Reinações Múltiplas: Moves Like Jagger - parte 4
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Moves Like Jagger - parte 4

por Franci Freire


Era mais do que óbvio que alguém ali estava sonhando e, a julgar pelas possibilidades, só poderia ser eu. A notícia veio tão rápido, aliás, tão rápido quanto o beijo, os carinhos, os olhares e o telefonema. Era realmente possível Lenah Muller estar pegando James Valentine?

Provavelmente não, mas, como nem sempre os sonhos tem um sabor tão interessante e um cheirinho tão gostoso quanto o dele, aproveitei.

- Pra onde a gente vai James?

- Pra casa do Adam, princesa. - ele beijou meu pescoço, brincando com o perigo. Minha mente estava completamente aérea naquele instante, viajando nas possibilidades.

Pensa só: eu e Adam Levine, na casa dele. A brasileira poderosa é a convidada. Ele sorri e diz "eu te conheço de algum lugar?", eu respondo com um sorriso lânguido e jogo o broto na parede.

Ou ainda, eu e Adam Levine. Ele está sem camisa, em casa, descontraído. Se aproxima dos amigos para oferecer um drink. Eu sorrio languidamente, bebo um gole de qualquer coisa, e espio ele pela borda da taça em minha mão. Os corpos se esquentam, sugiro um cantinho com o olhar. Ele me segue e... pimba!

Ou quem sabe... Eu e Adam Levine, meu pescoço sendo mordido e a barba loira dele se esfregando... opa, espera um segundinho, Adam Levine com barba loira?

Droga! Divaguei e esqueci do James Sedução Total, me pegando aqui no barzinho cult.

- Ja... James. - e ele continuava me amassando. - James... - e eu tentando afastar, mas gostando do carinho. - James, meu bem. - e o bendito com a mão na minha perna, me deixando louca pra grudar nele. - James!

Respirei fundo e busquei o equilíbrio natural, para deixar de desejar - loucamente - estar em um quarto.

- Humm - e me deu mais um beijo - você é tão saborosa, Leninha. - Gamei no "saborosa", é menos promíscuo que "gostosa", não tão "Juliana Paes" quanto "boa" e me faz lembrar de sorvetes... ou torradas com pasta de amendoim.

Ai meu santo, alguém apaga esse homem e afasta essa tentação, que eu tô carente, prestes a conhecer a casa do Adam Levine? Grata.

Resolvi sorrir e tentar, mais uma vez, a concentração espirituosa transcendental, que me é falha. Olhei para a selva, que eram os olhos dele, e acariciei seu rosto, dando um selinho longo, em seguida.

- Meu bem, eu estou realmente grata pelo convite, mas não posso sair com você, assim. - Olhei para baixo, a fim de mostrar a roupa, mas, provavelmente, com a pressão muscular alterada, ele nem deve ter visto roupa no meu corpo.

- Que besteira, Lenah. Você está perfeita. - E grudou a barba no meu cangote, outra vez. Afastei devagar.

- Com biquini e roupa de patinar, James? - Sorri e tentei buscar a parte racional dele, levando em conta que o cara estava com a cabeça em algum canto escuro da casa de Levine, onde pudesse me arrastar pra fazer... pra fazer.

Com algum esforço, desenhos e mímicas, consegui convencê-lo de me levar em casa para que eu trocasse de roupa rapidinho. Confesso que um pequeno receio de chegar lá e não tomar banho sozinha me alastrou, mas fui forte e, com sorte, ao chegarmos tínhamos companhia.

- Maria Guadalupe! - eu praticamente reverenciei minha amiga, fazendo questão de usar o nome santo dela, pra agradecer por estar em casa. A pobre levou um susto ao ser abraçada por um raio e respondeu com o carinho que só os latinos sentem:

- Estás loca mujer? Dejame! - e me empurrou.

Sorri, um sorriso verde, com tom de "disfarça!" e, sabiamente, ela deu uma olhadinha por cima do meu ombro, até a porta, onde havia um homem alto e loiro... e percebeu que eu estava em alguma enrascada. Na verdade, lembro perfeitamente do olhar dela de "caralho, você está em uma enrascada!", no instante em que percebeu quem era o homem alto e loiro.

- James, essa é minha amiga Lupe. Lupe, esse é James...

- Valentine. - ela completou, sorrindo e se empolgando ao ir até a porta. - Eu adoro o seu trabalho. - ela o abraçou com o verdadeiro calor latino... cheirando à cebolas, já que estava cortando algumas na cozinha, antes de eu aparecer - você é demais!

- Obrigado, é um prazer conhecer você... Lupe?

