Reinações Múltiplas: dezembro 2010
ATENÇÃO: Este blog é pessoal e não profissional

Prison Break - Bochinni

Lincoln Burrows corria pelas ruas de New York. Usava uma camisa branca, uma calça social e um par de sapatos Armani, além do habitual óculos escuro, dessa vez um modelo Louis Vuitton. Não era raro encontrar Lincoln fugindo de alguém, ele simplesmente precisava esconder a si mesmo, pois toda a polícia norte-americana estava atrás de seu corpo atlético, com intenções nada excitantes: cumprir sua sentença de morte, em uma cadeira elétrica.

Naquela tarde o irmão de Lincoln, Michael Scofield, estava na Carolina do Norte, na cidade de Lexington, no condado de Davidson. Mike levava em seu corpo a planta da Penitenciária Estadual de Fox River, a mesma que serviu para livrar ele, o irmão e outros seis detentos que cumpriam pena naquela prisão - além de conter uma série de pistas subliminares, que tirariam ele e o irmão do país, a caminho do México e, então, do Panamá (local em que permaneceriam escondidos, até que provassem a inocência do irmão, se é que provariam algum dia).

Lincoln e Mike tinham um inimigo maior do que a polícia americana, eles eram inimigos do Estado, que havia tramado toda a empreitada de acusação de Burrows, além de estar atrás de cada passo de Scofield, desde que descobriram seus planos e intenções.

Havia dois meses que estavam fugindo da polícia e muita coisa já havia acontecido. L.J, o filho de Lincoln, estava desaparecido, a Dra. Sara Tancredi, amante de Mike, estava a caminho de Lexington e Lincoln havia se dado mal em uma de suas investidas de procurar L.J, por isso corria como um louco, saindo de uma loja de roupas importadas.

Catharine Bochinni nasceu na cidade de Oklahoma, onde sua mãe foi abandonada grávida por Giovanni Bochinni, a principal causa de seu impulso de se tornar apta a polícia secreta. Caty tinha a intenção de vingar o nome de sua amada mãe, que foi cuidada por imigrantes mexicanos em uma casinha de condições precárias, sofrendo com dores no intestino ocasionadas pela sujeira com a qual mulher e criança tiveram contato.

Aos cinco anos de idade, Caty viu sua mãe morrer em uma cama improvisada com filetes de madeira, um papelão e alguns pedaços de espuma velha. Uma descendente italiana, com o sangue mesclado ao americano, filha de um contrabandista de origem fascista, Caty dedicou sua vida a estudar no orfanato em que foi deixada e alcançar um lugar nas forças armadas, ou no FBI, onde pudesse fazer justiça com as próprias mãos, se livrando de bandidos, fria e cruelmente.

Já fazia dez anos desde que havia saído da Casa Sant Louise, no condado de Kay, Oklahoma, e seus planos acabaram rumando para outros negócios.

Com a preparação que teve na polícia federal e todo o treinamento que recebeu na categoria de base que precede a formação final para o S.W.A.T, Caty recebeu uma proposta de Paul Kellerman, um homem que surgiu em sua vida como um fantasma em noite de sexta-feira 13. O homem lhe ofereceu um trabalho com a polícia secreta e Caty se viu fadada a aceitar, pelo simples fato de trazer em sua mente a propensão familiar em se unir a facções ilegais, que buscavam justiça individualista.

Não era algo que orgulharia Caty, não tanto quanto a S.W.A.T, mas era exatamente o risco que ela queria correr. Os trabalhos que Paul lhe passava eram todos muito simples, nada que tivesse verdadeira ação, mas ela tinha certeza de que o homem guardava a melhor fatia do bolo para ela. Tinha certeza de que no momento certo ela seria chamada para enfrentar a aventura mais emocionante de sua existência.

Caty tinha uma pequena cisma com o sexo oposto, ela gostava de brincar com os homens e de fazê-los ser um objeto descartável em suas mãos. Era sem dúvida um dos atributos que Paul havia encontrado de maior agrado na mulher de um metro e setenta e oito, cabelos castanho escuro lisos e curtos, belíssimos olhos castanhos e um rosto esculpido pelos deuses olimpianos. Aquela garota, na opinião de Paul, com certeza teria muito a contribuir quando chegasse o momento certo.

E havia chego. Caty estava no caso há praticamente um mês. Ela estava de olho na fuga dos malditos delinqüentes e observava, com maior atenção, o cara que era pivô de toda aquela confusão: Lincoln Burrows. Estava na cara que o irmão faria qualquer coisa para libertar o imbecil do Burrows, além disso, qualquer mulher sacaria um plano de fuga tão ingênuo como o deles, era uma pena não ter nenhuma policial capaz e suficientemente boa em Fox River, na opinião de Caty, ela sozinha daria conta daqueles trogloditas.

Lincoln continuava correndo, quando um jovem, com cerca de 17 anos e cabelos estranhos, empurrou ele, a fim de deter sua fuga. Certamente o jovem pensou se tratar de um ladrão e resolveu ajudar a sociedade, interceptando-o – ao menos seria isso o que um cidadão de bem pensaria, mas na opinião de Lincoln, que foi prejudicado, aquela ação só servia para mostrar o quanto os jovens de hoje em dia são desocupados, babacas e intrometidos.

Furioso por ter caído e estar sendo alcançado, Lincoln levantou rapidamente, segurando o pescoço do jovenzinho magricela, que usava roupas coloridas, e o empurrou sobre uma máquina de jornal vermelha, que estampava na capa do USA TODAY o rosto de L.J Burrows.

Com um pouco de sorte, Lincoln se desvencilhou das pessoas que estavam próximas e entrou em um prédio, onde as portas de vidro eram fumê, com o símbolo de um leão dourado. Parecia um prédio comercial, então Lincoln correu até a porta nos fundos do corredor, ao lado dos elevadores, escapando pela saída de emergência e correndo por um beco, que o levou uma quadra de onde estava.

Caty esperava pacientemente a ordem de aparecer. Mal podia esperar para entrar na história, mas precisava manter a concentração, afinal, não seria fácil assumir o papel que haviam lhe encarregado.

Mike estava com êxito em seus planos de encontrar Sara em Lexington, pegando em um de seus pontos de apoio o material que precisava para, em seguida, voltar a Nova York e ajudar Lincoln a encontrar L.J. Por ora, o máximo que poderia fazer era preparar os documentos falsos e mudar sua rota de fuga. Era um tempo curto, mas ele conseguiria escapar de toda essa confusão, sem deixar Sara, L.J ou Lincoln para trás.

Lincoln entrou no apartamento pela janela, assim que o morador havia saído. Ele precisava trocar de roupas e comer algo, para continuar sua peregrinação. Sem Mike por perto, era difícil encontrar um ponto de apoio, ele precisaria roubar um carro e encontrar um lugar seguro para ficar, mas estava abalado demais com o sumiço de L.J para conseguir pensar, em qualquer coisa, com calma.

Na sala de reuniões da CB entregas, uma empresa fantasma que servia para esconder as intenções dos serviços sujos do Estado, Caty esperava por Paul Kellerman. A morena usava o cabelo preso em um penteado de fios rebeldes, um óculos Ray Ban de grau e um blazer preto Gucci, combinando com as calças e contrastando com a camisa branca meio aberta. Nos pés, um par clássico de Oxford.

Paul entrou com pressa, usava um terno cinza e uma gravata listrada, cor de vinho. Os óculos escuros foram tirados dos olhos assim que alcançaram o corpo escultural que o esperava, tendo um sorriso no rosto.

-Boa-tarde, senhor Kellerman.

-Bochinni. – ele beijaria a mão da mulher, se não estivesse a trabalho. Um aperto de mãos selou o encontro e logo Paul indicou a poltrona, para que Caty se sentasse. – Por favor.

-Obrigada. – ela não sorria mais, percebeu que era um momento delicado. – Estou a sua disposição.

-É ótimo ter uma pessoa responsável na equipe Bochinni, por isso recorri a você. Já não há como deter esses cretinos sem a intervenção feminina e, evidentemente, você é o meu melhor contato. – orgulhosa, mas sábia o suficiente para permanecer humilde, Caty agradeceu e pediu que ele prosseguisse. – Lincoln está de volta à cidade, hoje de manhã o desgraçado foi visto na esquina da Houdson St com a Whort St e logo estava na Walker St com a Church St., ele está em todos os lugares, não conseguimos detê-lo.

-Desculpe senhor – Caty interrompeu. – Lincoln Burrows estava andando pelos arredores da Broadway e foi perdido? – com o gosto da incompetência na boca, Paul engoliu em seco.

-Sim, as falhas foram superiores e nosso trabalho é tapar os buracos, confio em você Caty. Vamos colocar o plano em ação.

-O senhor acredita que possamos fazer como estava combinado, ou existe alguma alteração?

-Será tudo como planejamos, nada fora do traçado. Qualquer problema, estarei te cobrindo e qualquer falha de segurança, quero que mate Lincoln Burrows, seu filho ou seu irmão imediatamente, não importa como. – gostando das ordens, Caty abriu o sorriso novamente.

