Reinações Múltiplas: janeiro 2011
ATENÇÃO: Este blog é pessoal e não profissional

M&G McFly no Brasil



Sinceramente, eu acho essa revolta em não ganhar "atenção" uma coisa muito ridícula e patética.

Não me inscrevi na SC por não saber inglês, achei inútil tentar me relacionar com o básico ou o intermediário... enfim. Mas compreendo a parte de "expectativas", embora ache algo muito ilusório passar 15 minutos com seus ídolos, guardar fotos e pensar que mudou alguma coisa em sua vida. Porque para mim o emossionante é o show.

Os caras se deram ao trabalho de fazer um PUTA portal, com uma PUTA produção, para um número exorbitante de fãs e ainda tem que aturar um monte de guria sem noção (tipo eu) enchendo o saco deles 24 horas por dia, por gostar (muito) da banda ou pensar que são seus príncipes-encantados-disfarçados.
Isso por si só já deveria ser o suficiente, mas não... então vamos lá: exigimos que vocês, seus idiotas (porque o carinho é assim, né?) DEVEM dispor de salas refrigeradas, com comida refinada e recepção de primeira classe para receber quem POR CONTA E RISCO resolveu ser pioneiro(a).
Pura balela (e não preciso dizer que o sarcasmo estava presente, ou preciso?).

Pois eu acho que a produção do show é responsável por certas coisas, e os caras estão trabalhando com gente nova, ou seja... tá rolando uma nova vibe e uma iniciativa diferente da parte de todos os envolvidos.

O Brasil terá outra recepção, outro público, outra vibe, outros tudo. Não se compara (E PELO AMOR DE DEUS, ISSO É ÓBVIO) a Inglaterra com o Brasil. =D Não chega nem perto do tipo de produção, das instalações, do público... por uma série de motivos.
Ou seja, quem comparou a recepção frustrada daquelas terras (opinião de UMA fã que assistiu) com a receção nacional, sinceramente, precisa de mais informação e conhecimento de mundo.

Quero ver neguinho mordendo a língua feio, quando eles chegarem.

Esse negócio de fofoca no Twitter tem me irritado, principalmente porque NUNCA analisam PORRA nenhuma do lado PROFISSIONAL das realizações.

McFly ñ são só Danny Jones, Thomas Fletcher, Dougie Poynter e Harry Judd. Existe uma produção MUITO maior.

Adultério



"No adultério há pelo menos três pessoas que se enganam".

Carlos Drummond de Andrade

Prólogo

Isis entrou correndo no banheiro. Sua respiração estava ofegante e o cheiro forte de seu corpo estava cada vez mais evidente. O coração acelerado, a pulsação a mil. O sangue circulava pelo corpo com tanta força e rapidez que ela sentiu uma vertigem.


Capítulo Único

Flashback Mode 1 On

Edward frequentava a casa dos Killer há quase duas semanas. Tinha chego de viagem naquele mês e tratou logo de procurar Willham, seu amigo de infância.


Flashback Mode 2 On

Os dois se conheceram na escola e suas famílias se tornaram amigas, em decorrência dos finais de semana fazendo tarefas e das visitas constantes de um para o outro.

Edward tinha um carinho gigantesco por Will, pois não tinha um irmão e aquela era a relação mais próxima de irmandade a qual chegava. Já para Will, era como se Edward fosse a pessoa mais confiável do mundo e, por isso, não poderia se separar do amigo jamais.

Havia três anos que Will tinha casado com Isis. Os dois se conheceram em um trabalho de verão, se apaixonaram e nunca mais pretenderam se separar. Naquela época Edward morava na Asia, onde foi estudar ciência da computação, depois voltou para o casamento do amigo, passou com o casal uma semana, antes do casamento e esteve como padrinho na cerimônia.

Edward era alto, cabelo até o ombro castanho escuro, com estilo de cineastas, barba mal feita, rosto expressivo, olhos negros, arrematadores e fortes. Fortes e sensuais. Era um homem com estilo, geralmente sério, mas com um humor inigualável, quando entre amigos.

Era observador e inteligente, costumava viajar muito e gostava de arte, diferentemente da maior parte dos caras que trabalhavam com ele. Talvez por isso, sentia a necessidade de estar de volta, ficar ao lado de seu amigo, de sua família. Não havia lugar melhor do que sua casa.

Se bem que, depois do casamento, Will devia ter mudado, ter se adaptado a uma família, a sua mulher. Será que Isis era uma boa esposa ou daquelas chatas e intimidadoras? Edward gostava dela, o pouco contato que teve, de uma semana, serviu para dar alguma risada, fazer um primeiro indício de amizade, mas nada além de formalidades. Edward não tinha o costume de se dar bem com as pessoas logo de cara.

Will estava feliz com o retorno de seu amigo, ainda mais quando soube que ele estaria em sua casa nos finais de semana para se divertirem como antigamente.

Na verdade, Will tinha Isis agora, o que deixava as coisas ainda melhores, pois a companhia dela o mantinha inquieto, de tanta felicidade. No início do casamento, Will mal podia dormir à noite, tamanha a necessidade de estar com sua mulher, observando-a, sentindo-a. Ele gastava as horas de sono conservando a imagem dela, nua, em seus olhos. Era perfeita, a luz de sua imaginação erótica. Ele a amava, como jamais havia amado nenhuma mulher e a desejava, como jamais desejaria outra.

Isis tinha um estilo de vida diferente, gostava da desorganização-organizada, mas seu marido preferia as coisas no lugar, então ela se esforçava para manter tudo bagunçadamente arrumado e ele para desorganizar-se um pouco mais. Mas agora, com o melhor amigo de Will chegando de viagem, Isis teria de deixar o lugar com um rostinho mais amigável, ao menos era o que pensava que mulheres casadas faziam ao receber visitas importantes, ainda mais quando a visita era muito respeitada e querida por seu amado marido.

Como trabalhava em uma revendedora de automóveis importados, como gerente, Isis mal tinha tempo para si mesma, quanto menos para a casa e as obrigações do lar, mas resolveu dar o seu jeito e se dividir em quinhentas naquelas semanas de boas vindas. Precisava respirar um pouco e se deu ao luxo de frequentar a academia, almoçar com o marido e dar ares de vida a sua casa.

-Amor, você acha que eu exagerei nas flores?

-Estão lindas minha princesa.

