Reinações Múltiplas: abril 2010
ATENÇÃO: Este blog é pessoal e não profissional
Quebre as Correntes
Fresno
Composição:Lucas Silveira

E o que fazer
Quando não estão mais nem aí para você?
Quando seu mundo não passa de uma prisão?

E o que dizer
Quando a sua vida não é igual à da TV?
Quando as pessoas tratam mal seu coração?
(Quebre as correntes)

Prometa não chorar e não se arrepender
Não chorar...não chorar...
O que você precisar se encontra em você
Não Chorar...não chorar...

E como agir
Se mãos amigas se transformam em punhais?
E todos acham que você não é capaz?

E o que sentir
Quando até mesmo você chega a duvidar
Que ainda existe alguma chance de virar
(O jogo pra você)

Não vou deixar desmoronar
Castelos que eu construí
Com minhas mãos na areia
A vida tem de prosseguir

Prometa não chorar
E não se arrepender
Não chorar... não chorar...
O que você precisar
Se encontra em você
Não chorar... não chorar...

Prometa não chorar
E não se arrepender
Não chorar... não chorar...
O que você precisar
Se encontra em você
Não chorar... não chorar...


E daí que eu ouço e gosto de Fresno?
Qual o problema em eu ter lido Paulo Coelho?
O que tem demais eu odiar Vinicius?
Não vejo nada demais em escrever fictions adolescentes.
Está errado olhar e não comentar?
Por que ser parte de um CA incomoda?
Estou bem por começar a ler best seller.
Não, absolutamente NADA do que eu faço agrada. Meia dúzia diz que tudo bem, concorda, acha legal e finge não haver problema. Pois é, cansei de hipocrisia. Não gosta, não concorda? Ótimo, eu também ando descontente.
Meu perfil não tem agradado muita gente, as pessoas achando que eu não sou capaz e eu aqui lastimando e retardando a mudança.
Pois é, eu construí um castelo, mas ele já se foi a tempos, ao menos daqui. Da minha vida.
Eu construí réplicas que ficaram no coração de quem realmente me ama, mas isso não importa.
O que eu preciso está em mim e eu não vejo muita coisa útil ultimamente.
Mas não vou chorar, eu prometo.


Não sou fã de Fresno, não conheço a banda direito, mas gosto do som e deles todos, são inteligentes e isso basta.
Aliás, tudo é inteligente, até o que há de mais imbecil e eu cansei de ver gente hipócrita se desfazer de tudo, apontando perfeições. Se gosto é que nem cú, cada um faz o que quer com o seu. COM O SEU.
A partir do momento que ultrapassa a fronteira e faz mal a alguém, como muita gente tem me feito, pela intolerância BURRA, o jogo vira de lado.
Eu sei ser má e fútil, sei ser experta e influênte, mas prefiro agir com o coração. Meloso demais? Foda-se, essa sou eu. Não vou pintar minha cara, porque já tirei a máscara há muitos anos, então pintura nenhuma me cabe mais.
Se eu me ferro direto? E daí? Essa e apenas essa sou eu.
Não gosto de me lamentar, mas tem sido essa minha opção a muito tempo. Não vou mudar até me sentir completa, doa a quem doer, incomode ou não aos outros.
As minhas ações NÃO VÃO SER CALCULADAS.

Maktub




Por Fran Freire

Chapter 1

Sabe quando o coração de uma mulher está despedaçado de tanto amor? Bem, Lenah não sabia. Nunca havia se apaixonado ou sequer chego perto de estar enlouquecida de amor. Era uma sensação que seu corpo e seu coração não conheciam. Também, com tantas loucuras acontecendo em sua vida desde que nasceu, era improvável que algum dia conseguisse parar para pensar em amor. Mas que coisa boba se ver parada ali, inquieta com um assunto tão dispensável. Ela amava a família, ou pelo menos a lembrança da família. Amava sua casa, seus carros, sua herança. Era tudo muito material, sim, mas eram as marcas naqueles objetos que a faziam sentir amor. Marcas de confiança, de apego, de carinho e de proteção. Não era um amor capitalista, era um amor real. Decidiu que já tinha sentido amor e resolveu se concentrar nos afazeres domésticos. Bobby estava prestes a chegar com os novos hospedes e alguma coisa lhe dizia que tudo seria diferente. Diferente? Diferente como? Mais diferente do que sua vida era, impossível! Para não pensar besteira é sempre bom aumentar o volume.

I got a little change in my pocket goin' jing-a-ling-a-ling /Eu tenho uma pequena moeda no meu bolso tinindo lingle ling
Wants to call you on the telephone baby, a-give you a ring /Quero fazer uma ligação para você, te fazer uma chamada
But each time we talk, I get the same old thing/ Mas toda vez que a gente se fala, eu escuto a mesmo coisa
Always no hugg-ee no kiss-ee until I get a weddin' ring/ Sempre sem abraços e beijos até eu te dar um anel de noivado
My honey my baby, don't put my love upon no shelf /Minha querida, meu bebe, não ponha meu amor de escanteio
She said don't hand me no lines and keep your hands to yourself/ Ela disse não ponha as mãos em mim e mantenha suas mãos com você



