uma deusa do sexo, alguém que nem ele imaginaria conhecer.

Carol arranhou as costas de C4 lentamente, aumentando a dor em ser rasgado pelas garras da felina faminta. Mordia o topo da pirâmide, imaginando quando seria ela a sua única Cleópatra. Deixou que as pernas, flexionadas, se abrissem lentamente, cada vez mais e mais, até que ela estivesse pronta para ser absolutamente possuída. Não haveria pudor, nem medo, nem vergonha. Era um instante de prazer absoluto.

Cabal não a deixou esperando, penetrou-a com intensidade e delicadeza, se é possível assim fazer. O suspiro e o gemido eram alternados e compassados. Os dele, e os dela. Os dele, e os dela. Uma sublime melodia, “dignada de um Grammy”, pensava C4, talvez ela pensasse ser um roteiro perfeito e aí a dignidade seria de um Oscar.

Ela adorou aqueles minutos e ficou completamente entregue durante o vai e vem, Tio Cabal era o seu papai naquela noite, ela pensava em mil coisas ao mesmo tempo e sorria enquanto os lances aconteciam. Simplesmente delirando. Estavam quase lá, faltava menos que pouco para alcançarem Narnia, em suas viagens mágicas. E então o momento sublime chegou para os dois. O ápice era pouco para oferecer àquele homem, mas era tudo o que ele desejava.

Se tivessem de classificar, não haveria absolutamente nada melhor do que a palavra: surreal.

As falas eram poucas e previsíveis até aquele momento, pedidos de mais, de menos, de muito, de tudo, de chega e tantos outros, absolutamente habituais, que ali pareciam súplicas sagradas. Até que o silêncio foi quebrado, após o beijo que sucedeu o momento sublime de ultrapassar o ponto.

-Você é maravilhoso príncipe.

-Arrasou má – ele queria dizer que tinha sido a melhor, se não a mais-mais, ao menos uma das top 4, mas era difícil fazer qualquer pensamento se tornar palavra.

-Nunca foi tão gostoso, caralho! – ela havia perdido completamente o domínio sobre a situação, era Carol, a pequena e frágil. Não saberia fingir ser absolutamente forte, precisava reconhecer seu sentimento. – eu adoro você.

Um beijo doce que substituiu uma fala dele que sairia descompassada com a atitude da garota.

-Precisamos comer alguma coisa.

-Estou bem alimentado – os dois riram, ela mordeu a barriga dele e levantou, seguindo até a bandeja de frutas que havia em seu quarto, em cima do frigobar. Carol havia pensado em tudo, é claro. Comeu algumas uvas e perguntou se ele queria algo dali. Cabal não respondeu, estava olhando para o teto, pensamentos longínquos, ideias loucas. Aquilo era mágica? Quem era aquela mulher.

-Hey, perguntei se quer alguma coisa meu bem. – ela estava de novo na cama. Ele deitado com a cabeça voltada aos pés da cama, ela debruçada sobre a sua boca, dividia agora um morango com ele, ainda mastigando ele respondeu. Seu rosto estava corado, o que o deixava ainda mais lindo e fofo, na humilde opinião de Carol, que queria mordê-lo inteirinho, mais uma vez.

-Impressionantemente, não quero comer nada. Queria fumar alguma coisa. – se arrependeu de não ir ao camarim de Thaíde antes de sair da boate, não havia nada em seus bolsos além de dinheiro e documentos. Ficaria na vontade.

-Acho que eu posso ajudar, espere um segundo.

Carol correu em disparada até seu quarto, deixando a porta aberta. Cabal parou naquele momento para olhar ao redor, ainda não havia reparado. Onde era aquela casa? E qual lugar aquela decoração lilás o lembrava? Carol voltou nesse momento com uma caixa verde, que tinha em cima um leão desenhado. Era um leão dourado, parecia ser banhado a ouro. Abriu a caixa, que era maior que a de um sapato, embora com espessura mais fina, e mostrou o seu tesouro.

A caixa guardava alguns presentes que ganhara de 50 e outros amigos. Em uma viagem a Espanha, por exemplo, comprou uma erva interessante que vinha em um tubinho engraçado, fornecia até a seda. Em outra viagem, com Já Rule, foi para a Colombia e lhe presentearam com a melhor e mais cara plantinha da região, era de primeira linha. Em outras ocasiões, ganhou o restante das “guloseimas” guardadas em sua caixa de recordações, sabia que cairiam bem naquele momento. Havia até charutos ingleses que ganhara no último filme, presente de Kate Winslet, sua amiga e colega de trabalho em Maktub.

Cabal olhou todos aqueles estilos de cigarro e a erva, em especial, além dos objetos engraçados e das sedas de primeira, provavelmente caríssimas, por certo importadas da Holanda e seus olhos brilharam.