-Aceita uma taça de vinho, senhor?

Mike estava preocupado com a demora de Sara. Ele estava no local combinado há quase meia hora e ela ainda não havia chego. “Precisa ficar calmo, ela está bem”, dizia sua consciência quando viu Sara se aproximar, com cautela.

-Graças a Deus! – Mike saiu do local em que estava escondido, sem pensar em nada e correu, abraçando e beijando Sara. Os dois trocaram um olhar, depois de separarem o beijo e perguntaram em sintonia “você está bem?”, com um sorriso, voltaram a se abraçar, mas logo separaram os corpos e Mike puxou a mão de Sara.

-Venha comigo, precisamos agir com rapidez.

L.J estava fraco e com fome. Ele sabia que a qualquer momento o pai e o tio o encontrariam, mas a fé não era o suficiente para alimentá-lo. Ele precisava comer, ou morreria. Seu corpo se revirava para um lado e para outro, amarrado, no chão, em um lugar escuro que lhe lembrava, de alguma maneira, a prisão.

Lincoln andava com cautela, pois as roupas que conseguiu na casa que arrombou não eram muito compatíveis com seu porte físico, ficavam um tanto quanto menores e chamativas, a verdade era que ele parecia um gogo boy, ou um cara gay que paquerava pelas noites novayorkinas, o que para ele era a mesma coisa. “Estou parecendo um frutinha”, sua mente pensou enquanto ele caminhava pela Mercer St, a procura de um carro.

Caty estava preparada, sabia exatamente como agir, além disso, estava armada. Não havia como dar errado, seria um tanto patético, ela sabia, mas faria como Paul havia mandado: “Não mate, não fira. Traga ele para mim sem nenhum arranhão e o entregaremos a Alexander Mahone, como deve ser. Burrows não se livrará da execução, como ordenou a Presidente”.

Aquele papo de “Presidente” era uma merda, na opinião de Caty, mas ela teria de cumprir os mandamentos, ou estaria fora. E ela sabia o que significava estar fora, significava morrer. Não, definitivamente ela não morreria nas mãos de um amador, como Paul, que se julgava superior a ela. Talvez, apenas talvez, a Presidente tivesse o mesmo valor que ela, mas, ainda que Caty desse valor ao poder feminino, ela sabia que poucas se equiparavam ao padrão dela.

Antes de ser a Isca, Caty foi até sua casa fantasma, para onde atrairia Lincoln, e trocou de roupa, colocando um modelo “dia a dia”, em que usava um casaco preto com zíper de lado, sobre uma camiseta de malha cinza, uma calça jeans e um all star. Nada que ela odiasse usar, ao contrário, era confortável ser normal, às vezes. O único acessório era o óculos de máscara.

O carro que Lincoln conseguiu não era ruim, estava tudo sobre controle, apenas as roupas lhe incomodavam. Antes de seguir pela Delancey St, a caminho da Stanton St, Lincoln recostou a cabeça no volante e se permitiu chorar.

Havia um longo tempo que não chorava, talvez anos, na verdade mal lembrava qual era a sensação de sentir lágrimas nos olhos, mas, ainda assim, queria chorar. Era uma reação que seu corpo deveria lhe assegurar, por ter enfrentado a morte da mulher de sua vida, da mãe de seu filho, de tantas pessoas inocentes, de detentos que passaram por seu caminho e tantas vidas mais. Era um peso muito grande carregar o olhar daqueles que haviam morrido brutalmente, mas ainda pior ouvir a voz de Verônica em sua cabeça, as últimas palavras que vieram por ocasião de, justamente, tentar salvar a vida dele.

Lincoln se perguntava se sua vida valia tanto assim. Perguntava-se se sua vida valia o preço de tantas outras, que acabaram sendo perdidas direta ou indiretamente. Mesmo assim, ele sabia que a culpa não era sua, que o gatilho não tinha seu nome. Enxugando as lágrimas, Lincoln deu partida no carro e foi para o endereço de seu destino, o possível local em que encontraria seu filho. L.J precisava dele e, ao lado de Michael, era a única razão de Lincoln Burrows se atrever a viver.

Caty sabia do local em que Lincoln acabaria aparecendo, pois havia tramado o esquema perfeito. Os jornais daquela manhã indicavam uma rua, com movimentação na tarde anterior, onde possivelmente L.J teria aparecido, sendo carregado por dois sujeitos encapuzados. A polícia estaria lá e Lincoln seguiria a trilha do filho. Ela sabia que os federias de plantão eram uma farsa, mais uma investida idiota de Pam Mahone, o imbecil que trabalhava com Paul, mas ainda assim serviria para seus planos de “salvar Lincoln”.

Com algumas sacolas de compra, Caty sairia do supermercado no momento certo. Paul estava posicionado e passaria a ela todas as coordenadas, dali em diante seria com ela.

Lincoln estacionou o carro e colocou um boné, que encontrou no banco traseiro, para disfarçar um pouco mais. Realmente se sentia inconfortável naqueles trajes, mas não seria uma roupa que o deteria, quando seu filho corria risco de vida. Ele sabia que as proximidades da Stanton St com a Attomey St eram a grande chave para encontrar L.J.

Com cautela, Lincoln se aproximou de uma cerca e observou um furgão parado a três quadras de onde estava. Ele via tudo de cima, preparando-se para descer apenas se não houvesse polícia suficiente. Não havia nenhum movimento, mas ele pode perceber alguns elementos que pareciam policiais a paisana, além de um carro suspeito. A rua estava calma, mas não poderia ir até lá, ou seria baleado.

Caty olhava para as sacolas, com a cabeça baixa, a fim de ouvir Paul com sua escuta, sem ser notada pelos clientes idiotas, que andavam ao redor.

“Bochinni, o elemento está na quadra de cima. Cambio”.

Caty sorriu, era o único sinal de que precisava.

Com as compras nas mãos, Caty deixou o mercado e caminhou tranquilamente pela rua, como uma mulher despreocupada que iria para casa. Foi até o fim da quadra, quando um garoto passou correndo e tentou roubar suas sacolas e sua bolsa. “Atordoada”, Caty gritava por socorro, tentando bater no garoto, que revidou com uma faca.

A intenção de atrair a atenção dos policiais, que estavam disfarçados por perto, foi bem sucedida. Os homens saíram em perseguição ao garoto, enquanto ela se debruçava segurando a barriga, com expressão de “dor”, “medo” e “ódio”. “Um golpe de mestre”, pensou ela. Eram três policiais de olho na rua e sobrava apenas um, concentrado demais no furgão para notar que Lincoln havia saído da ratoeira e se aproximara de Caty, em direção ao furgão.

-Ai! – o grito de dor vindo da voz feminina atraiu a atenção de Lincoln, que havia visto toda a cena e pretendia passar despercebido, mas acabou voltando – meio contrafeito com o próprio sentimentalismo – para socorrer a mulher.

-A senhora está bem? – Caty segurava a barriga, Lincoln não se lembrava de ter visto o ladrão cortando a mulher, mas o sangue em sua roupa, sua cara e choro, dor, pânico e horror, denunciavam outra coisa. – Oh meu Deus, aqueles idiotas foram atrás do almofadinha e te deixaram aqui ferida. – ele colocou a mão no ombro da mulher, olhando exclusivamente para o ferimento.

-Preciso ir para casa limpar essa porcaria. – ela dizia chorando, com ódio. Estava pálida como um fantasma.

-Eu vou chamar um médico para você. – ele não podia chamar um médico e isso só lhe ocorreu depois de dizer.

-Eu não vou a médico nenhum, se você me ajudar a chegar em casa, eu agradeço. – Lincoln olhou para o carro em que estava o policial a paisana e viu-o saindo, assim como o furgão.

-Droga! – ele não teria tempo de segui-los se ajudasse a mulher.

-Por favor senhor, minha casa fica aqui perto, eu te dou vinte dólares. – ela se agarrou em Lincoln, fingindo estar fraca e ele, finalmente, prestou atenção a ela.

O choque de perceber a beleza da mulher, e notar que ela estava agarrada a seu braço, sangrando, lhe despertou e fez com que uma corrente atravessasse seu corpo, numa fração de segundos.

Caty interpretava a “moça desamparada” como uma rainha do Golden Globe, era um talento que julgava herdar da parte latina em seu sangue. Com certeza estava se contendo para não rir da roupa patética que Lincoln usava, além de se conter para não fincar seu canivete nos olhos dele, que a miravam com intensidade naquele momento. Contudo, ao invés disso, ela estava segurando os braços fortes do fugitivo, com a melhor cara de dor que poderia fazer.

Imagine só, suplicar ajuda para um homem! Ela jamais faria isso, óbvio, mas era parte do show fingir ser vulnerável e sensível. Lincoln Burrows estava na palma de sua mão. Era uma questão de horas até estar nas mãos de seu chefe.

- Aonde está seu carro?