Will deu um beijo em sua esposa, entrando em casa, deixando seus documentos em cima da mesa e tirando os sapatos. Era advogado e uma das coisas que mais odiava era usar sapatos, por isso o ritual de entrar e tirá-los, deixando-os próximos ao sofá.

-Ah amor, colabora né?! - Isis disse se aproximando do marido que estava tirando as meias, sentado no sofá. - eu estou organizando a casa, hoje não é dia de bagunça. - ela passou a mão em sua cabeça e sorriu.

Em um gesto rápido, Will segurou a cintura de sua mulher, ergueu a blusa que ela usava, na altura da barriga, e começou a beijar aquela região, com pequenas mordidelas. Ele sabia que aquele era o ponto fraco de Isis, pois conhecia cada pedaço de sua mulher, já havia explorado tudo. Era como se as faíscas se ativassem no corpo dela ao sentir a boca macia saboreando seu corpo, com leves pontadas de desejo. No exato momento em que foi pega, Isis soltou um gemido e agarrou nos cabelos do marido, puxando-os levemente,fechando os olhos e inclinado a cabeça para trás, em um típico sinal de prazer.

Will tinha lindos olhos azuis, era frágil em seu tom de pele, branquinho, de bochechas coradas, com os cabelos loiros em um corte moderno e agradavelmente sério. Escondia por trás da imagem de advogado um humor escandaloso e gestos de paixão que deixavam sua mulher louca de desejo.

Isis tinha um longo cabelo castanho, que caia nos ombros em ondas perfeitas, cintilando o brilho. Seus olhos eram castanhos claros, intensos, e sua boca era agressivamente sedutora.

-Amor... - ela puxava o cabelo mais forte conforme sua pulsação acelerava. Seu corpo vibrando e o coração quase podia ser ouvido por ela mesma, tamanho o tesão que sentia com o toque da boca macia e suave de seu marido. Ele provocava e já se sentia tão quente quanto ela. Estava excitado em vê-la tão bonita, cuidando de seu lar, arrumando as flores. Ela era perfeita.

Isis gostava de sexo rápido, porque sofria menos. Simples assim. Gostava tanto de sexo que o tardar a alucinava, ela preferia os movimentos mais suntuosos e delicados de seu marido, mas isso a enlouquecia tanto que os gemidos e gritos podiam ser ouvidos pelos visinhos há quilômetros de distância, por isso evitava. Das três noites de sexo obrigatórios na semana, ao menos uma era assim.

Nas relações lentas ela parecia derreter e se entregar de corpo e alma, perdia o controle, por isso fazia questão do sexo agressivo, carnal. Mas seu marido não lhe dava escolha, seduzindo-a, como ela adorava. Ele simplesmente a dominava e fazia Isis perder o chão. Por isso ela o amava tanto, por isso o desejava com a alma.

Will percebeu o que fazia com a mulher e resolveu não perder mais tempo, subiu suas mãos até os seios de Isis acariciando os mamilos acesos. Ela estava derretendo, ele sentia o prazer subir em meio a suas pernas.

Ela levantou a cabeça do marido, beijando sua boca suavemente, conforme ele aumentava a velocidade, ela o forçava a ir devagar. Se ele queria brincar, brincariam. Esqueceu-se completamente da casa e das flores.

Na sala, os sapatos jogados, assim como a calcinha dela nas escadas e o terno dele no sofá. Estavam nus na imensa cama de casal e se amavam suavemente, com juras de amor eterno. Eram um só, e sentiam isso.

Will fazia questão de ser romântico, todas as semanas aprontava uma com a mulher. Se não eram todos os dias de paparicação, ao menos todas as semanas. Gostavam de fazer amor ao amanhecer, adoravam estar juntos.

A campainha tocou. Isis imaginou que fosse o entregador de pizzas na porta, no caso, a entregadora de pizzas, que era amiga do casal e entregava ao menos uma big (meio portuguesa, meio mexicana), todas as semanas. Eles haviam pedido para aquela noite, logo depois do sexo, porque sabiam que Isis não teria a menor vontade de cozinhar com o corpo tão leve.

No momento em que ouviram a campainha, conversavam na cama. Isis recostada ao travesseiro, meio sentada e Will com o corpo sob o dela, a cabeça perto do seio, com o qual ele brincava, beijando e acariciando. Não gostava de apagar a chama que eles tinham e a provocava sempre.

Acostumada com a garota na bicicleta, magra e de olhos grandes, Isis disse para o marido que pegaria a pizza. Deu um beijo em Will, vestiu o hobby cor de vinho de sua camisola, sob o corpo repleto de curvas, apenas para tapá-lo despretensiosamente, e saiu em disparada pelas escadas, desviando as roupas no chão e rindo da bagunça que ela e o marido fizeram, quando ela tentava organizar a casa mais cedo.

Com o humor mais encantador do mundo, Isis abriu a porta de ímpeto, e sorrindo falou:

-Andy, hoje vocês foram muito... - após abrir a porta Isis notou que o homem de aparência forte, meio barbado, magro, de olhos negros, que consumia seu corpo no roupão, não era Andy, a entregadora de pizzas - rápidos. - meio sem graça, a mulher não conseguiu desviar os olhos dos de Edward, parado em sua frente com um sorriso de canto.

-Olá Isis. - se os olhos deixaram o corpo de Isis estático, o sorriso dele foi desesperador. Ela se pegou observando a boca do moreno alto e sedutor, sem perceber que, no caso dele, os olhos estavam em seus seios, quase expostos pelo roupão afrouxado.

-Edward. - ela disse espantada e logo se recuperou - Ora, Edward, que bom tê-lo aqui! Vamos, entre! - ela recuperou os sentidos rapidamente, pensando que seria ótimo para o marido ver o amigo. Estava feliz pela visita. Assim que ele passou pela porta, ela saltou e lhe deu um abraço. - fico tão feliz em revê-lo, Ed!

Ela se afastou o suficiente para vê-lo melhor e percebeu que o hobby, antes frouxo, agora estava semi-aberto. Com rapidez e nervosismo, fechou a roupa. Edward a observava sem dizer uma só palavra. A mulher estava com o cheiro de sexo, misturado a uma fragrância suave de perfume de bebê. A pele que o abraçou, ele pode sentir, era macia e os olhos confusos, que o miravam agora, eram atordoantemente belos.

-É bom revê-la também querida. - aquele olhar estava muito penetrante para que Isis se se desvincula, mas ela teria de se recuperar do incidente com o roupão. Gritou pelo marido, com tom de entusiasmo, saindo mais uma vez do transe.

