Com quem eu vou me dividir agora que me dei conta de que nunca houve alguém aqui?
Essas partes minhas que precisam de um pouco de acalento e de poesia, aonde eu vou achar? Se me turbino de mim e não acho uma válvula de escape.
Bando de idiotas!
Quem eles pensam que são?
Reprimem as investidas e fazem a gente se sentir mal.
Detesto que me tratem como seu eu fosse nada. Sou muito pra mim. Demais pra eles.
Jamais me entenderiam, porque são secos.
Eu não.
Eu floresço.
E aí quando a gente encontra um jardineiro e um jardim, ele simplesmente se fecha. Se recusa.
Mente. Manipula. Engana.
Vai ver é karma. Vai ver é um sinal de outros tempos.
Desgraçado.
Me dizia que éramos almas irmãs. Que vinhamos e pertencíamos ao mesmo clã.
Ousou me dizer mil coisas bonitas, pra de repente dizer que está "muito bem, obrigado" ao lado de outra mulher.
E quando foi que ela entrou nessa história?
Óbvio. Ele mentiu. Me enganou. Me escondeu.
Igualzinho ao primeiro.
Igualzinho a todos.
Um depois do outro. Sempre.
Os malditos queijos da minha vida.
Todos me fazendo morrer na ratoeira.
Todos me matando como se a vida não valesse nada.
Jogando a minha história no chão. Acabando comigo aos poucos.
Um não. Dois. Três.
Uma vida de nãos.
De fugas.
Fugir é o que eu tenho feito.
Me dá medo me fechar outra vez. Me perder de mim mesma e ficar enlouquecida por aí.
Não é algo fácil a mente da gente trabalhando em auto-defesa. Em aceitar que é como é.
Que recebeu o trigésimo não.
Que as portas se fecharam outra vez.
Vontade de jogar tudo pro alto.
Mas preciso viver com conforto. Quero viver.
Vou viver.
Talvez o dinheiro não me cure. Nem me salve.
Mas pode ser que ele me ajude, incessantemente, a poder seguir fugindo.
De cidade em cidade.
De viagem em viagem.
De fotografia a fotografia.
Longe de tudo o que possa recordar todos os homens que me disseram não.
Todos os amores que eu, sem haver ganhado, perdi.
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