-Pode escolher o que quiser. – ela disse empolgada, como uma criança que mostra um feito espetacular ou a mão cheia de doces. Sem saber o que dizer, a reação dele foi beijá-la.

-Isso deve ter custado uma nota. – nesse momento lembrou da joia que havia ganhado dela e estava no carro. Essa garota devia ser milionária.

-Pare de ser bobo, vamos eu te acompanho.

-Mas você fuma?

-As vezes sim, geralmente cigarros, mas em ocasiões especiais...

-Não quero que faça nada por minha causa. Você parece nem tocar nisso aqui.

-Quer parar de ser bobo C4 – ela se levantou e foi até a porta, em direção ao outro quarto, mais uma vez. – fazemos assim, eu fumo narguile pra te acompanhar, ok?

Mal deu tempo dele pensar em responder, já estava no quarto com uma narguile, que pendia uma cabeça de serpente. Era a forma de uma gigantesca naja, com detalhes em ouro e as cores ao redor da cabeça em azul Royal, brilhando, sob os olhos que pareciam ser duas rubis. Cabal teve um sentimento forte naquele momento, como de um dejavu. Não sabia bem o que pensar, mas aceitou fumar.

Horas depois, os corpos ainda abraçados, ela dormia em seus braços. Devia ser madrugada, o frio começava a se instalar, mas a cama só tinha lençóis e sobre-lençóis. Precisavam de uma coberta, será que valia a pena acordá-la? Parecia um anjinho dormindo. Resolveu não mexer em seu corpo, apenas admirá-lo, com as mãos suavemente deslizando sobre ela.

Foi em vão tomar o cuidado minutos antes, pois logo Carol despertou, já que seu sono era leve, não queria perder nenhum momento daquela noite. Cabal estava de pé agora, pegava uma das frutas sob o frigobar, enquanto ela o observava: nu, em sua casa, apenas para ela. Aquilo só podia ser mais um sonho e não queria acordar de jeito nenhum.

Levantou e surpreendeu-o pelas costas, acariciando seu membro e fazendo seu corpo voltar a tremer de excitação. Ela não tinha vontade de parar, queria que fossem mais de 24 horas a fio, embora soubesse que tinha compromissos no dia seguinte. Ele não levou um simples susto, ficou paralisado com o gesto inesperado. O corpo como uma pedra.

-Volta pra cama. – era a voz sexy dela, mais uma vez em seu ouvido, atiçando-o.

-Quanto fôlego ma.

Ela o arrastou até a cama. O frio estava aumentando, mas os corpos voltaram a produzir calor. O sono causado pelo embalo harmonioso já estava passando, era uma faísca que acendia tão rápido e se tornava um vulcão, principalmente quando os corpos estavam próximos.

Carol queria surpreendê-lo, era sua vez de detê-lo e dominá-lo, ele lembraria daquele momento para sempre. Deixou que suas mãos a ajudassem, fechou os olhos e usou a boca como instrumento de tortura para a máquina dele. Era mais uma melodia que deveria ganhar um prêmio. Ninguém faria melhor. Ele se deixava render pela insistência de possuí-lo que ela demonstrava. Não queria ser fraco, mas sentia vontade absoluta de ser usado por ela, e foi o que deixou que acontecesse. Não vacilaram nenhum minuto. As mãos dela trabalhavam tão bem quanto as dele e as bocas pareciam estar em casa a cada investida de prazer. Agora eram um número, maior de 60, mas que não chegava a 70.

O prazer continuou por aquela madrugada, mais e mais carícias... até que ambos adormeceram.

Capítulo 8 – Ela tem atitude, ela fala, ela manda.

Thaíde nunca tinha se sentido tão nervoso para um show.

-Que responsa cara, que responsa.

Falava para Cabal no camarim, o mesmo que havia sido dele na noite do show em que conheceu a senhorita, pensava ele. Cabal sentia que seria um grande show e que a preocupação de seu amigo acabaria, assim que subisse naquele palco e mandasse ver com suas rimas. Mas não adiantaria falar para Thaíde, porque sabia que há muita preocupação com o desempenho, quando se é profissional e apaixonado pelo que faz.

-Relaxa irmão, relaxa.

Cabal trocou mais algumas palavras com Thaíde e foi para a pista. Fazia duas semanas desde o show de Túlio Dek e quatro desde o seu. Ele estava se tornando um frequentador assíduo daquela boate, mas algo lhe dizia que o hip hop não era bem visto pelos organizadores da casa. Só investem pelo retorno, isso é óbvio. Mas quem investe?, pensou ele enquanto tomava mais uma taça de champagne no camarim do amigo.

