Eu estava deitada nos colchões esparramados na sala com meu pijama cor de rosa de bolinhas, Any e Dulce estavam olhando o album de fotos da última premiação, também com seus pijamas, enquando May preparava uma jarra de suco na cozinha.
-Meninas, vocês não vão acreditar se eu disser - May deu uma palsa para beber o suco e continuou falando - quem me ligou.
Any gritou um "conta!" e Dulce parou de olhar o álbum para dar atenção a ela. Eu estava meio que slow motion, mas quando ela falou acordei na hora.
-Não?! - eu perguntei com um sorriso no rosto que fez ela se entregar, rindo e confirmando com a cabeça. Todas nós gritamos um "ahhh" e levantamos para abraçar May, que quase derramou o suco.
-Vem aqui menina, me conta isso direito, como assim? O que aconteceu?
Bem, ela tinha recebido uma ligação do ex-namorado por quem ela era completamente gamada e nós ouvimos super atentas, comentando sobre todos os pontos prós e contras, como sempre fazíamos em nossos clubes da Luluzinha. Organizados por mim, é claro.
Já fazia três anos que eu morava no México. Na verdade, eu sentia que morava lá a toda vida, mas tinha meu passado sombrio no Brasil. A verdade é que eu trabalhava muito mais na Califórnia, mas minha casa oficial estava em Guadalajara, Jalisco.
Conheci as meninas em lugares e de maneira bem diferente. A Any eu encontrei em um show, dela mesmo, e pedi autógrafo, me apresentei e disse que era super master fã. Ela se apaixonou por mim na hora e trocamos telefone. A May foi minha companheira de equipe, gravamos um seriado juntas, e desde então não nos desgrudamos. E a Dulce é minha fã e me procurou quando soube que eu estava no show dela.
Assim que eu fiz contato com as três, acabei criando o nosso clube, que reúne todas em determinadas datas, na minha casa. É um período de mulheres, pra elas se reencontrarem, para eu me familiarizar e para todas nós fofocarmos à vontade, comendo brigadeiro e vendo comédias românticas. Dessa brincadeira, já saíram músicas e ideias ótimas, além de parcerias, como eu e a Dul que fizemos um vídeo muito legal pra rede, além do site que eu desenvolvi com elas.
Elas me apresentaram os meninos em uma noite de reencontro da banda, em que eu fui convidada especial. Obviamente, tirei uma casquinha do Poncho e uns meses depois saí com o Christopher, mas não foi nada demais, apenas amizade.
Essa noite de garotas era especial, porque depois dela, raramente teríamos tempo para todas estarem juntas, por isso resolvemos aproveitar muito. Fizemos twitcam e nossos fãs foram a loucura. As perguntas e o carinho era gigante e, no Brasil, basicamente era esse o público que me conhecia: os fãs das minhas amigas.
Bem, eu sou atriz fazem alguns anos, além de diretora e produtora cinematográfica. Trabalho em Hollywood há quase três anos e meio. Desde então, já produzi muitas coisas, como atriz e diretora. Mas, no Brasil, que é meu país, a repercussão nunca foi tão grande quanto nos países latinos. Só agora que meu nome chegava ao meu país, porque estava saindo das rodinhas e desbravando o mundo. Em alguns meses eu gravaria na Europa, mais precisamente Londres e Paris.
As meninas estavam muito felizes com minhas novidades, me prometeram uma surpresa antes de eu ir, porque entre todas, era eu quem sempre fugia para visitar cada uma delas. Por isso me respeitavam e me amavam, assim como eu, é claro.
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Era uma festa muito chique e requintada, jamais imaginei estar em um lugar como aquele com pessoas tão interessantes. Tratava-se de uma espécie de festa de premiação musical e minhas princesas estavam lá, com seus álbuns solos. Vi Christopher também, e fui cumprimentá-lo. Eu usava um vestido creme, com bordado no colo, longo e tomara que caia. Parecia uma noiva, na verdade e minha intenção era essa, estávamos em um ambiente que poderia abusar e a cor estava na moda, tanto quanto o modelo, embora ninguém tivesse ousado misturar.
Chris ficou maluco quando me viu, faltou pular no meu pescoço e me encher de mordidas (como ele sabe que eu adoro).
-Oi meu amor. - ele disse e segurou minha cintura, me dando um selinho, isso era normal entre nós. - está deslumbrante.
-Você também meu anjo. - dei uma boa olhada para ele, que usava uma calça jeans, um paletó preto, e tênis all star, abusando do visual, com sua barba grande e o cabelo mal penteado.
-Estava morrendo de saudades, agora não me dá mais atenção, só pra Any. - Any se aproximava e ele falou para provocar a amiga, que fez um escândalo quando percebeu nós dois juntos, agarrando o Chris e enchendo seu rosto de beijinhos.