-Eu moro na Rinvington St, estou sem meu carro, me ajuda? – ela parecia muito irritada, aos olhos de Lincoln, não era normal uma mulher reagir assim a um assalto. Ele se preocupava em ficar ali e ver a polícia voltando, afinal, poderia ser pego desprevenido.

A cabeça do homem pensava a mil por hora, todos os detalhes lhe passavam. Caty percebeu que Lincoln estava pensativo e resolveu agir. Largando dos braços dele, deu alguns passos para o lado e pegou uma sacola no chão, fazendo um resmungo de dor e deixando algumas lágrimas escorrerem.

Sem saber o que fazer com relação a mulher, Lincoln segurou o braço de Caty – que estava prestes a reagir com um murro na cara dele, mas lembrou que deveria deixá-lo tocá-la – e pegou as sacolas, sentindo a blusa que vestia, sufocar sua pele, de tão apertada.

-aonde você pensa que vai? – perguntou a ela quando a ajudava.

-Você não quer me ajudar, eu posso muito bem me virar sozinha. Como disse, moro perto. – Lincoln observou o rosto irritado mais uma vez, a mulher era linda, depois tratou de puxá-la para a rua de onde tinha vindo. Seu filho teria que esperar.

-É claro que vou ajudá-la madame, o problema é que estou com um pouco de pressa.

-Solte meu braço. – ele não soltou, arrastava ela até o local em que havia deixado o carro, para levá-la em casa. – Eu disse para soltar o meu braço! – com um puxão rápido ela tirou o braço da mão dele.

Lincoln olhou bravo para a mulher alta, de pele branca e olhos em um castanho encantador, que teimava em sua frente.

-Vou te levar até em casa moça, sua barriga está sangrando, precisamos fazer um curativo, tem como me acompanhar?

-Você me puxou sem dizer uma palavra sequer e nem se deu conta da força com que me apertou, o que queria que eu fizesse? - ela parecia mesmo irritada.

-Quer saber? Eu posso te deixar aqui mesmo. Nunca vi uma mulher tão irritadinha com um assalto e a barriga sangrando. Deve ser alguma maluca! – ele não sabia porque estava perdendo sua energia discutindo com a mulher que tinha o rosto repleto de lágrimas que havia chorado na hora do ataque e a blusa suja de sangue.

Gemendo com uma falsa dor, Caty resolveu chorar mais uma vez. Era sempre uma boa saída.

-Eu estou assustada, tá legal? Eu já fui assaltada cinco vezes por aqui, chega uma hora em que você se cansa de gritar por socorro e entrar em pânico. – Tirando uma sacola da mão de Lincoln, que se sentia inutilmente culpado por ter falado daquela maneira com a mulher, Caty ameaçou ir embora sozinha. – Pode deixar que eu me viro.

-Não. – Lincoln segurou o punho da mulher e soltou um suspiro de frustração, pegando a sacola de novo. – Eu vou por as sacolas no carro e volto pra te pegar, precisamos sair daqui antes que os policiais voltem. – Caty se certificou de que eles não voltariam, assim que ela estivesse com Lincoln, teriam todo o tempo do mundo para ele ir até a casa dela.

-Por que não quer que os policiais voltem? – ela tinha de se fazer de desentendida, é claro.

-Não faça perguntas, apenas espere. – ele virou as costas e caminhou até o carro, levaria até onde ela estava, para evitar fazê-la andar.

-Eu não vou ficar aqui esperando, enquanto você foge com minhas compras, ai – ela fingiu uma dor na barriga. Lincoln virou os olhos e se voltou a Caty de novo.

-Vou buscar o carro pra te levar em casa, está na outra quadra, quer esperar sem se mover, ou esse ferimento vai ficar pior. – Fingindo-se emburrada, Caty parou de segui-lo e esperou.

Em um minuto, Lincoln colocou as sacolas no carro, deu partida e pegou a mulher na rua.

-Ótimo, aonde você mora mesmo? – ele olhou para Caty novamente, estava com a blusa levantada, olhando para o ferimento com cara de dor e nojo.

-O que? – ela olhou para Lincoln no banco do motorista, com a feição de distraída-com-dor.

-Ora, pare de mexer no seu ferimento, ele é superficial, mas do jeito que você está cutucando vai virar uma cratera. – revoltada com a ordem Caty fechou o rosto e fez um bico.

-Você não manda em mim, pare de me dar ordens. Eu nem sei seu nome!

-E eu não sei para onde ir, me diga logo em qual rua você mora.

-Está mandando em mim de novo? Ora...

-Moça. – ele parou o carro e olhou para ela. – Vai me dizer aonde mora ou não? Estou aflito em te ver machucada, mas não posso ajudar se não me disser aonde mora!

- Rinvington St, 180.

-Obrigado.

Ele dirigiu até lá e nenhum disse uma palavra. Levaram cinco minutos até estarem na garagem da casa de Caty, em frente a porta da cozinha.

-Vou te ajudar a sair do carro.

-Não precisa, eu posso sair sozinha. – ela abriu a porta antes que ele pudesse abrir, mas se fingiu de frágil na hora de virar o corpo para descer. Havia uma porção de sangue em sua roupa.

-Eu disse para esperar, mas a senhora é muito teimosa.

-Você não me conhece e está em minha casa, tem como parar de me aborrecer. – Caty disse essas palavras já nos braços de Lincoln, que havia pego ela no colo para levar até algum aposento, em que pudesse fazer o curativo. Os braços dela estavam ao redor de seu pescoço, ele havia se sujado de sangue, as mãos dele estavam ocupadas, segurando o corpo dela.

Os rostos próximos fizeram os olhares se encontrarem, certeiros, e Lincoln penetrou sua alma com as garras verdes que possuía, assim como os olhos castanhos de Caty se encheram de confusão.

-A chave está na minha mão, preciso descer. – ele a olhava intensamente, sem prestar atenção as palavras. – Moço, as chaves. – ela disse despertando-o do transe.

-Ok, me de elas. – Caty colocou o molho em uma das mãos que Lincoln deixou livre, para abrir a porta e o roçar dos dedos fez uma onda passar por ambos os corpos. Sem graça e furiosa, Caty pigarreou esperando que Lincoln abrisse a porta.

-Obrigada. – disse quando ele a soltou, gentilmente, no sofá. – você pode pegar o kit de primeiros socorros na terceira gaveta da pia do banheiro. – ela indicou o banheiro do térreo e Lincoln foi até lá.

A casa tinha um aroma delicioso de rosas misturado com produtos de limpeza. Parecia ser bem arejada e tinha um tom branco, que transmitia paz. O banheiro era estreito, mas muito simpático. Tinha um toque feminino, mas era impessoal, como a personalidade dos ambientes pelos quais Lincoln passou.

Lincoln voltou com uma caixinha de madeira decorada, que continha o nome “Primeiros Socorros” em vermelho, sobre branco. Ao entrar na sala, viu Caty apenas de sutiã e seu corpo esquentou no mesmo momento. Ele estava relutante para reparar na bela mulher, mas vê-la com uma lingerie cor-de-rosa, sobre a pele clara, com os cabelos escuros, mal presos, sentada sobre as pernas, foi uma imagem muito forte para não ser arquivada em sua memória sexual. “Não fosse esse monte de sangue”, ele pensou e se sentiu culpado de novo. Ao invés de ajudar a mulher, estava discutindo com ele e reparando em seus lindos seios.

-Você mora sozinha? – Disse Lincoln, enquanto se aproximava com a caixa. Caty ergueu os olhos e ruborizou, não se sentia muito bem com a cena.

-Moro com meu irmão, mas ele está viajando.

-Qual é o seu nome? – ele estava de joelhos, com camisa o incomodando, enquanto limpava o ferimento.

-Catharine Bochinni. – ela sentiu que deveria ter mentido, mas agora era tarde.

-Sou Lincoln. – Caty olhou para ele, concentrado no ferimento.

-Pode me chamar de Caty. – ele ergueu os olhos para os dela e ficou observando o rosto. A boca era muito bem desenhada e pedia para ser beijada com carinho e leveza, algo que ele não estava disposto a fazer, perderia tempo demais. Precisava salvar L.J.

Caty ruborizou novamente, os olhos dele pareciam devorá-la quando se fixavam em sua pele.

-Você teve sorte em não se ferir mais, Caty.

-Você acha? – ela fingiu preocupação, olhando com curiosidade a delicadeza que ele tinha em tocá-la, percebendo também que seu corpo estava arrepiado com o toque.

-Poderia ser muito pior, você não deveria ter tentado bater no pivete. – ela nem tinha tentado bater em ninguém, porque Catharine Bochinni não tentava, fazia. Se quisesse bater no garoto teria matado ele, com certeza, mas Lincoln não podia saber disso.

-Eu precisava me defender, como eu disse, não foi a primeira vez. – Lincoln fez um movimento para o corpo de Caty ficar alto, enquanto passava uma faixa em sua barriga. Os dois ficaram próximos, em uma posição questionável e ele sentiu que a pulsação da mulher acelerava em seus braços, quando soltou o corpo para prender a faixa, ficando cara a cara com Caty.

