Reinações Múltiplas: dezembro 2015
ATENÇÃO: Este blog é pessoal e não profissional

Tempo final

Lembro de um ano em que fiquei lendo.
Um com roupa de festa e choro.
Um assistindo série.
Um bêbada na praia.
Um na casa de parentes.
Um dentro do carro em alta velocidade.
E nesse eu escolhi a água doce. Eu. Sozinha. Uma meia luz. Pensamentos reduzidos. Todo o mak indo embora. Sem gente falsa. Sem sentimento falso. Eu e minha verdade.
E depois vestir de verde e esperar Oxóssi me visitar em sonhos.

Adeus ano velho.
23:39

Último dia

Resolvi me distanciar do que me faz mal.
Quero pra mim o melhor que posso me dar, sem excessões e sem lenga lenga. Venho ensaiando tempos só pra mim e acabo não vivendo 100% do que acredito. Por esse motivo quero ser franca comigo e assumir meus rumos de um modo mais decidido. Assumir o lado em qual eu me coloco sempre, que é o meu próprio lado. Meus braços e meu afeto.
Quero deixar para traz quem me aborrece e me faz mal. Deixar de maquiar sentimentos de obrigação. Quero agir por vontade e com vontade. Quero apostar em quem confio e em quem acredito, mesmo que seja necessário dizer adeus a minha família.
Vou me viver. Viver minha trilha sonora e o meu gosto. A minha maneira de ser e de crer.
Preciso deixar o script de lado e brincar de teatro de improviso. Rindo ou não rindo, minha história sem roteiros e exatidão. Apenas vida. Vida por vida. Viver por viver.
Gratidão por gratidão. Sem provar nada a ninguém.
Eu por mim mesma.
Com direito a defeitos tolos.
Apenas com quem eu amo e com quem me ama. Desse jeito. Duplamente.
Sem feridas abertas e com um adeus ao desnecessário.
Eu. E só.

Metas 2016

Revendo as de 2015, o que eu fiz

1 - Estudar no Solar do Rosário.
2 - Fazer curso de jardinagem e conhecer mais sobre plantas.
3 - Ir para São Paulo fazer um curso com o Cumino.
4 - Conhecer novos templos de Umbanda.
5 - Ir a vários shows diferentes no ano.
6 - Ler mais livros do que em 2014.
7 - Voltar a dançar salsa e tango.
8 - Caber e ficar confortável na menor calça jeans do meu guarda-roupa.
9 - Trabalhar menos, me divertir mais.
10 - Fazer uma viagem por férias.

Metade cumprido.

Lista para 2016:
1 - Arrumar e mobiliar minha casa.
2 -  Fazer cursos novos.
3 - Caber e ficar confortável na menor calça jeans do meu guarda-roupa.
4 - Trabalhar como professora, 40 horas semanais o ano todo.

Balanço

Minhas habituais mensagens de ano novo e de ano velho.

Costumo fazer um balanço anual sobre sentimentos e realizações, vendo o que passou e o que eu continuo querendo realizar.
Não sei muito bem por onde começar, porque foi um ano turbulento e de muitos altos e baixos. Acho que vivi mais de anos em um só.