-Will! Will, amor! - ouviu-o gritando "O que foi Isis?", e chamou o homem, anunciando a chegada do amigo.

Edward tinha um olhar observador e fazia isso naquele instante. Observava o local em que estava. O sofá com o terno, os sapatos no chão, as flores do campo sob a mesa de entrada, que tinham um aroma suave e, ao mesmo tempo, forte. Como o da mulher que o abraçara instantes atrás, com o corpo seminu. Ela tinha o ar de uma princesa, misturado ao de uma guerreira. O corpo era suave, ao menos os braços que ele havia sentido e os seios que roçaram seu peito, no abraço. Ele estava excitado em pensar que a mulher em sua frente, de cabelos desgrenhados, presos de qualquer forma, estava nua por baixo daquele fino tecido cor de vinho. Um sexo lento, pensou ele. Ela devia estar fazendo um sexo gostoso e lento.

Antes que percebesse, Edward estava abraçando Will e o cumprimentando. Aquela volta ao seu país, as suas origens, seria mais difícil do que ele havia imaginado.

Flashback Mode 2 Off

Edward frequentava a casa dos Killer há quase duas semanas. Tinha chego de viagem naquele mês e tratou logo de procurar Willham, seu amigo de infância, mas encontrou mais do que um amigo de infância. Encontrou um homem responsável no trabalho, carinhoso com a esposa e presente no lar.

Ed se sentia terrivelmente atraído por Isis. Ela o deixava quase louco e, o pior, não era intencionalmente. Ele percebia que tudo o que fazia estava em função do marido e dela mesma, reservando a simpatia para lidar com pessoas como ele, um amigo de seu marido. Mesmo assim, era muito difícil não ficar encantado e desejar os carinhos que ela fazia, tão explicitamente no marido.

É claro que aquela relação era natural, afinal de contas, Isis estava em sua casa, entre amigos. Não havia mal em usar um short jeans e uma baby look branca em casa, mesmo que seu corpo fosse delgado e rígido, que seus seios fossem redondos e altos, que sua bunda fosse a visão do paraíso e que seu perfume, naturalmente suave, exalasse por todo o espaço quando ela estava lá.

Ele entendia porque Will era tão apaixonado. Isis era uma mulher completamente feminina. Vaidosa, mas não a ponto de trocar o rosto lavado e o cabelo mal preso por horas de chapinha e make up. Ela era natural e isso deixava Ed cada vez mais alucinado.

Will, por sua vez, continuava tão companheiro e amigo quanto antes. Eles almoçavam todos os dias juntos, pois trabalhavam no mesmo prédio. Havia sido, justamente, Will quem tinha dito para Ed voltar e procurar o contato que tinha no departamento de produção de jogos. Até a casa em que Ed morava era indicação de seu melhor amigo. Eles eram como irmãos.

Em casa, Ed fumava um Mallboro de filtro amarelo e olhava pela janela, seu jardim e sua fonte. A água jorrava das mãos de uma deusa egípcia, que ele não reconhecia, mas que percebia ser uma deusa bonita e forte, com o corpo perfeito, como o das deusas gregas. Lembrava de Isis, no almoço do domingo, estava fabulosa em um avental preto, preparando a lasanha do churrasco. Ela sorria colocando as camadas de queijo e cantarolava enquanto pegava uma e outra tigela, alcançando para os demais convidados que ajudavam na preparação. Será que ela não percebia seu encanto?

O que mais atormentava Ed eram os olhos. Os olhos de Isis quase não se cruzavam aos seus, ele percebia que ela estava sempre evitando olhá-lo fixamente e entendia o motivo. Quando os dois pares de olhos se cruzavam, ele sentia um tremor irreconhecível em seu corpo, como se ela o invadisse. Sentia vontade de agarrá-la e rasgar sua roupa. Não seria gentil, não, não seria nada gentil. Ele queria a carne, mas isso seria o maior de todos os pecados.

-Não cobiçar a mulher do próximo. - pensou ele rindo e praguejando. Não acreditava em religiões, mas acreditava em respeito. Não faria nada além de observar ou deixaria, até mesmo, de desejá-la com os olhos, por respeito ao amigo?

Isis estava a ponto de ter um colapso. Já era frustrante ter de evitar os olhares de Ed, que eram naturais, mas que fincavam espadas em sua alma, quanto mais ter de passar tanto tempo com ele. A partir daquela semana a casa que ele havia comprado passaria por uma reforma e, adivinha só, Will ofereceu o quarto de hóspedes.

Não sabia o que seria pior, realmente não fazia ideia do que seria pior: ela ter de vê-lo todos os dias ou ter de passar o dia todo com ele, agora que pedira as férias.

-Eu sou uma imbecil! Quando pensei em pedir as férias para esse período, não sabia que o melhor amigo do meu marido voltaria para seu país e se hospedaria aqui. - ela falava enquanto trocava de roupa. Logo Will chegaria e, com ele, Ed. Ela precisava fazer algum lanche e continuar evitando o contato visual, além e principalmente, o carnal.

Na noite anterior, Will convidou Ed e outros amigos para jogarem poker. É claro que Isis ficaria com as mulheres deles e jogaria papo para o ar, falando de moda e arte. Mas foi no momento mais casual e despreocupado, quando ela tirava uma jarra de água da geladeira para fazer suco, que sentiu a mão forte tocando seu braço.

-Precisa de ajuda?

Isis quase deixou a jarra cair. Ele estava do seu lado, próximo. Muito próximo, próximo demais. Tanto que o cheiro dele, aquele que ela tentava evitar pensar, estava inebriando o seu cérebro, deixando-a meio tonta e grogue, tamanha a personalidade que exalava com ele.

Ed percebeu que o corpo da mulher estremeceu ao toque e não evitou uma pontada de desejo, que estava em sua barriga e também no nó de sua garganta. Após se recomporem do toque, estavam obcecados nos olhos um do outro, embora os de Isis tivessem descido e reparado no corpo masculino - momento seguido de um morder de lábio, que representava desejo. Foi algo espontâneo, mas ela logo se arrependeu.

Quando voltou os olhos para Ed novamente, percebeu que estavam implacáveis. Ele a desejava, ela percebeu, e ela não sentia menos que ele. Olhava a calça jeans e a camisa de banda, o cabelo e a barba, o corpo e a força, ela queria sentir, mas não podia, relutaria o máximo contra aquilo.