Lenah Muller era dona de um hotel na cidade de Round Top, no Texas. Uma espécie de vilarejo localizado no condado de Fayette, considerado um dos menores municípios incorporados ao estado do Texas, com cerca de, bem, 77 habitantes. É claro que aqueles dados do Wikkipedia estavam errados. Se contassem o número de anjos, demônios e assombrações daquela redondeza as estimativas seriam imensamente superiores! Mas para todos os efeitos, era um lugar habitado por fazendeiros e seus animais, ninguém esperava muito mais do que isso. Na verdade a cidade também chama atenção pelo festival de verão, que reúne estudantes de música erudita de diversos lugares do mundo, o que a torna gigantesca e esplendorosa para o prefeito Matt Gourdoun, pai do namorado de Lenah que, por infelicidade do destino, tem o mesmo nome.
O festival de verão estava próximo e Lenah estava feliz por ter uma idéia tão sensacional há alguns anos atrás. “Ei Matt e se eu fizesse a vontade do titio Marvin e abrisse uma hospedaria em minha casa”, o namorado estava bem humorado naquele dia, Lenah teve muita sorte, “Bem querida, acho que essa idéia é desnecessária e infantil”. Naquele instante ela teve certeza de que o ideal era abrir um hotel e faturar com seu próprio suor. E bota suor nisso, além de proprietária, chefe e administradora, ela lavava, passava, cozinhava e limpava tudo, afinal recebia cerca de dois ou três hospedes por mês, todos indicados por Bobby, amigo de seu finado tio Marvin Muller e, recentemente, seu amigo também.
O Egis’Hotel era um lugar interessante e calculadamente construído. Bem, talvez seja melhor apresentar a família de Lenah e o real objetivo do hotel, então nossa protagonista vai abaixar o volume e atender a campainha do balcão, na recepção:
-Uau, você está mais linda a cada dia Leninha! – O homem alto, de barba e boné se aproximou.
-Bobby! – ela deu um grito histérico - Como você está mais magro! – olhou com uma cara surpresa e abriu os braços- Ora, eu não esperava que chegasse tão cedo, ainda não preparei o nosso lanche. – disse abraçando-o com força, enquanto o menor cara da recepção começava a rir.
-Corta essa, o Bobby engordou uns três quilos só no último mês! - Lenah olhou espantada para o cara de olhos verdes e cabelos curtos, que agora ria freneticamente em sua frente, ela estava pensando quando tinha perdido a piada.
- Dean... – o maior cara da recepção balançou a cabeça e pressionou os olhos, em sinal de “que babaca” - quanta falta de educação, você está pior a cada dia! – Voltou-se para Lenah - Desculpe moça meu irmão não está mais acostumado a cumprimentar as pessoas. Muito prazer, sou Sam Winchester e você deve ser a famosa Lenah Muller.
-Famosa? – ela sorriu descontraída – Bem, acho que a fama é toda de vocês por aqui e o prazer é meu Sam – disse apertando a mão do mais alto e gentil – prazer em conhecê-lo também Dean – falou com expressão neutra, virando-se, novamente, para o outro, que deu um sorriso amarelo em cumprimento.
-Vai se divertir com essas figuras Lenah, principalmente com Dean, ele fala de mim, mas come como um búfalo. E com toda certeza não vai resistir a seu delicioso sanduíche recheado de queijo cheddar.
-Ei Bobby, mais respeito, eu não tenho culpa de ser um homem forte e ... recheado de queijo cheddar? Oh meu Deus, então é por isso que você chama esse lugar de paraíso! – Eles riram percebendo que o comportamento de Dean era regido pela fome, como de costume.
- Venham rapazes, eu já tinha arrumado os seus quartos e também já preparei a apresentação da história do Egis’Hotel para vocês. É habitual que os visitantes conheçam tudo sobre esse “paraíso”, principalmente vocês, que além de acreditarem vivem na pele cada emoção retratada por Marvin Muller em seu Diário. – Apenas Bobby parecia entender o que ele dizia.
-Lenah você sempre apaixonada pela história de seu tio. Eu contei algumas coisas para os Winchester, mas eles não sabem as melhores partes.
-Nesse caso, acho ótimo que a melhor fatia do bolo seja cortada por mim Bobby.
-Cheddar, fatia de bolo... será que a gente pode entrar agora?
Dean estava com muita fome, a viagem tinha lhe aumentado dez vezes o apetite, não era fácil chegar em Round Top, muito menos quando a bagagem só trazia seis sanduíches, dois para cada! Depois de acompanhar os novos hospedes da recepção e até seus respectivos quartos, Lenah foi até a cozinha mostrar seus dotes culinários. Ela estava se contendo em frente ao Bobby, mas quando se pegou sozinha não evitou dar um grito abafado repleto de emoção e histeria, um daqueles gritos mudos que ecoam mais na alma do que no espaço. Dean e Sam Winchester estavam em sua casa, em seus quartos, com suas cobertas, comeriam de sua comida e mais, não muito mais, muito melhor, infinitamente perfeito, eles a conheciam e Sam havia a chamado de FA-MO-SA!!! Era muita emoção para uma simples tarde.
(Winchester moment POV on)
-A gente já está chegando Bobby? Não agüento mais dirigir, essa cidade fica no fim do mundo?
-Calma Dean, quando chegar lá vai valer à pena.
-Aposto que você está com fome, por isso já perguntou três vezes se estávamos chegando. Você é idiota ou o que? Está com o GPS na sua frente, desse jeito parece o Burro Falante: “A gente já chegou, a gente já chegou, a gente...”
-Cala a boca Sammy. Se você tivesse o meu estomago ia saber do que eu estou falando!
-Bem crianças, já que vai demorar algum tempo até chegarmos acho melhor adiantar algumas coisas sobre o paraíso.
-Seria ótimo Bobby, porque não existe nada na internet que tenha relação com qualquer evento anormal em Round Top, Aliás, não há nenhuma referência a esse lugar como “paraíso”.
-Essa informação quem vai dar é a proprietária do Egis’Hotel, Lenah Muller.
-Humm, uma empresária? Interessante. Continue.
-Se você quer a descrição da moça Dean eu posso fazer isso por você. Tenho o maior prazer em falar de Lenah e de toda sua família.
-Ela é sua...
-Minha amiga Sam, na verdade ela tem perfil para ser minha sobrinha, não levem tudo pelo lado negativo, por favor. Vocês andam muito pervertidos.
-Eu sempre fui, na verdade.
-Pensei que nunca ia assumir Dean...
-Como eu dizia, Lenah é uma pessoa admirável. Não é caçadora, mas nos ajuda e muito. A pequena cidade de Round Top é conhecida por sua pequenez, mas na verdade o motivo de ter tão poucos moradores é a devastação demoníaca naquele lugar. A cidade tinha muitos habitantes na Era medieval e eles foram decepados por bruxas, demônios e porque não apostar, por anjos?
-Uau, eu não encontrei nenhuma informação a esse respeito.
-Sim, está tudo muito bem apagado nos arquivos da família Muller. Marvin Muller, tio de Lenah, foi o responsável pela construção do Hotel em que iremos, ele queria que fosse um... vou deixar na incógnita o que realmente aquele lugar é. O que importa é que desde os quartos até os objetos da casa, tudo, absolutamente tudo foi produzido, construído e moldado para caçadores. É como um parque de diversões, cheio de coisas inúteis, mas muito divertido.
-E porque você nunca nos contou isso em senhor Bobby? Eu ia adorar conhecer um lugar como esse, se é o que estou imaginando.
-Eu ainda não entendi nada, não consigo pensar com fome. Ainda estou sentindo o sabor do último bacon,se você for mais rápido posso fazer um esforço pra digerir sua informação.
-Seu nojento!
-Eu não disse nada porque aquele é um lugar para filtrar as energias, recomeçar e eu não estava pronto para levá-los até lá sem pensar em me aposentar.
Dean freou o carro de repente e encostou. O susto foi maior com o estrondo da freada do que com a notícia propriamente dita.
-Se aposentar? Do que você está falando Bobby?
-Isso é hora pra falar essas coisas, você está louco? Como assim aposentar? Viu o que eu fiz com o carro? Eu vou te matar se aconteceu alguma coisa com o motor! – as palavras saiam frenéticas e aceleradas da boca de Dean.
-Ei, calma aí. Eu disse que não estava preparado, mas agora estou, já consigo levá-los até lá sem pensar nisso, principalmente no nível em que estamos. E quem mandou você frear seu louco? Vamos, você vai nos atrasar! – Bobby disse bravo e com voz alterada.
Dean fez uma cara de quem não gostou muito e voltou a dirigir. Sam estava visivelmente preocupado, mas sua expressão foi de alívio.
- Pode continuar a falar do Hotel se quiser Bobby.
-Tudo bem Sam. Na verdade não tenho muito o que contar, Lenah sempre faz isso quando chegam novos hospedes.
-E essa tal de Lenah é bonita?
-Diga você mesmo.
Bobby tirou uma foto do bolso, haviam duas meninas de mãos dadas sorridentes, elas seguravam a mão de uma mulher alta de vestido cor-de-rosa que estava abraçada a um homem magro de chapéu.
-Qual das duas é a Lenah?
-A da direita, ao lado da mulher, Sam.
-Deixa eu ver... a que interessante, mostrou a foto dela quando criança. – Dean estava insuportável.
-Pelo menos você sabe que os cabelos dela são escuros, que a pele dela é clara, que os olhos são castanhos. Isso não te deixa feliz?
-Você é um animal Sammy – disse com uma cara engraçada.
-Tudo bem rapazes estamos chegando, vire à esquerda Dean.
Eles entraram em uma estrada estreita e foram até o fim dela. Tinha muita poeira e isso deixou Dean furioso. Sam ainda tinha um ar preocupado, mas o cansaço parecia dominar completamente o seu corpo, deixando qualquer expressão de lado.
Estacionaram o carro em frente a casa, na verdade aquilo não parecia um hotel, nem um paraíso. Era um lugar estranho, como uma pousada em meio a árvores típicas da vegetação e com um grande carvalho que podia ser visto distante, mas dentro da área do hotel. O que realmente chamou atenção foi o volume da música que saia de dentro da casa demasiadamente grande e azul. Sam deu uma rápida olhada ao redor, havia, nas extremidades do local, construções que lembravam símbolos geométricos parecendo galpo~es, muito estranhos, e, no chafariz sob o lago artificial, esculturas que pareciam ser dois pássaros abraçados.
-Acho que se essa música ruim não estivesse estourando os meus ouvidos e nós chegássemos em um dia calmo esse lugar seria sinistro Bobby.
-Tenha certeza disso Dean!
(Winchester moment POV off)
A casa era mesmo interessante. Sam não fazia idéia de como poderia utilizar toda aquela parafernália espalhada pelos cômodos, mas sabia que serviam para alguma coisa. Bobby havia dito que a casa abrigava caçadores, que era um paraíso. O que tinha de especial o Winchester mais novo não fazia idéia, mas uma coisa era certa, toda a sua canseira e o seu mal estar haviam passado ao entrar naquele lugar. Era incrível, realmente, incrível a sensação de paz que aquela casa lhe dava. Não parecia um hotel, talvez nem fosse um hotel. Mas porque aquele lugar era tão escondido por Bobby? O que haveria naquele tal diário do tio de Lenah? E ela, porque era tão especial para Bobby? Porque ele guardava uma foto da família dela? O que ela tinha demais? Era bonita, mas não deixava os seus olhos enfeitiçados. Era uma beleza simples, comum. Isso agradava Sam de alguma maneira, mas deixava sua cabeça muito confusa.
Dean estava com muita fome, mas poderia ter sido menos babaca quando chegou no hotel. Hotel? Aquilo não era um hotel! Era uma casa gigantesca, no meio do nada, com decoração brega e cheia de lixo espalhado pelos cantos. Mas que coisa, aquela garota deixou ele desconcertado, nem conseguiu dizer oi para ela. Devia ser a fome. Porque será que Bobby veio com aquele papo de aposentar? A casa era demasiadamente azul para Dean. Ele nunca imaginou o paraíso azul. Talvez branco, talvez... Que coisa é essa de paraíso? A barriga dele devia estar falando mais alto do que a consciência, porque o paraíso a essa hora tinha as cores do McDonalds! Quem está batendo na porta, será que ele não pode nem tomar banho em paz?
-Hora de jantar Dean, se apresse, estamos te esperando Shrek.
Jantar! Era melhor terminar logo o banho, mas não havia nem começado, merda. A aguá era quentinha e gostosa, tinha um cheiro bom aquele quarto, mas que banheiro estranho era aquele. Ergueu a cabeça deixando a aguá escorrer por seu rosto e tomar a forma de seu corpo. Abriu os olhos olhando para cima. Caramba o formato daquele chuveiro era uma estrela de cinco pontas e... Estrela de cinco pontas?
-Puta que pariu Sam o chuveiro tem a forma de um pentagrama! – o irmão estava sentado na cama mexendo em um espelho em forma de crucifixo.
-Nossa como você é rápido para perceber essas coisas! Não viu que metade dos objetos aqui tem forma de pentagrama, que a casa é aromatizada por incensos de rosas, que a cabeceira das camas tem a forma de uma triquerta e que a maçaneta das portas tem o símbolo shtánga yantra na cor dourada?
-Como é que é?
O grito de Dean deve ter ecoado pela América naquele momento, se enrolou na toalha e saiu atrás de respostas.
-Você só pode estar brincando com a minha... tem cheiro de rosas mesmo! E a maçaneta tem um treco desenhado e... Oh meu Deus tudo aqui é construído com símbolos de proteção! Quem foi o louco que...
Uma batida leve na porta.
-Ei rapazes aconteceu alguma coisa? Se precisarem de ajuda podem me chamar ok? Eu estou aqui para tirar suas dúvidas, afinal a primeira vez não é muito aconchegante, mas vocês acostumam. – ela deu uma risadinha engraçada - Vou esperá-los na cozinha, ok?
-Essa garota é louca? O tio dela... o tio dela...
-Calma Dean, não pode ser tão ruim assim, afinal o Bobby chama isso aqui de paraíso.
-Paraíso? Essa tal de Lenah só pode ser uma... uma...
-Bruxa?
-Ai que nojo!
-Calma aí, você não pode dizer nada disso antes dela explicar e... –Dialogar sobre aquilo com Dean de barriga vazia? Melhor não! - nossa eu não devia ter falado nada, você é um cabeça dura.
-O que eu fiz para o universo me punir dessa maneira? Eu preciso comer, vamos!
Dean terminou de se vestir e foi até a cozinha, mal tinha se lavado. Lenah estava rindo sem parar e Bobby pareceu disfarçar o riso quando os Winchester entraram.
-E então?
-E então o que? – Disse Bobby.
-Vamos comer gente, se não as batatas esfriam. – Era melhor quebrar o clima de “eu não estou entendendo nada”.
-Até que enfim alguém disse alguma coisa inteligente!
-Quer que eu prepare seu sanduíche Dean? – ele não esperou os demais para se servir.
-Não! – ele evitou que ela colocasse a mão – Eu mesmo quero fazer o meu. Sabe como é, maior, com mais salada, mostarda, bacon... - falava enquanto montava a primeira camada do pão.
- Evitou que eu tocasse na sua comida? – ela percebeu - Tudo bem, tudo bem – Sam ameaçou dizer alguma coisa – Ok Sam, não precisa dizer nada eu já entendi. Conversamos depois, não quero estragar esse momento. Eu sempre quis hospedá-los. – ela sorriu despreocupada, é óbvio que não era uma bruxa.
Dean mastigava muito rápido, havia preparado dois sanduíches de uma vez para evitar perder tempo, não se importou com o que Lenah disse, na verdade nem ouviu. Lenah ria disfarçadamente da atitude do Winchester mais velho, ele tinha o apetite de uma manada de bois texanos. Sam parecia compenetrado nas paredes da cozinha, enquanto mastigava seus olhos viravam para todos os lados intrigados com tantos símbolos ocultos. Bobby observava aquele grupo com olhos atentos, sabia que eram especiais. Entre uma mastigada e outra comentavam sobre a música que Lenah ouvia quando chegaram, dizendo que o gosto era péssimo e que o som ecoava até o Canada, depois comentaram sobre a minúscula população da cidade.
-Quando disse que você se divertiria com eles, não acreditou.
-Eu acreditei Bobby, mas não achei que seria tanto! – ela ria sem parar com o jeito engraçado de Dean e o jeito de Sam provocá-lo.
-E então, será que nossa anfitriã poderia contar algumas histórias para tirar dúvidas cruéis que o Google não solucionou para mim?
-É claro que sim Sam! Vamos para a sala encantada da bruxa Lenah? – Dean não riu com o restante do grupo e Bobby emendou um aviso.
-Amanhã falamos sobre o que viemos fazer aqui, hoje eu deixo vocês livres para curtir o Egis com a bruxa Lenah.
-Tudo bem Bobby, mas francamente Dean, achar que Lenah era uma bruxa, você não entende nada de simbologia mesmo.
-E você entende tudo, né Mister Google? Olha só, eu tenho direito de odiar bruxas, ok?
-Tem sim, mas acredite, não deve odiá-las tanto quanto eu. – Lenah falou em um tom sério que chamou os olhos de Dean para dentro dos seus.
Sam se sentou no sofá sutilmente estampado com imagens de choku rei coloridas. Seus olhos passeavam pelos arredores procurando coisas ocultas. Bobby estava aparentemente tranqüilo, com uma cara de sono. Dean vinha logo atrás de Lenah, observando-a com atenção, depois de olhar fixamente para ela prestou melhor atenção em seus movimentos.
Lenah era uma mulher interessante e bonita. A primeira vista não chamava muita atenção, mas com um olhar atento qualquer homem passaria horas admirando sua beleza, que como Sam já havia notado, era simples. O seu toque de encanto estava nas ações e nas realizações. Ela não deixava nada para depois, tinha uma energia ativa, uma iniciativa sem tamanho e demonstrava seus objetivos claramente, daí o mulher interessante. Dean estava percebendo um pedacinho de toda essa eficiência feminina naquele exato momento, com o balançar do corpo de Lenah, que depois daquela refeição lhe dava um sono profundo, de tão calmo e compassado que era o movimento feminino.
-Nossa, que sono.
-Eu também estou com sono, acho que vou me deitar. Deixo as explicações para o Sam que está empolgado.
-Tudo bem Bobby, você já está farto de tanto ouvi-las.
-Na verdade eu adoro ouvi-las Leninha, mas a viagem foi muito cansativa. Boa-noite pessoal.
-Até amanhã Bobby.
-Tchau Bobby.
-Amanhã vou caminhar como sempre, Matt virá aqui para me acompanhar. Se quiser passear conosco esteja de pé às 6:00 am. – ele fez um gesto negativo engraçado e seguiu pelo corredor, com certeza não levantaria tão cedo para caminhar.
-Sabe Lenah, quando chegamos eu comecei a reparar algumas coisas lá fora e elas estão começando a fazer sentido agora.
-É mesmo Sam, como o que?
-Bem, talvez eu esteja errado, mas aqueles pássaros abraçados, as formas geométricas nas construções, tudo está relacionado, não está?
-Exatamente – Lenah se sentou ao lado de Sam e Dean se deixou jogar no sofá em frente – tudo aqui foi construído por meu tio e ele foi minucioso nessa construção, que durou sete anos.
- Sete anos para fazer uma casa como essa? Quer dizer, ela é grande, mas...
-Sim Dean, é bem simples e extremamente complexa, ao mesmo tempo. A primeira vista essa casa é um hotel, não de estrada, mas como uma pousada para se passar alguns dias, um final de semana. E a intenção lucrativa é essa, afinal minha herança não vai durar para a vida toda. Mas antes de qualquer coisa, esse é um lugar construído sob proteção contra espíritos, anjos, demônios, bruxas, gnomos, fadas e qualquer tipo de assombração que possa surgir no futuro. Nenhum ser místico entra aqui, apenas humanos. Nada além de humanos e animais. Digamos que vocês estejam sem anjo da guarda nesse instante, mas protegidos do apocalipse.
Os dois estavam atentos em tudo o que Lenah dizia. Sam estava encantado tentando ligar uma peça a outra no quebra cabeça que era aquela casa, enquanto Dean estava com os olhos arregalados de incredulidade.
-Impossível – o silêncio foi instituído.
-Como assim impossível?
-Impossível. Sam, você acha que existe um lugar em que nenhum ser que não seja meramente humano possa entrar, quer dizer, apenas humanos e animais, sem apocalipse, sem anjos, sem demônios? Não, isso não existe. É possível afastar um ou dois tipos de seres, mas...
-Exatamente Dean. É possível afastá-los e meu tio estudou isso durante a vida toda, sem que ninguém acreditasse na possibilidade de existência desses seres. Ele pode calcular desde a criação até onde poderia encontrar esses seres sobrenaturais. Estudou como eles poderiam agir, descobriu o que poderia detê-los. Suas invenções malucas não funcionavam nada bem, pelo menos não com os caçadores que ele conheceu e tentou ajudar, por isso elas estão aqui enfeitando os cantos dessa casa, parecendo bugigangas espalhadas.
- O motivo de estarem espalhadas tem a ver com proteção? – Sam queria mostrar que estava entendendo, mas...
-Na verdade não Sam. O motivo de estarem por aí é pra eu não me desfazer das lembranças do tio Marvin. Eu o amava muito, como se fosse meu pai. Mas eu entendo exatamente aonde você quer chegar.
-Espera aí, quer dizer que eu sou o único que não está entendendo nada?
-Aparentemente é... vou ser direta, o mais direta possível. – quando ela falava se movia de uma maneira enérgica e interessante, Dean quase não ouvia o que Lenah dizia, ficava mais impressionado com a sua boca mexendo e mexendo e mexendo, ele estava com menos sono a essa altura – O nome do Hotel, por exemplo, é um bom começo!
- Egis’Hotel, o que tem?
-Faz um esforço Dean, não envergonha a família, por favor.
-Ei seu bobão, eu estou com um pouco de sono...
-E antes estava com fome e depois vai estar com preguiça, qual vai ser a próxima desculpa em bonitão? – ela estava o desafiando, mas ele adorou o “bonitão”.
-Está bem, está bem. Deixa eu pensar Egis’Hotel... Egis, egis, egis. Égide! É claro, o escudo mágico que Zeus utilizou em sua luta contra os Titãs, e que lhe dava grande defesa pessoal.
-Bingo! Mitologia grega. Conseguiu lembrar das aulas de história? – o sorriso dela era encantador, e ele aproveitou para mostrar que era possível ser lindo, interessante e inteligente.
- E o escudo tinha uma figura górgonica em relevo, o que o tornava amedrontador para seus inimigos, certo?
-Sim, como o lugar em que você está hospedado faz meu bem, amedronta seus inimigos – ela piscou, ele parecia uma pomba estufando o peito cheio de orgulho.
-Menos Dean, essa foi fácil. Quero ver se você descobre o mistério na cor azul ser predominante aqui no Egis. Vai lá garanhão!
-Essa é fácil Sammy! Os estudos das cores, ou cromoterapia, revela que o azul traz paz e tranqüilidade e antes que me perguntem onde aprendi isso, foi em uma revista que encontrei no banheiro do último hotel.
-Por isso ao entrar na casa eu me senti bem disposto. Mas é claro que com o Dean não funcionou, porque tranqüilidade é uma palavra fora do dicionário dele.
- Ah é? E você Senhor Engraçadão, não sabe o que significam os pássaros abraçados no chafariz, ou sabe? – ele ainda poderia surpreendê-la mais.
-Hum e você já descobriu Dean? Desse jeito não vai sobrar nada pra eu contar! - ela percebeu a empolgação dele.
-Descobri um deles, na verdade. É uma fênix. Mas vou deixar para você explicar Senhorita anfitriã, para que não perca o costume de informar a seus hospedes.
-Com prazer senhor! A fênix é o ser que renasce das cinzas. Uma representação da crença espiritual da vida infinita em seus ciclos contínuos e intermináveis. Ou seja, símbolo da imortalidade. Ela está lá fora abraçada com um pelicano. O pelicano é uma ave que alimenta seus filhotes regurgitando o alimento ingerido. Ele simboliza esotericamente o auto-sacrifício e a abnegação do iniciado.
-Caramba, quantas culturas distintas nessas imagens que formam o Egis, seu tio pensou nisso tudo sozinho Lenah?
-Em boa parte – falou com um sorriso orgulhoso, seu rosto estava mais corado do que de costume, devia ser porque Dean não tirava os olhos dela.
-Ok, mas são esses símbolos todos que nos protegem aqui?
-Parcialmente, sim. Não existem apenas esses, eu mesma não descobri todos. Meu tio escreveu boa parte do diário, mas algumas páginas foram rasgadas e nem todas são legíveis. Na verdade meu tio se envolveu demais com o esoterismo, com o misticismo e com todas as coisas espirituais e não espirituais capazes de ajudar caçadores.
-Isso porque seu tio era um caçador Lenah? Ele morreu caçando?
- Meu tio não era caçador, mas tentou se tornar um. Ele ajudava os caçadores a capturar e descobriu boa parte dos símbolos e palavras latinas capazes de prendê-los. No entanto não foi capaz de matar nenhum. Meu tio queria proteger minha família, porque eu não tive pai, quer dizer ele foi embora quando eu era um bebê. Minha irmã tinha três anos a mais que eu, minha mãe nos criou com ajuda do meu tio – o rosto dela ia se fechando e a voz ficava mais triste a cada palavra.
- Se For difícil falar, nós entendemos – Sam estava compreendendo.
-Bem, acho que posso falar sobre isso, eu já não sinto tanta dor em tocar no assunto porque meu namorado Matt me ajudou a superar muito disso.
(Dean thought on)
Espera um pouco. Para tudo. Não, melhor, volta à fita. Namorado? Nessa cidade minúscula que só tem café, frango e gado? Em qual parte da história eu cochilei? Opa, ela falou do namorado no jantar, falou dele antes do Bobby ir se deitar e está falando de novo. É, acho que já tinha comentado, mas então porque eu me preocupei? Quem é esse cara afinal? Espera aí, porque eu to pensando nisso? Droga! Nossa como os olhos dela são castanhos e...
(Dean thought off)
-Tudo bem com você Dean?
-É... Claro, por quê?
-É que eu te fiz uma pergunta e você ficou me olhando sem me responder, com essa cara de toupeira. – ela riu.
-Toupeira? – ele surtou – eu não tenho cara de toupeira! Toupeiras são horríveis! Você que parece uma... uma...
-Hey Dean melhor você não comparar ela com nenhum animal, porque você está visivelmente sonolento e a essa hora da noite pode ofender a Lenah... relaxa, ela falou brincando – Sam ria com Lenah.
-Tudo bem. – ele tinha sido derrotado, droga - mas o que você me perguntou mesmo, moça que diz que eu tenho cara de toupeira? - ele ficou curioso.
-Desculpa Dean, não foi minha intenção – ela estava se sentindo a mulher mais sortuda do mundo com aqueles dois bem ali – eu perguntei se vocês queriam dormir, Sam disse que não, supus que você também não queria, mesmo assim perguntei se preferia dormir ou ler um trecho do Diário do tio Marvin para nós.
-Sério?
-Sim. Tudo isso em alguns segundos, mas parece que foram horas porque você estava viajando na maionese.
-Viajando.. viajando no que? Ei mocinha, passa logo esse diário pra cá.
31 de Outubro
Hoje não me senti bem quando acordei, na verdade eu sabia que seria assim, mexer com essas coisas não pode fazer tão bem. Estou pensando em desistir, meus experimentos são um fracasso. Na verdade eu nunca saí pra caçar nada, não sei se consigo. Sou tão fraco, tão magro e tão... O que foi isso? Parece que tem alguém no sótão, mas minha irmã saiu com o marido a menos de uma hora, não voltariam antes do anoitecer. Estranho, vou subir.
01 de Novembro
Ontem foi o dia mais especial de toda minha vida. Na verdade de toda a vida de todas as vidas. Eu conheci uma... não sei se devo contar isso, mas é bom. Conheci UMA BRUXA. Uma bruxa! Ela era tão linda, tão inteligente, tão querida, tão parecida com minha mãe. Confiou em mim e disse que vai me ajudar a construir algo que eu jamais faria sozinho. Será possível? A sorte finalmente sorriu para mim!
O silêncio foi mortífero.
-Lenah eu te odeio.
Ela ria desenfreadamente, é claro que Sam também queria se jogar na risada, mas preferiu não provocar mais Dean, ele sabia que o irmão realmente não gostava de bruxas e imaginava que estava prestes a ver uma cena muito constrangedora, o que lhe fez ficar atento, caso Lenah precisasse de socorro verbal, se bem que depois dessa ela merecia ouvir umas boas. Que mulher atrevida.
-Desculpa Dean, mas nós estávamos falando sobre o meu tio e a construção da casa. Não tem como não ler essa página. Não tenho culpa se você acabou aceitando fazer a leitura – ela piscou os olhos, falava com um tom adocicado para diminuir a fúria do Winchester, devia ter previsto a reação. Ele estava com um ar fechado e um bico bem grande, mas conforme seus olhos encontravam os dela foi se deixando acalmar. Houve mais um silêncio, Lenah estava com um sorriso de canto, uma cara meio sem jeito, esperando qualquer movimento de aceitação da parte dele.
-Ok e o que tem a ver isso aqui? A bruxa ajudou a construir a casa, é isso? Era isso que queria que eu perguntasse, pronto, ficou feliz? – ele não estava irritado, mas era bom assustá-la. Como eles se davam bem, mal...
-Calma Dean.
Ela trocou de sofá sentou ao lado dele e tocou sua mão, faria uma explicação pausada para diminuir o mal entendido. Realmente o dia estava sendo difícil perto daquela mulher (mulher ou menina, ele não sabia mais distinguir!) infernizando o paraíso astral dele. Pelo jeito aquela parafernália toda de simbologia o estava afetando, se bem que com Lenah agora assim tão perto, com a mão na dele... Era melhor se concentrar na explicação!
-Olha eu disse mais cedo que odiava bruxas, não disse? Pois bem, a vadia que protagoniza a história do meu tio e dessa casa foi quem matou ele. – o rosto estava fechado, o ar era sério – seu nome era Ignácia. O que dizem é que a vadia é uma bruxa cândida da floresta, ótima inventora e a melhor contadora de estórias da região, um tipo de artista renomada capaz de captar a inspiração elemental e passar para suas obras a mais pura essência mística, o que é uma balela, não existem boas bruxas. Ela enganou meu tio com as invenções e com a construção. Egis era um lugar para proteger as bruxas, e ele só poderia ser construído por um homem, mas meu tio percebeu o plano de Ignácia e pesquisou símbolos de proteção contra essas nojentas. Há um prego de aço fincado no chão de cada cômodo e uma tesoura sob o travesseiro de alguns quartos, meu tio descobriu que isso manteria as bruxas afastadas, além de amuletos e frases que eram escritas nas portas da era medieval, não hesitou em escrevê-las cravadas nas madeiras das paredes, antes mesmo de erguê-las. Por isso ele fez a casa tão devagar.
O choque de Sam não foi pequeno. Aquela noite ia ser longa. Que história complicada essa Lenah estava contando, ele não sabia exatamente o que pensar. Mas desvendar tudo isso seria divertido, o que será que Bobby estava guardando para amanhã?
-Lenah, pode ser mais específica nessa construção da casa? Eu estou muito curioso.
-Tudo bem Sammy, mas é melhor continuarmos amanhã à tarde, pode ser? De manhã, como eu disse, vou caminhar com Matt e por isso é bom eu me deitar agora.
-Eu não acredito! Você enrolou a gente muito bem em mocinha!
-Faz parte do show meu bem! - ela piscou e abriu o sorriso que tinha escondido por alguns instantes - Vou me deitar garotos, amanhã o café será servido pela Beth, ela não costuma me ajudar fora de temporada, mas o festival de música vai começar em breve eu chamei ela para ir treinando com vocês, já devem saber que eu administro o hotel sozinha, não é.
-O que? – Sam se esforçou para entender as informações, mas eram todas novas e ele não conseguiu encaixar as coisas. Lenah percebeu a interrogação na cara dos irmãos. Dean estava ao lado dela, que não tocava mais sua mão, mas continuava incomodada com os olhos verdes fixos.
-Eu explico melhor para vocês amanhã. Por hoje basta que entendam que vou dormir.
Ela levantou, Dean sentiu uma brisa suave com cheiro de orquídeas que exalavam do movimento rápido feito pela texana. Ele fechou os olhos, parecia que toda aquela simbologia estava realmente infectando seu pensamento. Orquídeas? De onde tinha tirado isso? Talvez da mesma revista das tais cores simbólicas, ou talvez fosse o inconsciente, o que Dean não sabia é que, segundo alguns herbologistas seguidores de Darwin, as orquídeas são símbolo da pureza espiritual, da beleza, da perfeição e da... luxúria.