Vou começar com a espiritualidade, que me manteve esse ano absolutamente firme e forte e que me fez superar todo o resto.
Um ano de Ogum e um ano em que eu aprendi a amar Ogum como o meu norteador. sinto como se sejamos, meu Pai e eu, absolutamente íntimos e amantes em um sentido de reciprocidade. Ogum age em minha vida, minha vida age por Ogum, com Ogum e paralelamente ou diretamente com tudo o que tem a ver com Ogum. Eu O Amo. Com todo meu ser. E esse ano me mostrou esse amor tão grande.
Um ano que também me mostrou muito das realizações de desejos, com o orixá Exu atuando como coadjuvante em minha vida. Não por acaso eu tive como mestre/mentor o Senhor Veludo. Um exu que teve papel fundamental em minhas realizações e no meu amparo mental. Muita gente surtou em 2015 e eu teria vivido algo inacreditavelmente insano se não fosse apoiada por toda a equipe espiritual que estava ao meu redor, em especial o Senhor Veludo. Um amor incondicional. Amor de uma filha de Oxum para/com/por um espírito que trabalha na ordenança de Oxum. Posso dizer que o maior grau que há na vida é o Amor da Grande Mãe. E que eu pude sentir o que é o amor do espiritual por mim, graças ao trabalho dos guias e da movimentação espiritual, que muitas vezes era transmitida por palavras de ensinamento do Senhor Veludo. E tantas outras, dos meus próprios guias.
senti a aproximação e mais do que isso a provação - bem de perto.
Assimilei o fato de separação/divisão e conflito interno no Guerreiros como mais um ataque espiritual. Fui avisada desde o começo de que seria assim e sempre fui esclarecida sobre como o mal trabalha, atacando por meio de onde não temos defesa. O espiritual trabalhou e realizou um marco maravilhoso, levando os filhos dos Guerreiros de Oxalá cada um para um local em que se sentiria bem e confortável, além de possibilitar reequilíbrio entre os irmãos, união e a limpeza de sentimentos de mágoa, dor, angústia, insatisfação, ambição, inveja e tirania. Acredito que muito foi limpo em todos nós, passamos por uma decantação e evoluímos. Todos. Os que permaneceram e os que seguiram seus caminhos.
Fomos testados na fé em nós mesmos e, a mais difícil, a fé em nossos irmãos. Passamos pela provação de que crer e ter fé não é apenas amar a Deus, até porque o amor ao Divino nunca foi singular. E sempre foi plural.
Gosto muito de pensar que pude ultrapassar barreiras de intolerância. Ainda que eu não seja totalmente livre de julgamentos e nem absolutamente fã de todas as pessoas envolvidas, porque sinto que nesse ano meu nível de tolerância foi bastante testado. Em tudo. Especialmente no que diz respeito aceitar que as pessoas sejam diferentes, ajam de modo que não acho correto e relevar qualquer mágoa.
Ainda tenho muito o que aprender, porque cultivei a indiferença, por ser um modo mais prático de não discutir e de não me envolver com o que eu não concordo. Se colocam muito sal no molho, não como. Não falo, mas não como. Simples assim.
Haverá um momento de encarar que está salgado e me oferecer para arrumar o molho ou fazer melhor, já que me incomoda. Mas não é esse o momento.
Espiritualmente, me aproximei de diversas vibrações e tive grandes ensinamentos. Eu tive fé e lutei por minha fé. Eu consegui nesse ano me aproximar do essencial para mim, quando morei sozinha. E vi, cara a cara, o amor próprio. E fui imensamente feliz. Graças a fé. Graças a acreditar em mim mesma.
Foi mágico.

Acho que um segundo balanço se deu em perceber o quanto a minha família e eu damos certo separados. Estou muito feliz com minha casa - parte das novidades de 2015 - ter saído. E mais ainda por seguir com o trabalho que amo tanto.
Feliz com os direcionamentos.
Existe uma lista de falhas que resultaram em aprendizados nesse ano. Como a doença da minha mãe, a ida para os EUA que não deu certo, a volta para a casa dos meus pais, a inexistência de uma relação, a ilusão momentânea com o Menino, a falta de confiança em amigos próximos, a antipatia com pessoas, o mal julgamento de gente que eu desconhecia.
Lembro que desconfiei muito nesse ano, que fiquei com um pé atrás - dois talvez. E me senti mal por isso. Porém, é o necessário para chegar a um equilíbrio.

