Reinações Múltiplas: My Heart Will Go On
ATENÇÃO: Este blog é pessoal e não profissional

My Heart Will Go On

Resolvi aceitar a oferta de emprego da minha madrinha e fui para Londres, assim que tive a documentação aceita. Gastar todas as minhas economias de 15 anos em uma investida dessas, tinha que valer a pena.

- Rebeca, você está maluca em aceitar essa proposta, cara. Pensa bem, vai lá pra passar fome?

- Eu vou ter um emprego lá Beth, e tenho o apoio da madrinha. - eu fazia as malas e minha prima me atasanava, dizendo que eu estava fazendo besteira. No fundo eu pensava a mesma coisa.

- Mas amiga, presta atenção, aqui você é chefe do seu setor, tem estabilidade e...

- Estabilidade é uma palavra que me incomoda até a alma, Beth. Eu preciso mudar de ares, aproveitar essa oportunidade. - eu parei de mexer na mala e olhei para ela. - Escuta aqui Beth, você está gorando minha ida? Não ‘tô te entendendo. - ela fechou a cara e cruzou os braços.

- Até parece que eu ia querer seu mal, né, idiota. Eu ia te contar de um jeito bonitinho, mas se prefere assim, por mim tudo bem. Eu estou grávida do Alonso e a gente vai casar daqui a dois meses.

Fiquei completamente espantada, depois gritei e abracei minha melhor amiga, xingando ela, enquanto eu chorava de emoção. Como assim, ela nem tinha comentado nada. Nossa, eu ia ser uma prima-tia-madrinha em 9 meses. Meu Deus! Não sabia o que pensar naquele momento. Beth, minha amiga Bethany, e Alonso, o Alonsinho lindo, seriam papais?

A festa de despedida foi incrível. Muitos dos meus amigos do trabalho, outros tantos de infância e do colégio, parentes e penetras. Me despedi da Beth, prometendo voltar assim que fosse possível. Eu não poderia voltar para o casamento, seria muito caro ir e vir, na minha situação econômica, como futura-nova-moradora da capital mais refinada do planeta. Foi bem difícil, mas eu parti.

Chegar à Inglaterra, a terra da rainha, minha rainha, era como o primeiro orgasmo. Inesquecível, perfeito, avassalador, completo, eu nem sei quais adjetivos usar para descrever minhas sensações diante daquele maravilhoso momento.

Fui direto na plaquinha Muller, imaginando que fosse alguma brincadeira da minha madrinha.

- Senhorita R. Muller?

- Sim, sou eu mesma.

- Queira me acompanhar, por favor.

Eu queria morrer de rir, devia ser um amigo da minha tia, que trabalhava de motorista e estava participando da pegadinha. Entrei no carrão que ele dirigia, uma Mercedez, pelo pouco que sei de carros. Era bem aconchegante, mas fiquei com medo. Vai que o patrão do moço descobre?

- O senhor não tem medo do seu patrão descobrir que anda por aí com o carro? - perguntei, meio tímida ainda. O cara engoliu em seco o que eu disse, afrouxando a gravata no pescoço.

- Desculpe senhorita, o que disse? - achei estranho.

- Você não pegou o carro escondido do seu patrão? - perguntei intrigada e ele estranhou.

-Foi ele quem me mandou, na verdade.

Achei muito estranho, o patrão dele seria meu novo patrão? Mas que chique! Em Londres as empregadas domésticas eram pegas pelo carro dos patrões para irem até suas casas. Pensei em twittar para a Beth que eu estava em um carrão de cinema, indo para a casa do meu novo chefe, mas meu IPhone estava sem bateria, para variar.

- Demora muito pra chegar lá? - perguntei para o motorista.

- Não senhorita.

- Pode me chamar de Rebeca mesmo - pensei que em Londres eles deviam se chamar pelo sobrenome, como nos filmes - ou de Muller, se preferir. - não sei por que, mas ele estranhou de novo.

- Como quiser, Muller.

- Qual o seu nome? - ele estava me detestando ou era impressão minha? Que antipáticos eram os ingleses, eu não acreditava quando me diziam isso no Brasil, mas olhe... tinham razão.

- Me chamo Richard Phillings.

- Muito prazer, senhor Phillings, minha madrinha vai estar na casa para onde vamos, não é?

- Meu patrão não comenta sobre esses assuntos comigo senhorita Muller.

- Ok, desculpe. - ouvi o tom de irritação na voz do cara e resolvi, finalmente, me calar e esperar.