- Maria Guadalupe Montañes, para servirte, señor. - ela arrancou um sorriso dele. Devo dizer que eu e Lupe costumamos conversar muito, divagamos juntas na arte e nos sonhos. Por esse motivo, ela estava vacinada com a opção "e se um dia eu aparecer com um dos melhores amigos do Adam aqui em casa?", "Bem, nesse caso, eu faço o esforço e pego ele, só pra gente fazer contato com o seu sonho de consumo".

Sim, nós divagamos. Acredite se quiser.

Em todo caso, dei uma desculpa e deixei Lupe com Valentine, pra poder tomar um banho rápido e correr até o vestido preto simples noturno, que ficava guardado na sessão "Roupas para impressionar o Adam", do meu guarda-roupa. A sensação de, finalmente, usar um modelito pra impressionar o broto me deixou inspirada; então, resolvi, depois de me banhar com o Body Wash Pure Seduction, passar uma manteiga corporal Ultra-Softening Body Butter - Secret Crush, dar um toque nos lábios com meu Lip Gloss Dandy Cane e amaciar minhas mãos com o Hand e Body Berry Kiss.

Pausa para comercial.

Nada melhor do que se armar de Victoria's Secret contra uma angel Victoria's Secret, afinal, Anne-V estaria lá... com ele.

Depois da lingerie e do vestido, fiz uma chapinha, coloquei o salto agulha e preparei uma maquiagem bem simples. Quando cheguei na sala, passada uma hora e meia, minha amabilíssima amiga estava toda prosa com o James. Eles até soltavam algumas risadas - o que me fazia pensar que Lupe realmente estava gostando da companhia.

- Finalmente, rainha da Inglaterra. Seu "banho rápido" incluía tosa e sessão de relaxamento? - eu sorri, jogando meu charme, e dei uma voltinha.

- Gostou? - perguntei para Lupe, ignorando que estava em frente a um cara que babava por mim desde o segundo em que nos vimos. Fazer o que... Lógico que eu estava pensando em Adam, mas não tinha como evitar que outros caras me olhassem e, bem, eu não sou uma santa recatada pra dispensar essa belezinha.

- Está maravilhosa. - ele esqueceu da existência de Lupe, tal qual eu revivi a dele, assim que se levantou, segurou minha mão e beijou a palma virada.

- Que gentil, cavalheiro. - o céu já tinha escurecido, o sofá colorido de Lupe estava com um pote de nachos e dois copos com Pepsi recostados... cheirando cebolas.

- A espera não poderia ter valido mais a pena... eu... eu... não sei nem o que dizer. - Valentine segurou minha mão e me fez girar em torno de mim, para que ele pudesse apreciar melhor meu modelo, exclusivamente pensado para o amigo dele. - Linda. - e sorriu, me dando um beijo inesperado.

Ok, inesperado pra quem? O cara era minha companhia naquela noite. Certo, repassemos. Eu estava bem confusa naquele momento e imagino que a Lupe não estivesse das mais sóbrias, a julgar pelo queixo caído de minha amiga.

Abracei James e disse, em espanhol, movendo os lábios sem som: "te explico tudo quando voltar". Maria Guadalupe Montañes estava pálida e pegou o copo de refrigerante, que supostamente lhe pertencia, e virou em um gole só.

- Preciso de tequila. - foi tudo o que a sósia da Thalia conseguiu dizer.


James separou o abraço e virou para Lupe.

- Foi um prazer te conhecer Lupe, tem certeza que não quer ir com a gente?

- É, eu... bem... Não, está tudo certo. Na verdade, eu preciso ir pra biblioteca da faculdade. Tem uma amiga me esperando lá. - e sorriu amarelo.

- Se é assim, podemos te dar uma carona. - Pausa. Comentei sobre o carro do loirão que me deu carona até em casa? Digamos que de "pôneis malditos" ele não tenha nada!

- Acho que a Lupe vai se encontrar com alguém e está nos chutando, James - eu sugeri, livrando Lupe de ter que sair com a gente naquele estado "cebolas que eu estava picando antes da Lenah chegar". Levaria mais uma hora, no mínimo, pra minha latino americana favorita (depois da Shakira, da Lucero, da Anahí, da Dulce Maria, da Maite Perroni, da Gaby Spanic...) se arrumar e eu estava com muita ansiedade pra esperar.

Passado algum blá blá blá, lá estava eu: a caminho da casa de Adam Levine, com - nada menos que - James Valentine.

Preciso dizer que meu coração saltou pela boca e eu, definitivamente, não acreditava naquele momento? Não preciso né? Pois bem, se aquele momentinho já parecia coisa de história adolescente, a visão do paraíso devia ser coisa de contos de fada, porque quase enfartei quando coloquei os olhos na mansão de Adam Levine.



Parte 5

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