Coloquei ensinamentos em prática e me sinto orgulhosa. Primeiro porque eu percebi que eu tenho muitos preconceitos e que posso lidar com isso de modo a reverter e amenizar tudo, aceitar a mim mesma e aos outros. Depois porque eu me reconheci no outro, em vários outros. E ao mesmo tempo me preservei.
Gostei de ter viajado para o Chile e para a Bahia. Gostei até de reviver aquele tormento de um trabalho que detestava. Gostei de largar tudo e me jogar em relações "de rua". Gostei de dar espaços para novas oportunidades e novas gentes na minha vida.
Minhas relações de amizade tiveram destaque. Novos amigos. Mais laços e mais carinho de gente que adoro e que me faz super bem. E, por outro lado, me vi bem segura de distanciar relações que não senti segurança. Foi algo realmente bom e ganhei muito com minhas filosofias de solidão, nesse ano. Quanto mais tempo sozinha, mais me conheci e me amei.

Sigo buscando amor próprio e nesse balanço percebo que foi o fato mais encantador que vivi. A liberdade se apoderou de mim, em mais um ano.

No trabalho, dia a dia testei meus limites e usei minha segurança. Me daria nota 8,5 pelo desempenho. Fui criativa e astuta e pude me sentir bem, absolutamente. Estou feliz com isso e com minha vida profissional. Nela eu percebo muitos dos meus novos amigos. É uma novidade alegre.
(...)

SUS

O bom de ser um ser pensante é que temos a oportunidade de demonstrar isso com ações. Não é puro instinto, existe um porque de toda a ação.
Eu particularmente gosto disso.
Hoje, por exemplo, fiquei completamente revoltada com uma cena evidente de descaso social que presenciei em minha vida - não comigo, mas com alguém que me importa e por isso dá na mesma, a gente sente na pele. Fiquei muito brava e movi o máximo de coisas que pude, sendo uma pessoa de ação, DEUS ME LIVRE FICAR NA VONTADE.
Uma das coisas que eu não fiz e quis muito foi mandar pessoas a merda, falar um monte de palavrão, usar meu repertório de ofensas e destruir moralmente cada uma das pessoas que se atravessaram naquela situação. Mas não fiz isso. Não despejei aquele veneno do ódio pelo descaso e o desamor, porque eu compreendi que não era culpa de uma atendente ou de um secretário, nem de um porteiro, nem de um médico, nem de um indivíduo. Percebi que aquele sistema era uma teia de aranha que prendia a presa e sugava o sangue sem dó.
Não deixei de xingar muuuuito. Fiz isso, sim. Mas pra mim. Para o vento levar. Mandei mais do que a merda, falei mais de mil palavras de indignação, em voz alta, sem nenhum dono aparente. Apenas para deixar sair de mim aquela neura.
Respirei e no mesmo momento me acalmei. segui AGINDO, sem deixar de acreditar, mas com muitos pensamentos que me assolavam, do tipo "como o dinheiro faz diferença. Como ser uma pessoa dependente é vergonhoso nesse país" e ainda assim refleti o que, em mim, pode ser ativado para que o meu futuro seja diferente daquela cena de descaso.
Resolvi o problema. Consegui ativar pessoas que TRABALHAM PELO CUMPRIMENTO DOS DEVERES SOCIAIS e elas me ajudaram, com muita paciência e compadecidas do problema (que não era meu, mas era! Porque todo problema social é NOSSO).

About treta

O foda de ser professor é que tu não subestima, tu espera mais. Aí, neguinho, já era.

Cacos

Desde o começo a solidão se instalou dentro de mim e hoje sou uma mulher sozinha.
Ser só é diferente de estar só.
As diferenças humanas formam grupos, famílias e afins, mas a solidão ultrapassa o social. É íntima.
A solidão está dentro e movimenta as escolhas, as conversas e os planos.
Mesmo quando existe alguém em comum, um gosto, uma companhia, estou só.
São os ideais e as particularidades, o que me divide é o "escolher demais". Sou uma mulher sem par. Sem trio. Sem sangue. Sem história afetiva.
Uma mulher de paixões unilaterais. E ninguém se apaixona sozinho, a menos que por si mesmo.
Minha mente cria, divaga, busca, implora um motivo concreto e um porque. Sonha com uma motivação de filmes, com um "eu feliz a dois ou três, com a casa cheia de amigos".
E por isso acolho. Sem ser acolhida. Desprezo o amor que recebo. Desconheço alguns amores. E muitos me desconhecem.
Não me cuido. Me culpo. Me julgo. Sou minha maior inimiga. Brigo comigo, me sou infiel.
Fujo.
Sempre.