Chapter 2

O dia amanheceu belíssimo. Na verdade a madrugada era bela, sem dúvida alguma. Lenah tinha o hábito de levantar bem cedinho para caminhar, limpar os móveis, ouvir música, andar de bicicleta, dar comida para as criações, tomar um delicioso banho em sua banheira do século XVIII importada da Inglaterra, um objeto bem retro, sem dúvida alguma. Ela também gostava de fazer compras pela manhã no povoado vizinho, mas era melhor se preparar bem cedinho, porque às vezes sua Kombi 67 teimava em não funcionar. Sua vida era simples e ela adorava todo aquele clima de realização pessoal, embora Matt a tirasse do sério toda vez que entrava no assunto venda do Egis, ou casamento, ou compra de apartamento na Califórnia, ou viagem para Paris. Ela gostava da ideia de viajar, de adquirir bens, de ter uma família outra vez, mas não gostava da maneira como ele falava disso tudo.
Como de costume, o namorado chegou de manhã no hotel, abriu a porta dos fundos e foi até a cozinha. Matt não deixou de reparar o Chevy Impala SS 1967 estacionado na garagem de hospedes e teve a impressão de que mais alguma pessoa estranha, com manias de assombração e conversas sem graça tinha sido enviada pelo desagradável Bobby para que o hotel falido da namorada continuasse aberto. Pelo menos esse devia ter bom gosto, o carro era impecável. Da cozinha, que era um lugar grande e arejado, embora tivesse uma mesa muito ridícula, na opinião do Gourdoun filho, ele podia ouvir Lenah cantando no banheiro. “Ela está feliz. Provavelmente o imbecil do Bobby veio no Impala”. Matt não reparou que seu pensamento saiu em voz alta.
-Pois é Matt, o imbecil do Bobby veio no Impala. – antes que o loiro, de 1,87 m, olhos castanhos esverdeados e cabelo a La Chuck Norris pudesse falar alguma coisa ele continuou – e trouxe dois caras que você não vai fazer questão de conhecer, mas que Lenah simpatizou bastante. Na verdade, seria bom você convencê-la a vender logo o hotel porque depois dessa visita eu duvido que ela tenha algum interesse em se desfazer das “inutilidades” do Marvin.
-É bom vê-lo também Bobby – Matt estava forçando o sarcasmo, para aproveitar o descontrole de Bobby, que a qualquer momento ia deixar de se segurar e dar um murro na cara do filho número 1 do prefeito de Round Top.
-Eu fiz questão de te recepcionar, sabia que Lenah ia caminhar com você. Vou te avisar pela última vez, se fizer algum mal a essa menina eu elimino você do mapa.
-É mesmo Bobby? E como você vai fazer isso? Não sei se você lembra, mas a Lenah me ama.
Eles ouviram a Lenah parar de cantarolar, presumiram que o banho havia terminado. Matt deu um sorriso de campeão, Bobby voltou para o quarto, antes que Lenah aparecesse. Gourdoun resolveu comer alguma coisa na geladeira enquanto pensava no que Bobby tinha dito.
-Amor é você? – Lenah estava tão simples e incrivelmente sexy, com um moletom cinza, tênis de correr, enxugando o cabelo, desajeitada. Era realmente espantosa a simplicidade em sua beleza, Matt sabia que aquele era seu pote de mel, sua vida, a mulher dos seus sonhos. Não via a hora de tirá-la daquele maldito lugar e se livrar daquela loucura que era a antiga vida de Marvin Muller, ele não acreditava em nada e achava uma perca de tempo aquela mulher linda inteligente tirando poeira de móveis velhos.
-Claro que sim meu anjo, quem mais seria – ele se aproximou mastigando queijo e deu um beijo nela.
-Bem, eu estou esperando a sua prima para cuidar das coisas para mim. Preciso de ajuda no festival e ela está destreinada, como Bobby chegou de viajem com seus amigos achei que seria uma boa oportunidade.
-Bobby está aqui?
-Sim! Eu nem te contei que ele vinha – ela sabia que os dois não se suportavam, evitou o transtorno.
-Droga Lenah, mais gente estranha. Já te disse mil vezes que não gosto desse pessoal que pira tanto quanto seu tio. – ele tinha se afastado, procurava alguma coisa no armário. Ela parou de enxugar os cabelos, fechou a cara.
-Matt, cala a boca. É cedo demais pra você começar a dar sermão – ele notou que ela estava forçando a cara brava e respondeu com um sorriso. Lenah voltou a enxugar os cabelos e abriu um sorriso – ontem foi um dia legal, pena que você não apareceu.
-Eu tive que cuidar de negócios, não consegui tempo livre. Vamos sair logo ou não?
-Vamos sim. É que eu não sei onde guardei o secador e a última vez peguei um resfriado saindo com a cabeça molhada.
Ela deixou a toalha na cadeira, aproximou-se e deu um beijo no pescoço de Matt que estava guardando o pote dos biscoitos que havia acabado de comer. Ele puxou o corpo dela para perto do seu e deu um beijo molhado em seus lábios, passando a mão pela nuca da garota que o afastou de vagar e tentou concentrar seus olhos nos dele. A reação não foi distinta da esperada, Matt sorriu e desviou o olhar para a porta dizendo que agora deviam sair, ou ela se atrasaria para o retorno e acumularia tarefas, como sempre. Ela sorriu amarelo, abaixou a cabeça. Ele não percebeu que ela buscava um momento como aquele com os olhos de Dean, mas como poderia ele não sabia. Talvez ela não fosse tão interessante depois de alguns anos de convívio. Se conformou e os dois saíram para percorrer o trajeto de sempre.
Sam não queria pregar o olho na noite anterior. Uau, como aquela casa era interessante. A ideia de estar seguro e não precisar pensar em nada, absolutamente nada além do momento que vivia deixava-o absolutamente feliz. Antes de dormir percebeu que o bidê tinha uma garrafa de água benta e resolveu mexer na gaveta, o que encontrou foram saquinhos com sal grosso, não pode conter o riso. Logo depois veio a noite de sono e de manhã, mas podia conter a felicidade em acordar tão bem. Ele sentia o cheiro das rosas, talvez o incenso saísse daquelas maquininhas nas paredes, que pareciam os porta sabão dos banheiros de estrada. Realmente era uma casa estranha, mas tão aconchegante. O que mais lhe agradava era saber que poderia fechar os olhos calmamente sem se preocupar em ser atacado, em perder a cabeça, em precisar usar sua força, seu poder. Aliás, ele nem sabia se seus poderes funcionariam ali. Com certeza não. E só ele sabia o quanto voltar a ser humano lhe deixava feliz. Agora era claro o motivo de Bobby chamar aquele lugar de paraíso. Sam não via a hora de levantar e saber quais seriam as novas descobertas, a propósito, Bobby disse que teriam um caso a resolver nessa cidade quando ainda estavam no Kansas, depois começou a falar do hotel e não voltou ao caso. O que será que um lugar tão pacífico como aquele poderia esconder? Era hora de despertar.
Bobby sabia, tinha certeza de que Matt Gourdoun Filho não era boa pessoa. Aquele cara exalava preocupação, mas tratava a doce Lenah tão bem, que mal poderia fazer? Era melhor se concentrar na missão. Como era difícil. Talvez Sam ou Dean se aproximassem de Lenah e ela ficasse a salvo para sempre, como ele queria. Que besteira, ela estava a salvo ali, a casa era perfeita, não havia como quebrar aquilo. Ou havia? Droga, sua cabeça estava pensando demais, era melhor tomar café da manhã. O que importava era que Lenah mudava totalmente seu espírito, ele deixava de ser bravo e turrão.
Antes de dormir Dean foi a cozinha pegar uma cerveja, ele tinha esquecido de beber no jantar, estava muito vidrado no hambúrguer caseiro e em Lenah. Ela era tão inconveniente, menina, boba, tão chata, tão insuportável. Ela era tão... linda e sexy.
(Dean thought on)
Merda a mola dessa cama está solta. O que é isso aqui embaixo? Um crucifixo? Ahh, droga, a Lenah deve ter colocado de propósito! Ela adora me irritar. Eu nunca fiquei tão incomodado em um único dia, que garota chata. E que mulher linda. Nossa aquele perfume quando ela levantou me deixou tonto. E o jeito dela andar? Caramba aquela mulher sabe deixar um cara maluco. Cala a boca Dean ela tem namorado e é protegida do Bobby. Aliás por que o Bobby gosta tanto dela? Se bem que não é difícil gostar de uma mulher dessas. Merda! Eu nem conheço essa garota e ela nem é gostosa, quer dizer ela é simples. Usa umas roupas muito bregas e ouve The Calling. Credo! Ela não sabe o que é música, não sabe nem se comportar com desconhecidos, é toda, daquele jeito, toda atrevida. Por que eu to pensando nela? Até essa casa é mais interessante! Por falar nisso, que casa estranha, esquisita, sem noção. A cara dela. Ela é estranha. Intrigante. Linda. Droga!
(Dean thought off)
Os irmãos se encontraram no corredor, Bobby já estava na cozinha e Beth também. A garota se apresentou para os hospedes, Bobby já era familiarizado e apresentou-a como a Gourdoun de ouro, o que deixou o rosto dela corado. Beth tinha um ar muito mais interiorano do que o de Lenah. Na verdade a beleza dela chamava mais atenção também, pois a moça sabia combinar melhor as roupas com o corpo, pelo menos foi o que Dean pensou quando a comparou mentalmente com Lenah.
-Quer dizer que você é a garota que trabalha aqui nas temporadas ajudando a Lenah?
-Sou eu mesma. Na verdade sou prima do Matt, namorado da Lenah – Droga! Era só o que o consciência de Dean ficava gritando quando pensava no tal namorado – e isso nos aproximou desde pequenas, o que nos torna melhores amigas. – Beth disse olhando para Sam que era quem havia lhe perguntado e achava o sotaque da garota engraçado.
-Você tem um sotaque diferente, não nasceu aqui?
-Na verdade eu sou ainda mais interiorana do que vocês e a Lenah juntos, mas vim para Round Top há cinco anos, depois que a Lenah abriu o hotel e meu tio me contratou para cuidar da contabilidade da fazenda.
-Você é contadora? Que legal – Dean olhou espantado para a cara de Sam tentando entender desde quando o Winchester mais novo achava contabilidade interessante, chegou a conclusão que os seios avantajados da loira deviam chamar atenção do irmão.
-Bem, eu gosto, mas prefiro antropologia.
-Como é que é? – Sam estava interessado. A essa altura estavam sentados tomando o café da manhã que Beth havia terminado de servir.
-Eu e Lenah nos conhecemos na faculdade, no primeiro ano e quando ela disse que era daqui tive certeza que era a namorada do meu primo que eu tinha visto uma ou duas vezes em ação de graças. – Agora era Dean quem estava interessado.
-E eles namoram a tanto tempo assim? Quer dizer a Lenah parece tão nova.
-É a Lenah parece uma moleca! Na verdade ele foi primeiro namorado dela, levando em conta que pelo número de habitantes, que é exclusivo de quatro ou cinco famílias pequenas, ela não teve escolha.
-Nossa, isso é que é adorar o primo em Beth. – Beth soltou uma risada engraçada, Sam riu do jeito dela rir.
-Eu gosto do Gourdoun sim, mas ele é chato, isso não posso negar.
-E como ele é? – Bobby arregalou os olhos, Sam engoliu a seco a fatia de queijo. Ficaram olhando para Dean com cara de surpresa. O que ele queria saber sobre o namorado de Lenah? Beth pareceu não perceber porque respondeu prontamente, passando creme de amendoim na torrada.
-Ah o Matt é alto, loiro e um cara muito bonito. Eu acho que por esse lado Lenah se deu bem, é o melhor partido da cidade, no povoado visinho todas as garotas babam por ele e ele faz questão de se exibir por lá, mas a Lenah não liga – Dean pensou em perguntar mais coisas, mas percebeu o aspecto do irmão e do amigo na primeira questão, resolveu se conter.
-E você dizia que a Lenah fazia antropologia com você...
-Sim! Bem, minha família me aconselhou a fazer contabilidade e eu não neguei, sempre fui uma excelente aluna em todas as matérias do colégio, achei que o que cursasse seria bem vindo e desisti de antropologia.
-E a Lenah continuou?
A porta estava entreaberta, o casal havia dado uma volta bem grande e Matt estava exausto. Lenah parecia tão disposta quanto quando saiu. Os dois não conversaram muito, Matt tentou falar dos hospedes, Lenah não quis se prolongar porque sabia que o ataque histérico de Matt seria um saco e ela estava feliz demais para se preocupar com o namorado. Lenah ouviu a voz de Beth e ficou feliz por estarem lá as pessoas mais especiais da vida dela, todos se reuniriam e tomariam café da manhã como ela adorava fazer quando era criança. Era tão bom ter Bobby em casa e era tão, tão, tão bom ter Dean e Sam.
-O que a Lenah continuou em toupeira? – Ela tirou o biscoito da mão dele e colocou inteiro na boca, provocante como sempre. Matt estava entrando, não viu, mas sentiu um clima novo.
-Bom dia para você também senhorita crucifixo.
Lenah engoliu em seco o morango que tinha pegado na sexta de frutas e começou a rir desenfreadamente. Matt não entedia nada e também não gostava nada daquela risadinha cheia de felicidade espontânea da namorada. Beth arregalou os olhos enquanto mexia a cabeça em movimentos imperceptíveis observando Lenah e Dean, Dean e Lenah, Lenah e Dean e por fim Matt, não conseguiu conter o sorriso de ponta a ponta no rosto. Sam estava concentrado no café e Bobby observava Matt.
-Desculpa Dean – ela disse tentando conter o riso – mas eu não consegui evitar a brincadeira.
-Olá, alguém pode me situar aqui? Lenah que modos são esses? – ela tentou refrear ainda mais o estado de estase, notou que, como sempre, Matt não aprovou sua ação. Aproximou-se e deu um beijo no rosto dele.
-Desculpa amor. Meninos esse é Matt meu namorado. Matt esses são Sam e Dean Winchester.
Se comparasse a neve, o corpo de um vampiro, um bloco de gesso e a pomba sagrada da paz, Bobby não saberia dizer o que se aproximaria mais da cor pálida e quase transparente de Matt quando ouviu o sobrenome Winchester. Lenah lhe contava as histórias loucas, mas ele nunca acreditou que passasse de lenda urbana.
-É um prazer Matt, Lenah falou de você diversas vezes, Dean ficou até... curioso. – Sam fez uma cara engraçada, Matt esboçou um sorriso e olhou para Dean com desconfiança.
-É... é um prazer Gourdoun, realmente fiquei curioso para ver quem é o homem bravo e valente que atura essa criatura por mais de, quanto tempo mesmo? – Dean usou o Gourdoun porque percebeu na fala de Beth que não era o nome favorito pelo qual o primo gistaria de ser chamado. O tal namorado nem era tão loiro e atlético assim, droga ele tava reparando em um cara. Isso era demais, engoliu a fatia de salame que passou cortando a garganta.
-Mais de 15 anos Dean. Faz muito tempo que eu e Matt namoramos, não é meu bem? Matt você não parece bem, sentes-se logo, eu já estou até comendo. Quer que eu te sirva? – Lenah já havia cumprimentado Beth e Bobby com um beijo no rosto e se sentou ao lado da amiga.
-Desculpem eu estou desacostumado a andar tanto, Lenah me leva nessas caminhadas de quinze em quinze dias porque não tenho muito tempo. Ah, olá Beth.
-Oi. – ela continuou comendo sem dar importância.
-E olá Bobby.
-Pode guardar seu olá Matt, você está muito cansado, reabasteça aí campeão. – o tom era sarcástico, Sam percebeu.
-Bem, se não se importam eu vou descer e ver meu bebê, vou comprar mais batatas e ele estava chato anteontem, talvez seja melhor eu testar antes.
-Mas você não comeu nada? Lenah você tem que parar de engolir as coisas desse jeito princesa.
-Matt se eu parar de engolir fico desidratada, mas tudo bem eu mastigo melhor da próxima vez. Estou elétrica e sem um pingo de fome. – ela deu um beijo no rosto de Beth, pediu licença e saiu.
-Essa menina é um foguete não é Bobby?
-É sim Sam, muito esperta.
-Sou só eu MESMO quem não entende o que a Lenah fala? – Dean tinha uma interrogação gigante e engraçada na cara, Beth entendeu.
-O bebê é o meio de transporte da Lenah, Dean. Se você sair pelos fundos e for até o galpão triangulo vai entender melhor.





















