Era uma vez uma garota que se sentava na cama e digitava uma história.
Sua história.
Uma mulher, na verdade. Morena, de cabelos crespos e com pouco mais de trinta anos. Mentais, é claro.
O corpo da mulher lembrava o de uma criança brincando de contos de fada. Ela toda brilhava em si mesma, porque dentro de seu coração pairava uma luzrosada e forte. Segura de si mesma e de seus gostos. Seus motivos.
Era uma vez uma mulher que havia se apaixonado na Terra de Neruda. Perdido a cabeça, a noção do tempo e do espaço. Enchergado de perto a loucura. Era uma vez, a mesma mulher. A menina. Que, de repente, se via em uma cama de quarto compartilhado, onde habitava apenas ela mesma. E, o grande espaço de criação e poesia.
Era uma vez a Terra de Veríssimo. O lugar das batalhas e das redenções. Um espaço de tempo recortado, onde cada pessoa, cada carro, cada palavra, cada casa, cada caso, cada sorriso e lágrima lhe rendia uma nova história.
Render-se, por fim, era a sua expressão.
Não se sentia, nem por um segundo, só. Não se sentia presa. Nem se sentia com rumo a alguma coisa.
Essa mulher, em seu íntimo, buscava a própria companhia.
Quem sabe um guardião que estivesse dentro de seu próprio coração. Uma parte dela mesma, envolvida em um laço de amor.
Um pouco do pozinho de pirilimpimpim. Magia. Música. Sons. Canções. Vida.
Era uma vez aquela moça de vinte e sete anos completos. Vinte e oito em crise. Vinte e nove, por chegar.
A moça que se dizia mais e que se pensava mais. Mas que, em sua pequenez, não alcançava todos os efeitos que determinava a si mesma.
Era uma vez uma escritora. Uma atriz. Uma poeta. Um mundo encantado, de vidro lascado e fumê. Era uma vez eu.
Era uma vez, você.
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