Thaíde nunca tinha se sentido tão nervoso para um show.
-Que responsa cara, que responsa.
Falava para Cabal no camarim, o mesmo que havia sido dele na noite do show em que conheceu a senhorita, pensava ele. Cabal sentia que seria um grande show e que a preocupação de seu amigo acabaria, assim que subisse naquele palco e mandasse ver com suas rimas. Mas não adiantaria falar para Thaíde, porque sabia que há muita preocupação com o desempenho, quando se é profissional e apaixonado pelo que faz.
-Relaxa irmão, relaxa.
Cabal trocou mais algumas palavras com Thaíde e foi para a pista. Fazia duas semanas desde o show de Túlio Dek e quatro desde o seu. Ele estava se tornando um frequentador assíduo daquela boate, mas algo lhe dizia que o hip hop não era bem visto pelos organizadores da casa. Só investem pelo retorno, isso é óbvio. Mas quem investe?, pensou ele enquanto tomava mais uma taça de champagne no camarim do amigo.
Quando rolavam bailes o lucro era grande, principalmente pelo golpe de marketing que a casa apoiava, em vender ingressos a preço de banana apenas nas festas de hip hop. Mas ingresso barato, chamava “gente demais”, para não usar outro adjetivo, e aquilo poderia prejudicar a imagem da casa com a elite, o que não era muito interessante para o produtor responsável pelos shows de quarta-feira. Ao menos era o que C4 percebia nos comentários que ouvia pelos bastidores.
Quer saber? Foda-se, era o que Cabal tinha a falar sobre aquele assunto, porque para ele, desde pequeno, gente era gente, não importava a cor e o sabor, o sexo e a crença. Importava a fé em Deus sempre e a humildade, então continuava correndo com aquela força de guerreiro espartano e fazendo shows para seres humanos, não para grupos sociais. Querendo ou não, havia alguém incentivando a música deles para diversas camadas sociais e isso era bom. No caso de Thaíde era a famosa Carol Magalhães, que não saia da boca do amigo, era Carol pra cá, Carol pra lá. Cabal achou que Thaíde havia se apaixonado pela “mina do 50”, apelido que ele dera a desconhecida, mas ainda nem tinha parado pra pensar em procurar algo sobre ela. Não tinha tempo e, admitia, não tinha vontade.
-Mano, eu tava pensando aqui – disse ele esparramado no sofá, ao lado de Pool, bebendo uma Heineken agora – aquela mina do 50 vai aparecer aí?
- A Carol? – C4 fez que sim, pegando um cigarro que passava por lá – pode crê, vai sim. Falei com ela, ‘tá bem empolgada. Até comentei que você ia tá no camarim e que era massa ela leva um lero contigo, porque to pensando em te chamar pras reuniões e pá, mas ela disse que hoje era noite de pista e que ia ficar por lá.
-Gostosa essa mina. – disse Pool que preferia degustar um Johnnie Walker com energético – Vi aquele filme Maktub, tá ligado? – C4 fez o mesmo gesto que havia feito a Thaíde, prestando atenção, ou fingindo se interessar. A morena parecia muito mais interessante do que a atriz que dormia com o 50 cent, mas esse pensamento era pessoal. – Então... a mina é duplamente boa. Fora que é top de linha em NYC, geral paga maior pau pra ela lá.
-É gente boa também. Eu até pensei que explorava o cara lá, mas, pelo jeito, leva o trampo a sério. – Cabal resolveu comentar, não era de deixar os pensamentos escondidos.
-Na boa truta, eu tô ligado que o show é patrocínio dela e do 50 e isso deixa a gente feliz pra caralho por você. ‘Cê ‘tá ligado que tamo junto faz uma cara e essa é tua oportunidade, tem que ‘corrê’ atrás mesmo. Só que eu não confiaria tanto numa mina dessas que dorme com o cara pra conseguir papel em filme e vem pro Brasil pagando de santa. Então, sei lá, fica esperto com ela.
Thaíde estava bem nervoso com o show, o que já não ajudava muito, e ouvindo uma daquelas, era meio embaçado ficar gelo. Olhou pra Cabal e percebeu que o estado dele seria pecaminoso em breve, então relevou o comentário.