Chapter 3

Matt queria tanto comer que nem prestou atenção na conversa, Bobby ainda estava de olho nele e Sam parecia ter terminado. Beth sorriu para Dean em uma expressão que lhe dizia “aproveite o momento e vá até lá seu bobo” e foi o que ele fez. Sam se ofereceu para ajudar Beth com a louça e os dois começaram a conversar.
Os galpões ao redor tinham cores e formas distintas, provavelmente formavam um símbolo de proteção ao redor da casa. O triangular ficava próximo a cerca na parte inferior do vasto terreno. Dean não podia mais ver Lenah, ela já havia entrado no lugar. Que negócio era aquele de “meio de transporte”? Por falar em meio de transporte seria bom dar uma olhada no Impala e dar uma volta pelo tal povoado visinho para procurar umas gatinhas, enquanto Bobby não falava da missão, que parecia secreta.
Quando se aproximou do galpão, que tinha as portas abertas, os olhos de Dean ficaram tão abertos que quase saltaram de emoção. Eram três visões supremas. A palavra era miragem. Que delícia. Sim, era essa a palavra, delícia. Atrás do galpão em que Dean acabara de entrar estava Lenah, trocando a roupa de corrida por um macacão imundo azulado, seus cabelos ondulados estavam meio presos e meio caídos em seus ombros, que tinham a tatuagem do que parecia uma triskle. Ela estava em uma tentativa desajeitada de colocar pernas e braços naquela roupa que ficaria larga e mal definida em seu corpo, mas aquela cena era habitual para Dean: uma mulher gostosa de lingerie. O que diferenciava àquela situação era a Kombi 67 verde, com desenhos bem familiares e Mustang Cobra 1965 vinho que estavam um ao lado do outro, dando espaço para uma fresta que mostrava a porta em que Lenah se trocava. Era a mulher mais linda que ele já tinha visto, droga!
Lenah ouviu um barulho e fechou a porta rapidamente. Dean resolveu fazer um barulho maior para fingir que tinha chego naquele exato momento. E para iniciar o espanto que já tinha tido mas devia ter de novo, soltou um “Uau”, muito bem feito.
-Toupeira é você?
-Ei garota do The Calling, venha até aqui agora mesmo! – ele mal podia esperar para vê-la com o macacão e olhar em seus olhos. Sentia seu membro endurecer só de pensar naquela morena gostosa com ele naquele carro.
-E então Winchester, gostou dos meus bebês?
-Você tem um péssimo gosto musical que reflete em um belíssimo gosto automotivo.
-Corta essa Dean, The Calling é uma delícia. – Delícia, de novo essa palavra que definia aquela mulher tão bem. Como a sua voz era deliciosa e seus gestos e seus olhos castanhos olhando bem fundo nos deles, naquele momento que abria em ambos um sorriso desconcertado e deixava o rosto dela razoavelmente rubro, mais uma vez. – Mas, que bom que gostou deles Dean.
-Gostar? Eu adorei isso aqui, quer dizer, posso abrir, entrar neles?
-Claro que si! Fica à vontade, mas cuidado! - ela riu uma risada gostosa, aquela que ele adorava, desviou o olhar do carro pra ela e depois tornou a olhar o Mustang – não preciso dizer isso pra você, quero dizer, é muito engraçado eu querer defender meus filhos de você porque você também tem um, né!
-Sim, quer dizer é claro que o meu é melhor, mas esse Mustangue é original, caramba! Tem a pintura muito bem feita e original. Uau Leninha como foi que você conseguiu essa peça? E, nossa, a cor é muito bonita mesmo – ela estava estática depois do “Leninha”, seu apelido pronunciado assim por Dean Winchester, que a essa hora estava dentro do seu carro de estimação, mexendo no porta luvas com aquelas mãos grandes, aqueles braços fortes e aqueles olhos verdes. Meu Deus que olhos eram aqueles?!
-Eu comprei de um amigo na faculdade, ele custou muito caro, na verdade não gosto de lembrar da quantia da minha herança que eu gastei no carro. Mas como valeu à pena! – ela não estava sorrindo, resolveu observar seriamente os movimentos daquele homem. Como ele era surpreendentemente gostoso. Nossa. E mais, o perfume forte e agradável, aquele cheiro de homem, não que o Matt não tivesse um cheiro de homem, quer dizer, bem, era diferente. Não, melhor não estragar aquele momento com o Matt. Dean era infinitamente mais bonito, mais irritante, mais, não, MUITO MAIS engraçado. Nossa ela adorava rir dele, gostava de provocar para ver a feição brava, o rosto sério que era tão sexy. Mas que droga ela estava pensando em outro cara, se o Matt desconfiasse daquele olhar que ela estava lançando agora com certeza ia matar o Dean, ou ela, porque o Dean era muito mais forte, muito mais esperto, Matt não ia conseguir chegar perto dele. Era melhor voltar à vida e sair do mundo da imaginação porque agora ele tinha saído do carro e estava de pé na frente dela e ela estava começando a ficar com o corpo quente e as mão geladas, droga, droga, droga!
-Tudo bem com você? – ele se aproximou devagar, tão devagar quanto falou. Tinha percebido o olhar languido da garota percorrendo seu corpo.
-Tu- tudo – merda ela gaguejou!
-Então não vai me mostrar a sua Kombi? – ele estava quase lá, era melhor ela sair do transe pro bem da humanidade e felicidade geral de Round Top.
-Sim – disse tirando os olhos dele e olhando a Kombi, seus movimentos foram bruscos, até assustaram Dean – esse aqui é o... – ele interrompeu chegando perto do ouvido dela, tão rápido quanto ela havia saído de perto dele.
-Fillmore? - ele esperou o sorriso, ela estava impressionada demais com o movimento para sorrir, engoliu a seco – Uma réplica da Kombi do filme da Disney, acertei? – ele tinha quebrado o gelo agora, fez uma cara estranha e ela não evitou o sorriso dessa vez.
-Você é bom em adivinhações toupeira – ele passou a mão no cabelo dela bem devagar e olhou o rosto todo, procurando os lábios com os olhos. Seu corpo todo gritava uma cede sem fim de beijá-la enlouquecidamente e jogar aquele corpo cheio de curvas que combinariam muito bem com aquele Mustangue, bem ali do seu lado. Sua mente também imaginou a loucura que seu corpo faria se abrisse as portas daquela Kombi e encostasse as mãos naquela mulher de-li-ci-o-sa. A boca dele salivava um beijo. Sem perceber a mão já estava na nuca e o corpo estava quase colando.
-Desculpa Dean – ela desviou, se esquivou, abaixou a cabeça, respirou fundo segurando na Kombi com o corpo meio debruçado. Os cabelos se desprenderam completamente e ela estava maravilhosamente descomposta.
-Quer dizer então que a senhorita é antropóloga? – a voz dele começou meio pigarrenta, como se ainda estivesse engolindo a cena, depois ficou firme e grave, tentando mudar de assunto.
-Sim, eu sou.
-Muito interessante. Deve conhecer o homem como ninguém – ele não queria ter dito isso, mas já estava dito. Piada na hora errada?
-Eu conheço os homens e o homem se é isso o que você quer saber – ela brincou também, ufa! – mas não sei muita coisa sobre as toupeiras.
-Ah como você é engraçada Lenah, eu as vezes me surpreendo com tanta graça. E vem cá, de onde você tirou essa de toupeira em sua louca? – ele estava andando em torno do carro, ela fuçava o motor da Kombi.
-Não sei. Eu tinha dito por acaso, mas depois pensei bem e... – ela fechou o capo, entrou na Kombi e funcionou. Ele esperava a resposta. Ela desligou a Kombi e ficou pensativa segurando o volante, ele deu a volta e sentou no banco carona.
-E então?
-Eu comecei a pensar ontem à noite nessa palavra.
-Toupeira? Caralho você é louca Lenah! – ele nachava ela louca mesmo, mas ela permanecia pensativa, olhou daquele jeito nos olhos dele de novo, droga, ele não ia segurar por muito tempo.
-Sabe Dean Winchester, eu sempre quis conhecer você e seu irmão por todas as peripécias da dupla, pela fama entre os caçadores, pelas histórias que ouvi durante o tempo que tenho esse hotel e principalmente pela ligação tão grande do meu tio, que foi como um pai, com essa história toda de símbolos, proteção e significado – ele teve medo do que ia ouvir.
-E qual a conclusão que você chegou com esse apelido bobo? Eu não entendo, explica? – ele estava sem a armadura de homem forte nessa hora, era um menino querendo aprender.
-Na verdade parece ser uma coisa boba e talvez seja, mas ontem eu fui me deitar e vi um símbolo que me lembrou você, ou melhor, que me lembrou uma toupeira.
-Caramba, explica isso melhor que eu to quase buscando uma camisa de força pra você – ela riu, ele adorou.
-O elemento Terra do zodíaco tem um símbolo e esse símbolo lembra uma toupeira, que é um animal da terra. O que acontece é que o elemento tem muito a ver com você, ou com o que eu sei de você – ela falava em um tom emocionado agora, ele queria abraçá-la. O mundo não existia, apenas ele e ela ali, sentados conversando sobre significados. Sim, como ele não pode pensar nisso antes? É claro que todos os significados estão ocultos nessa mulher. E ali estava aquele apelido bobo tendo um significado muito maior. Isso deixou ele emocionado. Como era estranho tud aquilo para Dean e como era gostosa aquela fragrância de orquídeas que exalava da pele dela, mesmo naquele macacão todo manchado.
-Quer dizer que eu sou a terra? – ela sentiu vontade de beijá-lo, sua emoção era muito forte. Como ela podia sentir aquilo com um cara que conheceu, meu Deus, ontem!
-Vou tentar explicar Dean. Eu adoro ser sua professora de simbologia – ele deu um sorriso de canto, seus olhos brilhavam, adorava aquele jeito desengonçado dela - Os regidos do elemento terra tendem a confiar mais no raciocínio prático do que nas inspirações, eu não sei qual o elemento do seu signo no zodíaco, mas esse elemento age como você. Além disso os regidos se preocupam mais em observar o mundo invisível, o mundo que não possui a forma concreta da Terra... – ela falava pausadamente, não era com o tom da noite anterior, querendo impressioná-lo, agora ela queria alcançá-lo com a voz, com a alma. Fazê-lo sentir a essência daquele momento e ele correspondia, para sua total surpresa e insegurança.
-Assim coomo eu e o Sam.
-Sim.
Com toda aquela entrega, agora ele a compreendia. Era um turbilhão de emoções que viam de todas as partes penetrando o coração e a pele, fazendo daquele um momento único. Como explicar? Aquela mulher tão estranha e cheia de segredos que lhe irritava e era tão maravilhosa ao mesmo tempo. Alguma coisa estava errada com ele.
-Dean eu posso te fazer um pedido? – ela segurou as mãos dele, as dela estavam frias como um cubo de gelo.
-Nossa Lenah suas mãos estão muito geladas, você está bem? – ele se preocupou mesmo. Ela estava com aquele sorriso, esperando ele olhar mais uma vez. Como era bom sorrir pra ele. Acariciou o rosto de Dean e ele beijou sua mão.
-Estou bem, só preciso de uma promessa.
-Se eu puder cumprir.
-Me prometa que mesmo quando você não estiver aqui, quando for caçar em outro lugar, no Kansas, não sei. Em qualquer parte do mundo. Prometa que você vai continuar sendo o meu toupeira, a minha terra. O elemento em que firmo meus pés e obtenho a força da vida, que possibilita o nascimento das plantas e a permanência do homem nesse mundo. Prometa que vai ser sempre divertido assim com todos e não vai deixar esses seres que não são humanos acabarem com a verdadeira magia que é ser homem, que é ser mulher. Que é ser humano. Eu não sei se você acredita em Deus e também não sei se Ele existe. Mas se toda essa loucura for mesmo verdade, nós somos o que há de mais especial Dean e eu preciso que você prometa que não vai me deixar sozinha nessa luta, nesse amor pela vida.
Ela estava tremendo e falando com toda a paixão que existia dentro de si. Ele estava muito confuso com aquela promessa, mas as palavras “minha” e “meu” fizeram toda a diferença. Sim, ele seria dela quando ela chamasse e precisasse, com ou sem Matt, com ou sem demônios e anjos e apocalipse e fim do mundo e Deus. Não importava. Por mais loucas que fossem aquelas palavras que ela dizia, nada poderia estragar aquele momento de entrega. Não era o corpo que estava entregue, era a alma. Enfim a alma de Dean retornava a seu corpo e ele tinha o poder de entregá-la com carinho mais intenso que possuia a alguém que, Oh Meu Deus, tinha conquistado sua confiança em um dia de convívio! Era loucura, não fazia sentido algum, mas o amor, se era amor, não tem explicação nenhuma. E ele não precisava de nenhum livro ou professor para descobrir o significado daquele símbolo cravado em seu coração. Não a tatuagem da pele, mas a tatuagem do músculo, que a essa altura era o nome daquela mulher.
-Eu prometo.
-Como você é perfeito. – ela esboçou um sorriso muito diferente dos outros, repleto de carinho, mas que tinha uma ponta de preocupação. Pensava em Matt, que a essa hora estava sendo torturado por Beth que devia ter sacado o clima com Dean e fez a parte prática de deixar o primo ocupado, com ajuda de Sam é claro. A vida lá fora quebraria esse encanto?
-Você está pensando no seu namorado, não é?
-Eu e Matt... faz muito tempo Dean, nós somos quase...
-Não são Lenah. Ainda não são.
-Mas é uma questão de...
-Lenah eu te fiz uma promessa. Agora é sua vez. – ela engoliu a seco aquelas palavras, o que ele pensava em pedir? Ele não deixou que ela pensasse besteira alguma e engatilhou o pedido, antes que aquele súbito de confiança e de encantamento fosse quebrado pela rotina diária – Olha eu nunca fui um cara muito sentimental, nem ligado a esses símbolos e significados, sabe? Eu sou prático, gosto de resolver as coisas e não tenho tempo pra ladainhas, quem gosta disso é o Sam. Mas, embora eu não aparente, tenho tanto sentimento quanto qualquer homem. Eu amo meu pai, meu irmão, a lembrança de minha mãe. Eu quero dar o melhor de mim. Eu rompi o primeiro selo. Eu sou alguém especial e não apenas um monte de ossos e carne. E você sabe disso, porque é antropóloga – ele ensaiou um sorriso, mas continuou – Lenah, eu não sei muito sobre o significado das coisas, não como você, mas eu posso dizer o que eu vejo, então, assim como eu serei a sua terra, quero que você prometa que será o meu ar. Pois a terra é seca e fria, mas o vento pode ser quente e úmido, logo, ambos se completam. A rapidez do vento se assemelha a seu jeito enérgico Leninha, o vento também gera energia aos moinhos e você me deixa assim, inexplicavelmente motivado. O vento conecta os seres humanos, pois é ele quem nos faz respirar. E é isso que eu quero. Quero respirar esse seu sorriso lindo e esse seu jeitinho todo maluco, cheio de momentos magníficos. E, meu Deus, você está chorando princesa.
Ele a abraçou. Foi um abraço forte e quente, o melhor de toda a sua vida. Uma lágrima rolou de seu rosto, mas ele era a terra, a força e devia conter esse desmoronamento, pois a fragilidade dela já era o bastante para eternizarem aquela cena.
-Obrigada Dean.
-Obrigada Lenah.
Era muito cedo para um “eu te amo”? Talvez fosse cedo para entregar a vida daquele jeito também, mas ele estava acostumado, tanto quanto ela, a se entregar por inteiro. Era melhor viver do que esperar o tempo passar e destruir aquela pureza infinita.
Lá fora o vento balançava as folhas do velho carvalho e a música que Beth havia colocado para tocar já estava ressoando por todo o hotel. Eles estavam abraçados na Kombi, ouvindo ao longe a estrondosa voz de Etta James, que embora não fosse a favorita de nenhum dos dois, era sem dúvidas a trilha perfeita para aquele momento.
At last my love has come along
Finalmente meu amor chegou
My lonely days are over
Meus dias sozinha estão acabando
And life is like a song
E a vida é como uma música
At last the skies above are blue
Finalmente o céu está azul
And my heart was wrapped in clover
E meu coração foi empacotado em trevo
Mmm The night I looked at you Mmm
à noite eu olhei pra você
I found a dream that I could speak to
Eu encontrei um sonho que eu poderia falar
A dream that I could call my own
Um sonho que eu poderia chamar de meu
I found a thrill to press my cheek to
Eu encontrei um tremor para apertar minha face
A thrill that I have never never known
Um tremor que eu possuo e nunca nunca sei
Ohh You smiled and then the spell was cast Ohh
Você sorriu e então o feitiço foi lançado
And here we are in heaven
E aqui nós estamos no céu
For you are mine at last
Por você ser meu finalmente
You are mine at last
Você é meu finalmente
You are mine...at last
Você é meu... finalmente