Quando rolavam bailes o lucro era grande, principalmente pelo golpe de marketing que a casa apoiava, em vender ingressos a preço de banana apenas nas festas de hip hop. Mas ingresso barato, chamava “gente demais”, para não usar outro adjetivo, e aquilo poderia prejudicar a imagem da casa com a elite, o que não era muito interessante para o produtor responsável pelos shows de quarta-feira. Ao menos era o que C4 percebia nos comentários que ouvia pelos bastidores.

Quer saber? Foda-se, era o que Cabal tinha a falar sobre aquele assunto, porque para ele, desde pequeno, gente era gente, não importava a cor e o sabor, o sexo e a crença. Importava a fé em Deus sempre e a humildade, então continuava correndo com aquela força de guerreiro espartano e fazendo shows para seres humanos, não para grupos sociais. Querendo ou não, havia alguém incentivando a música deles para diversas camadas sociais e isso era bom. No caso de Thaíde era a famosa Carol Magalhães, que não saia da boca do amigo, era Carol pra cá, Carol pra lá. Cabal achou que Thaíde havia se apaixonado pela “mina do 50”, apelido que ele dera a desconhecida, mas ainda nem tinha parado pra pensar em procurar algo sobre ela. Não tinha tempo e, admitia, não tinha vontade.

-Mano, eu tava pensando aqui – disse ele esparramado no sofá, ao lado de Pool, bebendo uma Heineken agora – aquela mina do 50 vai aparecer aí?

- A Carol? – C4 fez que sim, pegando um cigarro que passava por lá – pode crê, vai sim. Falei com ela, ‘tá bem empolgada. Até comentei que você ia tá no camarim e que era massa ela leva um lero contigo, porque to pensando em te chamar pras reuniões e pá, mas ela disse que hoje era noite de pista e que ia ficar por lá.

-Gostosa essa mina. – disse Pool que preferia degustar um Johnnie Walker com energético – Vi aquele filme Maktub, tá ligado? – C4 fez o mesmo gesto que havia feito a Thaíde, prestando atenção, ou fingindo se interessar. A morena parecia muito mais interessante do que a atriz que dormia com o 50 cent, mas esse pensamento era pessoal. – Então... a mina é duplamente boa. Fora que é top de linha em NYC, geral paga maior pau pra ela lá.

-É gente boa também. Eu até pensei que explorava o cara lá, mas, pelo jeito, leva o trampo a sério. – Cabal resolveu comentar, não era de deixar os pensamentos escondidos.

-Na boa truta, eu tô ligado que o show é patrocínio dela e do 50 e isso deixa a gente feliz pra caralho por você. ‘Cê ‘tá ligado que tamo junto faz uma cara e essa é tua oportunidade, tem que ‘corrê’ atrás mesmo. Só que eu não confiaria tanto numa mina dessas que dorme com o cara pra conseguir papel em filme e vem pro Brasil pagando de santa. Então, sei lá, fica esperto com ela.

Thaíde estava bem nervoso com o show, o que já não ajudava muito, e ouvindo uma daquelas, era meio embaçado ficar gelo. Olhou pra Cabal e percebeu que o estado dele seria pecaminoso em breve, então relevou o comentário.

-Tio, na boa, vai tomar um ar. – Cabal percebeu que Thaíde não estava muito feliz com o que ouviu, parecia mesmo estar apaixonado, pensou ele.

Embora não tivesse procurado os vídeos da garota, como Thaíde vivia lhe falando para fazer, Cabal já havia sido informado de que nessa noite conheceria a garota. “Finalmente”, pensou ele. Pelo que Thaíde disse, Carol havia gostado muito do convite feito a C4 para participação em uma faixa da playlist do filme, até houve uma menção de Carol elogiando Cabal, dizendo que tinha um autógrafo do rapper e tudo.

Cabal achou que, de repente, devia ser alguém que ele viu em um dos muitos shows em Curitiba. Adorava aquela cidade, o sul em especial era muito aconchegante, embora o frio fosse um pouco demais para ele e, sinceramente, pensava, São Paulo era São Paulo.

Agora Cabal estava na pista, bebendo alguma coisa que não saberia reconhecer, mas que era boa e vinha de amigos, então não poderia ser tão perigosa. Muitas meninas dançavam, rebolando felizes, era a prévia. Logo Thaíde subiria ao palco e mandaria ver. Descontraído, Cabal olhava os caras que se apresentavam no palco, eram de Floripa, um som bem legal.

xXx

“Ela pode te enlouquecer”

Carol escolheu o vestido vermelho, adorava usar vermelho. Na boca, gloss. As unhas com vermelho luxúria. Os sapatos de salto agulha, pretos, deixavam os pés altos, as pernas mais torneadas e as panturrilhas chamando atenção. Como acessórios, brincos Chanel de prata, combinando com as quatro pulseiras, que tinham o designe de ondas, destacando-se na cor bronzeada de seu corpo, fruto do final de semana no Rio. Uma corrente com uma pequena letra “C”, em um formato que lembrava a ponta de uma flecha, também de prata, destacada sobre o início do colo. A maquiagem era clara, como se simplesmente realçasse os castanhos dos olhos e seus lábios carnudos.

