Reinações Múltiplas: Sobre um amor antigo
ATENÇÃO: Este blog é pessoal e não profissional

Sobre um amor antigo

"Era uma vez uma garota que havia se apaixonado por um professor de Literatura. Embora ele não lhe desse aulas, era membro de uma banda e tinha cabelos loiros, requisitos básicos para qualquer paixão.
Com o passar do tempo e da aproximação entre ambos, a garota percebeu que não teria chances de se relacionar com o professor (que não era dela) e viu, ainda, uma amizade nascendo entre os dois. Com o tempo a amizade se converteu em admiração e logo em obsessão: para aquela moça a ideia fixa era de se converter em alguém tão especial como aquele rapaz.
O menino vivia sua vida, entre poesias, Quintanas, Andrades e Pessoas, enquanto a garota se empenhava para encontrar caminhos de chagar até a Pasárgada daquele poeta boêmio e louco.
Os dois se encontravam, saiam, bebiam taças de vinho em meio a arquitetura curitibana do Centro Histórico. Ele do mato, ela da cidade. Ouviam a mesma banda, gostavam das mesmas músicas, declamavam poemas sem querer e criavam crônicas enquanto andavam pelas ruas de ladrilhos que formavam os desenhos de araucárias e pinhões.
Certo dia a moça se deu conta de que havia escolhido seu caminho - de ser professora - guiada pelos passos do poeta louco. Ele lhe ligava nas madrugadas, enviava-lhe mensagens com poesias criadas em meio a solidão do interior e o luar da praia, entre os uivos de lobisomens e os cantos de sereia. Ela sempre esteve disposta a ouvir e ali se prendia, imaginando que um dia, não muito distante, seria tão boa quanto ele.
O tempo passou. A moça crescia, se convertia em mulher, e o homem - não muito mais que menino - vivia uma vida tranquila e nada monótona ao lado de sua esposa. Havia tempo que aquele professor não lhe escrevia, nem lhe procurava. A moça entendia-o, mesmo com a sensação de que não havia sentido em deixar-se afastar por outros romances... Mas o coração de Quixote era de Dulcineia e não do bravo Rocinante.
Aos trotes, a moça seguia seus estudos, sua vida e, em uma noite sem maiores descrições, recebeu um recado que retomava o contato com o cavalheiro andante. Como boa amiga, acolheu-o em sua poesia... e se deu conta que naquele momento os dois escreviam prosa.
E entre prosas e versos, rumando notícias de jornal, os dois distantes voltaram a estar próximos. Como era de se esperar, não se encontraram em suas palavras e romperam o silêncio a gritos: ele com suas verdades, ela com as suas convicções.
E como ambos estavam perdidos, em busca de rumos e caminhos, a vida lhes deu estradas distintas a percorrer.
Hoje caminham lado a lado. Na mesma extensão territorial, sob o mesmo teto divino, com amparos celestiais de grande porte, mas totalmente aquém um do outro.
"Ele lá. Eu aqui.", ela pensa.
Por isso, como alegoria para a vida, a moça escolheu imaginar que sua relação divina de amizade,carinho, afeto e amor por aquele irmão se converteu em flor. Uma flor em um bosque distante, esperando as pétalas caírem para, quem sabe em outra primavera divina, renascer."

Foto: Sobre um amor antigo

"Era uma vez uma garota que havia se apaixonado por um professor de Literatura. Embora ele não lhe desse aulas, era membro de uma banda e tinha cabelos loiros, requisitos básicos para qualquer paixão.
Com o passar do tempo e da aproximação entre ambos, a garota percebeu que não teria chances de se relacionar com o professor (que não era dela) e viu, ainda, uma amizade nascendo entre os dois. Com o tempo a amizade se converteu em admiração e logo em obsessão: para aquela moça a ideia fixa era de se converter em alguém tão especial como aquele rapaz.
O menino vivia sua vida, entre poesias, Quintanas, Andrades e Pessoas, enquanto a garota se empenhava para encontrar caminhos de chagar até a Pasárgada daquele poeta boêmio e louco.
Os dois se encontravam, saiam, bebiam taças de vinho em meio a arquitetura curitibana do Centro Histórico. Ele do mato, ela da cidade. Ouviam a mesma banda, gostavam das mesmas músicas, declamavam poemas sem querer e criavam crônicas enquanto andavam pelas ruas de ladrilhos que formavam os desenhos de araucárias e pinhões.
Certo dia a moça se deu conta de que havia escolhido seu caminho - de ser professora - guiada pelos passos do poeta louco. Ele lhe ligava nas madrugadas, enviava-lhe mensagens com poesias criadas em meio a solidão do interior e o luar da praia, entre os uivos de lobisomens e os cantos de sereia. Ela sempre esteve disposta a ouvir e ali se prendia, imaginando que um dia, não muito distante, seria tão boa quanto ele.
O tempo passou. A moça crescia, se convertia em mulher, e o homem - não muito mais que menino - vivia uma vida tranquila e nada monótona ao lado de sua esposa. Havia tempo que aquele professor não lhe escrevia, nem lhe procurava. A moça entendia-o, mesmo com a sensação de que não havia sentido em deixar-se afastar por outros romances... Mas o coração de Quixote era de Dulcineia e não do bravo Rocinante.
Aos trotes, a moça seguia seus estudos, sua vida e, em uma noite sem maiores descrições, recebeu um recado que retomava o contato com o cavalheiro andante. Como boa amiga, acolheu-o em sua poesia... e se deu conta que naquele momento os dois escreviam prosa.
E entre prosas e versos, rumando notícias de jornal, os dois distantes voltaram a estar próximos. Como era de se esperar, não se encontraram em suas palavras e romperam o silêncio a gritos: ele com suas verdades, ela com as suas convicções. 
E como ambos estavam perdidos, em busca de rumos e caminhos, a vida lhes deu estradas distintas a percorrer.
Hoje caminham lado a lado. Na mesma extensão territorial, sob o mesmo teto divino, com amparos celestiais de grande porte, mas totalmente aquém um do outro. 
"Ele lá. Eu aqui.", ela pensa.
Por isso, como alegoria para a vida, a moça escolheu imaginar que sua relação divina de amizade,carinho, afeto e amor por aquele irmão se converteu em flor. Uma flor em um bosque distante, esperando as pétalas caírem para, quem sabe em outra primavera divina, renascer."