-Tio, na boa, vai tomar um ar. – Cabal percebeu que Thaíde não estava muito feliz com o que ouviu, parecia mesmo estar apaixonado, pensou ele.
Embora não tivesse procurado os vídeos da garota, como Thaíde vivia lhe falando para fazer, Cabal já havia sido informado de que nessa noite conheceria a garota. “Finalmente”, pensou ele. Pelo que Thaíde disse, Carol havia gostado muito do convite feito a C4 para participação em uma faixa da playlist do filme, até houve uma menção de Carol elogiando Cabal, dizendo que tinha um autógrafo do rapper e tudo.
Cabal achou que, de repente, devia ser alguém que ele viu em um dos muitos shows em Curitiba. Adorava aquela cidade, o sul em especial era muito aconchegante, embora o frio fosse um pouco demais para ele e, sinceramente, pensava, São Paulo era São Paulo.
Agora Cabal estava na pista, bebendo alguma coisa que não saberia reconhecer, mas que era boa e vinha de amigos, então não poderia ser tão perigosa. Muitas meninas dançavam, rebolando felizes, era a prévia. Logo Thaíde subiria ao palco e mandaria ver. Descontraído, Cabal olhava os caras que se apresentavam no palco, eram de Floripa, um som bem legal.
xXx
“Ela pode te enlouquecer”
Carol escolheu o vestido vermelho, adorava usar vermelho. Na boca, gloss. As unhas com vermelho luxúria. Os sapatos de salto agulha, pretos, deixavam os pés altos, as pernas mais torneadas e as panturrilhas chamando atenção. Como acessórios, brincos Chanel de prata, combinando com as quatro pulseiras, que tinham o designe de ondas, destacando-se na cor bronzeada de seu corpo, fruto do final de semana no Rio. Uma corrente com uma pequena letra “C”, em um formato que lembrava a ponta de uma flecha, também de prata, destacada sobre o início do colo. A maquiagem era clara, como se simplesmente realçasse os castanhos dos olhos e seus lábios carnudos.
Ela desceu as escadas como uma imperatriz, prestes a tomar seu posto. Uma lady, divina, mal poderia se conter de emoção se olhasse um pouco mais para o espelho. Em seu corpo o vestido se movia, como se acompanhasse as curvas. Trazia nas mãos a caixa de joias em que guardava, há tanto tempo, a corrente feita especialmente para ele, com os diamantes e esmeraldas desenhando as iniciais que o definiam, assim como a ela: C4. Uma peça de requinte e sutileza, como ela.
Seus cabelos cacheados caiam brilhantes sobre os ombros, estavam soltos e macios, deixando que as pequenas molas movessem-se livres em sua cabeça. Olhou para Richard e Claire.
-Chegou o dia meus amigos. – os olhos dela brilhavam emocionados.
-Sim senhorita! – disse Claire com voz embargada e as mãos em preces abaixo do queixo, abraçada por Richard, que estava elegantemente trajado, parecendo o chofer de uma imperatriz.
-Vocês sabem o que fazer não é? – ela estava à frente do sofá, pegando a bolsa para guardar a joia e olhando para os dois amigos perto da porta de frontal.
-É claro que sim senhorita Carol, nós estamos preparados para a “grande noite”. – Carol sorriu, era uma sortuda por ter pessoas que a amavam tanto e torciam por ela.
-Então ótimo. Richard, traga o carro para frente, entro em um instante. Claire, olhe o quarto novamente, quero cuidar para que ele não veja nada que não deva. – olhou ao redor da sala para se certificar de que não havia imagens que a comprometessem. – Olhe aqui embaixo também, não sei por onde passaremos então redobrem o cuidado.
-Sim senhora – responderam os dois, como se tivessem ensaiado.
Carol foi até a festa com sua limusine, não conseguiu se desfazer do maravilhoso carro depois que Anne voltou para Porto Alegre, ela simplesmente precisava usar aquela maravilha para fazer sexo. Estava tudo pronto, tudo planejado. Essa noite, ele seria dela, apenas dela.
xXx
“Ela gosta de te provocar.”
Cabal pensava em tomar mais um pouco daquela bebida, mas achou que se fizesse não veria Thaíde subir ao palco. Embora aquilo fosse doce e forte, ele estava viciando no gosto.