-Está nervosa Caty?

-Um pouco. – para seu ódio mortal, não era mentira.

-Costuma ficar nervosa assim? – ele falava com a voz pausada, perigosamente perto de seu rosto, enquanto as mãos trabalhavam em suas costas, para arrumar a faixa.

-Não. – ela engoliu saliva, olhando fixamente para Lincoln. – mas não é todo dia que um estranho entra em sua casa e faz um curativo em seu corpo, semi-nu. – ela sabia que poderia brincar com ele, e ao invés de ser a caça, lembrou quem era o caçador, a si mesma.

-Vou embora assim que terminar, não fique preocupada.

-Eu conheço você de algum lugar? – Caty disse se aproximando mais do rosto de Lincoln, que sentia o corpo cada vez mais tenso. Foi a vez dele engolir saliva.

-Não lembro de te conhecer. – ele se afastou. Não poderia ser reconhecido, estava vestido ridiculamente, justo para isso. – droga! – ele falou, assim que viu a camisa manchada de sangue. – minha roupa está toda suja.

Caty se concentrou em tirar os olhos do tórax bem definido, porque ainda que fosse engraçado ver aquela roupa minúscula em Lincoln, era tentador perceber o seu porte-físico. “Um delinqüente”, lembrou ela a si mesma.

-Me diz uma coisa, disse ela se levantando, sem se dar conta de que continuava apenas de sutiã. Ele a observou, o corpo era incrível. – você não está usando uma roupa sua está? – Lincoln ficou constrangido.

-Bem, é... na verdade...

-Foi o que imaginei. – ela sorriu e então soltou uma risada, segurando a barriga e dizendo um “ai” ao final, o que ele achou pateticamente sexy. O rosto dela estava iluminado no sorriso, parecia outra mulher. – Desculpa, mas eu acho que você amanheceu bêbado em algum lugar e acabou colocando a roupa errada. – ela sabia que precisava inventar histórias por ele, que era burro demais para fazer isso sozinho.

-Na verdade foi isso mesmo. – ele disse menos envergonhado do que deveria, mas era uma boa desculpa. – já vou indo, preciso me trocar.

-Espera.

Caty segurou o braço dele e sentiu que ambos tiveram uma pausa nos batimentos cardíacos, que voltaram a bater, acelerados ao extremo, assim que os olhos se cruzaram mais uma vez.

-É que... bem, meu irmão não está e ele deve ter o seu número. Já que me ajudou a fazer o curativo, acho que poderia subir e pegar uma roupa emprestada, quem sabe até... – ela olhou para o chão, envergonhada. – tomar um banho.

Era exatamente o que precisava para que ele ficasse lá o tempo suficiente dela contatar Paul e despachar o bandido direto para a cadeia.

-Acho que não é uma boa ideia, seu irmão ou seu namorado pode se irritar. – ele coçou a cabeça sem graça e ela sorriu, novamente aquele sorriso lindo que enchia seu rosto e o ambiente.

-Robert não vai se importar, porque não está na cidade e eu não tenho namorado. – Lincoln sorriu e Caty sentiu uma faísca queimar sua barriga, depois um nó na garganta. Ela nunca havia visto um sorriso tão... incrível.

-Se tivesse ele me mataria por estar vendo a namorada semi-nua, não é?

Percebendo que estava à vontade demais e não havia colocado uma camiseta, Caty cobriu o corpo com as mãos e ficou roxa de vergonha.

-Bem, enquanto eu me troco, você pode tomar seu banho e escolher a roupa, acho que são do mesmo tamanho.

Caty correu ao banheiro e pegou uma toalha, que enrolou na parte de cima do corpo, para tapar os seios.

-Melhor assim. – pensou alto, olhando para o corpo e viu que Lincoln ria, assim que virou para ele. – De que está rindo? – ela se irritou.

-Você fica uma gracinha envergonhada. – ela sentiu o rosto esquentando.

-Ora, e você fica ridículo com essa camisa. – ele olhou para o corpo e riu de si mesmo.

-Tem razão. – falando isso, arrancou a camisa e olhou para ela, ainda com o sorriso. O corpo de Caty sentiu um calor sem fim e ela percebeu que estava nervosa demais. – aonde fica o quarto do seu irmão? Não posso demorar. – ele jogou a camisa nos ombros. Caty tinha um nó na garganta, ele era irresistível e ela estava completamente interessada em um... delinqüente, fugitivo, assassino, condenado a morte! Lembrando a si mesma que deveria matá-lo e não desejá-lo, ela pediu que Lincoln a acompanhasse.

Tudo estava correndo como deveria. Lincoln havia pego a roupa no guarda-roupa do falso irmão de Caty, estava tomando banho, ela estava mandando as mensagens para o chefe, já havia colocado um vestido e feito algumas panquecas de blueberry, como sabia que Lincoln se identificaria.

-O cheiro está ótimo – disse Lincoln descendo as escadas.

-Resolvi fazer um lanche, ante que você vá...- ela olhou o homem nos novos trajes, estava divino – embora.

-Você está linda. – ele olhou para a mulher de cabelos soltos, com o vestido branco-florido e os pés descalços, era uma cena que ele gostaria de rever diversas vezes.

-Ora, você está muito bem, também. Aliás, melhor do que eu poderia imaginar que as roupas ficariam. – ele se aproximou da mesa, e sentou-se, sentindo o cheiro delicioso das panquecas.

-Eu adoro essas panquecas.

-É mesmo? – ela disse empolgada, para disfarçar a “surpresa”. – eu sou louca por elas.

-Posso provar uma?

-Fique à vontade. – ela se sentou e ficou olhando ele comer. Era mais encantador do que deveria.

-Não vai me acompanhar?

-Eu estou sem fome. – ela sorriu com as mãos apoiando o rosto.

-Você perdeu sangue demais, precisa se alimentar e beber líquido. – Caty franziu o cenho.

-Detesto quando você fala como se eu fosse uma criança. – Lincoln riu.

-Você é uma criança. – ela se ofendeu. Mostraria a ele quem era criança quando... quando... matasse ele.

-Não, eu não sou! – vendo a perna de Caty descoberta, por seu pé estar na cadeira, deixando a coxa e o joelho a mostra, do outro lado da mesa, Lincoln engoliu um pedaço de panqueca secamente, quase se engasgando, e decidiu que ela, realmente, não era uma criança. – está tudo bem? – ela foi ao outro lado da mesa e bateu em suas costas, erguendo os braços dele.

-Está! – ele disse entre tossidas, tentando se recuperar. Caty sorriu vitoriosa, ao lado dele, encarando-o enquanto segurava seus ombros.

-Viu. Você não deveria falar mal de mim.

Lincoln percebeu a boca próxima da dele e não resistiu em puxar Caty para seu colo e beijá-la; pega de surpresa, a garota deu um pequeno grito de dor, por ter o corpo movido com força, e depois tentou se desvencilhar, com as mãos no peito de Lincoln, que aumentou a freqüência do beijo, fazendo-a se derreter e abraçá-lo com os lábios implorando por mais.

O beijo violentou a mulher de tal maneira, que Caty se via suspirando alto e travando uma batalha com a língua de Lincoln. O homem, por sua vez, sentia uma frequência deliciosa em todo seu corpo, que era aquecido a cada toque dos lábios, frenéticos.

A respiração de ambos era acelerada e o corpo de Caty tremia, impossibilitado de atender a qualquer comando do cérebro dela, que não fosse “beijar mais”. Lincoln tinha o corpo rígido e o coração tamborilava sem parar. Até que ambos sentiram-se sem fôlego e afrouxaram os braços, parando o beijo, sem separar as bocas.

Nesse exato momento, a polícia secreta invadiu a casa. Caty olhou assustada o movimento. Dezenas de armas apontaram para ambos, Lincoln sentiu um nó na garganta, não queria ver Caty envolvida naquilo.

De trás dos policiais saiu Alexander Mahone, sorrindo.

-Muito bem senhorita Bochinni. Fez um excelente trabalho.

Nora Roberts - opinião





A fórmula que ela usa e dá super certo não é um ponto negativo, é a identidade da autora.
Querer que a Nora escreva 300 romances sem ter um estilo é pedir para que Machado de Assis escreva sem o tom irônico e as mensagens subliminares.
Trata-se de estilo literário.

A pegada da Nora é tão gostosa de ser percebida, que daria um estudo muito interessante.
Noto que as personagens dela tem sempre um dono de hotel, uma escritora (ou escritor), um fotógrafo(a), um policial, uma contadora, além de algumas profissões que são bem diferentes. Acho que esse quesito: profissão, é a grande trilha que ela segue.
Ter um personagem que tenha um ofício e, apartir dele, rolar uma magnifica cena de amor (com muito comflito e preocupações externas).
Amo as cenas de sexo, que geralmente são duas, uma forte e uma repleta de amor, sempre mostrando a capacidade da mulher em ser selvagem e simplesmente amada.