-Que saudade eu senti de você! - ela estava abraçada a ele, de lado, pressionando os rostos e apertando-o como se fosse um ursinho (e ele era mesmo).
-Any, você cuida desse mocinho enquanto vou ao wb?
-Ahh, nem pensar! - ela soltou Chris e pegou minha mão me puxando e mandando beijinhos para Chris, dizendo que já voltava. - Vem, vem!
-Any! Tá maluca - eu ri - O Chris ficou sozinho, tadinho?
-Não, não, ele não ficou, eu vou voltar lá. - ela parou e me virou para o lado oposto ao que eu estava, apontando o dedo para frente, com o braço passando atrás dos meus ombros. - -Veja, ele está ali!
Any sorriu e eu olhei para onde ela apontava, sem saber exatamente o que queria me mostrar e avistando um dos caras que eu mais admirava e caia dura só de imaginar: Yandel. Um cantor porto-riquenho, dono da voz mais excitantemente aguda e do sotaque mais lindo do planeta. Meus olhos se abriram, quase saltando e vi uma morena e uma ruiva se aproximando, eram May e Dul. Elas olharam para mim e disseram, em coro: Surpresa!
Quase morri dura olhando para Yandel, ali, quase do lado e eu sem saber o que fazer. Any voltou para dar atenção ao Chris e Dul ficou comigo, enquanto May conversava com um produtor.
-E aí, vai lá?
-Você está louca? Nem pensar, esquece, eu...
- Claro que vai Lenah! Tá maluca? Esperou o maior tempão e faz uma dessas? - ela puxou minha mão e eu fui com ela, tentando impedir que me puxasse, sem chamar atenção. - Vem e se arruma linda, vou te apresentar. - chegamos perto e o rosto dela se transformou em um sorriso gigante, ela olhou para os homens na rodinha e disse um olá, bem grande. Começou cumprimentando o Nacho, que estava por lá.
-Olá - eu disse meio sem jeito, percebendo que Yandel e Kenn-y me olhavam de cima a baixo.
-Ah, desculpem, essa é Lenah Muller. Vocês devem ter ouvido falar dela. - Dulce Maria me pagaria depois por isso, engraçadinha! - Esse é Nacho, Kenn-y, Yandel y Wisin.
-Prazer - eu sorri e repeti a mesma palavra, dando um beijo no rosto de cada um deles.
Quando encostei no rosto de Yandel, que foi o último, pois estava na ponta, senti um formigamento no corpo, assim que ele colocou a mão em minha cintura para me trazer mais perto de seu corpo.
-Eu já ouvi falar muito de você Lenah, adoro o Brasil. - o sorriso do Nacho era simplesmente perfeito e eu me obriguei a deixar de olhar Yandel, com aquela cara de "eu vou aonde você me levar" que eu fazia, para me concentrar na conversa. É claro que Dulce sorria, quase rindo, ela sabia bem que eu me derreteria ao lado do portorriquenho, na verdade, se um era demais, imagine três portoriquenhos e um venezuelano? Quase morri!
-Mesmo? Que bom! Eu sou fã de sua dupla, na verdade - me voltei aos demais - de todos vocês. - Dulce é conhecida como a pimentinha da turma, e ela precisava dar um gostinho.
-Sim, é verdade. A Leninha adora reggaeton, principalmente Wisin y Yandel, não é amiga? - se eu estivesse perto daria um beliscão nela, mas estava meio longe, me restou corar, ao olhar Yandel com aquela carinha de "estou adorando saber disso".
-Gracias, nós adoramos saber disso, não é Yandel? - Wisin que não era bobo e conhecia o amigo, deu uma cutucadinha nele, que estava babando.
-Com certeza. - ele tentou respirar, me deu mais uma olhada de cima a baixo - Já ouvimos falar muito de você, eu inclusive conversava com meus amigos sobre a próxima batida que vamos fazer.
-Sim, estamos planejando algo completamente novo. - Kenn-y queria aparecer para mim, eu vi na hora em que ele, percebendo que o Yandel estava com vantagem, resolveu cortar.
-Pensamos em um vídeo, igualmente revolucionário e, não sei vocês, mas acredito que estamos diante da mulher perfeita para o trabalho.
Minhas pernas sofreram pra ficar no salto, principalmente depois daquele "mulher perfeita para o trabalho", eu pensava pervertidamente na frase. A Dul, não conseguiu segurar o queixo, que caiu na horinha. Vendo que um gatinho sairia prejudicado, olhei pra Yandel, sorri agradecendo e olhei para Dul, fazendo o sinal que a gente conhecia entre nós como "você pega o amigo", que no caso, significava que ela devia cuidar do Kenn-y. Ela piscou, eu sabia que ele não era de se jogar fora na listinha dela.
-Uau, amiga. Chegou ganhando um convite desses.
-Eu acho uma ideia ótima! - disse Nacho.