Sentiu uma mão que abraçava sua barriga por trás. Fechou os olhos imaginando se seria loira, morena, ruiva ou japonesa, talvez uma indígena, pensava ele. Há muito tempo não provava uma indígena. Abriu os olhos, deixando o copo na mesa ao lado dele e puxando os braços femininos para sua frente. Era Leila.
-Tudo bem gato?
-Melhor agora baby. – abraçou o corpo da morena, beijando-a suavemente.
Ficaram ali curtindo por um tempo. Era tão boa aquela estabilidade, ele estava muito satisfeito com o rumo das coisas.
-Vamos pra pista?
-De novo C4, acabei de sair de lá gatinho. – ela estava cansada, era a terceira festa em três dias. As duas primeiras a trabalho, cantando, e aquela para prestigiar a conquista de seu grande amigo.
-Vou dar uma volta lá então, essa bebida me deixou meio motivado.
Ele pensava seriamente em gastar toda aquela “motivação” com Leila em sua nave, mas por hora, curtir o ambiente seria o suficiente. Foi até o meio da pista e dançou com algumas mulheres, ficava a uma distância em que podia ver a mesa em que ele e Leila estavam com alguns amigos. Ela não se importava em deixá-lo curtir, sempre foram assim independentes dentro do limite.
C4 foi ao bar, trazia na mão direita uma nova cerveja. Faltava pouco para Thaíde subir ao palco, a produção estava do caralho. Realmente um presente para o amigo, que merecia muito mais. Cabal pensava entre goles, novamente na pista, entre o bar e o local em que estava dançando antes. Olho para a mesa dos amigos, e percebeu que estava sem Leila e outras de suas amigas. Devem ter ido ao banheiro. Não sei o que elas fazem no banheiro, ficam horas lá dentro, se eu fosse uma mosca... Agora havia uma mão em seu peito, acariciando-o novamente pelas costas, além de uma boca beijando seu ouvido direito. Os gestos interromperam seus pensamentos. Ainda olhando para o palco e para as pessoas dançando a sua frente, Cabal disse com a cabeça inclinada:
-Pensei que você não viria.
Realmente estranhava Leila ter ido atrás dele, ela não costuma se render aos pedidos com facilidade, ainda menos quando estava cansada. Pelo jeito a noite seria melhor do que ele imaginava. Segurou a mão que estava em seu peito enquanto falava, a outra mão continuava com a cerveja. Olhou para os dedos entrelaçados e pensou: Unhas vermelhas, elas sempre escolhem unhas vermelhas. Tudo isso em uma fração de segundos, o tempo não parava e ele corria a seu lado, ou contra o tempo, dependendo da situação. Deu um gole na cerveja.
-Eu não perderia isso por nada.
A boca que proferia aquelas palavras estava colada no ouvido do rapper, fazendo com que, naquele instante, todo seu corpo se tremesse, arrepiado. Ele reconheceria aquela voz sob qualquer hipótese e tinha certeza de que não era a de Leila. Virou-se rapidamente, engolindo a seco a cerveja que desceu quadrada na garganta, tamanha a surpresa que levou.
Ela estava linda. O sorriso parecia ainda mais iluminado e, como se fosse possível, ela ultrapassou completamente a perfeição naquele vestido vermelho. Os lábios brilhavam, assim como a prata no corpo dourado, o perfume era o mesmo, enlouquecedor, como eu não percebi pelo perfume, pensava ele, observando-a, atônito. Mas havia uma nova informação. A letra C no cordão do pescoço, combinando com os acessórios em prata.
-Oi. – ela disse com tamanha languidez que o deixou excitado apenas em ouvir. Certamente era a mesma sensação que ela sentia em tê-lo tão frágil em seus braços, imaginando ser ela, outra pessoa. Quem o estaria acompanhando?
-Oi... eu... não... é que eu. – ela mordia os lábios vendo que havia deixado o cara mais interessante que conhecia, completamente nervoso. E ele estava mesmo nervoso, pois pensava nela ali, em sua frente outra vez, mas também em Leila, que poderia aparecer a qualquer instante. – Bem, eu não esperava te ver aqui.
-Não? – ela arqueou a sobrancelha, daquele mesmo jeito sexy – Eu prometi que viria, não prometi? – ele se deixou hipnotizar pelos olhos castanhos de novo, o corpo era esplendido. Não sabia para onde olhar.