Ela desceu as escadas como uma imperatriz, prestes a tomar seu posto. Uma lady, divina, mal poderia se conter de emoção se olhasse um pouco mais para o espelho. Em seu corpo o vestido se movia, como se acompanhasse as curvas. Trazia nas mãos a caixa de joias em que guardava, há tanto tempo, a corrente feita especialmente para ele, com os diamantes e esmeraldas desenhando as iniciais que o definiam, assim como a ela: C4. Uma peça de requinte e sutileza, como ela.

Seus cabelos cacheados caiam brilhantes sobre os ombros, estavam soltos e macios, deixando que as pequenas molas movessem-se livres em sua cabeça. Olhou para Richard e Claire.

-Chegou o dia meus amigos. – os olhos dela brilhavam emocionados.

-Sim senhorita! – disse Claire com voz embargada e as mãos em preces abaixo do queixo, abraçada por Richard, que estava elegantemente trajado, parecendo o chofer de uma imperatriz.

-Vocês sabem o que fazer não é? – ela estava à frente do sofá, pegando a bolsa para guardar a joia e olhando para os dois amigos perto da porta de frontal.

-É claro que sim senhorita Carol, nós estamos preparados para a “grande noite”. – Carol sorriu, era uma sortuda por ter pessoas que a amavam tanto e torciam por ela.

-Então ótimo. Richard, traga o carro para frente, entro em um instante. Claire, olhe o quarto novamente, quero cuidar para que ele não veja nada que não deva. – olhou ao redor da sala para se certificar de que não havia imagens que a comprometessem. – Olhe aqui embaixo também, não sei por onde passaremos então redobrem o cuidado.

-Sim senhora – responderam os dois, como se tivessem ensaiado.

Carol foi até a festa com sua limusine, não conseguiu se desfazer do maravilhoso carro depois que Anne voltou para Porto Alegre, ela simplesmente precisava usar aquela maravilha para fazer sexo. Estava tudo pronto, tudo planejado. Essa noite, ele seria dela, apenas dela.

xXx

“Ela gosta de te provocar.”

Cabal pensava em tomar mais um pouco daquela bebida, mas achou que se fizesse não veria Thaíde subir ao palco. Embora aquilo fosse doce e forte, ele estava viciando no gosto.

Sentiu uma mão que abraçava sua barriga por trás. Fechou os olhos imaginando se seria loira, morena, ruiva ou japonesa, talvez uma indígena, pensava ele. Há muito tempo não provava uma indígena. Abriu os olhos, deixando o copo na mesa ao lado dele e puxando os braços femininos para sua frente. Era Leila.

-Tudo bem gato?

-Melhor agora baby. – abraçou o corpo da morena, beijando-a suavemente.

Ficaram ali curtindo por um tempo. Era tão boa aquela estabilidade, ele estava muito satisfeito com o rumo das coisas.

-Vamos pra pista?

-De novo C4, acabei de sair de lá gatinho. – ela estava cansada, era a terceira festa em três dias. As duas primeiras a trabalho, cantando, e aquela para prestigiar a conquista de seu grande amigo.

-Vou dar uma volta lá então, essa bebida me deixou meio motivado.

Ele pensava seriamente em gastar toda aquela “motivação” com Leila em sua nave, mas por hora, curtir o ambiente seria o suficiente. Foi até o meio da pista e dançou com algumas mulheres, ficava a uma distância em que podia ver a mesa em que ele e Leila estavam com alguns amigos. Ela não se importava em deixá-lo curtir, sempre foram assim independentes dentro do limite.

C4 foi ao bar, trazia na mão direita uma nova cerveja. Faltava pouco para Thaíde subir ao palco, a produção estava do caralho. Realmente um presente para o amigo, que merecia muito mais. Cabal pensava entre goles, novamente na pista, entre o bar e o local em que estava dançando antes. Olho para a mesa dos amigos, e percebeu que estava sem Leila e outras de suas amigas. Devem ter ido ao banheiro. Não sei o que elas fazem no banheiro, ficam horas lá dentro, se eu fosse uma mosca... Agora havia uma mão em seu peito, acariciando-o novamente pelas costas, além de uma boca beijando seu ouvido direito. Os gestos interromperam seus pensamentos. Ainda olhando para o palco e para as pessoas dançando a sua frente, Cabal disse com a cabeça inclinada:

-Pensei que você não viria.