-Eu estou de pleno acordo. - Disse Wisin, com um olhar de "hoje à noite nossa trilha sonora vai tocar completa!". Eu não sabia onde enfiar a cara.
-Nossa, é realmente uma honra, fico muito feliz em ouvir isso de você. - ele sentiu que o meu "de você", foi proposital. Sorri como se o chamasse e me virei aos demais, provocando ele. - se estão todos de acordo, participo com muito prazer. - Dul queria bater palmas, mas ao invés disso ela tratou de cuidar do gatinho sobrando.
-Nossa eu adoro essa música! - ela estava do lado do Kenn-y e do Nacho, um deles iria responder e ela conhecia o Nacho melhor, mas é pra isso que os amigos dos gatinhos existem.
-O que acha de dançar com a moça Kenn. - ele entendeu que não adiantava insistir porque eu já estava na do Yandel. Na verdade, eu fiquei roxa de vergonha, porque todo mundo entendeu. Eles sairam pra dançar, nós conversamos um pouco mais e logo Nacho saiu da rodinha. Dulce enrolava Kenn-y e Wisin falou que iria procurar não sei quem, ou ver um telefonema, nem prestei atenção. Afinal, eu estava finalmente "sozinha" com o gato mais gato top 10 de Porto Rico e ele me olhava como se eu não tivesse nem um tecidinho transparente no corpo, me deixando muito sem graça.
Passei a mão pela nuca e suspirei, arqueando o corpo e vendo que Yandel se movimentava no sofá. Estávamos sentados agora.
-Você está morando no México? - ele falou baixo, o som estava alto, não entendi e ele TEVE que se aproximar de mim, pra falar melhor, sabe. Ele repetiu a pergunta, já inundado em meu perfume, que eu sabia, estava um arraso. Mas eu não fiquei na desvantagem, porque o dele estava pedindo pra ser sentido bem de perto. Meio embreagada por aquele homem, eu respondi.
-Estou morando aqui há 3 anos.
-E por que eu nunca te vi antes. - ele olhava no fundo dos meus olhos e eu sentia que alguém havia cortado minhas pernas. Era demais!
-Bem... é... eu. - ele percebeu meu nervosismo.
-Quer uma bebida? - eu adoraria, mas naquele caso, beber me faria soltar a Shakira loca loca loca de dentro de mim. Recusei.
-Obrigada meu querido - essa parte saiu sem querer - eu não quero abusar. - essa palavra, ula-lá! Vi os olhos dele dizendo que ele sim adoraria abusar ou me ter como A abusadora. A tensão só aumentava.
-Está nervosa.
-Um pouco. - eu parecia uma criança!
-Por quê? - ele tocou uma de suas mãos em meu cabelo e aproximou o rosto, beijando o cantinho entre minha boca e minha buxexa. Eu estava entrando em erupção, fato.
-Porque... - eu vacilei de novo, sentindo algo esquentar e a mão dele acariciar meu rosto. - porque... eu sou sua... fã.
Mal terminei a frase, os lábios dele, gostosos e perfeitos, grudaram nos meus, arrancando um suspiro que eu estava guardando. As pessoas ao redor não notaram, mas os paparazi sim, é claro. Ele acabava de sair de um casamento e eu era bem mais nova. Enfim.
Eu não me contive em apenas sentir, depois que o estrago estava feito. Levei minhas mãos a sua cabeça, puxando-o para um beijo mais forte e ajudando-o na luta que nossas bocas travavam.
Quando nossos rostos se separaram eu o olhei, bem no fundo dos lindos olhos castanho esverdeados, ele sorria, com aquele jeito de menino, todo feliz.
-Você é encantadora.
-Você também. - trouxe a mão dele para meus lábios e beijei.
Ele ficou ali, parado, me olhando e olhando, sem sair do transe, enquanto eu parecia estar recebendo um choque de milhões de wolts com o rosto tão sério e impactante, que me derretia. De repente, não me contive, e o puxei para mais e mais perto, beijando-o loucamente.
Foi extenso, profundo e eu quase sentia o coração saindo na boca. O gosto era único e o sabor não era o melhor, o jeito como sabia conduzir e me deixar manipular sua língua e a maneira de me segurar sim eram os melhores. Tudo nele era perfeito.
Com os olhos fechados, separei nossas bocas e ele me deu um selinho, seguido de muitos outros daqueles em meu rosto todo.
-Linda.
Eu mordi o lábio inferior.
-Adoro você. - eu disse, enlouquecida.
Ele afundou a cabeça em meu pescoço e sentiu o cheiro do meu perfume, me arrepiando completamente e fazendo arquear levemente o corpo, depois se distanciou.
-Tenho um show amanhã, preciso sair daqui em meia hora. Aonde te encontro de novo? - eu mal podia acreditar que ele me procuraria, na verdade, nem pensei que isso aconteceria. Dei meu cartão, demos mais alguns beijos, ele me levou para casa e se despediu, dizendo que nos veríamos.