-Você está linda. – era o tudo o que poderia dizer com completa convicção.
-Que gentil – ela se aproximou e colocou uma das mãos na gola da camisa xadrez que ele usava, sob outra da PROHIPHOP, e mexia os dedos bem devagar. – você está lindo também.
-É bom ver você baby. Veio tirar uma foto, certo? – ele se controlava para não tocá-la, mas estava ficando difícil, o corpo dela parecia ficar cada vez mais próximo e a tensão em ser visto não era pequena.
-Certíssimo amor. Vim realizar meu desejo de fã – ela falava olhando-o fixamente. Não sabia de onde tirava as forças para agir daquela maneira, sem se derreter diante daquele homem e deixar que ele a conduzisse, mas era melhor demonstrar força. – a máquina está aqui comigo e trouxe também um presente.
-Um presente? Pra mim? – ele sorriu, não sabia o que era, mas gostava de ser lembrado por ela e de ver o empenho da garota ao seduzi-lo.
-Você está – ela olhou para os lados se afastando dele e fazendo cara de criança inocente – ocupado?
-É... bem... – ele passou a mão no rosto em sinal de “puta que o pariu, o que faço?”. – estou acompanhado hoje.
Carol inclinou a cabeça e começou a analisar Cabal de cima a baixo, o que o deixou meio sem jeito, mas ainda mais quente. Deve ser a bebida, pensou ele, tentando acalmar o corpo e dando um gole na cerveja. – quer? – estendeu a long neck.
-Obrigada príncipe, mas vou comprar algo mais forte. Me acompanha até o bar? – ele teve receio de ir, olhou para a mesa em que estava com Leila, mas ela ainda não havia voltado. Diante da situação, como ele diria não para aquela garota?
-Claro que sim, baby. – Carol segurou a mão de seu alvo e lhe levou até dois bancos ao lado do bar, em um canto pouco iluminado. Esperou que sentassem e aproximou o banco dela do dele. Deixando a coxa direita em evidência, sentando na pontinha do banco e encostando a perna na dele, que olhava babando. Delícia, era só o que conseguia pensar. Sua boca salivava olhando a dama de vermelho. Ela roubava a cena e deixava os instantes em câmera lenta.
-Quero te entregar isso. – Carol abriu a bolsa-carteira e tirou uma caixa, com pouco mais de 10 cm, quadrada e de veludo vermelho. – é para você e não aceito devoluções. – Cabal queria levá-la dali naquele exato instante e mal podia se controlar com a deusa em sua frente. Delícia, sua mente estava em um processo que ele desconhecia.
-Ah querida, obrigado – ele pegou o presente e se aproximou para beijar o rosto dela e ela, obviamente, não deixou, dando-lhe um selinho demorado, segurando o rosto dele, por um tempo e em seguida separando as bocas, acariciando o rosto do loiro fatal. Os dois sentiam o corpo arder. – o que é? – ele disse sem questioná-la pelo beijo.
-Abre, que vai ver. Estou ansiosa por isso! – o rosto dela se iluminava a cada expressão nova que conhecia no dele.
-Não precisava... – ela o interrompeu
-Abre logo! – falava como uma garotinha ansiosa e autoritária, ele riu.
Os olhos dele se fundiram com um brilho intenso e maravilhoso, que jamais havia visto em sua vida. Era uma joia muito cara, com toda certeza. Havia um C e um 4, cravados em diamantes e esmeraldas, em uma corrente, possivelmente, de prata. Cabal não acreditava no que via, as palavras não vinham. Só saiam chingamentos de excitação e contentamento, típicos de alguém que não acredita nos próprios olhos. Carol sorria e batia palmas, depois gargalhou, saiu da banqueta e se pôs de pé ao lado dele, abraçando-o e beijando seu rosto.
-Gostou?
-Puta que pariu! Caralho cara! Porra! Nossa! Isso é... isso é...
-É seu, meu lindo. – ela o apertava ainda mais de emoção.
-Não, quer dizer... não... – ele fechava a caixa e estendia a mão para ela, em gesto de devolução. – não posso aceitar. É lindo, é foda, mas eu não posso aceitar.
-Por que não? – ela parecia ofendida.