A mulher é a grande face, ela é a principal peça da obra. Isso é lindo. Os conflitos de traição, violência familiar, filhos, emprego, contas para pagar, homens que abandonam, tudo isso, faz a mulher se aproximar mais da obra.

Eu gosto de como os temas são desenrolados, porque a fórmula é a mesma e a trama nunca é a mesma.
Vidas diferentes, regidas pela mesma mente, dão nisso.

O interessante na visão que ela tem dos homens é que não são todos iguais, há uma diferença gigantesca entre um homem de bom caráter e um cafageste. Está explícito (ou não, no caso da trama Secrets, por exemplo). Ter vontade de confiar em um bom homem, que te guarde e proteja e ser forte para lutar ao lado desse homem, são atributos das personagens femininas.


Eu amo a Nora e ela é minha autora favorita.
Estou lendo As Calhoun 1 e A Dama Negra, em paralelo.

Cai na Real

Eu estava pensando com os meus botões, que nada do que eu realmente almejo, vou alcançar um dia.
Não se trata de pessimismo, ou falta de perseverança, quem sabe até de desmotivação. Não é nada disso. É apenas um olhar para a realidade e para o que circunda a minha espreita.

Não posso simplesmente acordar e pensar que amanhã ou depois, vou estar ao lado do artista que eu mais amo, conversando e jogando boliche, porque isso, simplesmente, não vai acontecer.
É mais do que óbvio, mais do que certeiro e mais do que específico, é real.

Eu não nasci para eles e eles não nasceram para mim. Talvez exista uma outra missão qualquer, ou uma maneira de fazer valer a pena, sem precisar imaginar que você é a Rose, no Titanic, com o Jack Downson. Um fazer valer a pena que seja real, que seja palpável.

É um tanto quanto dramático, mas é realmente assim que acontece.
Talvez nasçamos predestinados e acabamos querendo algo que não é nosso. Talvez apenas escolhamos o caminho errado. Talvez nada disso faça sentido.
Não importa. O que está implícito em nosso coração é que nos doamos de corpo e alma para as sensações que nos fazem bem e, essas sensações, talvez sintam-se bem em saber que estamos aqui, mas, com certeza, não vivem por nós. Não um por um. Não alma por alma.

Os fãs não passam de uma multidão. Ainda que eu tenha vontade de acreditar ( e acredite) que um dia vou viver a emoção daquela música do RBD, que fala "Eu sei bem que sou uma amigo a mais entre um milhão... mas eu sei também, que na multidão, alguma vez, você vai ver a luz brilhar em mim. Vai me reconher. o amor mais fiél".

Na verdade, o seu amor é mesmo o maior?
O que importa para a pessoa que você ama é quem ela ama, assim é com você.
Talvez existam pessoas que me amem e não recebem o devido valor, por eu amar demais a quem não me vê na multidão.

att,
F.

HURT




Seems like it was yesterday when I saw your face
You told me how proud you were, but I walked away
If only I knew what I know today, ooh ooh
Parece que foi ontem quando vi seu rosto
Você me disse o quanto estava orgulhoso, mas eu fui embora
Se apenas eu soubesse o que sei hoje


Não foi difícil de adivinhar quem era. Ela sempre enviava as mensagens lotadas de declarações, com coraçõezinhos e beijos. Deixava cartas em minha mesa e mandava presentes nas datas comemorativas, isso quando não entregava pessoalmente.
Nunca dei a minima pra Lenah , ela não me atraia. Era uma boa amiga, isso inegavelmente. Esteve comigo, sempre. Durante nossa adolescencia, era a primeira pessoa em quem eu pensava para arrastar a carteira e sentar ao lado, para fazer provas. Além de ganhar sempre algum chocolate, um CD ou livro dela, se bem que os livros eu deixava para minha irmã ler. Aliás, minha irmã, Cassie, sempre me dizia que eu era um bruto, sem escrúpulos, que usava a pobre da garota. Eu nunca dei a mínima para minha irmã também, então não me importei com nada do que dizia.
A verdade é que um cara deve se preocupar consigo mesmo e com o que vai ganhar com quem se relaciona. Em uma amizade, por exemplo, eu precisava ganhar confiança, alguma coisa boa em troca, como amigos com carro e contatos para os fins de semana, outros mais de boteco, para zoar na rua e alguns que me estimavam, para eu contar meus podres. Lenah era uma ótima amiga para estar em todos esses momentos, eu podia beber com ela, levar ela em baladas e ferver muito ou apenas sentar e conversar.
Já para relacionamentos sexuais, por exemplo, eram necessários mais do que boa vontade com mulheres. Elas precisavam ser comestíveis, gostosas, interessantes e muito , digamos assim, dadas. Esses eram meus pré-requisitos e me sentia bem com eles. Vivia rodeado de mulheres, sem me preocupar, nem um milímetro, com o que pensavam de mim.
Lenah nunca me cobrou nada, sempre aceitou o que eu dava. E eu dava muito, por sinal. Afinal, não era legal um cara como eu, conhecido e cheio de contatos, ser visto tantas vezes com a mesma garota feia, desengonçada e cheia de babaquices românticas, mas é claro que nunca disse nada para Lenah , ela era sentimental demais pra ouvir isso. Pelo menos nos primeiros anos, depois eu fui bem direto.

Nossa amizade veio de contatos no colégio, começamos a conversar em um dia ruim para mim. Eu havia perdido meu esquilo de estimação e estava, realmente, muito triste. Lenah se aproximou e perguntou se eu queria um biscoito. Ela sorria, com o óculos redondo nos olhos e com aquele jeito de "tem corações girando sobre minha cabeça". Até onde eu sei, ela levou dois anos para se aproximar de mim e oferecer um biscoito, ela tinha me contado isso em uma das cartinhas (e eu ri por meio hora, me debruçando e peidando de tão engraçado que achei aquela basbaquice).
As conversas com Lenah começaram a aumentar quando descobri que ela existia e que tirava ótimas notas. Lenah se encantava tanto em me ter ao lado dela que quase chorava ao me ver perguntar se podia sentar ao seu lado, mesmo eu já empurrando a carteira de encontro a dela. As respostas eram sempre um "sim", seguido de um sorriso gigante e uma pergunta qualquer, quase sempre bem idiota, do tipo "quer uma bala?". Eu não gostava de ser visto com ela, mas minha mãe adorou as notas de trabalho em grupo e até disse que eu havia nascido pra trabalhar em grupo e não sozinho.
Bem, eu não consegui segurar a alegria de minha mãe quando soube com quem eu fazia os trabalhos e, logo, Lenah estava sendo convidada por meus pais, diretamente com os pais dela, para passar o fim de semana em minha casa. Assim, segundo meus amabilíssimos criadores humanos, eu teria contato com ela e minha irmã também, ganhando um pouco mais de boas companhias.
Cassie adorou Lenah no mesmo instante e eu, bem, não queria que ninguém soubesse que ela andava por lá. Nessa época tínhamos uns 12 ou 13 anos. Com as visitas de Lenah a minha casa, tive que retribuir as gentilezas e nossas famílias fizeram uma amizade bem maior do que a que tinham. Passamos alguns bons Natais juntos, na verdade.

I would hold you in my arms
I would take the pain away
Thank you for all you've done
Forgive all your mistakes
There's nothing I wouldn't do
To hear your voice again
Sometimes I wanna call you
But I know you won't be there
Eu te seguraria em meus braços
Eu afastaria toda a dor
Agradeceria por tudo que você fez
Perdoaria todos os teus erros
Não há nada que eu não faria
Para ouvir sua voz de novo
Às vezes eu quero te ligar
Mas eu sei que você não estará lá

Lenah só teve coragem de me contar que era apaixonada por mim, coisa que eu nunca, jamais na vida, teria notado sozinho, quando minha irmã Cassie brigou comigo. Lenahdocument.write(Lenah) , por sua vez, chorava cada vez mais e ficava vermelha, quase roxa de tanta vergonha.

Descobri alguns anos depois que aquela cena, dela chorando e dizendo que me amava, tinha sido fruto da primeira TPM de sua vida, me senti idiotamente orgulhoso. É meio chato ter amigas assim tão próximas, como a Lenah , porque sabemos de coisas que os outros caras não tem muito acesso, afinal, com uma amiga gata - do tipo gostosa mesmo - sempre tem uma segunda intenção (e a amizade não dura), mas com gente como a Lenah , bem,com gente como ela as intimidades e o dia a dia ficam mais evidentes e se aprende muito mais.

Eu comecei a aceitar que Lenah era parte de minha roda de amigos (sendo eu, ela e a Cassie o circulo central), quando fiz 16 anos e ela 15.
Os caras viviam comentando alguma coisa aqui e ali de Lenah e eu comecei a reparar que, realmente a bunda dela era bem... humm... interessante e que os olhos... na verdade os olhos eram os mais incríveis que eu já tinha visto, mesmo quando ela estava com os óculos. Era legal perceber que apenas eu via os olhos de Lenah sem os óculos, quer dizer, eu e Cassie, mas ela nem ligava. Não que eu ligasse, na verdade eu sabia que Lenah era gamada por mim e caidinha na minha. Ela nunca deixou de assumir isso e com o tempo os presentes e as declarações chegaram.
A primeira carta ela entregou pessoalmente.