Ed estava excitado, mais uma vez ela conseguia tirá-lo do sério. Esatava linda com os cabelos em trança, jogados no ombro, um vestido que ia até os joelhos, descalça (como seu marido). Havia um decote em seu vestido, que era singelo e deveria não chamar tanto a atenção, mas naqueles seios seria impossível não chamar. A porta da geladeira continuava aberta e os dois ali paralisados.

-Não, não preciso. - ela se recuperou, balançou a cabeça e saiu dali, se aproximando da bancada em que preparava comida. - obrigada. - ela abriu um sorriso de educação e voltou a desviar os olhos. Mas ele insistiu, mesmo não querendo, insistiu.

Aproximando-se dela, pegou da mão de Isis o saquinho de suco que erguia, para abrir e despejar na jarra, apenas para tocá-la novamente.

-Deixa que eu preparo, você trabalha demais. - ele sorriu e a encarou, ela soltou o saquinho e se distanciou, observou-o preparar o suco. A casa estava com várias pessoas, mas os dois estavam sozinhos na cozinha. O centro das atenções era Will, que contava piadas e oferecia cerveja.

-Você tem bastante jeito em preparar as coisas, ainda que pareça um homem... - ela deixou o pensamento escapar e logo se arrependeu novamente.

-Um homem, o que? - ele se interessou e a encarou de novo. Os olhos eram quentes, mas o corpo de Isis estava ainda mais quente com aquilo. Ela precisava fugir, precisava sair dali, precisava de uma válvula de escape para apagar o fogo de seu corpo. O suco.

Se aproximou da jarra, que já tinha a bebida pronta, encheu um dos copos que estavam na bancada e bebeu com muita pressa e nervosismo, ao lado dele. Depois se concentrou e respondeu-o, ele observava o nervosismo dela e gostava de deixá-la assim. Lembrou do dia em que ela abriu a porta usando o hobby e aproximou a mão de seu cabelo, sem conseguir evitar tocá-la. A trança a deixava com um ar absolutamente doméstico e casual.

-É que você... - ele tocava o cabelo dela e os arrepios estavam muito fortes agora, mal conseguia elaborar a frase para responde-lo - é que você...

-É que eu...? - ele falou devagar, olhando-a se desmanchar e aproximando devagar, passo a passo, o corpo do dela do seu.

-É um... um homem forte e... - quando pensou no que ia dizer, Isis quebrou o clima afastando-se e pegando a jarra, a caminho da sala. - e meu marido não tem muita prática com essas coisas, então me impressionei. - ela abriu um sorriso falso e saiu com pressa. Na mesma noite, Will avisou para Isis que Ed ficaria com eles por uma semana.

Era torturante demais. Ed acordava completamente encantado com o cheirinho de café novo pela casa, as flores, a bagunça na sala e a cama dos amigos desarrumada, com a porta do quarto aberta. Ele tinha de passar pela frente para descer as escadas. Não conseguiu evitar a curiosidade e entrou no quarto. A camisola de Isis estava na cama, ela já devia ter tomado banho e se penteado de manhã, disse que sairia depois do café, pretendia visitar e almoçar com uma amiga, voltaria às 5pm, para malhar em seus equipamentos e depois compraria um lanche para eles.

Will devia estar trabalhando, pois tinha cliente marcado para logo cedo, em uma cidade vizinha, teve de pegar a estrada, então comeria na rua. Isis devia estar sozinha na cozinha, preparando o café, só para os dois.

Só de pensar nisso, enquanto segurava com força a camisola com o cheiro excitante, Ed virava os olhos de prazer. Ela estava, finalmente, sozinha com ele.

Na cozinha, enquanto os pães estavam na torradeira, Isis sentia seu corpo dar leves choques. Era o dia da semana em que ela e Will costumavam fazer amor de manhã, algo habitual desde o casamento, mas hoje não teria sua dose de prazer e ficaria, provavelmente mais dois dias sem nada, afinal, seu marido teria trabalho extra naquele mês. Não aguentaria esperar tanto, fariam em meio aos papéis de análises dele mesmo, ela estava pronta para isso. Naquela noite, ela mal podia esperar, estaria com seu amor, com seu marido, seu homem.

Estranhamente, o corpo dela estava habituado ao prazer de seu marido e ela sentia muita falta, mais falta do que o normal. Ao menos era o que Isis tentava convencer-se que queria e não ao homem que dormia no quarto ao lado do seu. Seria bom sair e conversar com uma amiga, ficar em casa lhe renderia uma insatisfação tremenda, principalmente porque Ed estaria lá depois do almoço, todas as tardes. Logo ele acordaria, tomaria o café e iria para o trabalho.

Isis pensou que enfartaria de tanto desejo, no momento em que sentiu a mão tocando o seu braço, em um abraço por trás, e a barba roçando de leve em seu rosto em um beijo de bom dia. A voz que falou aquelas simples palavras, "bom dia", em seu ouvido não precisou ser sussurrada para fazer com que, de imediato ela sentisse o coração saltar. Ele era forte. Ela o desejava.

-O cheirinho do café está delicioso. - o corpo dele estava próximo, e ele se inclinava ao lado do ombro dela para ver os pães que ainda iriam para a torradeira. - e esse sanduíche está com uma cara ótima. Posso comê-los frios?

Ela engoliu a salina, e se virou, dando de frente com o corpo dele, roçando, despretensiosamente, os seios no braço dele. Estava vestida para sair, com um salto que deixava as panturrilhas erguidas e um vestido soltinho de verão, em um tom dourado.

-Pode. - a voz que saiu foi um sussurro. Ele não aguentou o tormento e segurou o corpo de Isis, puxando-a para si, ao mesmo tempo em que, um movimento veloz, recostou os corpos na parede ao lado da bancada. Os azulejos gelados nas costas de Isis e a proximidade do corpo de Ed fizeram-na soltar um gemido de pavor e tesão.

As mãos de Isis tentaram afastar o corpo de Ed, os olhos estavam assustados, ele queria vê-la exatamente assim, sem saída.

-Quero você.

Ao ouvir aquelas palavras, com as forças que tinham, Isis ficou mais tensa, pode sentir o cheiro de Ed e o membro enrijecido que estava bem recostado ao corpo dela.

-Quero você. - ele repetiu no ouvido dela, segurando-a com força e rugindo em seu ouvido, enquanto distribuía beijos no pescoço e nuca da mulher excitante.