Chegamos em uma casa tão linda que eu nem acreditei que minha madrinha trabalhasse lá. Era gigantesca, dentro de um bairro fechado, que eu acreditava ser um condomínio, mas que chamar de condomínio era quase um pecado.

Gramas aparadas, sem cercas, casas gigantescas de cores neutras, carros importas por todo lado (se bem que se as marcas fossem inglesas, os carros não seriam importados, mas ok) e ruas tão bem asfaltadas que eu parecia estar em uma auto-estrada pedagiada.

- É aqui?

- Sim, senhorita.

Richard abriu a porta e eu desci, olhando assombrada para a casa mais linda que eu já havia visto na vida. Era em um tom claro de amarelo, com flores no jardim, uma casa alegre, eu pensei. E sorri muito satisfeita com o lugar em que eu moraria em minha estadia no país mais incrível do universo.

- Senhorita Muller, seja bem vinda. - Estranhei muito quando Richard me levou até a porta da frente e a, aparentemente, governanta, me recebeu com aquele tom de "visita importante". Nossa, retirem o que eu disse sobre o mal humor inglês, eles são muito gentis!

- Olá, como vai? - sorri e ela pareceu intrigada.

- Philling, leve as coisas da senhorita para o quarto de hóspedes. - fiquei pasma, era simpatia demais, estava com medo agora.

- Desculpe, mas, quarto de hóspedes? - eu fiz uma cara feia, ou algo assim, porque a mulher ficou branca.

- Senhorita, nós deixaremos o cômodo da melhor maneira, como preferir. - ela agora me acompanhava até a sala. - o senhor Jones não costuma de atrasar, já entramos em contato, ao que parece aconteceu um acidente perto do aeroporto e ele ficou preso no transito.

- Senhor Jones é o nosso patrão? - ela fez cara de quem me achava estranha.

- Desculpe-me perguntar senhorita Muller, mas de qual país a senhora é mesmo?

- Sou do Brasil. - eu não estava me sentido bem, estava estranho demais.

- Brasil? - ela fez uma cara de relaxada, como se aquilo explicasse tudo. - Ok, vou acompanhá-la até seu quarto, enquanto o senhor Jones não chega.

Nesse momento a porta se abriu e um homem de cabelos curtos/escuros, alto, jovem e muito bonito, entrou por ela, com um tom de voz alto.

- Nossa Julieta, eu estou morto de...fome. - ele reparou que eu estava ao lado da mulher e vacilou a frase, sorrindo em seguida e se aproximando para me cumprimentar. - Você deve ser a senhorita Muller - beijou minha mão e eu estremeci com o olhar. Ele me fitava de uma maneira muito peculiar. Os olhos pareciam cravar nos meus e já me fazia sentir a barriga dar milhares de voltas, com um grande esforço para não desmaiar. Era bonito demais, sem mentiras.

-E o senhor deve ser, o senhor Jones. - ele soltou uma gargalhada gostosa e depois fez um sinal para Julieta, que devia significar algo entre os dois, pois ela se retirou pedindo licença e ele conversava me guiando para a sala de visitas.

- Sou eu mesmo. Desculpe pelos telefonemas, eu realmente precisava da certeza de sua presença com segurança e eficiência para esse projeto. - eu estava boiando. - Aliás, desculpe-me a indelicadeza, - ele falou olhando nos meus olhos novamente, enquanto soltava o braço em que eu apoiava e fazia sinal para que eu sentasse - mas você é muito mais linda e jovem do que eu imaginei.

Naquele momento eu entendi tudo! Minha madrinha me arranjou um emprego de acompanhante de executivo - isso era o que eu lia nos jornais do Brasil, palavras essas que significam prostituta, no meu bom e velho português. Fiquei completamente desesperada e me levantei em um salto.

- Desculpe-me senhor Jones, mas talvez haja algo de errado aqui. - ele pareceu surpreso comigo, até eu parecia surpresa comigo, por ter quebrado o olhar daquele homem, mas por mais lindo e gentil que fosse, eu jamais faria nada com ele por dinheiro. Não! Isso não quer dizer que eu faria de graça, quer dizer, ai meu santo, eu estava nervosa e enrolada. - Talvez o senhor não saiba, mas eu sou uma pessoa honesta e meu trabalho é limpo, não vou admitir que ninguém brinque com minha honra.

Ele pareceu ofendido e se levantou.

- Desculpe senhorita Muller, eu não tive intenção de ser desagradável, se eu disse algo que...