Realmente estranhava Leila ter ido atrás dele, ela não costuma se render aos pedidos com facilidade, ainda menos quando estava cansada. Pelo jeito a noite seria melhor do que ele imaginava. Segurou a mão que estava em seu peito enquanto falava, a outra mão continuava com a cerveja. Olhou para os dedos entrelaçados e pensou: Unhas vermelhas, elas sempre escolhem unhas vermelhas. Tudo isso em uma fração de segundos, o tempo não parava e ele corria a seu lado, ou contra o tempo, dependendo da situação. Deu um gole na cerveja.

-Eu não perderia isso por nada.

A boca que proferia aquelas palavras estava colada no ouvido do rapper, fazendo com que, naquele instante, todo seu corpo se tremesse, arrepiado. Ele reconheceria aquela voz sob qualquer hipótese e tinha certeza de que não era a de Leila. Virou-se rapidamente, engolindo a seco a cerveja que desceu quadrada na garganta, tamanha a surpresa que levou.

Ela estava linda. O sorriso parecia ainda mais iluminado e, como se fosse possível, ela ultrapassou completamente a perfeição naquele vestido vermelho. Os lábios brilhavam, assim como a prata no corpo dourado, o perfume era o mesmo, enlouquecedor, como eu não percebi pelo perfume, pensava ele, observando-a, atônito. Mas havia uma nova informação. A letra C no cordão do pescoço, combinando com os acessórios em prata.

-Oi. – ela disse com tamanha languidez que o deixou excitado apenas em ouvir. Certamente era a mesma sensação que ela sentia em tê-lo tão frágil em seus braços, imaginando ser ela, outra pessoa. Quem o estaria acompanhando?

-Oi... eu... não... é que eu. – ela mordia os lábios vendo que havia deixado o cara mais interessante que conhecia, completamente nervoso. E ele estava mesmo nervoso, pois pensava nela ali, em sua frente outra vez, mas também em Leila, que poderia aparecer a qualquer instante. – Bem, eu não esperava te ver aqui.

-Não? – ela arqueou a sobrancelha, daquele mesmo jeito sexy – Eu prometi que viria, não prometi? – ele se deixou hipnotizar pelos olhos castanhos de novo, o corpo era esplendido. Não sabia para onde olhar.

-Você está linda. – era o tudo o que poderia dizer com completa convicção.

-Que gentil – ela se aproximou e colocou uma das mãos na gola da camisa xadrez que ele usava, sob outra da PROHIPHOP, e mexia os dedos bem devagar. – você está lindo também.

-É bom ver você baby. Veio tirar uma foto, certo? – ele se controlava para não tocá-la, mas estava ficando difícil, o corpo dela parecia ficar cada vez mais próximo e a tensão em ser visto não era pequena.

-Certíssimo amor. Vim realizar meu desejo de fã – ela falava olhando-o fixamente. Não sabia de onde tirava as forças para agir daquela maneira, sem se derreter diante daquele homem e deixar que ele a conduzisse, mas era melhor demonstrar força. – a máquina está aqui comigo e trouxe também um presente.

-Um presente? Pra mim? – ele sorriu, não sabia o que era, mas gostava de ser lembrado por ela e de ver o empenho da garota ao seduzi-lo.

-Você está – ela olhou para os lados se afastando dele e fazendo cara de criança inocente – ocupado?

-É... bem... – ele passou a mão no rosto em sinal de “puta que o pariu, o que faço?”. – estou acompanhado hoje.

Carol inclinou a cabeça e começou a analisar Cabal de cima a baixo, o que o deixou meio sem jeito, mas ainda mais quente. Deve ser a bebida, pensou ele, tentando acalmar o corpo e dando um gole na cerveja. – quer? – estendeu a long neck.

-Obrigada príncipe, mas vou comprar algo mais forte. Me acompanha até o bar? – ele teve receio de ir, olhou para a mesa em que estava com Leila, mas ela ainda não havia voltado. Diante da situação, como ele diria não para aquela garota?

-Claro que sim, baby. – Carol segurou a mão de seu alvo e lhe levou até dois bancos ao lado do bar, em um canto pouco iluminado. Esperou que sentassem e aproximou o banco dela do dele. Deixando a coxa direita em evidência, sentando na pontinha do banco e encostando a perna na dele, que olhava babando. Delícia, era só o que conseguia pensar. Sua boca salivava olhando a dama de vermelho. Ela roubava a cena e deixava os instantes em câmera lenta.

-Quero te entregar isso. – Carol abriu a bolsa-carteira e tirou uma caixa, com pouco mais de 10 cm, quadrada e de veludo vermelho. – é para você e não aceito devoluções. – Cabal queria levá-la dali naquele exato instante e mal podia se controlar com a deusa em sua frente. Delícia, sua mente estava em um processo que ele desconhecia.

-Ah querida, obrigado – ele pegou o presente e se aproximou para beijar o rosto dela e ela, obviamente, não deixou, dando-lhe um selinho demorado, segurando o rosto dele, por um tempo e em seguida separando as bocas, acariciando o rosto do loiro fatal. Os dois sentiam o corpo arder. – o que é? – ele disse sem questioná-la pelo beijo.