E estou aprendendo a aceitar. Cicatrizando. Chorando menos. Limpando as feridas.
Me despedacei. Me feri.
E não tem conserto. Não tem outro esparadramo que não a minha vergonha na cara. Minha força.

Sou uma mulher forte. Me visto de fraca pra ver se me sinto mais delicada. Não sinto.
Sinto, antes, pena. De ter dado tão errado e tão certo.

Minha solidão me faz bem. Me faz crescer. Me dá créditos e todos os pontos do mundo. Mas ainda assim, estou sozinha pra comemorar.
Não tenho quem abraçar e beijar com amor no mesmo nível, no mesmo grau. Porque sou sozinha.
Estou sozinha.
Vivo sozinha.

Shows e cinema. Viagens e café.
Ruas e livros. E eu sigo só.
Gente que aparece, cumprimenta, sorri e vai embora.
Todos gostam de mim. Mas ninguém fica do meu lado. Ninguém para e resolve viver, de fato, minha história.
Porque ela é minha. Sem amigos ou filhos. Sem maridos ou pais. Ela é minha.

E todo mundo que aparece é alegoria.
Vitrine.
Manequim.
Só tenho enfeite, sem vida.

E sinto pena de mim.

Fora Cunha

Neste momento: não apoio o Cunha. Não apoio o golpe do Cunha e de seus bluecaps. Não apoio  o impeachment.

Isso não quer dizer que eu esteja contente com a administração do país. Nem que eu seja pró-Dilma. Nem que eu abrace o PT.
Ainda que, devo destacar, grande parte dos movimentos sociais que eu reconheço partem de amigos familiarizados ou declaradamente petistas. Porém, não tapo os olhos diante de ações de grupos "menores", "de baixo", porque conheci bem o que movimenta as ações dessas pessoas bem intencionadas e como elas são iludidas e enganadas com os lobos em pele de cordeiro.

Ao contrário, eu reconheço a podridão partidária e ela é de QUALQUER espécie; inclusive de inúmeros sindicatos e ongs desse país, que apoiam e são apoiadas pelo governo PT.

Mas tapar os olhos diante de uma medida inútil, que supostamente derruba um nome e um partido, MOMENTANEAMENTE, para dar mais moral a quem está bebendo diretamente da teta da vaca? Qual o sentido e a intenção desse ato? Sejamos racionais.
Nem o Brasil volta ao auge econômico, nem o PT afunda com essa ação. Ele, sim, cresce! A união será ainda maior e na boca da urna, novamente, ele vence. E ele humilha com os números, na verdade. Gostem os sulistas ou não.

A manipulação televisiva influencia até certo ponto e, em geral, aconteve isso com o grupo seleto de gente que apoia o ato e não levanta a bunda pra mudar nem a própria vida, quanto menos se importar com o outro, de fato.

O povo se deixa manipular, não há movimento saudável e nem união diante desse período econômico tão difícil. O Brasil se dividiu ideologicamente e trava uma guerra fria - que está se convertendo em guerra nas ruas; guerra de governo versus civil.

Eu só acredito em mudança plena com união, e se estamos divididos e com slogam de partido, isso não funciona.

Particularmente, penso que divisão territorial e fronteiras servem para organizar um território. Se não está funcionando, precisa mudar a forma de pensar o país. Isso começa da base e não do todo. Se a cidade não funciona, quem dirá o estado e o país.

Vamos recomeçar. Espero que tudo renove. Tudo se movimente. Que se for pela Lei (esse ano é da Lei), que a Lei tome conta de tudo. Organize, alinhe, seja firme e com mão de ferro. Mas se for pela Geração (que creio estar tomando conta num segundo plano), espero que sejamos abraçados pela Mãe Divina e levados a rever nossas ações contra a Vida.