- Senhor Jones, eu preciso ver minha madrinha. Olhe, eu não sei como ela fez esse esquema todo, ou se foi ela, coitada... mas eu quero vê-la. - eu estava desesperada, sozinha e desesperada. Meu Deus, minha madrinha me vendeu para um cara desconhecido?

Jones estava em minha frente, pasmo. Não parecia entender nada.

- Madrinha?

- Sim, minha madrinha Olivia.

- Quem é Olivia? - Ele não conhecia minha madrinha? Nossa! Eu só poderia ter sido vendida por um terceiro, algum traficante de mulheres. Comecei a chorar, estava perdida, completamente perdida. O que eu faria sozinha em um país desconhecido? O que eu faria se ele tentasse me agarrar?

Naquele momento, Jones tentou tocar meu braço, mas com meu último pensamento, minha única reação foi ter medo. Muito medo.

- Por favor, não chora. Eu não consigo ver mulheres chorando... - ele pegou um lenço. - Droga! Eu não devia ter aceito hospedar você aqui, seria mais prudente ficar no hotel ou na casa do próprio Dougie. - nesse momento meu choro dobrou. Ele estava arrependido? Eu era assim tão má mercadoria? Meus pensamentos se desfizeram em um borrão de imagem, que era Jones pegando o celular.

- Vou ligar para o Poynter, ele vai saber o que fazer com você. - fiquei desesperada, Poynter devia ser o cafetão!

- Não! - gritei e ele se assustou, então olhou pra mim com cara de quem via uma maníaca ou coisa assim. - Não liga pra ele, por favor, me deixa sair daqui, se ele me vir ou sei lá, se ele vir atrás de mim vai ser pior. - eu continuava chorando, aflita.

Jones se aproximou e tocou meu rosto, enxugando algumas lágrimas.

- Por favor, não chora. Primeiro você se acalma e depois procuramos uma solução para tudo, pode ser? - eu soluçava e ele estava bastante tenso com aquilo, eu percebia o desconforto.

Me sentei e tomei um chá, pensando em que diria, no que faria, em como agiria. Pelo menos eu veria minha querida Beth se casar, já que voltaria para o Brasil, sem um tostão furado.

- Está melhor? - ele tocava meu ombro, tentando me acalmar.

- Já estou melhor, obrigada.

- Podemos conversar? Eu não liguei para o Poynter, como você pediu, então precisa confiar em mim e dizer qual é o problema. - ele me perguntou isso mesmo? Ele não vê problema em hospedar uma suposta prostituta e tratar ela como uma diva, com quarto de hóspede em mansões e motoristas particulares?

- Não quero que pense que sou o que eu não sou, senhor Jones, eu juro que me disseram para vir aqui a trabalho, mas não achei que fosse esse tipo de trabalho. - ele ficou confuso.

- Não te explicaram o que você teria que fazer? Poynter me garantiu que falou com você, pessoalmente.

- Como? Eu nunca vi esse tal de Poynter na minha vida, fiz contato apenas com minha madrinha, onde ela está?

- Espera um minuto, - ele se levantou e andava em círculos pensativo - sua madrinha te falou do trabalho e você veio até aqui, mesmo sem saber o que era, mas quando comentei o que era, você não aceitou a proposta? - eu fiquei confusa vendo ele andar de um lado para o outro, falando daquele jeito, mas assenti.

- Foi isso mesmo.

- Então você não é Rose Muller! - ele falou olhando para mim e com uma cara de quem descobriu que objetos densos flutuam na água.

- Rose Muller?

- Sim. Eu bem desconfiei! - ele parecia feliz fazendo gestos enquanto falava - O Dougie falou que a mulher era, bem, deu a entender que era mais velha. Também disse que tinha os cabelos ruivos, mas como mulheres sempre mudam o visual... - ele estava pensando alto - imaginei que você tivesse mudado o seu também. Além disso, - ele fixou os olhos nos meus, depois de percorrer o meu corpo com eles - acho que ele não esqueceria de mencionar alguns detalhes seus, no momento em que eu me recusava a hospedar a tal Rose Muller.

Senti meu corpo esquentar, em especial meu rosto.

- Então, foi um engano. - eu disse tentando processar as coisas. - Mas se for assim, preciso ligar para minha madrinha! Ela deve estar em pânico, ligando para o Brasil ou sei lá... - eu me desesperei.

- Brasil? Você é brasileira? - ele sorriu, parecendo encantado.

- Sou. - eu não conseguia me desviar dos olhos dele. Jones se aproximou, não sorria mais, mas parecia hipnotizado, segurou o meu queixo e olhou para minha boca.