Foi em uma aula de história. Todos conversavam sobre um trabalho e nós estávamos lado a lado, com os livros dela abertos e com meu caderno. Eu sempre copiava o que ela dizia, pelo menos a letra do trabalho era minha, então não poderiam reclamar, já que me esforçava o máximo para escrever o que ela ditava, daquele jeito todo rápido e exato. Lenah tirou algo da bolsa e falou que naquele dia ela mesma poderia fazer a tarefa e entregar na outra aula. Estranhei, porque Lenah pegava no meu pé o tempo todo para que eu estudasse, mas continuei numa boa, querendo saber por que.
Ela explicou que entregaria algo especial e que precisava da minha promessa de que não riria dela. Eu comecei a rir, porque é inevitável deixar de rir quando te pedem para não rir, e disse que aceitava. Eu estava curioso. Lenah pediu para que eu fechasse os olhos, mas ela estava pirando na batata quando pediu isso, porque sabia que eu jamais fecharia os olhos e esperaria uma surpresa, isso era muito bicha.
Então, Lenah virou os olhos, abriu um meio sorriso, que me fez concentrar em sua covinha, que eu adorava, mesmo intuitivamente, e me entregou a carta. Não havia nada demais, na verdade não havia nada que as outras cartas que eu recebi, das meninas do colégio, não tivessem. Me parecia bem normal, mas ela devia estar esperando uma reação diferente da que eu tive, porque ficou dois dias sem falar comigo.

Ooh, I'm sorry for blaming you
For everything I just couldn't do
And I've hurt myself by hurting you
Ohh, me desculpe por te culpar
Por tudo que eu não pude fazer
E eu feri a mim mesmo ao ferir você


Procurei Lenah e expliquei que ela era minha melhor amiga, que eu considerava ela tanto quanto minha irmã, que sabia o quanto ela gostava de mim, mas que não poderia dar esperanças. Ela baixou a cabeça e ia começar a chorar, quando não resisti ver minha irmãzinha número 2, tão triste e ergui seu rosto, dizendo que mesmo assim eu adoraria receber suas declarações e cartas, porque de todas ela era a melhor.
Claro que funcionou. Lenah não era rancorosa e adorava um bom mimo. Ela e todas as outras mulheres do mundo.
Fomos crescendo dividindo momentos. Minha primeira namorada não significou nada para ela, porque nem mesmo conversavam. A segunda ela fez questão de me dizer que era vadia demais e eu dei de ombros, claro que Lenah tinha razão, eu fui traído.
Bem, os namoros passavam e ela continuava sozinha. Devia ter 17 quando recebeu em casa seu primeiro namorado. Eu não sei porque, mas fiquei morto de raiva do cara. Não que parecesse uma pessoa ruim, na verdade eu simplesmente nem ligava para esse tipo de coisas porque Lenah tinha bom gosto, não era a toa que ela me amava. De qualquer modo, pensei que fosse a mesma sensação que tive com minha irmã quando levou o Fletcher lá em casa. Como o Fletcher tinha a grande vantagem de ser super camarada, nós nos demos bem e era isso o que eu pretendia que rolasse com o cara que a Lenah apresentou a todos na Páscoa. Mas não foi bem assim.

Fiquei encanado um mês com o sujeito, procurei Lenah , que já não passava tanto tempo comigo, com Cassie e com Fletcher, mas sim com a aberração ambulante e perguntei para ela se o que sentia pelo cara era mesmo sério. Eu nunca vou entender as mulheres, que droga. O que, me diga O QUE, eu fiz de errado? Perguntei isso pra ela e Lenah começou a chorar me chamando de cretino. Eu lembro que as palavras latejaram em mim, mas mesmo assim me senti na razão, poxa. Ela era minha irmã, eu não confiava no cara e... bem, eu queria ver ela bem.
Como não suportávamos ficar muito tempo longe um do outro, acabei pedindo desculpas com uma caixa de chocolates na aula de Física. Lenah sorriu e me abraçou dizendo que adorou me ver com ciúmes e que já tinha terminado com o tal cara lá. Eu fiquei puto em ouvir aquilo, afinal não estava com ciúmes da Lenah , era só falta de confiança no cara mesmo. Bem, deixei pra lá, não queria ficar mais tempo sem falar com ela. Não por nada, mas teria prova em dupla naquela semana, então...
Lenah teve uma porção de namorados, nunca vi menina pra ser mais namoradeira. Minha irmã nunca terminou definitivamente com Fletcher, eles iam e vinham, e ficavam mais juntos do que separados. Em compensação, Lenah tinha começado a namorar com 17 anos e já tinha passado por 4 caras até os 19. Eu achava demais para uma garota e, na verdade, nenhum dos sujeitinhos eram realmente a cara dela, não combinavam com o senso de humor, nem com nada.
Acho que Lenah percebeu isso, mesmo porque nunca deixou de dizer que, embora namorasse, eu era o único e verdadeiro amor da vida dela. Isso me deixava cheio de mim, mas não ligava. Lenah sabia como funcionavam as coisas. Começamos a sair mais e mais juntos. Ela frequentava minha rodinha de amigos do colégio e trabalho. Não era do tipo de mulher que meus amigos mais se interessassem e vivia cortando quem se aproximava dela.

Lenah gostava das coisas que eu gostava, dava pra sacar que não fazia para me agradar, como minhas antigas namoradas. Ela realmente se sentia bem consigo mesma - ainda que fosse desengonçada e usasse aquele óculos estranho, umas roupas que não realçavam o corpo e que deixavam ela com um visual retrô, mas sério demais. Bem, eu sabia que Lenah tinha um corpo perfeito e muito lindo, sempre que viajávamos para o litoral ela me enchia os olhos com o corpão de sereia, mas é claro que eu não ficava babando na minha irmã número 2.
Em compensação, quando resolvemos ir com o grupinho do trabalho (porque consegui um emprego para ela no escritório em que eu estava) percebi que os caras ficavam loucos com sua presença. Me senti incomodado com a falta de respeito de alguns deles em olhar na cara dura pra bunda da Lenah e comentar do corpo, isso era patético, ela nem era assim tão interessante. Ainda que pegasse um bronze fácil-fácil e ficasse encantadora com os cabelos soltos, sem os óculos... Bem, eu era um quase-irmão dela e não deixei que ficassem falando coisas perto de mim.
Não acho que tenha resolvido muito porque os caras paqueravam Lenah e, pior, ela só sorria. Sorria, acredita? Ao invés de cortar os idiotas ela ficava lá, de sorrisinhos. Resolvi ir embora do acampamento mais cedo e levei Lenah comigo, não deixaria a carne para os abutres.
Ela ficava me aporriando na viagem, dizendo que não havia motivo pra eu ficar com bico e ir embora da praia só porque ela e centenas de garotas estavam usando biquínis. Não dei a mínima para o que ela dizia. Resolvi ficar na minha ou a gente brigaria e quando eu brigava com a Lenah , ela sempre saia chorando, ou me fazia ter um colapso de nervos e sair batendo portas. Não seria legal um desses showzinhos na estrada.

Lenah continuava me mimando e se declarando, mesmo com 21 anos. Claro que quando eu namorava com alguma garota ela se distanciava um pouco e parava de falar qualquer coisa assim, assumindo a postura de irmã guarda-caça. As pessoas riam dela pelas costas no trabalho. Não que eu estivesse preocupado em saber que todos sabiam que ela era apaixonada por mim, mas as evidências me incomodavam e eu resolvi não dar tanta atenção como sempre dei para Lenah , deixando ela no vácuo as vezes. Era melhor para a reputação dela, que parecia um cachorrinho atrás de mim.
Nunca imaginei ter nada com Lenah . ela não era meu tipo. Era tão... sem sal.
Os namorados que ela teve e os caras com quem saia eram do tipo ratos de laboratório que não pegavam mulher nenhuma e faziam de tudo pra ela, com medo de perder. Eu via que Lenah se entediava com eles.