Chapter 4

O paraíso era ali. Sam estava certo disso, mas tinha alguma coisa errada com aquele paraíso, ou não? Essa resposta quem lhe daria era o velho e camarada Bobby.
-E então Bobby, podemos conversar agora?
-O Dean ainda está lá fora? – eles estavam sentados na sala. Beth varria a cozinha, ouvindo aquela música romântica e dançando com a vassoura, enquanto alguma comida estava no fogão. Matt já tinha sido torturado por ela, que enrolou muito bem o primo chato, depois de desconfiar aqueles olhares de Dean e Lenah. Matt estava no quarto de Lenah agora.
-Ainda não, mas se quiser posso chamá-lo.
-É uma boa, temos trabalho a fazer por aqui Sam e dos grandes, por isso deixei vocês relaxarem um pouco – pelo jeito o que vinha por aí era mesmo importante.
-Estou curioso Bobby. Vou buscar os – ele abaixou a voz – pombinhos no galpão – Bobby riu, adorava pensar que a pequena Lenah havia crescido e ficaria em segurança com Sam e Dean por ali.
O quarto de Lenah era repleto de coisas estranhas, como toda a casa. O que o diferenciava era que as coisas estranhas tinham sentido e identidade, porque não eram apenas as porcarias do Tio Marvin, aquelas tentativas mal investidas em conseguir caçar demônios com armas dignas de Star Trek. Não. Os símbolos estavam por todas as partes, mas porque os gostos dela eram tão ecléticos que a miscelânea daquele lugar invadia os olhos de formas e sensações, para quem as olhava. Havia discos de vinil dos Beatles em uma estante especial, dedicada aos ídolos do tio, que ela herdara. Ao lado uma penteadeira antiga, com luzes ao redor do espelho, como aquelas de artistas circenses, estavam fotos de sua família. A penteadeira tinha alguns perfumes, em frascos antigos, que davam um ar sofisticado a imagem rústica de todo o ambiente. Sem contar com aquela banheira interessante, sob a janela do quarto, que lhe rendia deliciosos banhos, a moda antiga. Lenah gostava de ser diferente, de viver com a simplicidade e o requinte de épocas esquecidas e ela deixava toda essa paixão no cantinho dela, o seu quarto. Sua cama era grande e bonita. Embora tivesse o mesmo formato das demais, a colcha de crochê, sob os lençóis brancos, com os travesseiros sutilmente dispostos (um deles com uma tesoura de ferro sob sua fronha, do mesmo estilo da colcha), realmente chamava a atenção.
Matt estava naquele quarto, mas não queria observar as paredes decoradas, nem as folhas de louro, que apareciam embaixo da colcha próximas ao travesseiro, nem mesmo as romãs abertas dispostas sob a janela do quarto, ou a pedra ametista dentro do copo de cristal, no criado mudo. O que ele procurava era a passagem para o porão, que devia ficar entre o guarda roupa esquisito com porta em forma de espiral e o bidê cheio de porta cd’s modernos e engraçados, que Lenah colecionava (uma paixão que não havia descoberto com seu tio). O fato é que o lugar, que Matt procurava, não era frequentado por ninguém além da dona da casa, que ia até lá nos aniversários de morte do tio, da mãe e da irmã, respectivamente. Permanecia lá parte do dia e não recebia visitas. As informações eram de que aquele porão era uma passagem para um lugar fora da casa, que, provavelmente, foi construído após a morte de Marvin Muller, portanto, não fazia parte da estratégia de proteção do Egis. Resumidamente, havia uma parte da casa vulnerável a seres sobrenaturais e Matt Gourdoun procurava essa falha na segurança.
Lenah e Dean estavam abraçados pensando em nada, apenas curtindo o que seria interrompido a qualquer momento, eles sabiam. O cheiro dele era tão gostoso, tão aconchegante naqueles braços quentes e fortes. Ela se sentia tão bem perto de sua pele macia e era inevitável a vontade absoluta de beijar o homem de seus sonhos, mas não podia traia Matt. Dean sentia o seu corpo todo dilatar com anseio de beijá-la, mordê-la tocá-la, mas era quase impossível imaginar qual seria a reação de Lenah e ele não queria perder aquele instante mágico, poderia estragar tudo com um movimento errado. O que fazer?
-Ei Dean!
Os dois separaram seus corpos com um susto inevitável, depois riram juntos. Lenah olhou pelo retrovisor, Sam pode vê-los e se sentiu bem com a cena. A morena deu um beijo no rosto de Dean, segurando-o com as duas mãos, que agora estavam muito mais quentes. Ambos tinham um brilho especial nos olhos e um sorriso que irradiava naquela velha Kombi cheia de desenhos hippies.
-Seu irmão, toupeira – ele mordeu os lábios olhando aquela mulher tão perto e tão distante.
-Eu preciso ir fã da Etta James – os olhos dele eram tão lindos que o sol parecia um pontinho de poeira sem cor, mas ela virou os olhos com a associação.
-Tudo bem, vai lá. – disse dando um soquinho no ombro dele e finalizando o Time Love - Eu tenho trabalho a fazer, animais para alimentar, mas depois vou te mostrar que sou muito mais que uma garota pop e jazz benzinho– como era sexy aquela mulher, Meu Deus!
-Ah é – ele estava saindo da Kombi e olhava para Sam, enquanto a respondia – então vamos ver se você é mesmo uma garota rock benzinho – ironicamente brincando, ele não deixava a desejar. Sam observava com a sobrancelha erguida, em um típico sinal de “isso vai dar o que falar”.
-Desculpem atrapalhar alguma coisa, mas é hora da reunião Dean.
-Eu já estava indo, não precisava ter se preocupado– ele jamais sairia dali se Sam não aparecesse.
-Aham, eu percebi. Vamos logo.
Lenah ia dar de comer seus bichos, mas pelo jeito Beth tinha feito o serviço bem antes, as rações estavam fechadinhas do jeito que a amiga costumava organizar. Olhou para os dois irmãos, que estavam a caminho da casa, próximos ao galpão. Onde estava Matt?
-Sam – ela gritou - a Beth está com o Matt lá dentro? – era a única explicação para o irritante namorado não vir incomodá-los até agora.
-Não, ela está na cozinha e Matt está em seu quarto – o coração de Lenah deu um pulo. Não era a primeira vez que Matt esperava sua distração para ir a seu quarto, largou a pá que segurava, com o espanto repentino.
-O que? – Dean olhou ainda mais espantado para a garota que tinha dado um grito irritado e saiu correndo, ultrapassando os irmãos, que foram atrás dela.
-Lenah espera aí!
Ela passou como um raio pela cozinha, fazendo Beth girar com a vassoura que dançava. Em desequilíbrio, a bela loira se segurou nos braços de Sam que vinha logo atrás. Os dois se olhavam enquanto Dean passou correndo, tentando alcançar Lenah. Bobby que percebeu o movimento foi atrás de Dean. Beth se desvencilhou do gigantesco homem, desligou o som e se juntou ao grupo.
-Matt Gourdoun! O que você pensa que está fazendo debruçado sobre meu carpe?
-Oi amor – ele deu um sorriso amarelo, ela estava possessa.
-Amor? Que amor Gourdoun? Você sabe que eu odeio que entrem no meu quarto sem autorização, então não vem com história de que tinha perdido alguma coisa, porque você nem coloca o pé nesse cômodo!
Mas Gourdoun tinha se preparado para a possível reação histérica da namorada. Havia muito tempo que não ia ao povoado visinho, na verdade seus negócios ultimamente eram com pessoas que moravam nos arredores arborizados, se é que podia chamar de pessoas. Ele estava estudando bem a casa da namorada, chegou a encontrar uma planta de construção um dia, mas Lenah percebeu o interesse do namorado e ele não teve tempo de roubar, ela escondeu muito bem. Ultimamente Lenah percebia movimentações estranhas e estava se protegendo em dobro, deixava de ir ao povoado duas vezes por semana, como de costume, e ia só quando o estoque de ração animal acabava ou quando precisava comprar sua própria comida, fora isso não tirava o pé de Egis.
Como Bobby havia comentado antigamente a cidade era muito bem povoada, mas essa população acabou sendo decepada por seres sobrenaturais de todas as espécies, graças à maldição de um mago. Seu nome era Alatar, ele era um dos magos azuis, junto de Pallando. As lendas contam que Alatar era apaixonado por Ignácia, mas ela traiu seu amor com Pallando, o que o fez matar seu amigo mago em um duelo de feitiços. Ignácia continuou morando nas florestas de Round Top e Alatar jogou um feitiço na bruxa, dizendo que Ignácia não morreria ou seria liberta até que o selo que nasceria naquela cidade fosse quebrado, além disso a bruxa seria bela durante setes dias do mês, mas durante o restante do tempo ela assumiria o rosto leproso e envelhecido.
Alatar era muito poderoso e Ignácia, embora tenha sido acertada diversas vezes por caçadores, não morreu e sua maldição predomina até os dias de hoje, já que o selo de Round Top ainda não foi quebrado. Com ódio da maldição, Ignácia disse que nenhum selo sobreviveria naquele lugar e trouxe uma legião de demônios, vampiros, lobisomens e assombrações, sem deixar os moradores em paz ao decorrer dos séculos. Quando o tio de Lenah estava sozinho no dia das bruxas em sua casa, Ignácia percebeu que poderia se proteger com a ajuda daquele amigo de caçadores e resolveu usá-lo para fazer um lugar de proteção contra qualquer feitiço, maldição ou poder místico, o que lhe renderia vida eterna e beleza, pois os poderes de Alatar seriam anulados. No entanto, Marvin Muller foi mais esperto e preparou para a bruxa um lugar cheio de armadilhas simbólicas, que quando erguidas em forma da casa, impossibilitariam seu poder de agir contra ele e sua família.
Infelizmente Marvin saiu em um dia de ação de graças para a praça do povoado local e foi atacado pelas costas, por Ignácia. O homem só morreu uma semana depois, na casa que havia construído para protegê-lo. Embora sua família tentasse salvá-lo, foi um esforço em vão. Lenah e sua irmã tinham 15 e 18 anos e não puderam ir para a escola naquela época, pois sair de casa era a sentença de morte. Sua mãe já havia enterrado o corpo de Marvin embaixo do carvalho, na casa Egis, com ajuda da irmã de Lenah. A pequena, no entanto, só chorava e se desesperava, pois a comida da casa estava acabando e os demônios estavam rondando Egis com ajuda de Ignácia. Em uma manhã fria e nublada, a mãe de Lenah saiu escondida para buscar comida na fazenda vizinha, pois nem as árvores de Egis davam mais frutos e as mulheres estavam passando fome há semanas. Infelizmente, Ignácia estava atenta e torturou a senhora Muller até a morte. Quando as meninas acordaram sentiram a ausência da mãe e a irmã de Lenah encontrou o corpo próximo a entrada da casa. Lenah não sabia o que fazer e chorava muito, quando o senhor Gourdoun, pai de Matt, chegou a sua casa e ofereceu ajuda as garotas desamparadas. Lenah foi para a casa dos Gourdoun, pois sua irmã lhe obrigou a ficar sob proteção da família bem intencionada. No outro dia, quando ela fugiu da casa para ir até a irmã, viu ao longe, no antigo carvalho, a primogênita enforcada. Sua amada irmã havia se suicidado.
O choque foi tremendo para a garota de 15 anos. Depois de toda aquela tragédia grega, Bobby chegou para caçar os demônios que haviam matado seu amigo, mas era tarde, eles já haviam feito a família toda de Lenah como vítimas. Só restava a doce menina de cabelos escuros e olhos brilhantes castanhos. Bobby ajudou Lenah a administrar a herança do tio e da mãe, que tinham uma fortuna, mas a custódia da garota ficou com o senhor Gourdoun, de quem Bobby não gostava. Por sempre se intrometer nas decisões dos Gourdoun, quanto ao futuro de Lenah, Bobby fez com que o desejo de ser independente da garota fosse conquistado. Com 18 anos ela voltou para Egis e foi para a faculdade. Com 22 anos ela retornou a Egis e agora já era independente o suficiente para cuidar de todo o hotel, sozinha. Era o grande orgulho de Bobby, sem dúvidas. Era seu maior tesouro também. Mas era principalmente o seu maior medo.
As assombrações da cidade não acabaram. Ignácia não morreu e continuou assombrando com sua legião de aberrações a pequena Round Top, sem poder encostar em Lenah, que estava protegida na Egis. Mas faziam umas semanas que a garota sentia, alguém lhe seguindo e o medo de serem os seres que habitavam aquele lugar veio à tona, por isso ela resolveu não sair com frequência. Quando era mais nova, Bobby e seus amigos acabaram com muitas das assombrações dali, mas constantemente vinham outras e outras e outras. Por isso o hotel era movimentado por caçadores enviados por Bobby, para acabarem com todos os perigos sobrenaturais da cidade.






CHAPTER 5

Gourdoun realmente não estava despreparado, a última visita a cidade vizinha lhe rendeu uma boa ideia.
-Lenah, o que é isso? Você não tem direito de fazer esse escândalo só porque eu entrei em seu quarto para lhe chamar atenção meu amor. – ele falava calmamente, com um ar super sério e até sexy, sim Gourdoun era muito bonito – Eu queria lhe entregar essa surpresa.
Ele ergueu algo que tinha, aparentemente, tirado do carpe e escondia na mão fechada. Quando abriu a mão o brilho era estonteante, com certeza aquela aliança tinha entre 18 e 24 quilates, o que contabilizava cerca de três ou seis mil dólares, com todas as pedras de diamantes e rubis, de acabamento polido em forma de uma serpente, ao menos era o que os olhos de Beth lhe diziam, quase saltando do rosto. Sam olhou pra Dean espontaneamente. Lenah estava dura e pálida. Bobby também. É melhor não falar de como Dean ficou naquele momento, uma situação lastimável. Lenah relacionou a serpente com o símbolo da infidelidade, mas era melhor não pensar em significados naquela hora.
-E então? Gostou da surpresa amor?
-Do que... do que você está... do que você...
-Lenah Muller – ele se ajoelhou e segurou a mão dela – grande amor da minha vida e mulher dos meus sonhos. – como era cínico aquele homem - Aqui, em frente a sua melhor amiga, ao Bobby, que é como da nossa família e de seus novos amigos, inimigos da turma do gasparzinho – ele se conteve para não gargalhar e Dean pra não dar um murro na cara dele – você, que é a mulher mais linda, intrigante e incrivelmente gostosa do mundo, aceita se casar comigo? Quer ser minha mulher Lenah Muller?
Dean precisou sair pra vomitar depois daquela cena ou ia matar aquele desgraçado. Ele nem disfarçou a cara de ódio e nojo. Quem era aquele imbecil pra chamá-la de “mulher mais linda, intrigante e incrivelmente GOSTOSA do mundo”? Quem era ele para chamá-la de “MINHA”? Quem aquele bastardo cretino pensava ser para pedir a mulher da vida de Dean em casamento, daquela maneira, em sua frente? Ele estava à beira do maior surto de toda a história. Sam saiu em sua procura.
-Ei, ei Dean... – o irmão encostou no ombro do outro – calma cara.
-Aquele... desgraçado! – Dean se movimentava com muito ódio em seu semblante.
-Você não pode ficar irritado assim, quer dizer você sabia que seria assim. Bem, você conheceu ela... ontem e ela nunca escondeu que tinha um namorado.
Se Sam tivesse um pouco mais de juízo nunca teria dito aquelas palavras para Dean, não naquele momento. A vontade do Winchester foi dar uma surra bem dada no irmão e depois entrar naquela casa e socar aquele pateta imbecil até a morte, então tirar Lenah dali e levá-la pra um lugar distante de toda aquela impossibilidade maldita. Por que não podia tocá-la, beijá-la e o verme escroto tinha esse direito, se ela era SUA, mais do que de ninguém? Ela era seu ar e ele, definitivamente, estava à beira de um colapso.
-Sam, vai à merda! Você não tem ideia do que aconteceu naquele galpão. Você não tem ideia de quem é aquela mulher... Quer saber vamos chamar o Bobby e fazer logo essa reunião, porque eu não quero continuar aqui vendo aquele... – ele desejou que Matt fosse um demônio, para torturá-lo injetando água benta, cravando uma faca jorrando sal, para gritar as palavras em latim em seu ouvido, estourando os tímpanos do desgraçado. Ele estava morrendo de ciúmes.
-Tudo bem, calma. Eu vou chamar o Bobby.
A essa altura Lenah estava levantando Matt de seus joelhos e fazendo uma cara de “merda esse cara estragou tudo”.
-Matt, levanta, deixa de me olhar com essa cara e para de fazer cena.
-O que? Como assim? Você não aceita? – Ele ficou descomposto como se fosse chorar, ela abraçou ele e deu um beijo muito frio, mas que ele estava acostumado a receber então não fez distinção.
-Temos que conversar sobre isso meu...- ela teve receio em dizer – meu bem. Mas não precisava me irritar desse jeito entrando no meu quarto e mexendo em tudo pra me pedir em casamento Matt. Aliás, porque você mexeu aqui se só era pra parecer uma invasão senhor Gourdoun?
-Eu queria te irritar minha linda – ele brincou com o nariz dela, como se fosse criança – e eu sei como fazer isso, percebeu? – ele não fechava o sorriso gigantesco e quase vitorioso do rosto.
-Não sei o que dizer Gourdoun, essa aliança é muito...
-Perfeita, como você?
-Cara! Ela é cara e não precisava tanto – ele fez cara de decepção, ela tentou remediar – mas eu... é... adorei a surpresa – estava evitando chamá-lo de amor. Onde estaria Dean?
-Ei Bobby – esse estava parado mudo, com cara de desconfiança e olhar mortal predador – ei Bobby!
-O que é Sam? – ele gritou bravo, chamando a atenção.
-Está tudo bem Bobby? – Lenah ficou preocupada com aquele olhar furioso, quando reparou no amigo.
-É... tio Bobby, não vai parabenizar aos noivos? – Matt estava pedindo um murro no meio dos dentes.
-Matt! Nós não... – ela estava ficando furiosa com a maneira de agir de Matt provocando Bobby e os Winchester, Bobby interrompeu.
-Não.
-Como é que é? – Matt se fez de ofendido, Lenah estava prevendo o que aconteceria. Beth olhava para a amiga fazendo gestos estimulantes em suas falas, guiando as ações dela, mas sem dizer nada.
-Escuta aqui sua aberração, eu não faço questão de te ver com a Lenah e nunca mais me chame de tio, nem brincando, porque você não me engana. Nem você, nem seu pai. Eu disse mil vezes e repito, se fizer alguma coisa a essa mulher eu mesmo vou atrás de você, nem que esteja no inferno, e te mato!
A feição de Matt ficou contraída, com rancor, quase parecia o Draco Malfoy quando ouvia insultos de Potter. Beth colocou as mãos na cabeça. Lenah estava pálida. Matt foi pra cima de Bobby.
-Então me mata vai seu velho desgraçado, mata! Tá achando que eu sou quem? Esses fantasminhas de merda que você anda caçando por aí?
Sam chegou a tempo, entrou na frente de Matt tentando contê-lo, o medo dele era Bobby na verdade. Dean ouviu o tumulto e voltou ao quarto. Lenah estava estática com a mão na boca e Dean parou bem em sua direção, ela fez um rosto de súplica, pedindo para que ele acabasse com aquilo, mas Sam havia convencido Matt a ir embora. Ele passou esbarrando no ombro de Dean que o encarou quase partindo pra cima. Lenah foi até Bobby, ele parecia descomposto prestes a ir atrás de Matt e acabar com a raça dele. Beth foi buscar água benta com açúcar pra acalmar aquele povo.
-Meu Deus Bobby, eu não queria criar isso – ela sentou ao lado dele na cama. Dean estava na porta, Sam observava o quarto desarrumado.
-Eu sempre te disse que ele não vale nada Lenah, você não me ouve.
-Oh Bobby, tente me entender, eu devo tanto a família dele e eu... – ela olhou para Dean que havia abaixado a cabeça e feito um sinal de negação, discordando do que viria na fala dela – bem, eu não sei o que fazer para me desprender dessa corrente que é o Matt, porque de alguma maneira eu sou grata e não posso jogar fora a família que eu tenho.
Dean olhou para Lenah novamente, agora eram olhos curiosos. Ela retribuiu o olhar, querendo explicar, chamando-o de alguma forma para perto dela. Sam continuava olhando os objetos do quarto sem parar. Beth chegou com a água e com alguns bolinhos de carne que ela estava preparando enquanto varria a casa, antes do incidente.
-Bobby toma isso e Lenah, come alguma coisa porque você está branca. Sam? – ela disse indicando os bolinhos.
-Oh sim, obrigado Beth, Ei Lenah... – ele estava com aquela interrogação de novo – eu sei que não é a melhor hora, mas tem alguma coisa especial que você guarda perto daquele armário com a porta de espiral, porque ele parece brutalmente forçado.
Lenah e Bobby olharam para o lugar com alguma atenção e ela levantou desesperada.
-Oh Meu Deus Bobby!
-Droga Lenah, eu tinha certeza! Aquele desgraçado tinha planejado essa cena toda. Vamos Dean, pegue o carro, temos que ir atrás dele!
-Calma aí! O que está acontecendo, alguém pode me explicar? – Dean estava em êxtase, mas nem sabia o que estava acontecendo, o clima era de desastre. Beth parecia muito preocupada, mas respondeu se movimentando com desespero. Eles estavam escondendo alguma coisa, é claro! Sam sabia desde o início que estavam enrolando demais naquela missão.
-O quarto da Lenah fica sobre a passagem do porão que o Tio Marvin construiu para guardar o enigma do selo.
-O que? Tem o enigma de um selo aqui Bobby? E quando você pensava em nos contar isso?
-Não temos tempo Dean, por favor, ouça o Bobby e vá atrás de Matt antes que seja tarde – Lenah estava desesperada. Dean não podia desapontá-la. Sam já estava correndo pra fora depois de ouvir a palavra selo.
-Ok, vamos, você conta o que ta acontecendo no caminho Beth! – Beth e Sam saíram, Bobby foi buscar suas armas no quarto. Dean parou Lenah na porta, aproximando seus rostos – eu ainda não sei o que esse desgraçado fez, mas se eu encostar as mãos nele não vai sobrar muita coisa pro Bobby – era tão lindo quando estava bravo! Ela beijou seu rosto e saíram apressados.