- O que pensou que estava acontecendo aqui? Entre nós. - ele era gentil na fala, mas me senti insultada.

- Não quero falar sobre isso, me desculpe senhor Jones, eu preciso mesmo ir embora daqui, encontrar minha madrinha. - eu estava a caminho da porta, mas a mão dele segurou meu braço.

- Aonde pretende ir deixando suas roupas, não conhecendo a cidade e com toda essa aflição? - ele era racional, eu emocional. Comecei a chorar de novo. Como ele não era meu patrão, me senti à vontade para fazer algo que eu queria, desde que o vi. Abraçá-lo.

Danny envolveu os seus braços em meu corpo e me fez sentir quente, era uma sensação bem estranha que se apoderava de mim com o olhar dele, mas melhor ainda quando ele me tocava.

- Desculpe, eu não consigo pensar suficientemente bem quando estou apavorada.

- Pensou que eu ia te fazer mal? - ele falou encostado em meu ouvido, aquilo foi muito incomodo, porque meu corpo todo eriçou.

- Pensei. - me separei dele e vi um sorriso de canto nos lábios do homem mais lindo da Inglaterra.

- Gostei de você.

Eu com certeza virei um pimentão, mas não importava muito, só minha madrinha interessava. Jones me disse que ajudaria a encontrá-la e também a verdadeira senhora Rose Muller.

3ª pessoa POV

- Ok, e o que você fez? - disse Dougie, eles jogavam videogame, tomando cerveja, chocolate quente e vinho, respectivamente.

- Eu deixei ela ir embora.

- Você o que? - Poynter não acreditava no que ouvia. - Depois de um milhão de anos sonhando com a mulher, ela aparece na sua casa, bate na sua porta, toma na sua xícara, senta no teu sofá...

- Chega Poynter. - era Harry, folheando uma revista masculina.

- ... e você deixa ela ir embora? Simples assim? - Jones ficou sem graça.

- O que eu podia fazer? Ela precisava trabalhar, eu também.

- E o telefone, pelo menos isso você pediu? - disse Tom.

- Lógico. O problema é que ela não sabia o número e ele estava descarregado.

- E o parvo caiu nessa. - Harry resmungou.

- Vishh, isso quer dizer que ela não está afim.

- Por quê? - Danny estava tentando acompanhar o raciocínio.

- Porque ela te cortou né panacão, inventou uma história. - Poynter havia ultrapassado Jones com sua Ferrari.

- Não era mentira, seus idiotas, a Rebeca não conseguia nem ligar para a madrinha, por falta de bateria. O número dela em UK é outro, não tinha como saber.

- Ok, mas como vai atrás dela agora? - disse Tom.

- Com o nome dela tenho o facebook, o twitter, o msn, o tumbler, o myspace e um tal de Orkut e se eu não encontrar ela virtualmente... - ele não tinha pensado nisso - bem, nesse caso, eu vou ter que ir atrás dela. - Harry sorriu.

- Esse é o Jones que eu conheço... - e levou uma travesseirada de Tom, que iniciou uma guerra.

3ª pessoa POV off

Eu estava trabalhando há uma semana. Era mais fácil do que eu imaginava. O trabalho era tranquilo, razoavelmente, rápido, e eu ganhava o quanto havia planejado. Tudo daria certo.

Minha madrinha me apoiava, e ficou bem melhor depois de passado o susto do meu dia de chegada. Eu nunca mais havia visto ou ouvido falar de Danny. Pelo que eu descobri, o cara era de uma das maiores bandas do país, o que me deixava, razoavelmente estremecendo de felicidade. Se eu soubesse que era uma estrela, teria tirado uma foto, se bem que, nem me interessava na fama dele, porque o que não saia da minha cabeça era seu olhar fixo ao meu, desmanchando meu corpo todo.

Era meu dia de folga, eu estava passeando pelas redondezas, vendo as peculiaridades que apenas Londres (não, nenhum lugar do mundo é igual) poderia me oferecer, quando vi a tão aclamada Starbucks, o lugar que eu sempre quis freqüentar na vida.

Entrei com intenção de tomar um cappuccino, o dia, para variar, estava frio. Sentei em uma das mesas próximas da janela e olhei as delícias ofertadas no cardápio. Com certeza eu mudaria os planos de apenas beber o cappuccino, porque cheirinho de torta estava de matar.

- Bu! - eu tremi de susto e soltei um gritinho, vi um cara atrás de mim se debruçando para rir, segurando meu ombro.