Os olhos de Isis atormentados, virando de prazer. As mãos que tentavam separá-los, agora arranhavam as costas de Ed. Os pães cheiravam a fumaça do lado dos dois, enquanto Ed se apressava em passar a mão pelo corpo da mulher e ela abria as calças dele.

De repente o telefone tocou. Um medo invadiu a mente de Isis, que parou imediatamente o que fazia, espantada consigo mesma, repleta de tesão e completamente molhada.

Ed também parou, olhou para ela e depois virou a cabeça para os pães queimando. Segurou-a firmemente, de novo, e lhe deu um beijo roubado, quente e rápido.

-Continuamos depois.

Isis se sentiu como se tivesse sido deixada nua e desprotegida, quando Ed saiu pela porta da frente, levando o carro. Ele provavelmente comeria na rua e iria trabalhar, todo desarrumado, ou passaria em sua casa e pegaria uma roupa qualquer para ir ao serviço. Mas não permaneceria naquela casa com a sede que estava. Precisava se controlar ou acabaria com aquela mulher. Destruiria seu corpo em um sexo pleno e fatal. Ele não a desejava como as outras, ele desejava seu corpo como um animal feroz faminto. Queria consumi-la, acabar com ela, mostrar sua força e sentir todo o prazer em ouvi-la gritando e fazendo o que fazia com Will. Duas noites atrás ele não se conteve e espiou pela fresta da porta o casal que se amava de maneira tão peculiar e a mulher que dominava o homem, tão ameaçadora. Ele não resistiu em assistir a tudo tocando seu corpo com desejo.

Ed queria sentir aquele prazer que via em Will, queria sentir Isis na cama, com a boca tão macia quanto ele imaginava, pousando em seu membro, duro. Bem duro.

Ele estava ficando louco com aquilo. Não poderia fazer tudo o que desejava com aquela mulher, era a mulher de seu melhor amigo. Uma loucura, uma alucinação.

Flashback Mode 1 Off

Hoje

Isis entrou correndo no banheiro. Sua respiração estava ofegante e o cheiro forte de seu corpo estava cada vez mais evidente. O coração acelerado, a pulsação a mil. O sangue circulava pelo corpo com tanta força e rapidez que ela sentiu uma vertigem.

Estava completamente desamparada. Depois do dia das torradas, resolveu fugir a todo custo de Edward, mas estava ficando pior a cada dia. Ele a enlouquecia, mesmo perto de Will lhe dava indiretas. Mesmo as noites com seu marido não eram a mesma coisa. Ela pensava no outro enquanto estava com Will. Pensava em Ed o tempo todo, no banho, não resistia em se deliciar, tocando seu sexo, pensando em Ed. O desejava, queria sentir a força dele, dentro dela, o mais rápido possível.

Naquela dia ele mentiu que iria trabalhar o dia todo, o que fez Isis ficar em casa depois do almoço, pois não costumava ter coragem para tanto quando ele estava por lá. Ed entrou de mancinho, escondido, pela porta dos fundos. Ela estava lá, a visão que ele jamais imaginaria.

No quarto dele, mexia em sua coisas, com várias peças de roupa espalhadas, cheirava a camisa que ele usava para dormir. Ela estava excitada, ele percebia. Ouvia uma música tranquila e usava apenas uma calcinha. Uma calcinha de renda, preta, fio dental.

Ele fez um barulho na porta, para assustá-la propositalmente, ela estremeceu e ele adorou. Isis corou na mesma hora, com os pelos do corpo eriçados. Uma gata surpreendida com água fria. Seus cabelos caiam pelas costas, desciam nos ombros e nos seios, completamente a mostra.

Ed não evitou tê-la ali como uma presa, olhou com olhos selvagens, fez menção de tirar o cinto para arrancar as calças, mas ela estava em pânico e correu para o banheiro do quarto, se trancando.

Isis entrou correndo no banheiro. Sua respiração estava ofegante e o cheiro forte de seu corpo estava cada vez mais evidente. O coração acelerado, a pulsação a mil. O sangue circulava pelo corpo com tanta força e rapidez que ela sentiu uma vertigem.

Era prazer, puro prazer.

Quanto tempo mais ela fugiria do que era inevitável? Agora ele a havia visto, seria inevitável. Ele foi delicado, bateu na porta devagar, já estava nu.

-Isis, abra a porta meu anjo. - enquanto falava, imaginava como ela estaria lá dentro e o que faria com ela.

-Não posso Ed, não podemos fazer isso. - ela dizia isso mais calma, acariciando seu corpo, recostada a porta. Ele ouviu um gemido e estremeceu de prazer. Bateu um pouco mais forte, dessa vez.

-Abra a porta, Isis.

Ela abriu. Estava em uma enrascada, mas abriu.

Como uma boiada que vê a porteira aberta, Ed entrou devastando aquela mulher. Segurou-a com força enquanto ela começava a arranhar suas costas. A calcinha foi rasgada, com rapidez e fúria. Era paixão, pura paixão. Ela gemia, ele também. Arrastou a mulher para a cama de seu quarto e jogou o corpo dela, arremeçando-a na cama e subindo, logo em seguida. Aproveitava o corpo com muito domínio.

As palavras sujas vinham na boca e na mente dele, ela delirava adorando e pedindo mais. Gemia e estremecia com um prazer incontrolável, Não demorou muito, chegaram ao ápice.

Ela queria rapidez, queria ação, queria domínio, mas o surpreenderia, depois de tê-lo cavalgando nela, resolveu usar sua boca. O corpo dele ficou completamente marcado e mordido, arranhado e com vergões. Não se importaria.

O prazer Isis veio quando ele estremeceu, com a mão dela acariciando, sem dó nem piedade, o membro rígido dele.

Ele queria mais, queria tudo, deixou-se dominar e a dominaria também. Quando ela sentou e fez os movimentos mais delirantes que poderia, os dois não resistiram.

Sexo selvagem.

Ed voltou para casa na noite seguinte. Nunca mais procurou Isis e a relação dos dois era tranquila, embora as sensações voltassem constantemente. Will ficou muito feliz ao saber que seria pai, dois meses depois da inesquecível noite com sua mulher. Edward ficou ainda mais feliz, ao saber que seria o padrinho.

Amigos, amigos. Mulheres à parte.