Chapter 6

No carro estavam Dean, Sam, Bobby, Lenah e Beth. A última tratou de contar o que estava acontecendo enquanto a penúltima guiava até a provável parada do namorado, o povoado vizinho. Era lá que os demônios costumavam se reunir para acabar com o sossego da vizinhança e Matt devia estar com eles.
-O enigma do selo era guardado pela família da Lenah desde o Era medieval, mas ao que aparenta só foi descoberto quando o tio Marvin morreu... – entre uma palavra e outra de Beth, Lenah tentava explicar como chegar lá cortando caminho, ela estava no banco atrás de Dean que tentava se concentrar nas duas, mas estava difícil.
-Uma de cada vez, por favor! – ele gritou.
-Segue pela direita, tem uma placa grande no fim da estrada, vira à esquerda e segue até o fim de novo, lá você vai encontrar a rodovia que leva ao povoado.
-Ok, continua Beth.
-Depois de matarem ele continuaram rondando Egis até que a senhora Muller e a irmã de Lenah morressem isso fazia parte dos escritos do enigma.
-Ah sim, só quem conhece o enigma somos eu, Beth e Bobby, aparentemente.
-E como o seu namoradinho ficou sabendo? – ele deu ênfase no “namoradinho”
-Não faço ideia! Até ontem ele não acreditava nem em sobrenatural. Desgraçado! Mentiroso! Ladrão!
-Isso está muito estranho Lenah – Sam estava preocupado – Vire aqui Dean – guiou o irmão.
-Bem, talvez você não tenha percebido Lenah, mas eu estava pra te falar – Beth estava muito ansiosa – à noite em que eu e Matt dormimos na sua casa, na semana passada, eu ouvi um barulho quando estávamos conversando no quarto lembra?
-Droga! Não precisa falar mais nada, o desgraçado ouviu a gente decifrando aquela parte do diário que falava... – Lenah foi interrompida pela grito de Dean.
-É o carro dele! Eu sabia que não estava longe! –Dean acelerou, o carro podia ser visto a uns 25 m de distância na longa pista da rodovia, quando estacionou.
-Ele está descendo lá na frente Bobby! Diga, com o que estamos lidando, rápido! – Sam estava impaciente por saber o que iam enfrentar.
-Bem rapazes, vocês não vão gostar de ouvir isso, mas nós temos bruxas e demônios bem ali na frente. E PRECISAMOS pegar esse enigma, porque só falta uma parte pra ser desvendada por eles, pelo que estou entendendo.
Eles desceram do carro pegaram as armas, Dean estava com uma cara muito engraçada, devido à palavra ‘bruxas’.
-Droga, eu odeio bruxas! Eu fico com os demônios Sam.
-Tudo bem, mas e as meninas vão junto?
-Não! – Bobby gritou, eles se alertaram – precisamos protegê-las, elas não sabem caçar.
-Bobby me deixa ir, eu sei tudo sobre magia e contra feitiços, você sabe disso. Me deixa ir pra ajudar.
-Nem pensar, fica no carro.
-Mas Bobby ficar é muito mais perigoso – Beth estava enérgica.
-Beth tem razão Bobby, acho melhor levá-las e protegê-las conosco – eles ouviram uma gargalhada.
-Merda elas estão aqui perto, vamos! – entraram todos na floresta em que Matt tinha se enfiado, bem ao lado da rodovia, atrás de uma lanchonete antiga onde parecia ter passado um furacão. Andaram um pouco floresta adentro.
-Lenah fica atrás de mim, vem – Dean estava com medo de que ela se machucasse – devia ter ficado em casa.
-Eu sei me cuidar toupeira – ela falou segurando a mão dele com carinho, quando alguma coisa passou ao seu lado muito rápido sem que ela pudesse ver o que era, mas seu rosto tinha agora um pequeno corte e sangrava. Sam ficou próximo de Beth temendo que acontecesse o mesmo.
-Lenah você está bem? – Dean parou para olhar o rosto dela.
-Continue Dean, precisamo detê-lo, eu estou bem – mas alguma coisa passou correndo e lhe fez um corte no braço. Por sorte estava com o macacão azul e não se machucou, apenas rasgou a manga.
-Vamos voltar é tarde demais, temos que levar a Lenah para casa Dean, volte – eles estavam na frente, Bobby gritava, Sam percebeu que a bruxa estava invisível correndo entre eles e proferiu algumas palavras mágicas.
- Ond heks av skogen kan ikke skjule, ond heks av skogen kan ikke skjule, ond heks av skogen kan ikke skjule (que significa em norueguês “bruxa má da floresta não poderá se esconder”) – A bruxa apareceu. Tinha os cabelos laranja e longos, olhos verdes e uma boca grande que ficava ainda maior com o batom excessivamente roxo. Seu vestido era da mesma cor do batom, com alguns detalhes pretos; ela usava botas de bicos grandes e era estranha, mas muito bonita.
-Olá Winchesester. Não sabem o quanto esperei por vocês. – abriu um sorriso que mostrou dentes amarelados.
-É mesmo sua vadia encantada? Esperava os irmãos Winchester desde quando? Do século XX antes de Cristo? – Bobby jogou um pó no rosto da bruxa que revelou sua verdadeira face. Dean fez a cara mais engraçada de toda a história e não se segurou em proferir um:
-Que nojo! – O rosto de Lenah ainda sangrava e ela estava prestes a lançar um feitiço na bruxa, quando viu Matt e soltou a mão de Dean, correndo em direção ao Gourdoun.
-Lenah! – Dean não teve tempo de correr atrás dela porque um demônio em forma de menina lhe deu uma facada na perna, mas Sam correu, deixando Beth próxima a Bobby.
-Lenah! – Ela olhou para trás e viu Sam correndo, quando voltou a olhar para frente Matt tinha sumido.
-Droga Sam eu o perdi. Aquele desgraçado, bastardo, filho da puta!
-Calma, eu vou te ajudar, fica perto de mim. As bruxas parecem querer você. Sabe que a única maneira de matá-las é na fogueira não?
-Isso quer dizer que precisamos capturá-las?
-Ou voltar pra casa.
-Não! Preciso do enigma, é responsabilidade da minha... – ela estava mesmo com azar. Foi atingida por uma pequena flecha no canto da perna esquerda.
-Gnomos! Droga. Será que o pessoal dos contos de fada resolveu baixar aqui?
-Droga Sam, eu acho que tinha algum tipo de encanto nisso aqui, ta doendo muito.
Dean estava se divertindo com a diabinha, enquanto Bobby tinha a bruxa nojenta em sua frente. Ele abriu um pequeno litro de querosene que estava em sua mochila e jogou naquele rosto leproso, em seguida atirou fogo e fez ela gritar desesperada. Dean se assustou com o guincho e levou mais um golpe, mas sua raiva foi tanta que atravessou a faca no peito do demônio e mandou ele pro inferno. A bruxa virou uma fumaça preta que foi em direção oposta a Sam e Lenah. Nesse momento o gnomo já tinha sido capturado por Sam que o trancou em uma pequena garrafa tirada do bolso.
-Eu sempre trago uma dessas, nunca se sabe quando a Branca de Neve vai querer mandar os anões pra passear.
-Ok, Sam seu palhaço – ela ria com cara de dor – pode me ajudar agora?
Sam pegou Lenah no colo e caminhou em direção a Dean, Bobby e Beth, a última chorava com o choque.
-Droga! Esses desgraçados... temos que sair daqui.
-Mas e o enigma Bobby?
-É tarde, eles descobriram, precisamos voltar par o Egis Lenah, agora!
Dean deu um pouco de consolo a Beth que estava agitada e nervosa. Enquanto todos se apressavam até o Impala.
-Calma Beth, vai ficar tudo bem ok? Já acabou e vocês vão ficar a salvo, certo?
Eles tinham problemas, sem dúvida. Havia muitas aberrações e agora Matt estava ao lado delas com o enigma. Não dava para saber o que eles realmente queriam, quer dizer isso era o que Sam pensava, porque Bobby parecia entender tudo. Por falar nisso, ele ia ter que explicar essa história direitinho quando estivessem a salvo. E dessa vez a história completa!
Eles entraram no carro, Sam dirigiu porque Dean estava com a perna machucada, pra piorar a situação. Lenah e ele foram abraçados, os dois quebrados e gemendo. Beth ainda estava nervosa, era muito além da realidade ver aquilo tudo ta perto.
-Beth, eu juro que não queria te ver mal assim, desculpe.
-Não é culpa sua, foi meu primo quem fez tudo isso. – ela estava cabisbaixa. Lenah tirou uma das mãos que segurava as de Dean e tocou na amiga.
-Vai acabar tudo bem amiga e nós vamos rir disso tudo, pode apostar.
Como o sorriso de Lenah podia mudar o ambiente daquela forma? Não era possível responder, mas viver aquele momento ao lado dela era tão gostoso que Dean esquecia todo o resto.
-Enfim, lar doce lar, mal posso acreditar! – Dean estava gritando no carro.
-Menos Winchester, nossos problemas só começaram. – Bobby sabia mais do que dizia, isso era nítido!
Já estava entardecendo, o crepúsculo deixava o céu ainda mais lindo e a imagem do carvalho não no fundo da casa, vista de onde estavam descendo do carro era admirável. Sam olhou para Beth e foi consolá-la com um abraço. Lenah e Dean dividiram um abraço olhando aquela imagem. Bobby olhou os quatro e baixou a cabeça.
Eles entraram em casa. Como era bom deixar de sentir aquele cansaço só por pisar ali. Bobby foi para a sala esperar todos para mais uma daquelas conversas, ele estava visivelmente abalado. Sam se juntou a ele e Beth foi esquentar alguma coisa pra comerem. Lenah e Dean entraram sorrindo, deviam ter falado mais alguma besteira sobre estarem quebrados.
Dean se jogou no sofá, como havia feito na noite passada e Lenah o acompanhou, deitando a cabeça em seu ombro, ele beijou sua testa. Os dois ficaram ali algum tempo apenas juntos, sem dizer nada, como haviam feito no galpão. Cada um com seu pensamento distante. Depois levantaram e cada um seguiu para seu quarto, iam tomar banho e descansar um pouco. Beth foi ao quarto com Lenah, não queria deixá-la sozinha, por um instante sentiu medo de perdê-la naquela floresta. Sam preferiu ficar perto de Dean também, Bobby ainda esperava no sofá. Em alguns minutos todos estavam na sala.
-E então Bobby, pode começar – Sam tinha pressa, Beth ainda estava preparando sanduíches, pelo jeito era a especialidade de todos os texanos.
-Ok, vamos ao que interessa. Querem fazer perguntas?
-Eu quero – Lenah começou. Estava sentada ao lado de Sam, Dean ficou com a “poltrona de vovô” macia e aconchegante, tinha uma cerveja na mão e, embora ela estivesse vestindo um suéter verde escuro e uma calça Jeans nada provocantes aos olhos de Dean, ele se sentia em casa na posição em que ficou sentado, porque podia vê-la muito bem.
-Comece então Lenah - a feição era séria.
-Você me disse pra guardar aquele enigma certo? Eu guardei. Li e re-li durante muito tempo, sempre nos aniversários de morte, como você pediu. Não anotei em lugar algum e só partilhei com uma única pessoa, também sob sua orientação. – Dean estava surpreso, Sam estava preocupado. Bobby triste – Mas hoje, quando estávamos naquela situação horrível você disse para o Dean que era tarde demais e que ele deveria me trazer para Egis, como se tivesse que me proteger sob tudo. Também notei a atenção daquela vaca maldita voltada para mim. O que isso tem a ver com o enigma do selo?
Bobby estava prestes a contar tudo, quando Sam interrompeu querendo saber tudo sobre aquela história. Beth chegou com os sanduíches e enquanto comiam contou toda a parte da maldição do mago, da vingança, da bruxa, da construção da casa, do tio de Lenah até chegar ao armário de espiral que fica em cima da porta para o porão. A única parte que não se encaixava era Matt, mas Beth era esperta.
-Eu acho que o Matt foi enfeitiçado para entrar aqui e fazer tudo aquilo.
-É claro, está na cara, como foi que não pensei nisso – Sam gostou da iniciativa de Beth, ela era legal e esperta.
-Não pensou porque o ex da Lenah é um crápula e podia ser um comportamento natural daquele sujeitinho.
(Lenahn thought on)
Meu ex? Ai como o Dean é lindo, e protetor, e carinhoso, e lindo, e gostoso, e amigo, e lindo, e legal e PER-FEI-TO. Pronto Lenah Muller, chega de parecer adolescente e gritar para sua consciência que você ama muito esse homem. Nossa eu estou apaixonada, finalmente! Caramba eu só conheço o Matt, quer dizer não sei como me comportar com um cara como Dean e um dia, não sei bem quando, nem como, a gente vai... Ai que droga ele ta me olhando e quando ele me olha parece que ele lê meus pensamentos. Não, na verdade parece que eu estou nua na frente dele, aqueles olhos lindos mais parecem garras em meu corpo. Meu Deus, será que ele vai gostar do meu corpo? Sei lá, tem essa tatuagem e eu acho que estou meio cheinha. Merda! Ao invés de correr uma hora, amanhã vou correr uma hora e meia! Eu preciso parar de comer esses sanduíches. Hum mas está tão gostoso. Quer saber eu sou muito gostosa, sim, e ele vai me adorar! Posso até ver a cara dele quando vir o meu corpitcho de Kate Winslet vamos fazer loucuras! Vai ser tão bom. Nossa acho que eu devo me concentrar nesse assunto, porque é importante. Ai Dean se você soubesse como eu te desejo e te amo.
(Lenah thought off)
-Meu ex é mesmo um crápula idiota, mas eu ainda espero uma resposta senhor Bobby. E então?
-Vou ao assunto pra parar de enrolar vocês – o clima ficou pesado de novo, bem pior dessa vez porque Bobby estava sofrendo ali, era nítido – Lenah você não tem muitos conhecimentos sobre os selos, mas Sam e Dean tem. Nós estamos por aí tentando acabar com isso e eu estava tentando te proteger.
-Como assim? – O coração de Dean deu um pulo. Ele não era tão devagar pra entender as coisas não, principalmente quando lhe interessavam e ele tinha domínio – o que a Lenah tem a ver com isso? – ele olhou pra ela muito apreensivo, ela estava confusa.
-Lenah você não é filha de Eva Muller, nem irmã de Liah Muller. Você é uma semideusa, você é filha das Dríades.
(Sam thought on)
Eu estava comendo um delicioso sanduíche quando, de repente, ouço uma parte bem interessante da história de Lenah Muller, mas aí eu percebo que essa história só pode ser uma piada porque eu não estou entendendo mais nada! Uma semideusa? Isso vai ser mais complicado do que eu imaginei.
(Sam thought off)
A risada dela era gritante, não se continha de tão descomposta. Dean tinha no rosto uma expressão de estranhamento, como aquilo tinha acontecido?
-Bobby corta essa, deixa de piada. Fala sério meu, a gente quase acreditou que... – ele estava mesmo triste e o rosto era doloroso só de olhar – então é verdade? – os olhos dele estavam lacrimejosos, Dean deu um salto da poltrona e se sentou ao lado de Lenah no sofá, abraçando-a forte enquanto a crise de choro começava. Sam levantou, colocou a mão no queixo e começou a olhar para os lados, coçando a cabeça, procurando entender aquela informação louca. Beth estava com a boca aberta, os olhos parados e um filme passava em sua mente.
-Bobby, não pode ser. Nós já combatemos semideuses, lembra? Aquele que me fez brigar com Dean e...
-Não Sam, não há como negar. Se o que você quer dizer é que eles tinham poderes ou um significado específico não vai se surpreender quando souber que esse lugar só tem poder quando Lenah está aqui, que o Marvin foi conduzido a fazer essa casa virar uma espécie de sinônimo de significado místico, significado sobrenatural, mas principalmente natural. Lenah é filha de uma das Dríades. Pra ser mais específico... – foi interrompido por Beth.
-Daquele carvalho no quintal não é? – ele consentiu – eu percebi assim que você disse o nome Dríades. Eu e Lenah adorávamos estudar mitologia grega na faculdade e essa história não poderia ser esquecida por nós, com um carvalho tão grande na casa dela. – Lenah chorava, estava ligando as peças do quebra-cabeça. Dean abraçava ela mais forte a cada soluço- são ninfas associadas ao carvalho, cada dríade nascia junto com uma determinada árvore, da qual ela exalava. Lembro que dríade vivia na árvore ou próxima a ela e que quando a sua árvore era cortada ou morta, a divindade também morria e os deuses puniam quem destruía uma árvore. – Agora Lenah estava sem forças de tanto choro.
-Então – Sam pensava e ligava uma coisa à outra – quer dizer que o motivo de não entrarem aqui é a dríade que protege Lenah, porque, bem, ela é sua mãe?
-Não! – Lenah gritou se soltando dos braços aconchegantes, Dean segurou sua mão, não sabia o que dizer – Por que nunca me contou nada Bobby? Agora faz sentido todo aquele enigma. Eu sou filha da natureza não é? – ele consentiu com a cabeça. Dean deu um beijo no rosto de Lenah e concluiu o pensamento da garota.
-Isso quer dizer que Lenah é o selo a ser quebrado, o que desperta a ira da natureza – uma pausa e um silêncio repentino - Mas então o inferno acabou de se foder, porque ninguém vai encostar mais nenhum dedo nessa moça aqui – ele se levantou e falava com gestos firmes, tinha uma certeza no olhar. Pegou a garrafa de cerveja que estava perto da poltrona e deu um gole, depois virou para a garota e falou – porque Dean Winchester não vai deixar.
Findas as revelações bombásticas, o melhor a fazer era descansar. Já era noite e o clima estava muito pesado. Beth ficou conversando com Sam na sala, contando mais detalhes que ele não conhecia, ela com certeza não voltaria para casa e a essa altura Matt já devia ter sido morto pelas bruxas, ao menos era o que eles imaginavam. Bobby estava desolado e foi para seu quarto. Lenah queria dar uma boa olhada no carvalho ao amanhecer, mas agora sua cama era o suficiente.






Chapter 7

(Lenahn thought on)
Eu não vou deixar uma notícia como essa me abalar, Não vou mesmo! Eu sou filha da minha mãe e árvore nenhuma vai ficar pensando que tem poder sobre mim. Eu sou Lenah Muller e não uma barata! Não vou ficar chorando por uma informação que nunca fez diferença nenhuma em minha vida, não vou MESMO! Aliás, eu sempre soube que era uma semideusa. Semi porque não tinha meu deus grego, mas agora eu tenho meu bem e essa noite vai ser maravilhosa, porque eu vou fazer ela acontecer, não é espelho? Sim, você concorda. Qual a melhor peça? Bem acho que Dean é sexy e gosta de mulher sexy. Ótimo porque é o que vai ter essa noite. Vou deixar meu lado deusa completa agir e usar... deixa eu ver... essa camisola vinho! Claro é perfeita, tem a cor do meu bebê, que o Dean por sinal adorou, além disso, o detalhe das rendas deixa a peça muito sensual. Pena que esse corte em meu rosto está assim tão evidente, mas tudo bem. Acho que aquele gnomo idiota me deu uma dose de veneno mesmo, ainda bem que Beth conhece tudo sobre ervas e chás. Caramba eu vou arrasar, só preciso saber como trazê-lo até aqui.
(Lenah thought off)
(Dean thought on)
Droga, essa revelação estragou todo meu clima com a Lenah. Agora eu entendo porque eu sentia aquele cheiro gostoso de orquídeas. Mas que merda! Quando eu penso que estou me envolvendo com uma mulher normal me vem uma notícia dessas. Cheguei a conclusão que tenho queda por seres de outro mundo. Droga! E logo hoje que eu estava pensando em dar uma passadinha no quarto dela, se bem que ainda há tempo. Essa cerveja está deliciosa. Hum deliciosa, só de pensar... Mas não, ela estava muito triste. Acho melhor eu ir consolar... Cara você ainda nem beijou ela, seu babaca! Caramba, eu nem percebi isso, parece que conheço ela há tanto tempo. E aquele corpo? Uau, ela esconde muito bem aquele paraíso, uma deusa!
(Dean thought off)
Ele estava sentado na cama com a garrafa de cerveja na mão, de repente deu uma gargalhada:
-E pior que ela é uma deusa mesmo. Cara, isso vai ser como estar com as ninfas gregas, literalmente – ria consigo analisando o que tinha dito.
Alguém bateu na porta.
-Tudo bem aí Dean?
-Oi Leninha, eu já vou abrir- ele se apressou em colocar o roupão, Dean dormia nu quando Sam não estava no mesmo quarto e há tanto tempo eles dividiam o mesmo quarto que estava desacostumado com o prazer de dormir nu – é que eu estava... – ele abriu a porta, apontou para trás e não conseguiu terminar a frase, hipnotizado com aquela mulher na camisola vinho. O que tinham feito com a Lenah dele? Alguém trocou a mulher? Uma diva sedutora!
-Posso entrar – ela estava irresistível e a voz era de uma profissional, sabia como deixar um homem louco, era evidente. Ele sorriu malicioso, mexeu a cabeça de lado, de um jeito muito sexy, deu espaço para ela passar.
-Claro.
-Como esse quarto é quente né, Dean? – ela olhava para os lados e fazia uns movimentos pausados, que saiam como a voz. Se o quarto era quente ele não fazia ideia, mas o corpo dele estava bem quente nesse momento, tanto quanto o dela, embora eles ainda não tivessem se tocado.
-Eu ia ao seu quarto agora mesmo, quer dizer eu estava pensando nisso. Quer dizer, não nisso, mas... é... bem... – Caralho, aquele sorriso gostoso outra vez. Só pra ele. Não dava mais pra segurar, ele estava demasiadamente excitado.
-Eu entendi toupeira bobinha – ela se aproximou e deixou-o segurá-la pela cintura, após dar uma olhada de cima a baixo na deusa Lenah, que tocou com o dedo indicador a ponta do seu nariz, em um gesto de afeto. Ele baixou o tom de voz, quase sussurrante, o que deixava o clima muito mais sexy e fazia com que o corpo dela tremesse em seus braços. Era como um vento frio que subia por suas costas e percorria todo seu corpo, dando choquinhos de excitação.
-Pensei que você estaria desapontada com toda a história, mas prefiro te ver assim. – ela encostou a boca na orelha dele e sussurrou.
- As deusas superam. Mas me diz, assim como?
Dean puxou seu corpo para perto do dele, os dois estavam colados, parecendo um só. Os lábios que esperavam desde a nascer do sol finalmente se tocaram, liberando faíscas que saltavam daqueles corpos excitados. As mãos passavam demasiadamente devagar e quentes no corpo feminino esculpido pelos anjos. Ah, os anjos deviam sofrer tanto por não poderem sentir o que Dean estava sentindo. As línguas passeavam adocicadas. Era uma boca macia e carnuda a daquela filha da natureza, filha da força, filha da beleza natural. Ela era a simplicidade, assim como todas as flores, árvores e plantas são: simplesmente perfeitas. Sem tirar nem por. Como aquela orquídea sensual escondia seus dotes e seu calor. E agora, como aqueles olhos maravilhosos, de um castanho tão claro e profundo, lambuzavam-no como o mel, deixando um rastro adocicado por seu corpo, buscando-o para si. Olhos que o devoravam com a intensidade do prazer. Uma mulher tão forte e tão frágil. Quando sorria tinha o brilho do sol em seu rosto de ninfa, de anjo, de deusa. Uma deusa menina. Não, ela não era uma filha de Eva. Todos aqueles sentimentos em um beijo.
As mãos deslizavam por aquele corpo forte e tão gostoso. Tão saborosamente perfeito. Ela jamais amaria assim novamente e sabia disso. Era a primeira vez com o amor de sua vida, com o homem dos seus sonhos e jamais seria tão bom quanto naquele momento, porque a emoção do primeiro encontro com o amor é inesquecível e incomparável. Desceu suas mãos até o cordão do roupão e abriu-o bem devagar. Ela sabia exatamente o que estaria por traz daquela roupa. O paraíso. Ela não tinha palavras para descrever aquele momento, as únicas que lhe surgiam instintivamente eram prazer e amor. A camisola escorregou pelo corpo moldado, realmente as curvas que ele tinha admirado mais cedo eram dignas da adrenalina em Mustang, mas seria ele a pilotar naquela estrada.
Trouxe o corpo dela pra perto do seu beijou-o suavemente, até que o prazer explodiu as ações daquela mulher. Uma deusa ou uma rainha? Como ela conhecia tão bem os seus gostos, as suas preferências? Parecia ler seus pensamentos e talvez seus poderes de deusa pudessem prevê-los, afinal ela era a natureza e a natureza conhece muito bem a vontade dos homens. Seria uma noite surpreendente.
Na sala Beth e Sam tomavam um delicioso vinho e conversavam sobre as aventuras do Winchester mais novo. Como sempre, Beth teve a sensibilidade de colocar uma música, calma e gostosa, para embriagá-los juntamente ao vinho. Do quarto de Dean, o casal apaixonado podia ouvir a canção de Joss Stone, que marcou tão perfeitamente bem aquele momento sensual e inesquecível.

