Existem alguns motivos pra eu me sentir humilhada nessa porra. Não dá pra enumerar porque o sentimento é forte demais. Fico absolutamente descrente de tanta merda que tenho que ouvir e de tanta afronta que preciso engolir. Vou embora, não suporto mais e, definitivamente, preciso documentar isso para que não esqueça o ódio que me corrompe ao ouvir algo, que eu amo tanto, sua imagem denegrida.
E o que você faz, maldita? Se cala diante das inúmeras injúrias e dos imbecis, que pensam ser os reis do universo.
Há tanto o que pensar e tão pouco o que fazer. Não sei por onde ir, mas preciso chegar em um lugar, com máxima rapidez.
É um plano de fuga, como tantos outros malditos planos de fuga que tive durante a vida.
Se fugi, creio que o fiz por um lugar errado, já que estou em um deserto de sentimentos cálidos que me assombram de maneira escandalosa. E o que ele tem a ver comigo? Bem, ele sempre tem a ver comigo. Sempre está ali, a cerca dos sentimentos, tentando significar mais do que realmente é, e fazendo o meu coração em pedaços, com comentários malditos.
Ontem eu estava tão feliz, por Deus!
Ainda ontem, o sol estava em minha alma como se as nuvens que encobriam a cidade nem sequer existissem. Mas hoje...
Hoje, cá estou, sentada em uma poltrona que alguns julgam confortável... fazendo o que não quero fazer, sentindo o que não quero sentir. Lutando com palavras, para fugir do que me é inevitável.
Maldito seja o destino. E por todos os deuses, o que tenho que suportar para provar que sou capaz de ser melhor do que eu realmente sou.
Não sou, não o quero ser. Detenho-me a cada passo por pensar mais em tudo o que me cerca e em mim, do que naquilo que devo fazer para me manter viva.
Não quero viver se não for feliz. Sim, Aristóteles, o homem vive em busca da felicidade, do ser que o faça feliz. De um fodido momento de paz, que, de certa forma, só está em nós quando rejeitamos o que é inevitável. Mas, até encontrar o caminho que devemos seguir para que esse momento se faça presente, é inegavelmente necessário sofrer.
Se hoje sofro, deixo claro que não é por minha opção. Escolhi ser feliz e vim até onde o destino me trouxe, tropeçando e ralhando com ele, mas cheguei. Acho que sempre fui um monte de cacos colados e que caminhei me despedaçando, centímetro por centímetro. Agora preciso acreditar em mim e naquilo que está dentro do meu coração, ou tudo vai apagar fácil demais.
O destino está duelando com as minhas emoções e é esse o ponto. Preciso de equilibrio, mas não o tenho quando sofro demais; quando olho para o maldito lado e vejo tanto tempo jogado fora, em um olhar que poderia ser meu e que poderia perceber o meu, mas que ao invés disso, resolve vingar-se de, sabe a deusa o que mais, e desconta em mim sua ira inconsciente.
Se nossos corações já estiveram, em um passado remoto, circulando o mesmo ar... então ele saberá que me fez sofrer e sabia mesmo antes de o fazer e, por Deus que desejo com todas as minhas forças, que tenha sogfrido por mim antes de apunhalar-me pelas costas.
Necessito que tenha sentido o gosto amargo do desespero, do estar preso em um corpo que não é dele, de estar sofrendo por algo que é inútil e de não ter o que ama como fonte daquilo que é.
Em especial que não tenha sentido o sabor de ouvir palavras cálidas vindas de mim quando escolheu me fazer sofrer. E se eu fui de acordo com isso, devia estar sendo amarrada, precionada ou estar louca. Como eu pude escolher esse destino, se não o suporto? Se para mim essa trama é o caos que me invade e sobrecai em mim, matando-me lentamente; como em uma constante tortura.
Não é a primeira vez, nem tão pouco será a última. Estou fadada a ser aquela que chora copiosamente no final da história, por um final infeliz.