Um pouco de tudo

Olá pessoas,

hoje minha atualização vai ser mais voltada ao que estou sentindo, então vai ser meio 80's.
Baixei um monte de músicas LINDAS daquela época e estou orgulhosa de ter nascido nela. Nesse momento minhas caixinhas estão gritando I Just Call To Say I Love You - Steve Wonder, não é o máximo? Seria, se não fosse ainda melhor a playlist que segue, tendo desde: Bon Jovi, Roxette, Van Halen, Baltimora, Europe, The Outfield, Toto, Tracy Chapman, Richard Marx, Vanila Ice, Bonnie Tyler, The Police e por aí vai...





Sabe aquela saudade dos tempos que se foram? Ela bate em mim sempre. É legal viver a modernidade, pensar em progresso, mas me digam quanto do que era e não é mais, que poderia voltar e deixar estabilizado o momento "Lady Gaga"? Não sentem falta da Madonna "legitima", ou das músicas dos anos 90, como Bryan Adams? Eu sim!
Talvez pareça besteira, mas muito do que foi perdido é, incondicionalmente, mais intenso, saca? Aquilo de querer vender, lógico, mas vender a essência e a alma junto. Não como é hoje, toda aquela superficialidade.
Espero que entendam do que eu estou falando, que procurem as origens.

Deus do céu, só eu sei o quanto recordo da minha infância banhada de músicas incríveis, tendências revolucionárias, com um bom punhado de vida. Sem que me vissem como uma consumidora imbecíl e previsível, mas como GENTE.
É tão ruim assim querer assistir um filme em K7 ao invés de BluRay? Não sei se é.
É tão ruim querer uma Sessão da Tarde com filmes ao estilo "Curtindo a vida adoidado"?
O que eu posso dizer ao ver uma pessoa que NUNCA assistiu De Volta para o Futuro ou o Mundo de Beakman?





Não se trata de negar quem você é hoje, mas de relembrar quem está dentro de você, desde sempre.

Eu amo a Era Perdida. Amém.



Salvatore

Quem tentar possuir uma flor verá sua beleza murchando. Mas quem apenas olhar uma flor num campo, permanecerá para sempre com ela. Você nunca será minha e por isso terei você para sempre.

Paulo Coelho


Era uma noite de lua cheia. Cada centímetro de meu corpo estava tremendo, reluzindo a lâmpada do imenso abajur dourado, no criado mudo de meu quarto. Eu o esperava com a satisfação de uma serva e o desejava com a sede de um homem perdido em meio ao deserto, embora nada pudesse superar o medo que atingia meu coração. Um sentimento que carregava cada centímetro de sanidade em minha mente e deixava-me completamente vulnerável ao inesperado.

Na noite anterior sua pergunta foi simples e clara: você está pronta? Respondi que sim, com um olhar seguro que agora não reconhecia em mim. Tudo o que restava era uma imensa preocupação dilacerando minha alma. E se eu fosse fraca? Se eu não conseguisse? Se meu coração não estivesse pronto? Se houvesse arrependimento?

“Não haverá mais volta Lenah. Olhe bem para ti, nesta imagem que reflete ao espelho e sinta-se preparada, ou experimentará uma dor ainda maior.”

Era minha consciência que teimava em alertar-me em voz alta, enquanto meus braços envolviam meu corpo em um abraço forte, relutantes em hipotetisar que jamais sentiriam qualquer partícula de calor em minhas desprezíveis células. Damon Salvatore estava a caminho de meus aposentos e eu, certamente, não recuaria minha escolha. Eu o conhecia suficientemente bem para saber que seria por bem ou por mal.

Olhei para a porta de meu quarto abrindo-se devagar, era o vento, que soprava atordoado da janela aberta no corredor da escadaria. Se estivesse em outra ocasião, eu certamente sentiria medo da escuridão e das sombras que se moviam na penumbra noturna, em meio às paredes de madeira, mas naquele momento eu sabia que tratava-se de um sinal. Ele estava ali e queria passar. Atentei meus olhos para a porta que rangia e fiz o que devia fazer.

-Entre. Você é bem-vindo Salvatore.

Sua presença era imperceptível. Enquanto eu olhava para a porta amedrontável, seu corpo posicionou-se a meu lado e um sorriso ironicamente sedutor, seguido de um olhar penetrante e arrematador, que se voltou para minha face alva, repleta de espanto. Deu-se um minuto de silêncio, desde o instante em que o vi até que começasse a falar. O tempo seria infinito a partir de agora e eu poderia me perder contando os segundos na imensidão das Eras, portanto resolvi mudar meu pensamento alarmado, para um pensamento de decisão e absoluta entrega.

-Sentes temor, amor meu.

Não fosse tão lindo ouvi-lo falar daquela maneira, eu poderia sentir uma faca cortando minhas entranhas com o olhar que penetrou em minha alma. Damon podia ver-me completa e fazia-me sentir desnuda diante de seus olhos. Com um nó na garganta, aproximei minha mão de seu roto frio, pálido, esculpido, perfeito. Eu seria, mesmo, a única mulher a tocar em sua face? Perguntava-me noite após noite, quanto tempo suportaria em não me entregar completamente para aquele vampiro e agora estava como um rato, amedrontada e acuada.

-Agora que estás a meu lado, não deveria sentir-me tão tola, deveria?

Ele olhou para mim como se fizesse a mesma pergunta e meu coração dilatou quando suas mãos, de ímpeto, seguraram meus braços com força, juntando nossos corpos e aproximando sua boca de meu ouvido. Era um gesto casual entre amantes, mas conosco sempre significava algo a mais. As mãos de Damon passeavam por minhas costas e subiam até meu pescoço, até que ele apertou minha garganta, com um carinho de possuidor. Pude ver a luta em seu semblante e sentir a batalha pessoal que travava em não matar-me ali mesmo. Era tão habitual que rompesse seu ódio em paixão ao estarmos juntos, que talvez não tivesse me passado a percepção de sua luta interior.

-Diga-me Lenah, por que enlouquece-me dessa maneira?

Os olhos negros eram como uma noite de lua nova e penetravam suplicantes minhas veias, com a força de um combate. Se eu soubesse responder, se eu pudesse responder, talvez estivesse livre daquilo que me aprisionava aquele homem.

-Tens ideia de que posso penetrar sua mente? – ele perguntou com ódio, fechando o semblante e tornando-se ainda mais encantador em seu ódio repentino. Deus do céu! Quando foi que um olhar assassino e bestial tornou-se encantador para esta tua serva? – Posso acompanhar cada cena que sua maldita mente descreve e vejo tudo aos mínimos detalhes Muller. Por ventura sabias disso?