-Abre, que vai ver. Estou ansiosa por isso! – o rosto dela se iluminava a cada expressão nova que conhecia no dele.

-Não precisava... – ela o interrompeu

-Abre logo! – falava como uma garotinha ansiosa e autoritária, ele riu.

Os olhos dele se fundiram com um brilho intenso e maravilhoso, que jamais havia visto em sua vida. Era uma joia muito cara, com toda certeza. Havia um C e um 4, cravados em diamantes e esmeraldas, em uma corrente, possivelmente, de prata. Cabal não acreditava no que via, as palavras não vinham. Só saiam chingamentos de excitação e contentamento, típicos de alguém que não acredita nos próprios olhos. Carol sorria e batia palmas, depois gargalhou, saiu da banqueta e se pôs de pé ao lado dele, abraçando-o e beijando seu rosto.

-Gostou?

-Puta que pariu! Caralho cara! Porra! Nossa! Isso é... isso é...

-É seu, meu lindo. – ela o apertava ainda mais de emoção.

-Não, quer dizer... não... – ele fechava a caixa e estendia a mão para ela, em gesto de devolução. – não posso aceitar. É lindo, é foda, mas eu não posso aceitar.

-Por que não? – ela parecia ofendida.

-É muito caro princesa – ele segurava a caixa, com a mão estendida e com a outra acariciava os cabelos de Carol. – não posso aceitar.

Ela sorriu absolutamente feliz, ele era um lindo, fofo, maravilhoso, gostoso, inacreditável. Será que até nesses momentos seria humilde? Ela mal acreditava. Encostou os lábios nos dele e o rosto selvagem se fez novamente. Afastou-se um pouco, de modo que fosse possível observá-lo melhor e disse com convicção:

-É claro que você vai aceitar. – ele não sabia porque, mas adorava ouvir as ordens daquela mulher. Eram tão fáceis de serem flexionadas, o problema é que ele não queria deixar de cumpri-las.

-Não posso mesmo linda. É complicado.

-Não é complicado – ela voltou a sentar-se, na posição de antes. – é simples: sou sua fã e te dei um presente. E tem mais, não me custou quase nada. Vale mais o que representa pra mim.

-É que... – ela não deixou que ele falasse nada, manteve o controle.

-É que nada. Vamos tirar uma foto, você passa a noite comigo e se ao final dela não aceitar o presente, te deixo livre para que devolva. Combinado? – era um acordo que ele estava disposto a cumprir, mesmo que não fosse proposto, mas havia alguém que poderia aparecer em breve e que, se o visse com ela, faria algum alarde considerável.

-É complicado, quer dizer... Eu estou acompanhado, você sabe.

-Sim, está. Eu estou com você. – eles se olharam francamente, Cabal a desejava cada segundo mais e mais. – então, que tal vir comigo? Você prometeu que essa noite seria minha e, eu preparei ela pra nós dois. Take a Picture like... in my home – ela tocava o rosto dele com o dedo indicador.

Não adiantaria de nada resistir aquele momento. Cabal colocou a caixa de joias ao lado da bolsa dela, em cima do balcão, levantando do assento em um salto e puxando o corpo delicioso para perto do dele. O beijo deve ter durado alguns segundos, mas foi como se estivessem se beijando durante anos, tamanha a intensidade. Carol sentia o coração dilatar, extremamente descomposta naqueles braços, o sangue bombeava uma substância quase tóxica em sua pele, fazendo todos os pelos do corpo se eriçarem, como os de um gato jogado na água gelada. O frio repentino que sentia nas costas não era habitual. Cabal correspondia com desejo intenso, adorando a reação da mulher, antes tão forte e agora tão pequena em seus braços. Queria desvendar cada curva daquelas que tocava com voracidade e saborear aquela boca deliciosa e carnuda, que se desmanchava na dele.

Quando separaram as bocas, após o primeiro beijo de verdade, quente e cheio de vida, com direito a corpos colados e mãos atrevidas, as respirações estavam ofegantes e pareciam embriagados. As pessoas que passavam tiveram um súbito de inveja da força que emanava daquela união carnal. Bocas que se moviam com a velocidade da luz, sedentas de desejo.

-Não ia te deixar ir embora sem mim. – ela o agarrou de novo e mordeu seu pescoço suavemente, deixando o desejo cada vez mais nítido e emanando sensualidade. Cabal suspirava a cada toque, não mais que ela, afogada em sua própria luxúria. Os corpos deram uma pausa, a garganta precisava de álcool. Cabal pensava em pedir uma bebida, mal pretendia saber no que daria aquilo quando Leila chegasse, mas o momento era o que bastava.