Preciso de um abrigo e resolvi me recolher, porque o melhor de mim está dentro daquilo que eu finjo ser. Como não posso ter coragem de mostrar aquilo que sou? Como posso fingir e fingir cada vez mais?
Nesse instante sinto um buraco instalar-se dentro de mim, com ondas de desespero que sobem e descem. Deve ser o excesso de café. E eu que não fumo... Posso começar um novo vício se for necessário, mas aonde vai me levar, se nada a que tenho vício me salva?
Não posso acreditar que meu destino seja cruel nas mãos dos deuses, mas posso acreditar que esteja pagando por ser parte de uma prole. Injustiça maldita de todos os lados. Não sou aquilo que me liga. Não sou o sangue que me corre. Por que, raios, devo estar fadada a ser infeliz, quando procuro a felicidade com toda a minha alma?
Não sei o que pensar de mim, nem sei se quero, de fato, pensar em algo. Ele está ali, tão perto, tão ao lado, tão carinhosamente obestinado a me matar. Um anjo vingador? Pode ser que sim. Um ser submisso a vontade de um mestre qualquer que queira me ver no chão.
Por que? Simples, porque sou forte. Ou fui. Ou era. Só Deus sabe até onde eu devo correr para me esconder de todas as debilidades que me cercam.
Eu que queria ser mais que uma pessoa normal, agora estou vivendo a anormalidade de ser uma dramática infeliz. E tudo o que eu amo. Tudo o que eu sou, se desfaz em um tempo fragmentado, que banha meu caráter de ódio, rancor, desespero, obestinada lástima. Sentimentos que se sobrepõem ao amor, que jamais me abandona e sempre quer estar ao meu lado, banhando-me com sua esperança.
Por que eu? De todas as almas que voam para os lados, para cima e para baixo, apenas uma foi condenada a sentir os horrores de amar sem que o amor, de fato, lhe rodeie?
Opiniões diferentes, pessoas com outras visões... e sem nenhum respeito pelo amor. Pela breve e impecável cortesia. Pelo sabor doce da gentileza. Pela inocência da discrição.
Não, eles não são como eu. E eu prefiro que não se igualem a mim, pois cada partícula de quem eu sou significa amor. E cada partícula de quem eles são significa guerra. Lutar por amor seria bonito, interessante e comovente. Mas lutar por lutar, sem ter certeza do que está a sua frente, ferindo qualquer um que esteja em seu caminho, sem pensar em sobreviver, apenas em vencer, essa luta eu dispenso.
Não consigo deixar de chorar. O meu coração está coberto de lágrimas que escorrem em meu ser, e nesse momento estou pálida de descrença.
Se Deus tem tanto poder, deveria usá-lo. Há outros necessitando mais que eu? Pois bem, nem esses são olhados, como posso eu ser digna da pena do soberano?
Se zombo? Não faço menos que perguntar coisas tão simples que deixam a soberania farta de mim. Acho até que estava farta antes de me colocar os pés no chão, mas, ainda assim, teve um pouco de piedade em me deixar viver mais uns pares de anos, até que chegasse na idade flanca para despencar de um penhasco, repleta de sangue seco por todos os lados... vindos do coração que se havia partido há tantos anos.
De que me serve a mente, se o coração está em frangalhos?
Pois que levem todo o meu dinheiro, pensamentos, inteligência e o amor que sinto por coisas banais, se meu coração for consertado.
Como Cian, quero que o músculo volte a pulsar e que bata tão forte quanto seja possível. Longe daqui. Longe dele. Longe da penumbra que é a sua voz, cortando a minha alma de lado a lado, por querer ser mais do que eu posso ser, e desfrutar da ignorância de me abominar com seu descaso maldito.
Quero que sofra. Que pague por cada um dos malditos momentos que me fez desfrutar. Que olhe para mim no momento de sua morte e leve a imagem da dor que me causou, consigo. Quero que jamais regresse e que deseje sofrer por si mesmo, arrancando-se aos olhos e engolindo-os. Quero que sofra tanto ou mais do que eu, e quero que sofra por mim.
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