Some days I feel broke inside, but I wouldn't admit
Sometimes I just wanna hide, cuz it's you I miss
And it's so hard to say goodbye when comes to this, ooh yeah
Alguns dias eu me sinto destruída por dentro, mas não vou admitir
Às vezes, eu apenas quero esconder, porque é de você que eu sinto falta
E é tão difícil dizer adeus quando chega a hora

Eu e Tom Fletcher, meu cunhado, resolvemos montar uma banda e chamamos dois caras que pareciam ser muito bons. Um deles, Daniel, era locão e fazia milhões de maluquices nos encontros e ensaios, contagiando a galera. A gente precisava daquele tipo de energia e achamos legal. O outro, Harry Judd, era um dos meus amigos do trabalho, que vivia perguntando de Lenah pra mim, e isso não me agradava, mas como ele era muito bom baterista e um cara gente boa, foi ele mesmo.
Não lembro exatamente quando e como aconteceu, mas Lenah sempre assistia aos ensaios e uma das vezes resolveu dar uma chance ao Harry, saindo com ele depois do encontro da banda ou coisa assim. Só sei que em um belo dia, a senhorita chegou toda empolgada dizendo que estava namorando, me deu um abraço e falou que estava feliz demais. Eu perguntei com quem e como, não conseguia entender, ela tinha me entregue uma caixa de chocolates três dias antes com um bilhetinho dizendo que me amava e agora dizia que estava namorando? Fiquei meio estranho com a notícia.
Lenah foi bem calma ao dizer que Harry a entendia e sabia que ela havia se apaixonado muito criança por mim e que o contato de proximidade a fazia pensar que ainda me amava, mas que (sim, eu tive que ouvir isso) agora Harry mostraria para ela o que uma paixão de verdade significava. Lenah me deixou pasmo com o que me disse. Tudo bem que contávamos de tudo um para o outro, mas nunca me senti bem pra ouvir sobre homens, nem sobre Tom, quando Cassie falava alguma coisa.
Lenah não pareceu se importar, disse que entendia muito bem que meu sentimento era de irmão e que ela aprenderia a cultivar a mesma coisa, com ajuda de Harry, que era um príncipe e fazia muito bem a ela. Como, segundo ela, tinha certeza de que eu sempre a apoiaria e que eu não me importaria em vê-la com alguém que nós dois conhecíamos e que era de confiança, resolveu conversar comigo. A ideia da maluca era continuar me tratando como sempre, para que o novo namorado se acostumasse com o valor de irmão que eu tinha na vida dela, há tantos anos.

Por um momento eu pensei que aquilo era tão natural: uma guria que pensava gostar de um cara por ele estar sempre por perto, agora pretendia deixar claro que era só uma amizade de irmãos e levar uma vida bacana com o novo namorado. Mas essa ideia idiota durou apenas um segundo. Lenah não podia, simplesmente, abandonar um sentimento se jogando em outro, embora eu sempre tenha aconselhado ela a fazer isso.
E foi o que me jogou na cara: Você sempre disse que eu deveria crescer e encontrar alguém pra curar minha fossa Poynter. Era verdade, eu não tinha o menor cuidado com as palavras, afinal, era minha quase-irmã, eu podia arrotar em frente a ela sem ter que me desculpar (e era o que eu fazia mesmo). Lenah era tão íntima minha, conhecia tantas, tantas coisas a meu respeito, sabia tanto de mim. Eu até pensava que não me conhecia tanto quanto ela conhecia a mim.
Deixei que ela fizesse o que queria, naquela noite, eu estava namorando mesmo e não me importava com Lenah estar também.
As semanas passaram, os meses e ela parecia inabalável com Judd. Pensei que seria mais um namoro de 5 semanas, mas não foi. E pior era ver o McFly crescendo, saindo em alguns shows e ela lá, sempre lá, com ele. Não sei porque ficava tão incomodado, mais até do que me sentia com Cassie agarrando Tom. Achei que era pelo costume de ver os dois juntos desde sempre, enquanto Lenah , que vivia me paparicando, agora fazia isso só de vez em quando.
Harry não tinha ciúmes de mim, ao contrário, quando Lenah resolvia me presentear e me fazer uma surpresa ou escrever uma carta (agora eram declarações de amizade) ele sorria e parecia aceitar sem problemas. Isso me fazia sentir uma ponta de ódio de Harry, por que ele simplesmente não se sentia inseguro?

Ok, a Lenah era bem sem graça, ninguém olharia ela e... Eu estava começando a ter certeza de que me enganava. Muita certeza. Olhei para o cartão em minha mesa, com uma barra de chocolate e milhares de corações: Você é muito mais que incrível maninho. Meu loirinho lindo, te amo.
Meu sorriso ficou estampado como um trouxa quando vi aquele presente que parecia tão habitual e, ao mesmo tempo, tão novo pra mim. Era novo eu pensar que ela não era uma mulher nada desinteressante, ao contrário, Lenah era muito mais que interessante.
Já não usava óculos, seus olhos agora usavam lentes que faziam aquele tom de verde esmeralda brilhar tanto que me deixavam sem jeito de olhar para ela. O estilo que combinava com seu corpo (e eu nunca havia percebido) a deixava mais mulher, mais intensa. Quando chegava perto de um homem, ele tinha receio de olhá-la, tamanha a segurança e liderança em sua aparência.
Lenah tinha um perfume inconfundível e um sorriso... Eu não conseguia saber se era seu sorriso ou o Sol a estrela mais brilhante, mas tinha uma leve desconfiança de que ela brilhava muito mais. Suas mãos me chamavam atenção. A mesa ao lado da minha com os objetos que denunciavam uma adolescência e infância não muito distantes, faziam parte do cenário de onde suas mãos teclavam sem parar, digitando tantos arquivos, antes de enviá-los e reenviá-los e ficar lindamente descomposta, como era anos atrás, com tanto trabalho no escritório.
Seu rosto tinha uma feição tão angelical e ao mesmo tempo era como o de uma rainha-guerreira. Lenah me fazia sentir estranho, como se minha pernas não estivessem no corpo. Sua boca era tão bem desenhada e seus cabelos pareciam cachoeiras em ondas, caindo castanhos-negros pelos ombros.

Would you tell me I was wrong?
Would you help me understand?
Are you looking down upon me?
Are you proud of who I am?
There's nothing I wouldn't do
To have just one more chance
To look into your eyes
And see you are looking back
Você me diria que eu estava errada?
Você me ajudaria a compreender?
Você está olhando para baixo em cima de mim?
Você está orgulhoso de quem eu sou?
Não há nada que eu não faria
Para ter apenas mais uma chance
De olhar em seus olhos
E ver você olhar de volta

Lenah havia deixado um chocolate e um bilhetinho para mim e eu me sentia apaixonado por ter notado que ela existia. Mas... aquela paixão repentina era uma das muitas loucuras que eu tinha em mim, não poderia simplesmente acreditar que, em uma dia qualquer, despertei e vi Lenah com outros olhos. Lenah sempre esteve ali e eu nunca havia reparado.
Naquela manhã eu fiquei mais feliz do que habitualmente ao receber um presente. Harry sentava na outra sala, pelo jeito Lenah ainda não havia voltado da cafeteria e eu poderia procurá-lo e exibir meu presente, o que me deu uma satisfação. Eu mostraria que ela ainda era minha, de alguma maneira.
Quando pensei nisso meu estômago embrulhou e fiquei nervoso. Nunca havia pensado em Lenah como minha. Eu pensei que estava mesmo ficando louco, afinal eu tinha namorada e ela era comprometida com um dos caras mais camaradas que eu já havia conhecido na vida. O baterista da banda em que eu tocava baixo. Porra, era revoltante, mas, ainda assim, não me faria desistir de ter o gostinho de sentir que eu ainda significava alguma coisa para ela.
Fui a sala de Harry com o cartão e o chocolate, sorrindo, pensando na piada que eu faria, tentando alfinetá-lo sem que ele percebesse e parei, boquiaberto, em frente a porta da sala em que Harry tinha Lenah sentada em seu colo. Os dois seguravam um copo de cappuccino e riam abraçados, comendo algumas das empadas favoritas de Lenah . Reparei que não havia nada de feminino naquilo e que, certamente, o café havia sido ideia de Harry, para agradá-la.
Senti uma lágrima escorrer e percebi que nunca, jamais, havia tentado, de coração, agradar a mulher que passou mais de sete anos declarando aos sete mares que me amava. Mas, aonde estava esse amor agora? Eu teria ou não direito de querê-lo para mim? Eu que havia jogado fora cada um de seus toques, de suas palavras, agora queria o que não me pertencia.
Lenah notou minha presença, ela sempre me notava. Sempre sabia mais de mim do que eu mesmo. Quando viu meu rosto olhou com pesar, soltando-se de Harry com a delicadeza, que um dia esteve a minha disposição, e indo até mim.