-É muito caro princesa – ele segurava a caixa, com a mão estendida e com a outra acariciava os cabelos de Carol. – não posso aceitar.
Ela sorriu absolutamente feliz, ele era um lindo, fofo, maravilhoso, gostoso, inacreditável. Será que até nesses momentos seria humilde? Ela mal acreditava. Encostou os lábios nos dele e o rosto selvagem se fez novamente. Afastou-se um pouco, de modo que fosse possível observá-lo melhor e disse com convicção:
-É claro que você vai aceitar. – ele não sabia porque, mas adorava ouvir as ordens daquela mulher. Eram tão fáceis de serem flexionadas, o problema é que ele não queria deixar de cumpri-las.
-Não posso mesmo linda. É complicado.
-Não é complicado – ela voltou a sentar-se, na posição de antes. – é simples: sou sua fã e te dei um presente. E tem mais, não me custou quase nada. Vale mais o que representa pra mim.
-É que... – ela não deixou que ele falasse nada, manteve o controle.
-É que nada. Vamos tirar uma foto, você passa a noite comigo e se ao final dela não aceitar o presente, te deixo livre para que devolva. Combinado? – era um acordo que ele estava disposto a cumprir, mesmo que não fosse proposto, mas havia alguém que poderia aparecer em breve e que, se o visse com ela, faria algum alarde considerável.
-É complicado, quer dizer... Eu estou acompanhado, você sabe.
-Sim, está. Eu estou com você. – eles se olharam francamente, Cabal a desejava cada segundo mais e mais. – então, que tal vir comigo? Você prometeu que essa noite seria minha e, eu preparei ela pra nós dois. Take a Picture like... in my home – ela tocava o rosto dele com o dedo indicador.
Não adiantaria de nada resistir aquele momento. Cabal colocou a caixa de joias ao lado da bolsa dela, em cima do balcão, levantando do assento em um salto e puxando o corpo delicioso para perto do dele. O beijo deve ter durado alguns segundos, mas foi como se estivessem se beijando durante anos, tamanha a intensidade. Carol sentia o coração dilatar, extremamente descomposta naqueles braços, o sangue bombeava uma substância quase tóxica em sua pele, fazendo todos os pelos do corpo se eriçarem, como os de um gato jogado na água gelada. O frio repentino que sentia nas costas não era habitual. Cabal correspondia com desejo intenso, adorando a reação da mulher, antes tão forte e agora tão pequena em seus braços. Queria desvendar cada curva daquelas que tocava com voracidade e saborear aquela boca deliciosa e carnuda, que se desmanchava na dele.
Quando separaram as bocas, após o primeiro beijo de verdade, quente e cheio de vida, com direito a corpos colados e mãos atrevidas, as respirações estavam ofegantes e pareciam embriagados. As pessoas que passavam tiveram um súbito de inveja da força que emanava daquela união carnal. Bocas que se moviam com a velocidade da luz, sedentas de desejo.
-Não ia te deixar ir embora sem mim. – ela o agarrou de novo e mordeu seu pescoço suavemente, deixando o desejo cada vez mais nítido e emanando sensualidade. Cabal suspirava a cada toque, não mais que ela, afogada em sua própria luxúria. Os corpos deram uma pausa, a garganta precisava de álcool. Cabal pensava em pedir uma bebida, mal pretendia saber no que daria aquilo quando Leila chegasse, mas o momento era o que bastava.
-Não precisa pedir nada gatinho, meu motorista está esperando a gente. Vem. – ela era um raio, ou um foguete, ou a própria luz, porque simplesmente fazia as coisas acontecerem de tal maneira que o deixavam enlouquecido. Essa menina é a mais linda que já vi, prontinha pra se derreter. Puro êxtase.
-Espera ma, a gente não vai ver o Thaíde? – ele a parou, pois carregava-o pela multidão como um furacão. A bolsa em uma das mãos, o sorriso nos lábios, agora avermelhados pelos beijos ardentes.
-O Thaíde? Nossa, é mesmo! – ela fez cara de lembrança e espanto, sorriu e olhou para o palco. Depois, se aproximou dos lábios dele, de novo. – aposto que ele vai entender. – deu mais um beijo e voltou a guiá-lo para fora da balada. C4 olhou para trás, procurando Leila na multidão, mas nem sinal dela. “Foi melhor assim”, pensou.
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