Direitos Humanos
Sobre educadores
O primeiro são os alunos. Sempre tive saudades de ter alunos por perto quando trabalhava como escritora. Me importo com vidas e a minha melhor maneira de trabalhar com pessoas é assim. Alguns são médicos, alguns são recepcionistas, alguns trabalham como vendedores. Eu sou professora.
O segundo motivo é a Escola. O ambiente escolar, a comunidade escolar, todo aquele movimento e coisas acontecendo. Adoro poder entrar e sair de lugares, não ficar sentada o dia todo ou em um movimento, apenas. Gosto de aulas rápidas, intervalos, cafezinho, bom papo...
O terceiro motivo é o dinheiro. Eu me sinto muito bem recebendo por trabalhar em algo que eu me considero suficiente. Não a melhor, nem a pior. Suficiente. Então o dinheiro não vem fácil, nem é lá aquelas coisas, mas ruim também não é. Gosto de receber pelo que faço. Gosto de gastar. Então, é um bom motivo para trabalhar.
E é isso. São esses motivos: o que eu faço pelos outros, o que eu recebo do ambiente e o que eu faço para mim. Um triângulo que me faz bem.
Porém, junto desses fatores existem outros diversos, que vêm na contra-mão e fazem questão de bater a porta e tirar minha paciência. Um deles é o modo como o exterior reage ao ambiente escolar.
Hoje pontuei para mim mesma uma lista de atribuições que acredito serem essenciais para uma escola. A primeira é: a intelectualidade.
Um ambiente escolar não é um show de stand up, as pessoas não precisam ficar o tempo todo rindo de tudo ou encontrando graça em todas as coisas. Sejam elas quem forem.
Porém, parece que não tem como se relacionar com as pessoas sem um nariz de palhaço. E tocar em um assunto sério, discutir algo social, político, religioso, geográfico, natural... nada, nenhum assunto desse porte parece ser bem vindo. As pessoas acham chato e logo é necessário "quebrar o clima".
Mas, gente, o clima escolar e educacional não devia ser justamente para reflexões e ponderamentos sobre o universo? Qual o problema em ler e usar a leitura, de vez em quando? Qual o problema em estudar junto com o outro? Em parar uns minutinhos e dividir uma questão além do clichê? Em fazer uma pergunta para o colega de trabalho sobre a disciplina dele?
Não é teste, nem medição de intelectualidade... É apenas a maturidade de respeitar o ambiente escolar. Seja aluno, professor ou funcionário de qualquer esfera. Particularmente, colegas de profissão.
Parece tão fácil falar sobre celular, novela ou qualquer besteira "só pra variar". Mas a variação vira rotina. Tem vezes que sinto vontade de voltar para a faculdade e encontrar pessoas estudando. Voltar a estudar e abrir livros em trabalhos em equipe. Estudar junto. Conhecer junto. E o meu ambiente de trabalho, que deveria ter muitos desses momentos, não tem nada disso.
Fico muito decepcionada.
Moreno
Teu perfume gruda na pele e vem do teu abraço forte
Corpo moreno de homem rude
Briguento e fora da lei
Teu jeito despachado é parte minha, quero beijar, lamber, chupar tua cor
E o teu doce
O teu gosto repentino de marrom café, meu bombom recheado de damasco
Coisa fina. Família de posses e de bens. Tu não passou fome na vida, nego. Tu ganhou o que tem de teu pai.
Quero desfrutar teu sabor e derreter no teu néctar. Vem pra mim, príncipe. Boca a boca... com ou sem coleira.
Me pega. Me beija.
Meu nego gostoso.
Orgulho
Me tiram de mim
Me jogam no chão com tanto amor
E eu me debato com a consciência pesada
Como pode ser?
Belos, meus negros, amarelos, azuis, meus amores
Obrigada, Deus, por tanto amor
Obrigada por me dar tantos filhos
Vergonha
Por um mundo onde aprender seja prazeroso e não haja dor em esforçar-se pelo conhecimento.
Onde haja mais sorrisos pelo bem comum e menos deboche pela falha alheia.
Alguns dias me decepciono com o meu trabalho, outros dias me decepciono com o modo como algumas pessoas tratam a Educação.
Será que jamais seremos suficientes?
Será que as falhas não acabam?
O que é perfeição, quando só buscamos o mínimo? Por que lutamos pelo básico, ainda? De onde virá a dopamina para movimentar essa juventude? Que tipo de vírus é necessário para injetar nessas veias novatas a força de vontade?
Se quem faz o mínimo se torna exemplo, que tipo de pessoas estamos educando, afinal?
Quando você vê a língua que mais ama tida como qualquer coisa, quando o fruto do esforço da sua vida é um cartaz que vira lixo a mais, quando o ambiente te contamina com a descrença... a pergunta que predomina é: por quê?
Cada vez mais decepcionada com o descrédito que empregam ao Conhecimento. Para mim, ele é sagrado. Então isso me afeta... muito.
O que você faria se agredissem seu pai, na sua frente e você o amasse muito?
É assim que me sinto. Como se um tiro a queima roupa fosse dado naquilo que mais amo e eu não pudesse fazer nada além de observar aquilo sangrando e morrendo. Eu, ali, jogando fora tempos de juventude e prazer, para viver as malcriações de filhos dos outros
Sinto vergonha dessas pessoas.