- Jones? - meu coração saltou.

- Desculpa o susto Re - ele ainda ria - não resisti. - sentou-se ao meu lado, pedindo licença e continuou rindo.

- Muito engraçado senhor - fiz cara de ofendida e depois ri também. - Como você está? - estendi a mão e toquei na dele, por impulso, logo tirei ela dali, porque o choque foi bem grande e ele parou de rir na mesma hora, olhando pra mim com intensidade.

- Senti sua falta. - eu bebi um gole de cappuccino fervendo, e nem percebi, de tanto espanto em ouvir aquilo.

- Eu acho pouco provável, porque você nem me conhece. - ele ficou me encarando, mesmo assim.

- Mas te procurei e você não apareceu.

- Procurou?

- Sim, te adicionei no msn, mas você não acessa. Seu facebook não tem nem foto. Você tem twitter? Eu não encontrei e, ah é, conversei com umas fãs do twitter e descobri um tal de orkut. Te adicionei nele, pelo email que me deu, mas não sei porque, nem fotos consigo ver.

Meu Deus do céu, eu tinha ignorado um perfil de "Danny Jones" no Orkut! Mas como saberia que não era fake? Que grande merda atômica eu sou! Eu broqueei o cara mais gato do mundo. Espera aí, ele estava me procurando? Uau!

- Nossa, eu não fazia ideia. Depois que eu soube que você era de uma banda famosa, simplesmente não vi motivos de querer me ver de novo. - ele pareceu ofendido.

- Bem, mas eu estou aqui por isso. - ele sorriu, eu estava me apaixonando por aqueles olhos fixados em mim.

- Está? - fiquei pasma.

- Fui até o lugar em que você trabalha, assim que cheguei da França, mas era sua folga e sua madrinha disse que estaria por aqui. Quando te vi caminhando, decidi apenas olhar de longe, mas não consegui resistir me juntar a você para tomar um bom chocolate quente.

Era informação demais e sinceridade demais. Eu e Danny Jones tomando chocolate quente? Não dava pra acreditar. Fiquei muito fascinada com o jeito dele falar e com as brincadeiras fofas, ele parecia tão genial que me senti flutuar em ouvir suas histórias. Falamos de turnês, do Brasil, de produções, de pastéis, de cabelos coloridos, de jogadores de futebol, de canções favoritas e tantas outras coisas aleatórias, que nem vi o tempo passar.

- Você precisa ver esse filme. É com um cara... como é mesmo o nome dele? Bem, não importa, o filme é muito bom! - eu ria.

- Danny, você é ótimo em indicar filmes, não sabe nem os nomes, nem os atores. - ele segurou minha mão, sem perceber que estava já penetrando minha alma com o olhar e eu senti um turbilhão dentro de mim com seu toque.

- Eu sou ótimo para muitas coisas, na verdade e queria te mostrar uma delas. - Danny se levantou, deixando o dinheiro da conta e me puxou com ele, sem dizer palavra. Eu estava tão segura com ele, mas ainda assim perguntava para onde iriamos.

Ele me levou para os fundos do prédio e subimos as escadas de emergência. Fiquei morrendo de medo.

- Fique calma, está tudo bem, vem, segura minha mão. - eu segurei e fui, sem medo. Quando chegamos ao último andar, ele pediu para que eu fechasse os olhos.

- Isso, agora vire-se de costas. - eu fiz, com cautela e muito medo. - boa garota - ele parecia sorrir. - Agora abra os braços.

Tive medo, vários deles de uma só vez. Jones segurou meus braços por trás e apoiou sua cabeça em meus ombros.

- Um pouco da magia de Titanic. - ele falou ao lado de meu ouvido e eu pensava em rir, não fosse o frio que envolveu todo meu corpo, de pé no último degrau, sem a frente de apoio, como se eu fosse saltar em um vôo, mas ele estava lá e parecia ser ainda mais atraente fazer aquilo com suas mãos envolvendo meus braços.

Danny sussurrou um canção em meu ouvido e eu pensei que morreria naquele segundo, quando, de súbito, ele me puxou para perto da parede e, recostando meu corpo, acariciou meu pescoço e meu rosto, beijando-me em seguida. Fazendo-me sentir uma princesa.

Seus lábios eram gentis e ele era doce, incrivelmente doce. Sensível no ponto certo, com uma emoção que me deixava iluminada por dentro e por fora.

- Acho que me apaixonei.

- Eu tive certeza assim que te vi em meus sonhos.


FIM

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