Feels good
Sinto que é bom
Feels good to me
Sinto que é bom para mim
Feels good
Sinto que é bom
Feels good to me
Sinto que é bom para mim
Drifting on a memory
Mergulhando em uma lembrança
Ain't no place I'd rather be, no,
Não há lugar em que eu preferiria estar
Than with you
Do que com você
Loving you
Amando você
Day will make a way for night
O dia fará um caminho para a noite
All we need is candlelight
Tudo o que precisaremos será a luz de velas
And a D'Angelo song
E uma música de D’angelo
Ooh, so soft and so long
Bem suave e longa
Glad to be here alone with a lover like no other
Feliz em estar aqui com um amante como nenhum outro
Sad to see a new horizon slowly coming into view
Triste por ver um novo horizonte vindo devagar
I wanna be living for the love of you
Eu quero viver para o seu amor
All that I'm giving is for the, for the love of you
Tudo que tenho dado é para o seu amor
Lovely as a ray of sun that touches me when the morning comes
Adorável como um raio de sol que me toca quando a manhã vem
Feels good to me
Sinto que é bom pra mim
My love and me, ooh
Meu amor e eu
Smoother than a gentle breeze
Mais delicado do que uma brisa suave
Blowing through my mind, weary
Soprando em minha mente
Soft as can be when you're loving me
Tão suave como quando você está me amando
When you're loving me
Quando você está me amando
Love to be riding on the waves of your love
Adoro estar viajando nas ondas do seu amor
Enchanted with your touch
Encantada com o seu toque
It seems to me we can sail together in and out of misery
Me parece que podemos velejar juntos para longe da tristeza
I wanna be living for the love of you
Eu quero viver para o seu amor
All that I'm giving is for the love of you
Tudo o que tenho dado é por seu amor
I wanna be living for the love of you
Eu quero viver para o seu amor
All that I'm giving, giving, ooh, is for the love of you
Tudo o que tenho dado é por seu amor
Paradise I held within
Guardei o paraíso dentro de mim
Can't feel insecure again
Não me sinto insegura de novo
You're the key
Você é a chave
Oh, this I see, this I see, ooh
Isso eu vejo, isso eu vejo
Now I'm there and I lose my way
Agora estou lá e perco meu rumo
Using words to try to say what I feel
Usando palavras para tentar dizer o que sinto
I feel that love is free
Sinto que o amor é livre
I know that love is free
Sei que o amor é livre
I might as well sign my name on a card which can say it a whole lot better
Eu posso muito bem assinar meu nome em um cartão que dirá muitas coisas bem melhor
Ooh, only time will tell
Apenas o tempo dirá
Cause it seems that I've done just about all that I can do
Pois me parece que acabei de fazer tudo o que posso
I wanna be, ooh, I wanna be living
Eu quero viver, quero viver
I wanna be living, living for the love of you
Quero viver, viver pelo seu amor
I wanna be giving, giving, ooh
Quero estar entregando
All that I'm giving is for the love of you
Tudo o que estou dando é para o seu amor
Oh, it's for the love of you
Por seu amor
I just wanna be giving all my love to you
Eu quero apenas dar todo o meu amor para você
Each and every day
A cada e todo dia
That's when I'll be giving all my love to you
Aí será quando eu estarei dando todo o meu amor a você
That's all I wanna do
Isso é tudo o que quero fazer
I'm giving all my love to you
Estou dando todo o meu amor pra você
You know that I'm living for you
E sei que estou vivendo por você
Ooh, to love you
Para amar você










Chapter 8

Sam e Beth já tinham ido se deitar. Bobby passou um tempo triste no quarto, pensando no que estava por vir, não tinha uma companhia naquela noite, mas o pior não era essa sensação. O pior era o medo de perder Lenah que havia lhe assombrado naquele dia. Teria de perseguir e matar aquela bruxa maldita, por isso era melhor dormir tranqüilo e acordar disposto.
O casal estava abraçado, olhando um para os olhos do outro, saboreando as últimas ações. Era tudo tão excitante, tão gostoso, que pareciam ser os únicos seres do planeta a desfrutar daquele sentimento. Mas eles queriam mais. Era a sede de amor.
-Dean.
-O que é meu amor?
-Eu não estou acreditando nesse momento.
-Nem eu.
-Nunca foi tão bom assim. – ele passou a mão nos cabelos dela, trouxe seu rosto pra perto e deu-lhe um beijo.
-Nunca meu amor, nunca.
-Quero te mostrar uma coisa – disse se desvencilhando dele e levantando da cama. O corpo nu deixou-o estático por um momento, apreciando. Depois se movimentou na cama com preguiça.
-Não Lenah, não – a voz manhosa – volta aqui, fica aqui.
-Amor – ela já tinha vestido a camisola encantada; aproximou o rosto segurando o dele com as duas mãos e lhe dando um beijo – vem comigo. Quero te mostrar uma coisa – Como é que se diz não a uma mulher como aquela?
-Pra onde? – ele estava levantando e vestindo um jeans, com muita preguiça, ficou sem camisa mesmo.
-Surpresa – ele lhe deu um beijo longo – vamos?
-Está bem.
Abriram a porta com cuidado, olharam para a sala, a garrafa de vinho estava no chão, parecia que alguém mais tinha sido flechado pelo Cupido. Atravessaram o corredor e foram ao quarto de Lenah. Estava frio, ela puxou um cobertor do baú da cama e pediu para que Dean segurasse. Foi até o guarda roupa espiral e abriu o alçapão para o porão.
-Lenah, no porão? Eu sabia que você era maluca, mas não fazia ideia dessas fantasias... – ela interrompeu com um beijo.
-Cala a boca toupeira. Me segue, vem.
Ainda falava daquele jeito sexy e sensual. Os olhos deixavam as intenções claras. Os dois desceram pela escada estreita, Lenah acendeu a luz. O porão tinha diversas estantes de madeira, que abrigavam pequenos frascos com essências ou poções. O aroma era tão gostoso quanto o que exalava de Lenah. Ao lado dos frascos, havia estantes com mais daqueles porta cd’s diferentes que ela colecionava, além de discos de vinil e um aparelho antigo de rádio. O lugar destinado a guardar o enigma devia ser aquela mesinha enfeitada, em que haviam fotos dos familiares em meio a velas e incensos, já utilizados.
-Gostei da sua coleção de vinis – falou deixando a coberta próxima a escada.
-Eu disse que lhe mostraria que sou uma garota rock meu bem – ele olhou hipnotizado o, habitual e inigualável, sorriso. Deu um beijo e acariciou a mulher de seus sonhos – Dê uma olhada querido. Aposto que vai encontrar suas bandas favoritas, tem alguns discos que são edições de colecionador.
-Uau! – ele deixou os braços soltarem aquele corpo magnífico e foi a uma das estantes – High Voltage, do AC/DC – deu uma olhada de perto com cara de estranhamento– mas está completamente roído pelas traças.
-Sério? – ela foi até ele espantada.
-Claro que não bobinha – ela fez uma cara de brava e ele colocou o vinil no lugar para lhe dar mais um beijo.
-Eu te trouxe aqui pra pegar uma fita demo tape, sei que seu... – ela se curvou para abrir uma caixa e se levantou com uma fita na mão – carro, tem toca fitas – A sobrancelha dele ficou levantada, compondo um rosto malicioso, suas mãos envolveram a cintura da morena.
-Carro?
-Esse porão vai dar na garagem 1, que é a garagem... do seu Impala – agora era ela quem fazia o rosto malicioso, tanto quanto a voz.
-É mesmo? E o que você pensa em fazer no meu Impala?– ele deu ênfase na última palavra.
-Ouvir essa fita, quem sabe?
Mais um beijo e ele pegou o cobertor, para subirem até a garagem, que não era assim uma garagem propriamente dita, já que não passava de um puxado de madeira, com uma porta de madeira e muitas madeiras empilhadas na lateral. Tudo era rústico naquele lugar, mas Dean adorava estar lá, com ela.
Entraram no carro, Lenah colocou a fita.
-Eu sempre quis fazer sexo no seu Impala.
-Como é que é? – Eles estavam sentados respectivamente nos bancos de motorista e carona, como quando na Kombi, mas dessa vez ele “guiava”.
-Você não pode negar a popularidade da dupla dinâmica dos Irmãos Winchester!
-Shii, fala mais baixo sua maluca, vai acordar todo mundo lá dentro e vão nos pegar aqui – eles riram.
-E como eu sempre recebi caçadores e – ela pigarreou – caçadoras, aqui no Egis, ouvi muitas de suas peripécias Sr Dean Winchester – ele ficou encabulado, passou a mão na cabeça e olhou com cara de culpado pra ela, que riu.
-Eu não fazia ideia de que as mulheres comentavam sobre mim assim tão longe – ele riu e ela fez uma cara sarcástica.
-Menos, bem menos toupeira.
-Quer dizer que você já sonhava comigo, como uma adolescente bobinha é?
-A sim!!! Claro que não né palhaço. Eu, bem... tinha namorado – ele voltou a atenção para ela como se estivesse lembrando do dia que passaram – e por isso o que realmente queria – ela mudou o tom de voz para descontrair, pois viu as ruguinhas na testa do Winchester – era o seu carro!
-Meu carro?
-Vai dizer que ele não é perfeito? Eu adoro carros, sempre quis ter um carro antigo e uma Kombi, quando comprei meus bebês, quase morri de felicidade, são quase o que eu mais amo.
-Eu também sou assim, na verdade. Sabe de uma coisa realmente legal Lenah? – ela olhou atenta com cara de empolgação, a conversa estava ótima – eu ia ganhar uma Kombi do meu pai e sempre pensei em ter um Mustang – ela se aproximou e os dois voltaram a se tocar e se amar, bem ali no carro dos sonhos. Lenah aumentou o volume, que mal podia ser ouvido ainda assim, para não despertar ninguém, e mais uma vez, a música tematisou aquele encontro de corpos, agora com um ritmo muito mais ao gosto de Dean, mas que não deixava de satisfazer Lenah. Era o ápice da luxúria e eles estavam sem um pingo de sono.

Hey sugar baby, so hot and tasty
Ei docinho, tão fogosa e gostosa
Come on give me some love, you're driving me wild
Venha me dar um pouco de amor
It's way past midnight, why don't we take a ride?
Você está me deixando louco
We'll make some honey as we're cruising real slowly
Já passa da meia-noite Por que não damos um passeio? Faremos um pouco (de amor), querida Enquanto cruzamos o mar lentamente
Let’s make it, don't waste it
Vamos fazer isso, não desperdice
Let’s make it, come on and taste it
Vamos fazer isso, venha e prove
I'll be your ladies man, if you'll give me the chance
Eu serei seu mulherengo, se você me der uma chance
Well keep a jumping till the music run dry
Bem continue pulando até a música parar
And if we take a rest, we'll smoke some cigarettes
E se nós pararmos para descansar, fumaremos alguns cigarros
And start a smoking going out of control
E uma fumaceira começará a ficar fora de controle

Vidros embaçados, corpos colados, o dia vai amanhecer em algumas horas, mas o frio da madrugada continua embalando a vontade de se conhecer, de dividir o que sabem. Prazer e amor, a mistura perfeita. Eles têm a dose certa, a voltagem exata.
Quem diria Dean Winchester, o mulherengo caçador de demônios enfeitiçado por uma semideusa texana, que exala o perfume de orquídeas, flores que ele nem recordava a “feição”. Como era boa a sensação de prazer saciado e como ele poderia recomeçar a qualquer momento com aquela mulher absolutamente deliciosa.
-Eu te amo Lenah.
As palavras saíram intuitivamente, não era algo planejado, nem vieram com intenção, simplesmente saíram. Ela olhou surpreendida: aquele homem perfeito, colado a seu corpo, dizendo aquelas palavras clássicas em seu ouvido. O Time Sex era visivelmente substituído pelo Time Love.
-Eu te amo Dean.
-Quero ficar com você Lenah, não sei como, mas eu quero.
-É o que eu quero também meu amor, pra sempre.
-O que você tem? Como você consegue fazer isso comigo pequena? Como? – ele olhava os olhos castanhos procurando uma resposta.
-Não sou eu, nem é você. Somos nós dois, meu amor. Nossas almas se pertencem muito antes de nascermos, eu tenho certeza.
-Você e seus significados – ele olhou para o teto, pensativo – ficou um ou dois minutos assim.
-Dean.
-O que é amor?
-Eu posso te fazer perguntas?
-Perguntas?
-Sim, eu sempre quis fazer perguntas para o homem dos meus sonhos.
-Que tipo de perguntas – ele encostava ainda mais o corpo ao dela e continuava olhando para o teto, rindo do jeito de menina que aquela mulher tinha em si.
-Ora, perguntas. Você já deve ter feito milhares e respondido outras tantas.
-Ok, pergunte princesa.
-Quero saber qual sua música favorita, com quantos anos deu seu primeiro beijo, como foi sua primeira vez, qual a coisa mais estranha que você já fez e quero saber de algo que você nunca tenha dito a ninguém – ela falou em um disparo, que deixou Dean confuso. Ele achou engraçado.
-Ei, ei mocinha. Calma aí. Uma de cada vez.
-Ok, responda apenas à última, vale por todas.
-Quer saber de uma coisa minha que eu nunca tenha dito a ninguém?
-É.
-Têm várias. Bem... Minha estação favorita é o outono, adoro ver as folhas caindo nos quintais. Eu adorava estudar álgebra no colégio. E... acho que se eu pudesse ter um poder, gostaria de voar.
As palavras saíram tão simples e tão verdadeiras que Lenah não evitou se emocionar.
-Ah não lenah, sem choro... foi você quem perguntou meu amor – ele beijou a testa dela. Ela riu pensando no estado emocional.
-Desculpa príncipe, é que você foi tão fofo.
-Mulheres! – ele riu- me diga agora algo que nunca falou pra ninguém, é sua vez.
-Bem... – ela pensou – eu nunca li e nem assisti Harry Potter, porque eu odeio bruxas. Eu nunca troquei a fita do Mustang, por pura superstição e uma vez, há muito tempo, eu vi a dríade do carvalho.
Dean ficou bem assustado com a última revelação. Imaginou que aquilo era difícil de dizer, levando em conta a proximidade dos acontecimentos. Resolveu não dizer nada, imaginando que ela preferisse o silêncio, mas Lenah continuou.
-Ela veio em um sonho e não fez nada além de me olhar. Eu era criança e brincava com minha irmã, mas de repente nossas mãos se desprenderam e ela levou Liah dali – Lenah cobriu o rosto com as mãos, emocionada.
-Shii, não fala nada meu amor – Dean a abraçou.
-Não sei o que vai acontecer quando acordarmos amanhã Dean, porque as coisas estão confusas.
-Não vai acontecer nada meu anjo, nada. Eu estou aqui, se Gourdoun aparecer eu acabo com ele, minha perna está bem melhor, já não sinto nada com aquelas ervas da Beth.
-Dean, eu sei que você vai fazer de tudo para me proteger, sei que você é corajoso, mas por favor, cuide mais de você do que de mim. Eu mataria o Gourdoun se ele te fizesse mal – eles estavam abraçados, temendo um pelo outro.
-O que é uma bruxa velha e um playboy imbecil para Dean Winchester, em Lenah Muller? Nada. Eu e o Sam vamos dar um jeito nos idiotas, como sempre fazemos. Fica relaxada e pode parar de pensar besteira, já é hora de dormir.
-Eu te amo Dean, pra sempre.
-Eu te amo muito mais Lenah, meu ar.
Deram um beijo e dormiram, no aconchego daquele carro, ao som de AD/DC. E tudo foi perfeito, até o amanhecer.
Sam despertou bem cedo, quase ao mesmo tempo em que Dean e Lenah dormiram. Ele estava muito inquieto desde a noite anterior, meio tonto com o vinho, mas feliz por conhecer Beth melhor, ela era encantadora, muito esperta e interessante. O barulho que ouviu na cozinha devia ser ela ou Bobby, resolveu ir até lá. Cumprimentou o velho amigo e conversaram sobre o que fariam para capturar e matar a bruxa, quebrando a maldição do selo. Se a bruxa sumisse, com certeza os demônios também partiriam da cidade, pois só estavam em Round Top por causa da velha Ignácia. O ideal seria prendê-la e queimá-la, era a única saída, mas para isso teriam que se livrar da munição extra que a bruxa trazia. Enquanto bolavam um plano Beth apareceu meio sonolenta e se juntou a eles. Depois de tomarem o café da manhã Beth alimentou os animais e fez boa parte do trabalho de Lenah, que não estava no quarto, nem em nenhum dos cômodos, mas como Beth viu o alçapão do porão aberto, presumiu que estivesse na garagem com Dean.
-Onde estão os dois que não acordam? Já é quase hora do almoço, precisamos sair para a caçada.
-Se eu fosse vocês esperaria acordarem, talvez a cena não seja tão agradável para uma manhã – Beth riu.
-Beth tem razão Bobby, além disso em Egis estamos prote...
A fala de Sam foi interrompida por um estrondo gigantesco que vinha da garagem, Bobby se moveu depressa para pegar as armas na sala, Sam também, Beth foi até o quarto de Lenah buscar algumas poções, talvez eles precisassem. Seria um ataque? Mas como?