-Não precisa pedir nada gatinho, meu motorista está esperando a gente. Vem. – ela era um raio, ou um foguete, ou a própria luz, porque simplesmente fazia as coisas acontecerem de tal maneira que o deixavam enlouquecido. Essa menina é a mais linda que já vi, prontinha pra se derreter. Puro êxtase.

-Espera ma, a gente não vai ver o Thaíde? – ele a parou, pois carregava-o pela multidão como um furacão. A bolsa em uma das mãos, o sorriso nos lábios, agora avermelhados pelos beijos ardentes.

-O Thaíde? Nossa, é mesmo! – ela fez cara de lembrança e espanto, sorriu e olhou para o palco. Depois, se aproximou dos lábios dele, de novo. – aposto que ele vai entender. – deu mais um beijo e voltou a guiá-lo para fora da balada. C4 olhou para trás, procurando Leila na multidão, mas nem sinal dela. “Foi melhor assim”, pensou.

Capítulo 7 – Cadê essa mulher? Eu só penso nela.

Na semana em que Anne ainda estava na casa de Carol, Cabal se sentia diferente. A questão do empresário fantasma não havia saído de sua cabeça, mas só pensava nisso nas horas vagas, que eram poucas. Teve muitas coisas para fazer na produção da nova turnê que planejava, estava longe, mas era bom pensar e planejar, ele não gostava de deixar nada para depois. Combinaria e PROjetaria, depois ficaria tranquilo na execução de seu trabalho.

Isso o acalmava completamente, deixava o corpo relaxado. Mexer com música era sua vida, sua alma, assim como a pequenina e perfeita MC (Maria Clara). Ela passou dois dias com ele e os dois fizeram a maior festa. Claro que Cabal tinha compromissos, mas nos últimos tempos, queria mais era curtir a filha crescendo, aprendendo a cada dia uma nova palavra e sendo tão esperta, com os cachinhos dourados que cresciam aos poucos. Era sua pequenina princesa. Adorava olhar para ela horas e horas, ver o sorriso e a calma que lhe proporcionavam.

Mas hoje era dia de festa e MC não estava mais no apartamento. Túlio Dek se apresentaria na Pegasus e Cabal não conseguia parar de pensar que a “morena da festa” talvez estivesse lá naquela noite. “Eu te encontro no próximo baile, quando não for o centro das atenções baby”, ele lembrava da frase, da boca dela se movendo lentamente ao pé de seu ouvido e depois estalando em seus lábios um beijo rápido, quente, insano e... Era loucura! Balançava a cabeça o tempo todo, mas os pensamentos voltavam. Já tinha comentado daquela mulher com mais gente do que gostaria, e ainda por cima tinha a amiga que havia visto a cena, tirando sarro dele sem parar, por causa da cara de bobo, que ele reconhecia ter feito. Todos queriam saber quem era a tal “morena fatal”, mas a verdade é que nem ele sabia. Mas como queria saber!

(Throug Cabal on)

Eu preciso tirar essa garota da cabeça, estou ficando pirado com isso. Pra piorar as coisas, tem aquela porcaria de “empresário fantasma”. Desde quando eu perdi as rédeas dos meus pensamentos? Que droga! Para com essa porra C4! Você nem sabe quem aquela mina é cara! Patricinha de merda, nem vai aparecer.

(Throug Cabal off)

Ele estava muito irritado agora. Pensar tanto assim em alguém que não conhecia, por um motivo besta? Nunca havia passado por isso. Não sabia o que estava faltando, mas era como se algo faltasse.

Vestiu uma beca bem esperta e foi pra balada. Não era qualquer mulher que ia tirar C4 do sério, eram elas que ficavam de 4 pelo C4 e não o oposto. O negócio era se jogar na noite e sair pegando geral, aproveitar o dom de ser alto, loiro e gostoso, que o bondoso Deus havia lhe dado. Pensava isso rindo de si mesmo. Auto-estima não faltava ali.

A festa estava lotada, casa cheia mais uma vez. Cabal olhava para todos os lados e via mulheres exuberantes, homens de todas as cores, corpos colados dançando e aproveitando a noite. Garotas beijam garotas e garotos não deixam por menos. Seus olhos verdes estavam atentos em tudo aquilo. Pensava ser a evolução do hip hop, finalmente, chegando. Não era apenas a felicidade de ver o amigo em ascensão, era a felicidade de ver o seu som, a sua música, a música que ele escolheu, dentre todas, para defender. Defender na carne, com o rosto de seu herói Sabotage estampado. Defender no coração, em lembranças que vinham de amigos eternos e da infância.

xXx

“A minha mãe... eu me sentia só.”