Fiz que sim, com a garganta secamente apavorada, apenas balançando a cabeça, com um aspecto de assustada. Meu coração parecia estar em um ritmo frenético há dois segundos, mas naquele momento já não havia mais nenhum coração em meu peito. Tudo em mim havia sumido e apenas os olhos negros e sedentos de Damon permaneciam no universo. Nenhum eco, nenhum som, nada além de sua sedenta imagem.

Como um animal feroz, Salvatore mergulhou sua boca na minha e os lábios gélidos se misturaram aos meus. Agora eu podia sentir que meu corpo estava em fúria e que queimava mais do que lava em erupção. Havia fogo, chamas, brasa, tudo em mim era um sabor incrível, que se misturava a palidez mais elegante e renascentista que já havia tocado minha pele. Minhas mãos, frenéticas – como todo meu corpo – puxaram o corpo de Damon agarrando-o por baixo da jaqueta de couro italiano. Nossas bocas lutavam e os lábios pareciam maiores e enfurecidos, gemendo de prazer em estarem loucos um pelo outro, até que ele quebrou o beijo com um riso alto e maquiavélico.

Olhando-me como o predador que era, Damon levantou-se e ergueu-me junto de si. Desprendeu meus cabelos, que já estavam mal presos, e minha cachoeira negra caiu sobre meus ombros, contrastando na camisola de seda. Meus olhos castanhos claros, como o mel extraído e refinado, estavam iluminados pelo luar quando, com apenas um movimento, Damon deixou-me completamente desnuda.

Minha pele em fogo, agora sentia o frio intenso vindo da ventania que se formava lá fora. Portas e janelas se abriam e pareciam assoviar, na calada da noite. Meu peito voltou a sentir meu coração, que estava completamente acelerado e arfava todo meu corpo, contribuindo em uma respiração descompassada que, em minha mente, precedia a morte.

-Faças o que tens de fazer.

Meus olhos lançaram-se aos dele nada suplicantes, mas evocativos. Eu faria aquilo por mim, por Damon, por nosso amor. Não havia nada que me deixasse mais irritada do que pensar em envelhecer e perdê-lo, morrer e não tê-lo pela eternidade, quando nosso amor poderia ser infinito.

Uma jovem da Toscana, uma italiana que ouvia os tenores locais, apaixonada pelas plantações e pelos vinhedos. Uma provinciana encantada pelas histórias de sugadores e lobos. Essa era eu. Mas e Damon? Quem ele era? Olhando para seus lindos olhos negros, para seu rosto desenhado pelos artistas renomados de Veneza, para sua boca tão intensa e deliciosa, perguntava-me quem estava em minha frente e obtinha a resposta em meu coração: esse é o homem de minha vida.

-Tens ideia de tudo o que passei para chegar até aqui?

-Não. Não tenho ideia, tu sabes que jamais ousou contar-me.

-Tens ideia de quanto significas para este monstro em tua frente?

-Jamais esperei nenhum sentimento de ti, apenas quero-te e amo-te em desespero.

Damon não me tocou, apenas aproximou seu rosto do meu e fechou seu olhos, lutando novamente com seu coração.

-Então não sabes por que irei deixar-te.

Tentei entender melhor o que havia ouvido, pois meu coração não assimilou o que eu estava transmitindo, a partir de minha mente. Ele havia dito “deixar”? E aqueles termos o que significavam na linguagem de sua espécie? Seria o que eu pensava? Não! Não poderia ser o mesmo que eu imagina, pois se assim fosse, o homem de minha vida, meu amor, Damon, me ... Meu mundo entrou em profundo caos, fazendo meu corpo partilhar do completo desespero. Eu não percebia o quanto continuava tremendo e só me dei conta de que tremia ainda mais quando ergui minha mão para tocar sua face, que mantinha seus olhos fechados.

-Tu não vais... – sussurrei, mas não pude continuar. Uma lágrima rolou na pele alva. Apenas uma e eu a beijei, já na altura de sua boca, enquanto meu rosto estampava um rio de desespero, vertendo lágrimas como uma cachoeira. – por favor... – eu sussurrei e não ousei tocá-lo mais.

-Conheço meu destino e estou certo de que não inclui ver a meu verdadeiro amor morrer ou definhar-se nas trevas. Deixarei a ti, Lenah, pois decidi esta noite que quero fazê-la feliz.

Eu pensava em dizer-lhe que para isso deveria levar-me junto de si, que eu iria com ele para trevas ou luz, sem questioná-lo. Pensava em esmurrá-lo e obrigá-lo a transformar-me, queria implorar de joelhos e fazer o que fosse necessário para estar junto de si eternamente, mas vi sua resposta antes mesmo de questioná-lo, quando seus olhos negros abriram-se e fixaram-se nos meus. Damon me amava e por isso me deixaria. Eu sabia que minha mente lhe dizia todos os meus pensamentos em um jato e que ele podia sentir minha dor. Não ousei mover-me um milímetro, sabendo exatamente o que aconteceria se eu me aventurasse a revidar sua decisão.

-Afasta-te de mim, Salvatore. Sigas a teu destino, pois acabo de aceitar o meu.

Ouvi o som de um coração partindo e percebi que estava dentro de meu peito. A mão dele não teve a decência de recostar-se em meu rosto, pois antes mesmo que conseguisse chegar até minha pele, Damon transformou-se em uma ave de rapina e um imenso corvo negro desapareceu pela janela de meu quarto.

THE WALKING DEAD



Talvez o choro impeça que as pessoas enlouqueçam. Simplesmente há coisas que não podem ser reveladas, e há coisas que ninguém pode modificar.

Anne Rice


Prólogo

Do lado de fora da casa, uma multidão corria enlouquecida. Eram pessoas desesperadas que haviam perdido seus entes queridos e tentavam salvar suas vidas. O medo atravessava as entranhas e enlouquecia a qualquer ser vivo, embora a doce Catharine já não soubesse o que significava estar ou não vivo.
Ela estava em sua sala, pegando apenas o que poderia carregar, olhando para as fotos, para as paredes com os quadros, para o álbum em suas mãos, atordoada. Catharine levaria as fotos, teria de conseguir carregar, ainda que fosse um peso praticamente inútil, ela precisava, simplesmente, de uma lembrança. Uma segurança para seu subconsciente não desmoronar na loucura, ainda que não houvesse o que fazer, ainda que estivesse tudo acabado. Ela era uma sobrevivente.