Chapter 9

Minutos antes Dean havia despertado. Acordou Lenah com algum carinho e disse que buscaria alguma coisa pra comer, pois seu estomago estava roncando. Ela continuou deitada no banco do carro, o som não estava mais ligado. Ela estava com os olhos fechados e um sorriso no rosto, pensando na noite maravilhosa ao lado do homem perfeito. Dean vestiu as calças e caminhava até a porta que ligava a garagem até a sala e a recepção, quando foi surpreendido por uma imagem que nunca mais sairia de sua cabeça.
Com certeza era a garagem, Matt tinha certeza que era. Repetiu diversas vezes sobre a construção, mas aquela bruxa velha não fazia a menor questão de lhe dar ouvidos. Dizia: “filho de adão, você está nos levando para a morte”. Não Matt não foi enfeitiçado, ele foi chantageado pela bruxa que havia feito o pacto com seu pai há tantos anos atrás. Ela queria o selo, Gourdoun dinheiro, dessa maneira o melhor era ser o responsável pela garota, ficar na cola dela até que descobrissem aonde guardava o enigma. A princípio acharam que o enigma estivesse em algum símbolo, mas pelo que Matt dizia ao pai, não havia nada lá que remetesse ao enigma, foi preciso muito esforço para saber do pedaço de papel no porão. Era tão óbvio, como ele não tinha se dado conta? Depois disso, o que precisava era de um plano para roubar o enigma e da certeza para descobrir a falha na segurança de Egis. Sim, era a garagem.
Matt tinha uma caminhonete gigantesca, que só usava em suas aparições em cidades grandes e importantes, como as da Califórnia. Adorava ir para lá, queria que Lenah o acompanhasse, mas a teimosa nunca teve vontade de se exibir com ele. Para que tanto dinheiro se preferia ficar no meio do mato, com aqueles móveis horríveis e aquela vida medíocre? Ele estava farto dela. Resolveu fazer ele também um pacto, mas não com a bruxa. Conseguiria destruir a proteção, quebrando parte dos símbolos e em troca teria poder e fama. É claro que Azazel, o demônio com quem pactuou, faria questão de possuí-lo e romper ele mesmo o selo, assim que a proteção fosse quebrada.
Bobby levantou mais cedo, conseguiu falar com Castiel, que não conseguiria entrar ali, mas prometeu rondar com sua hierarquia celestial, os arredores da Egis, para evitar a quebra do selo. Ele, no entanto, disse a Bobby que havia recebido uma revelação e que nela o amigo seria levado por ele e por uma mulher para o Kansas, com os olhos fechados - o que Bobby interpretou como sua morte. É claro que ele salvaria Lenah, mas para isso morreria e Castiel o levaria para o Kansas junto da menina.
Matt entrou na caminhonete, era sua chance de ouro, ficaria rico!
Dean estava prestes a sair, a porta estava entreaberta. Quando olhou para traz e viu aquele imenso carro entrando garagem adentro em alta velocidade. Lenah ainda cochilava feliz, quando a porta da garagem foi arrebentada, atingindo o Impala de Dean. Os cacos de vidro voaram para todas as partes, estourando a frente do belíssimo carro e cortando o rosto da maravilhosa mulher. A frente foi amassada com muita facilidade, já que o carro estava em alta velocidade e era bem maior que o de Dean. Ele, que estava do lado, observou a cena em câmera lenta, ouvindo os pneus cantarem e a mulher de sua vida ser atingida por todos os vidros que caíram em seu corpo. Provavelmente as pernas estavam presas nas ferragens e o pensamento de Dean, que também foi atingido pelo estrondo, tendo a madeira da garagem machucado seu braço, jogando ele contra a porta, viu um Matt Gourdoun desgraçado saindo quase ileso da caminhonete destruída. Lenah havia gritado de dor, junto com o estrondo.
As pessoas de dentro da casa, logo estavam para fora, mas era tarde para tentar deter Gourdoun, porque teriam de se ocupar com os cinco demônios e a bruxa que estavam ali. Provavelmente a movimentação e o barulho que ouviam de luta eram os anjos e demônios ao redor do hotel. Eram muitos para tão poucos, Bobby sabia disso. Sua cabeça mal pode pensar no que havia acontecido a Lenah, ele não podia ver mais que poeira na garagem.
-LENAH! – o grito foi muito alto e o ódio que se juntava a voz, ainda maior. Ela não respondia, mas Dean pode ouvir sua voz gemendo, como se fizesse força, provavelmente para tirar as pernas das ferragens, ela chorava, ele sabia.
-Olá Winchester, sentiu saudades?
Aqueles olhos, o demônio de olhos amarelos. Como era possível? Desgraçado! Ela estava ali para matar mais uma das mulheres importantes da vida dos Winchester, como? Desgraçado. Dean acabaria com ele, mas estava sem armas, estava seminu, apenas com as calças. Oh Meu Deus! Ele precisava de ajuda.
-SAM!
A voz do irmão veio como um raio cortando a mente de Sam, Dean estava em perigo. O Winchester correu até a garagem, se desvencilhando dos demônios com balas de sal grosso. Ele já havia sido atingido pelo demônio, que dominava o corpo de Matt. Sam reconheceu os olhos, eram os mesmos que... desgraçado!
Lenah estava fraca, mal podia se mexer com as pernas presas. Ignácia entrou por uma fresta até a garagem e enquanto Sam e Dean lutavam contra o demônio, que estava visivelmente mais poderoso, a bruxa puxou Lenah pelos cabelos, tirando ela do carro a força, machucando suas pernas cruelmente. O grito de dor das pernas quebrando foi uma facada no peito de Dean, ela chorava e ele não podia sair dali, pois o demônio não deixava, atacando a ele e Sam com muita habilidade e força. Dean estava machucado e Sam não conseguia entender porque seus poderes estavam tão pequenos perto dos de Azazel.
Beth fez uma roda de proteção com sal grosso ao redor dela e de Bobby, mas o amigo saiu sendo ferido em cheio por um dos demônios. Castiel interveio com seus anjos, já havia se livrado dos demônios que estavam ao redor de Egis. Bobby caiu e bateu sua cabeça em uma pedra. O sangue jorrava e ele ficou desacordado.
-Temos que tirá-lo daqui, você precisa vir comigo.
-Para onde? O que está havendo? – Beth estava chorando assustada.
-Venha comigo.
Castiel tocou o braço de Beth e de Bobby, os três desapareceram. Nesse momento Dean e Sam foram arremessados da garagem por Azazel enquanto Lenah gritava de dor ao ser arrastada por Ignácia, que estava a caminho do carvalho. Lenah debatia os braços tentando tirar as mãos da bruxa de seus cabelos, há essa hora sua camisola vinho estava empoeirada e rasgada, coberta do sangue que saia dos machucados em seu corpo, seu rosto estava muito machucado e a força que fazia era superior a de qualquer mortal. Dean estava caído no chão, Sam olhou a bruxa ao longe e tomou forças para enfrentar Azazel, ao se indignar com aquela situação. Dean parecia muito mais fraco, mas com ainda mais ódio no rosto. Sam golpeou o demônio e Dean deu uma facada em seu peito.
Os demônios e anjos se enfrentavam naquele espaço imenso que ligava a casa aos galpões e a árvore. Ignácia chegou bem perto da árvore e jogou o corpo de Lenah no chão. Nesse instante os anjos e demônios desapareceram. Azazel não era mais do que uma fumaça negra saindo do corpo desfalecido de Matt. Observando aquilo chocado Sam apoiou o irmão para que chegassem até Lenah e a bruxa. Não sabiam onde estava Bobby e Beth, mas Bobby já havia adiantado uma parte da história para Sam naquela manhã, não foi difícil presumir que os dois sumiram com Castiel.
Eles estavam próximos quando uma luz gigantesca saiu da árvore e veio até a frente da bruxa, que falava algumas palavras em uma língua desconhecida, possivelmente grego. A luz se posicionou diante de Lenah e da bruxa, que parecia xingar e mal dizer, quando, de repente, surgiu do chão uma espécie de raiz que foi contornando o corpo da bruxa e apertando, como uma serpente que se enrola e quebra os ossos da presa. Dean estava próximo e queria proteger Lenah, mesmo sendo muito tarde para não deixá-la se ferir. Sam soltou seu irmão e como em câmera lenta Dean se ajoelhou diante de Lenah, que ainda chorava muito, por todos os ferimentos. Ele limpou com as mãos o rosto ensangüentado e beijou sua testa.
-Vai ficar tudo bem meu amor, você vai ficar bem.
Sam estava emocionado demais para ter qualquer reação, abaixou a cabeça relembrando da mulher que havia perdido há alguns anos atrás, relembrando também o rosto da mãe, sentiu as lágrimas quentes escorrerem. Dean estava abraçado ao corpo de Lenah, ambos sofriam muito. Ignácia foi estrangulada pelas raízes da luz, que ainda era muito forte em frente a eles. Então surgiu dessa luz uma bela mulher nua, de cabelos escuros e gigantescos e se aproximou de Lenah e Dean.
Algumas pessoas já relataram suas vidas passando em seus olhos na hora da morte, é habitual ouvirmos essa história. Tão habitual quanto triste. Mas o que passa nos olhos da pessoa que amamos quando estamos morrendo nos braços dela? É impossível sabermos ou ouvimos o que vem depois do último beijo.
A mulher se debruçou chorando, mas não tocou em Lenah. Ela fez um sinal em seu corpo, levantou- se e ficou em frente à árvore, que de repente, como se ganhasse vida, fez da mulher parte de si, sendo possível observar os traços do corpo em seu caule. Foi quando Dean ouviu uma voz rouca, baixa e muito fraca.
-Dean...
-Shii, não fala nada meu amor, eu vou te tirar daqui e vai ficar tudo bem, ok? Nós vamos sair juntos dessa, está bem? Fica quietinha, não se esforça.
-Dean eu te amo. Me abrace querido, só por um momento.
Mais do que apertar os braços o máximo que pode, tentando passar aquela dor para seu corpo e salvar aquela mulher, Dean lhe deu um beijo. O corpo de Lenah brilhou tanto quanto o da mulher que saiu da árvore e Dean foi obrigado a soltá-lo, sem tirá-lo de perto de si. No lugar daquela mulher machucada e horripilantemente maltratada, daquela mulher tão linda e tão feliz, tão simples e meiga, tão engraçada e sorridente, tão sexy e maravilhosa, havia agora uma orquídea. Uma simples flor branca com manchas cor de vinho.
-NÃO! – o grito ecoou.
Um grito seco, cortante. Um grito de dor, de aborto, de solidão, de perda. Um grito atormentado, infeliz, desgostoso, angustiado, aflito. Era um grito triste e cortante que atravessava a garganta de Dean. Os ossos de Sam estremeceram em ver aquela cena, seu instinto fez com que abraçasse o irmão, mas esse levantou indignado olhando as mãos vazias, os braços indignos e empoeirados, sem a sua mulher.
-LENAH!
Ele gritava olhando para o céu, tentando ver algo que explicasse aquele pesadelo, talvez um sinal de Deus, mas não houve nada. De repente, um vento muito forte começou a soprar e carregou a orquídea para longe. O vento começou a ficar cada vez pior e Sam puxou o irmão com muito esforço para dentro do galpão onde ficavam os carros de Lenah. Puxou o irmão para aquele cenário que significava tanto para ele, mas que agora não tinha o menor sentido, porque Lenah não estava ali. Nem mesmo o corpo. Lenah havia partido, mas ele não queria entender, não podia, não conseguia. Era muito para ele, era demais para sua cabeça. Como?
Olhou a Kombi verde o Mustang vinho. Vinho. Ele tinha sido embriagado por aquele amor e agora o que restava? Meu Deus, Lenah estava MORTA! Lenah, a sua Lenah, a pequena, a princesa. Um ataque de choro repleto de soluços foi acompanhado pelo consolo sincero do irmão.
-Sam, por favor, me diz que é mentira... me diz Sam que ela vai voltar. Ela não é uma semideusa? Ela não pode ter morrido, não pode ter sido assim. NÃO PODE SAM! Por favor, me ajuda. Me ajuda Sam, me ajuda.
O irmão não sabia o que dizer, enquanto o outro caia entre seus braços, deixando o corpo ficar descomposto no chão. Suas mãos fechadas em punhos e o pensamento de fracasso, de perda. O que dizer? O que fazer?





Chapter 10

Lá fora a ventania estava prestes a se tornar um imenso furacão, Dean e Sam ouviam as madeiras balançando, como se tudo fosse desabar. O céu já não tinha a mesma cor, estava tudo muito estranho, mas Sam sabia que a fúria da natureza tinha sido desperta. O sexto selo havia sido rompido, como estava escrito: Apocalipse 6:12-17
"E, havendo [o Cordeiro] aberto o sexto selo, olhei, e eis que houve um grande tremor de terra; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua [em toda sua superfície] tornou-se como sangue; E as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte. E o céu retirou-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares. E os reis da terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o servo, e todo o livre, se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas; E diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre (diante de) nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro; Porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir? "
Lenah era muito mais que o amor do rompedor do primeiro selo, ela era a mudança crucial de todas as coisas.
-Precisamos sair daqui Dean, precisamos nos abrigar no porão, vamos antes que isso vire um furacão.
Mas para Dean nada mais importava. Nada mais tinha valor. Nada, absolutamente nada. Encostado na Kombi ouviu seu inconsciente lhe lembrar das palavras que aquela maravilhosa mulher havia lhe dito. Ele queria ficar próximo, se sentir a seu lado e lembrar das palavras dela lhe fariam sentir menos perdido. Devia haver um sinal devia haver. Lenah sempre lhe deixava sinais. Foi quando se lembrou da promessa: “Prometa que você vai continuar sendo o meu toupeira, a minha terra. O elemento em que firmo meus pés e obtenho a força da vida, que possibilita o nascimento das plantas e a permanência do homem nesse mundo. Prometa que vai ser sempre divertido assim com todos e não vai deixar esses seres que não são humanos acabarem com a verdadeira magia que é ser homem, que é ser mulher. Que é ser humano. Eu não sei se você acredita em Deus e também não sei se Ele existe. Mas se toda essa loucura for mesmo verdade, nós somos o que há de mais especial Dean e eu preciso que você prometa que não vai me deixar sozinha nessa luta, nesse amor pela vida”, e ele havia prometido. Um sorriso veio a seus lábios e ele recordou o sorriso dela. Nunca mais veria, jamais tocaria. Ela se foi com vento. E ele lembrou de mais uma promessa: “Assim como eu serei a sua terra, quero que você prometa que será o meu ar. Pois a terra é seca e fria, mas o vento pode ser quente e úmido, logo, ambos se completam. A rapidez do vento se assemelha a seu jeito enérgico Leninha, o vento também gera energia aos moinhos e você me deixa assim, inexplicavelmente motivado. O vento conecta os seres humanos, pois é ele quem nos faz respirar. E é isso que eu quero. Quero respirar esse seu sorriso lindo e esse seu jeitinho todo maluco, cheio de momentos magníficos”. Não, ele não ia deixar aquele amor acabar. Sairia dali e enfrentaria o inferno se fosse preciso, mas não deixaria de cumprir sua promessa.
Dean foi até o Mustang. Lenah havia lhe dito tanto em, Meu Deus, dois dias! Só poderia estar escrito. Maktub. Dean ainda recordava a paixão mostrada horas antes pelo mundo da música. Os cd’s, os vinis e o toca fita, que sempre tocava...
-A mesma fita.
-O que foi Dean? Temos que sair, do que está falando?
-O toca fitas, sempre toca a mesma fita, é uma superstição.
-Não consigo te entender, você está muito abalado.
-Não Sammy – ele se levantou, limpou o rosto entrou no carro – ela me deixou algum recado no toca fitas, talvez ela vá voltar! É claro! – um sorriso no rosto.
-Por favor Dean, não faça isso, você não está bem.
Ele entrou no carro e ligou o toca fitas. A tempestade estava prestes a começar. Sam precisava encontrar Castiel e Bobby, eles iam lutar contra algo grande e Dean estava mal, precisava de ajuda.
As lágrimas vieram inundando o rosto sujo e o corpo machucado. Ela não voltaria e ele não desistiria, pois eles eram a vida. Ele a terra, ela o ar, o amor era a água de suas vidas, onde matavam a cede do coração e sua paixão absoluta era o fogo. Nenhum alquimista jamais poderia descobrir aquela fórmula, pois ela estava no coração de Dean, que realizava seu sonho de voar com Lenah, fechando os olhos e ouvindo aquela triste canção.

Oh where, oh where, can my baby be?
Oh, onde, onde estará o meu amor?
The Lord took her away from me.
O senhor tirou-a de mim
She's gone to heaven so I've got to be good,
Ela foi pro céu então, eu tenho que ser bonzinho
So I can see my baby when I leave this world.
Assim, verei meu amor, quando deixar este mundo
We were out on a date in my daddy's car,
Nós saímos para namorar no carro do meu pai
We hadn't driven very far.
Não fomos muito longe
There in the road straight ahead,
Lá na estrada, bem no meio
A car was stalled, the engine was dead.
Um carro estava parado, com o motor fundido
I couldn't stop, so I swerved to the right,
Eu não pude parar, então desviei para a direita
I'll never forget the sound that night.
Eu nunca esquecerei o som daquela noite
The screaming tires, the busting glass,
Pneus cantando, os vidros estourando
The painful scream that I heard last.
O grito de dor que eu ouvi, por último
Oh where, oh where, can my baby be?
Oh, onde? onde estará o meu amor?
The Lord took her away from me.
O senhor tirou-a de mim
She's gone to heaven so I've got to be good,
Ela foi pro céu então, eu tenho que ser bonzinho
So I can see my baby when I leave this world.
Assim, verei meu amor, quando deixar este mundo
When I woke up, the rain was pouring down,
Quando acordei, a chuva caía
There were people standing all around.
Havia muita gente em volta
Something warm flowing through my eyes,
Algo quente escorreu pelos meus olhos
But somehow I found my baby that night.
Mas, de alguma forma, eu encontrei meu amor naquela noite
I lifted her head, she looked at me and said;
Eu levantei sua cabeça, ela me olhou e disse:
"Hold me darling just a little while."
"Me abrace, querido, só por um pouco"
I held her close I kissed her - our last kiss,
Eu a abracei forte e a beijei - nosso último beijo
I found the love that I knew I had missed.
Eu encontrei o amor que eu sabia que havia perdido
Well now she's gone even though I hold her tight,
Bem, agora ela se foi, mesmo eu tendo abraçado-a com força
I lost my love, my life that night.
Eu perdi meu amor, minha vida, naquela noite
Oh where, oh where, can my baby be?
Oh, onde? onde estará o meu amor?
The Lord took her away from me.
O senhor tirou-a de mim
She's gone to heaven so I've got to be good,
Ela foi pro céu então, eu tenho que ser bonzinho
So I can see my baby when I leave this world.
Assim, verei meu amor, quando deixar este mundo




FIM