Reinações Múltiplas: julho 2016
ATENÇÃO: Este blog é pessoal e não profissional

Direitos Humanos

No ano em que mais trabalhei direitos humanos em toda a minha existência (apontada por ter "só dois anos de colégio e querer me mostrar", como se eu não tivesse quase dez de experiência profissional...) parece que todas as injustiças sociais do mundo vem a tona. Nunca vi tanto ódio contra o ser humano junto. Muita violência contra a vida. Violência contra a ciência e o pensar.
As pessoas não gostam de estudar, desde alunos até professores. As pessoas têm medo de abrir as portas do conhecimento, de esperar um pouco, de dar um passo mais tranquilo e menos agitado, diante da vida.
Tudo bem ter e sustentar uma opinião, mas também está tudo bem quando alguém te mostra algo novo e você muda com aquilo. Eu sou muito assim, de me renovar, de reciclar o que penso.
Claro que não vou usar da hipocrisia e dizer "nunca fiz" ou "não farei novamente", porque humanos falham.
Não vou fingir amor eterno por todo mundo, porque nem de longe eu amo todo mundo. Sou super seletiva em me aproximar de pessoas e só dou moral pra quem eu simpatizo. Mas aceitar as diferenças e os espaços é primordial. E saber trabalhar com esses fatores, mais ainda.
Eu sou uma jovem com pouco menos de 30 anos e me permito aprender, o máximo que puder, até quando tiver saúde pra isso.
Não vou deixar de defender o que penso e não vou ter vergonha de voltar atrás, pedir desculpa, dizer que errei ou algo do gênero, caso me sinta arrependida ou tenha mudado de ideia.

Sobre educadores

Existem alguns motivos que me levam a dar aulas.
O primeiro são os alunos. Sempre tive saudades de ter alunos por perto quando trabalhava como escritora. Me importo com vidas e a minha melhor maneira de trabalhar com pessoas é assim. Alguns são médicos, alguns são recepcionistas, alguns trabalham como vendedores. Eu sou professora.
O segundo motivo é a Escola. O ambiente escolar, a comunidade escolar, todo aquele movimento e coisas acontecendo. Adoro poder entrar e sair de lugares, não ficar sentada o dia todo ou em um movimento, apenas. Gosto de aulas rápidas, intervalos, cafezinho, bom papo...
O terceiro motivo é o dinheiro. Eu me sinto muito bem recebendo por trabalhar em algo que eu me considero suficiente. Não a melhor, nem a pior. Suficiente. Então o dinheiro não vem fácil, nem é lá aquelas coisas, mas ruim também não é. Gosto de receber pelo que faço. Gosto de gastar. Então, é um bom motivo para trabalhar.
E é isso. São esses motivos: o que eu faço pelos outros, o que eu recebo do ambiente e o que eu faço para mim. Um triângulo que me faz bem.
Porém, junto desses fatores existem outros diversos, que vêm na contra-mão e fazem questão de bater a porta e tirar minha paciência. Um deles é o modo como o exterior reage ao ambiente escolar.

Hoje pontuei para mim mesma uma lista de atribuições que acredito serem essenciais para uma escola. A primeira é: a intelectualidade.

Um ambiente escolar não é um show de stand up, as pessoas não precisam ficar o tempo todo rindo de tudo ou encontrando graça em todas as coisas. Sejam elas quem forem.
Porém, parece que não tem como se relacionar com as pessoas sem um nariz de palhaço. E tocar em um assunto sério, discutir algo social, político, religioso, geográfico, natural... nada, nenhum assunto desse porte parece ser bem vindo. As pessoas acham chato e logo é necessário "quebrar o clima".
Mas, gente, o clima escolar e educacional não devia ser justamente para reflexões e ponderamentos sobre o universo? Qual o problema em ler e usar a leitura, de vez em quando? Qual o problema em estudar junto com o outro? Em parar uns minutinhos e dividir uma questão além do clichê? Em fazer uma pergunta para o colega de trabalho sobre a disciplina dele?
Não é teste, nem medição de intelectualidade... É apenas a maturidade de respeitar o ambiente escolar. Seja aluno, professor ou funcionário de qualquer esfera. Particularmente, colegas de profissão.
Parece tão fácil falar sobre celular, novela ou qualquer besteira "só pra variar". Mas a variação vira rotina. Tem vezes que sinto vontade de voltar para a faculdade e encontrar pessoas estudando. Voltar a estudar e abrir livros em trabalhos em equipe. Estudar junto. Conhecer junto. E o meu ambiente de trabalho, que deveria ter muitos desses momentos, não tem nada disso.
Fico muito decepcionada.

Moreno

Tua boca esconde malícia no sorriso, nego
Teu perfume gruda na pele e vem do teu abraço forte
Corpo moreno de homem rude
Briguento e fora da lei
Teu jeito despachado é parte minha, quero beijar, lamber, chupar tua cor
E o teu doce
O teu gosto repentino de marrom café, meu bombom recheado de damasco
Coisa fina. Família de posses e de bens. Tu não passou fome na vida, nego. Tu ganhou o que tem de teu pai.
Quero desfrutar teu sabor e derreter no teu néctar. Vem pra mim, príncipe. Boca a boca... com ou sem coleira.
Me pega. Me beija.
Meu nego gostoso.

Orgulho

No dia seguinte me fazem chorar
Me tiram de mim
Me jogam no chão com tanto amor
E eu me debato com a consciência pesada
Como pode ser?

Belos, meus negros, amarelos, azuis, meus amores
Obrigada, Deus, por tanto amor

Obrigada por me dar tantos filhos

Vergonha

Por um mundo onde aprender seja prazeroso e não haja dor em esforçar-se pelo conhecimento.
Onde haja mais sorrisos pelo bem comum e menos deboche pela falha alheia.

Alguns dias me decepciono com o meu trabalho, outros dias me decepciono com o modo como algumas pessoas tratam a Educação.

Será que jamais seremos suficientes?
Será que as falhas não acabam?
O que é perfeição, quando só buscamos o mínimo? Por que lutamos pelo básico, ainda? De onde virá a dopamina para movimentar essa juventude? Que tipo de vírus é necessário para injetar nessas veias novatas a força de vontade?

Se quem faz o mínimo se torna exemplo, que tipo de pessoas estamos educando, afinal?

Quando você vê a língua que mais ama tida como qualquer coisa, quando o fruto do esforço da sua vida é um cartaz que vira lixo a mais, quando o ambiente te contamina com a descrença... a pergunta que predomina é: por quê?

Cada vez mais decepcionada com o descrédito que empregam ao Conhecimento. Para mim, ele é sagrado. Então isso me afeta... muito.
O que você faria se agredissem seu pai, na sua frente e você o amasse muito?
É assim que me sinto. Como se um tiro a queima roupa fosse dado naquilo que mais amo e eu não pudesse fazer nada além de observar aquilo sangrando e morrendo. Eu, ali, jogando fora tempos de juventude e prazer, para viver as malcriações de filhos dos outros

Sinto vergonha dessas pessoas.