(Flashback on)

O menino loirinho estava sentado no banco do corredor. “Fique aqui filho, mamãe já vem”. Priscila havia subido pelos elevadores, deixado Daniel na sala de espera. Teria uma reunião importante naquele dia, mas o pequeno não sabia de nada da vida, só queria brincar, como toda criança. Achava muito chato ter que ficar ali sentado, mas ainda assim obedecia a mãe, brincando com o Superman de brinquedo.

A capa vermelha voando, o braço direito em punho, apontando para o céu. O boneco estava na mão de Daniel, que o movia para cima e para baixo, fazendo um som com a boca, imitando um jato de avião, misturado a um super-turbo de vento, que sua imaginação criava enquanto a brincadeira surgia.

Levantou da poltrona, que estava encostada a parede, levando o brinquedo e fazendo o herói voar pelo céu, que era a sala de espera do prédio. Distraído, era guiado pelo vôo do super-herói e, quando menos esperava, observou ao seu redor, vendo que estava próximo da porta de saída. O que viu na rua não seria apagado tão facilmente de sua história, nem de seu destino, nem de sua vida.

Era um grupo de jovens que estava na esquina, com seus cabelos de tranças, armados ou em penteados estranhos, dançando no chão, uma música que embalava, um som que ressoava em todos os lugares e mexia com os nervos de Daniel, fazendo o coraçãozinho se sentir feliz e bombear o sangue mais e mais rápido. Daniel não sabia que música era aquela, nem que dança, nem que estilo, pois o menino não se preocupava muito com nomenclaturas, ou tribos, ou conceitos, afinal, era uma criança e para as crianças não há raça, credo ou cor, todos são iguais. Talvez aquele pensamento perdurasse em seu pensamento e ele não tivesse preconceitos na juventude.

Quando a mãe voltou a sala de espera, tinha no rosto um sorriso estampado. Abaixou-se e deu um beijo no filho, segurando com as duas mãos o rostinho frágil e branco, com um par de olhos tão lindos quanto os que ela sempre imaginou para um filho seu. Falou algumas palavras de amor, mas isso não interessava muito para um garoto de oito anos, que queria brincar de super-man. Além do mais, o pequeno Daniel era um homenzinho e homenzinhos não podiam ser beijados com tanta baba assim por suas mamães, em frente a várias pessoas - um pensamento típico dos meninos daquela idade. As bochechas coraram, ele estava envergonhado pelos beijos em público, mas sua mãe não ligava, apenas curtia comemorando a magia de ser contratada por aquela empresa americana. Tudo iria mudar.

(Flashback off)

Cabal não queria admitir, mas olhar para todos os lados, à noite toda, devia ser a esperança de reencontrá-la. Quem era aquela mulher? Como ela havia feito aquele feitiço? Não importava mais, agora ele estava prestes a curtir a noite com uma ruiva exuberante e ela não o teria nem sob decreto, a não ser que passasse por ele naquele instante (desejava isso intensamente, fechando os olhos, e repetindo de minuto a minuto, mas quando abria a janela da alma, ela, simplesmente, nunca estava lá).

Esperou, mas não seria daquela vez, infelizmente para ele. Felizmente para a ruiva.

xXx

“Mesmo assim, o que eu quero mais é o seu bem”

Estava quase na hora de sair, mas ela não queria. Queria ficar dormindo, com a cabeça enterrada no travesseiro. Culpa da noite passada. Como ela pode ser tão idiota em pensar que ele estaria pensando nela, tanto quanto ela estava? Besteira! Não era mais criança, mas não aprendia nunca. Que droga!

O show de Thaíde seria na quarta, mas era domingo à noite quando Carol parou para espiar as fotos no fotolog de Cabal e viu as garotas ao redor. Era óbvio que pelo menos três, das dúzias, estiveram na cama dele. E ela se sentia a última das mulheres, com um ciúme horrível, de alguém que não era absolutamente nada dela, o que a deixava ainda mais furiosa. Foi dormir com um mal estar sem tamanho. Não queria admitir, mas estava apaixonada, com certeza estava.

É possível destinar tempos e horas de sua vida a uma pessoa que não lhe conhece? E é possível fazer isso sem querer nada em troca, sem a menor intenção de aproveitar nada dessa pessoa? É meio difícil. Carol não fingia querer entregar aquelas coisas todas de bandeja, sem ideais secretos. Não. Ela queria algo de Cabal, com certeza. Mas não era dinheiro, como Eminem e outros artistas costumavam pensar de mulheres como ela. Afinal, ela tinha tudo o que precisava bem ali. Não importava se o assunto fosse em Euros, Dólares, Libras, Reais ou Pesos, ela teria absolutamente tudo, afinal ela tinha um grande poder.

Mas ela sabia que, sem uma prova, Cabal não acreditaria na sinceridade de suas intenções. O que deixava Carol segura era seu poder de sedução, o qual ela utilizaria com toda excelência naquela noite.