-Catharine, deixe-me ajudá-la. – O velho amigo da família Houns estendeu a mão para a mulher alta, de cabelos castanhos, pele clara e lindos olhos que cintilavam em cor de mel. Por um segundo, Catharine hesitou, mas não havia mais nada para fazer, além de segurar aquelas mãos fortes e destemidas, que não eram as de seu esposo.
Estava tudo escrito desde o início dos tempos, teria de ser assim, como Deus havia ordenado. Ao menos Peter estava a salvo, ao menos tinha uma mão amiga para cuidar dela e do filho, já que seu marido, seu amor, seu homem, seu Charlie estava morto.

Capítulo 1 – Um homem de 1978.

Charlie Houns nasceu na cidade e condado de Lincoln, na Carolina do Norte, Estados Unidos, no ano de 1978. Naquele ano, em Long Beach, acontecia o Grande prêmio do Oeste dos Estados Unidos, realizado em 2 de abril, um dia antes do nascimento deHouns.
O vencedor da corrida foi o argentino Charlie Reutemann, que corria pela Ferrari. Em homenagem ao piloto latino, o pai de Charlie, Jhon Houns, nomeou o filho recém nascido. Mario Andretti, piloto americano da Lotus-Ford, ficou em segundo lugar na corrida, o que rendeu a Jhon uma noite regada de cervejas, para amenizar a decepção em perder para um argentino e o dinheiro que havia gasto, indo até Long Beach, bem na data que antecipava o parto de sua mulher.
Naquele mesmo ano, em janeiro, houveram boatos de que OVNI’s haviam sido avistados por policiais de New Jersey. De acordo com os relatos, cerca de doze objetos voadores foram vistos e perseguidos por veículos das bases de forças armadas, assim como veículos da Polícia do Estado de New Jersey. Naquele período – do nascimento do filho de Jhon - o grande assunto ainda eram os extraterrestres e o ataque que havia ocorrido ao policial Jeffrey Morse, que atirou em uma das naves alienígenas que, supostamente, voava baixo, enquanto um humanóide - com cerca de um metro e vinte - se aproximava do carro daquele policial, tentando estabelecer algum contato. Com toda a confusão, a força aérea interveio na ocasião e algumas pessoas alegaram terem visto pesquisadores empacotarem algo desconhecido, colocando o pacote em uma caixa de madeira e, finalmente, em uma caixa de metal. Mais tarde, o policial Jeffrey relatou sua experiência em uma carta.

¨*¨
-Um ano bastante conturbado. – dizia Charlie, enquanto bebia um gole de seu cappuccino espumado ao lado de seu companheiro de viatura, Lucas Downson que, por sua vez, comia uma rosquinha açucarada.
-Você teve sorte meu chapa – Lucas estava no banco carona e Charlie no de motorista – poderia ter nascido em 76, como eu, e enfrentar o surto de gripe suína.
-Aqueles anos foram bem difíceis meu amigo. – Charlie bebericava o café, olhando para um ponto fixo qualquer, perdido em pensamentos, com uma das mãos deitada no volante, onde descansou sua cabeça, apoiando o queixo. – Sabe Lucky, eu não imaginei que me tornaria um policial.
-Na verdade, eu também não imaginei. – o policial mais velho e mais baixo, estava deliciando sua terceira rosquinha, com a boca suja de açúcar, quandoCharlie olhou para o lado e sorriu, debochando.
– Você não imaginou porque, certamente, queria abrir um restaurante. – o amigo voltou sua atenção, entendo a piada e brincou:
-Se eu fizesse isso, iria a falência.
Os dois riam, conversando e iniciando a rotina de sentar e esperar por alguma confusão pelas redondezas, quando sabiam que as confusões raramente aconteceriam e que suas tardes seriam tranquilas, a medida do possível. Mas, de repente, perceberam uma movimentação estranha nos arredores da Loja de Derivados, da senhora Grey – Presidente do Conselho Regional de Patriotismo do Condado de Lincoln, famoso por guardar e cultivar a origem daquela cidade.
-A senhora Grey não pediria para entregarem gás a essa hora da manhã, pediria? – disse Lucky, guardando a rosquinha e se preparando para sair da viatura, que estava estacionada em frente a padaria.

-Com certeza não, Lucky. – Charlie também abandonou seu copo e caminhou do carro até os fundos da loja da senhora Grey, que estava cituada há´uma quadra, para saber se havia algum problema por lá. O olhar atento do policial não lhe enganava, algo estava acontecendo por ali.
Chegando a porta dos fundos, onde o caminhão de gás havia encostado, os policiais ouviram um gemido de mulher e flagraram um dos homens do caminhão tirando objetos do interior da Loja de Derivados, prestes a colocá-los em um saco e roubá-los. Nesse momento, com rapidez e astúcia, Charlie e Lucky sacaram suas armas e gritaram para os ladrões – eram dois - que parassem e colocassem as mãos aonde pudessem ser vistas, enquanto a pobre senhora Grey era agarrada por um deles, como refém.
Entrando com rapidez no interior da loja, em uma perseguição ao segundo elemento - que já havia abandonado o saco com utensílios, e corria em busca da fuga - Lucky viu que o homem sacaria uma arma e atirou no indivíduo duas vezes, sem aparente sucesso. O ladrão estava a uma distância considerável, pois havia atravessado a loja, saído pela porta da frente e corrido pela rua – que não tinha movimento algum, graças ao período do dia.
Charlie ainda estava em frente a refém e ao bandido, que, por sua vez, apontava uma arma para a cabeça da senhora Grey.
-Largue a arma e coloque as mãos aonde eu possa ver! - O policial estava certo de que tudo acabaria bem, com um pouco de sorte.
-Você não está em condições de negociar por aqui banzé. Vou levar a velha e sair, não tente me seguir ou eu mato a velhota!
-Abaixe a arma, agora mesmo! – ele falava em sua posição de defesa, mirando na cabeça do bandido, enquanto a pobre mulher chorava e tremia, com medo e aflição pela vida.
Nesse momento, do lado de fora, Lucky conseguiu se desviar de três disparos, encostado ao lado de uma parede, enquanto o bandido que fugia estava abaixado atrás de latas de lixo, em um beco.
-Saia daí agora mesmo! Mãos para cima, aonde eu possa vê-las! – mais um disparo e, então, o último. Lucky atingiu o bandido, que caiu desmaiado e baleado. O policial correu até o carro patrulha e pediu reforços, depois correu em espreita até a loja em que o amigo estava, mas quando voltou ao estabelecimento, a senhora Grey chorava e Charlie estava no chão, sangrando.