Eu olhava fixamente em seus olhos e vi quando ela sentiu a flecha que saia de mim atingir o peito dela em cheio. Era o olhar que ela havia esperado a vida inteira para receber. Eu a amava e isso era nítido. Mesmo que tivesse demorado tantos e tantos anos, eu sabia agora, com a precisão de um homem: eu era louco por aquela mulher.
Lenah deteve o passo ao ver isso desenhado, cravado em minha alma, mas logo seguiu em minha direção, segurando minha mão e beijando-a, com delicadeza. Perguntou se eu estava bem, enxugou a lágrima de meu rosto e sorriu. Eu a abracei com toda a força que eu tinha, afundando meu rosto em seus cabelos, sentindo meu corpo tremer e o dela me apoiar, pedindo que eu ficasse calmo.
Respirei devagar, tentando me conter e afastei os nossos corpos. Lenah segurava meu rosto, com as mãos que eu amava. Beijei as mãos dela e segurei com força. Lenah parecia muito constrangida e olhou para trás, pedindo licença para Harry, porque precisaria conversar comigo. Ele, inabalável e confiante, sorriu desmanchando o cenho de preocupação comigo e disse que ela poderia demorar o tempo que precisasse. Harry era o filho de nosso chefe e nosso gerente.
Lenah puxou minha mão e me levou até a sala de reuniões, fechando a porta. Lá ninguém nos ouviria ou incomodaria, eu sabia disso. Sentei-me sem saber o que eu estava fazendo, ou mesmo o que eu diria para ela.
Lenah sentou ao meu lado e tocou meu braço com suavidade, me fazendo fechar os olhos e me concentrar em seu perfume perfeito. Suspirei e quando abri os olhos, o semblante dela continuava preocupado.
-Me diga o que aconteceu Dougie. - eu fiquei paralisado olhando para seus lindíssimos olhos verdes, esperando acordar em um tempo em que ela e eu éramos crianças, fazendo dever na escola e correndo no pátio, pensando ser muito mais espertos com 13 anos, do que adultos com 50. Tentei voltar ao tempo em que eu lia as poesias que aquela deusa escrevia para mim, jurando que jamais estaria distante e que confiava em mim tanto quanto um cego confia seu caminho a um cão guia. Essas palavras vinham em minha mente naquele instante, me perdendo nos lindos olhos e faziam ecoar uma dor gigantesca em pensar que eu havia perdido tudo isso porque não aceitei quem ela era. Porque tive vergonha do que significaria. Se ela soubesse que sempre foi tudo o que eu queria ter.

Por que um homem leva tanto tempo para saber o valor de uma mulher?
Toquei no rosto de Lenah e ela fechou os olhos.
-Eu... - demorei um tempo para ter certeza do que diria e ela permaneceu em espera, com os olhos levemente fechados, sentindo minha mão tocar seu rosto. Percebi que nunca havia feito isso. Tocar Lenah . Não em um abraço ou uma brincadeira, não no dia a dia, mas assim. Desse jeito que faz sentir uma espécie de formigamento no corpo, como se, de repente, eu fosse voar e passear batendo asas pelo céu. - descobri que amo você.
Senti a tenção de Lenah , que esperava ouvir exatamente isso. Exatamente assim, pois sabia de todos os meus passos, ainda que eu não tivesse dado nenhum. Nesse instante vi uma lágrima rolar em seu rosto límpido e macio. Sua feição se rendia para um choro e ela respirou firmemente para conter a emoção que sentia. Eu não tirei a mãos de seu rosto, mas ela sim.
Depositou minha mão em meu colo e abriu os olhos. Uma energia sem fim me infiltrou ao ser cortado pela lança que saia dali.
-É tarde demais Dougie. - ela falou tentando manter a calma, mas as lágrimas não se contiveram. Tentei trazê-la para mim, abraçando-a, mas Lenah se levantou e apoiou o corpo nos braços da cadeira, olhando para o chão e deixando as lágrimas escorrerem sem fim.

Me coloquei a seu lado e a abracei. Lenah me segurou com toda sua força e eu fiz o mesmo. Não queria que fosse assim.
-Me desculpe Lenah , me desculpe. - ela soluçava, me ouvindo. - Me desculpe por te fazer sofrer, me desculpe por ter dito tantas vezes que você não significava nada, que não passávamos de amigos. Me desculpe por humilhar você quando te escondia do olhar de todos, quando não queria que te vissem ao meu lado, quando olhava para você com indiferença. - ela chorava mais e mais e eu deixava minhas lágrimas caírem também, agora segurando-a em frente ao peito. Eu sabia muito bem quem eu era, o que eu significava, o que eu tinha feito a ela. Me doía pensar que boa parte de minha vida a felicidade bateu em minha porta e eu a escorracei, como se fosse um cachorro com sarna.
Deus, onde esteve minha sanidade? Onde esteve esse lado que só agora posso ver? Por que eu não pude aceitar seu amor quando ele não era de outra pessoa? Por quê?
Soltei Lenah e enxuguei seu rosto, com um lenço que estava em meu bolso. Ela se recuperou, sentando-se.

-Não entendo Poynter, não entendo. - ela estava encolhida na cadeira, com as mãos mexendo no lenço, freneticamente.
-Eu não sei como foi Lenah . Me dei conta de que você é...
-Não diga mais nada Dougie, por favor. - me calei e fiquei de joelhos a seu lado, segurando suas mãos. Ela me olhou com incerteza, ainda soluçando pelo choro.
-Eu ainda tenho alguma chance? Por menor que seja, por mais remota, de me desculpar e te fazer feliz?- Lenah me encarou com rancor e pesar. Um olhar que nunca havia ganho dela e que me fez sentir o coração ser jogado a uma trituradora.
-Eu já sou feliz Dougie. Sou muito feliz.
-Lenah , eu...
-Harry é o homem de minha vida agora Dougie e nada do que você possa fazer vai mudar isso.
-Preciso tentar. Só quero a sua autorização.

-Você namora Dougie, eu namoro. Havia regras, lembra? - lembrei que ela só demonstrava seu carinho quando eu ou ela estávamos solteiros. Nunca quando tínhamos alguém. Lenah respeitou todos os meus relacionamentos e, quando eu mantinha algum, o máximo que fazia era me visitar e passar algum tempo conversando, sentada no chão de meu quarto, ouvindo eu dedilhar no violão e compor alguma música... que nunca era para ela. Minhas lembranças me fazia ficar pior a cada momento.
-Preciso quebrar as regras. Não somos mais crianças, não posso te perder.
-Você já me perdeu Poynter. Também não sou mais criança e o único sentimento que me permito nutrir por você é o que recorda cada momento feliz de nossa amizade.
-Não quero mais ser apenas seu amigo, Lenah .
-Então teremos que cortar esse laço tão intenso e verdadeiro, que nunca foi destruído, nem mesmo por sua indiferença. - ela conseguiu arrancar um pouco mais do que restava da minha dignidade.

-Eu nunca quis te machucar.
-Às vezes as crianças brincam sem intenção de se machucar, mas acabam no hospital com braços e pernas quebrados.
-Você está inteira Lenah , você é forte, teve coragem! - eu segurei os braços dela e a chacoalhei com o máximo de cuidado que pude ter, ainda assim, senti uma caixa de cristais prestes a quebrar em minhas mãos. Soltei Lenah e toquei seu rosto com intensidade, trazendo a cabeça para perto da minha e recostando nossas testas. Ela me olhava, tremendo e eu sentia medo de machucá-la por apenas estar tão próximo. - Preciso de você.

Lenah fechou os olhos com força.
-Não posso te oferecer mais que meu amor de irmã.
-Não quero esse amor. - eu a soltei furioso. - Não quero! - gritei comigo mesmo e me vi descontrolado.
-Então não terá nada, eu já disse. - ela estava furiosa também, enxugou as lágrimas e se preparava para sair da sala, quando segurei seu braço com força e trouxe seu corpo para junto do meu, dando-lhe um beijo forte, quente e completo.
Meu coração disparou e senti a pulsação dela ir a mil. Estrelas e uma música de contos de fadas pareciam estar ao redor, com uma sensação de flutuar e de alcançar o céu com aqueles lábios.
A boca passeava na minha, com fúria e logo nos acalmamos, intensificando, ainda mais, o martírio pelo qual passávamos. Envolvi Lenah em meus braços e recebi os dela como recompensa segurando forte em mim. Minha felicidade era tanta e minha necessidade ainda maior. Eu precisava dela há tanto tempo e não havia coragem de ceder. Quantas lágrimas ela derramou por mim? Quantas noites sem dormir? Quanto tempo para pensar em tudo o que eu era? Eu precisava retribuir e fiz isso naquele beijo.

If I had just one more day
I would tell you how much that I missed you since you went away
Ooh ooh, It's dangerous
It's so out of line to try and turn back time
Se eu tivesse apenas mais um dia
Eu lhe diria o quanto sinto sua falta desde que você se foi,
Ooh-ooh é perigoso
É tão difícil tentar e voltar no tempo

Não consegui soltá-la e separei os lábios para respirarmos, enquanto meu rosto lhe dava um intenso beijo de esquimó, buscando sua boca em um selinho. Lenah beijou meu pescoço e então meu corpo chamou pelo dela, pulsando como um louco. Percebi que estávamos próximos o suficiente para que ela sentisse, então beijei seu rosto e mordi o nlóbulo de sua orelha. Lenah se agarrava a mim como uma gata e eu a recostei na parede, sem noção de tempo ou espaço.
Beijei-a até que meu corpo conseguisse relaxar. Não poderia ser assim, com ela precisava e seria especial.
Vi o corpo de Lenah soltar um gemido quando o toquei com leveza, passeando minhas mãos por ela, de cima a baixo, e imprensando-a na parede, como se fosse possível deixar os corpos mais juntos. Minha respiração e a dela ofegavam e me percebi não conseguindo conter a vontade de beijá-la.
Lenah nos separou com a sua delicadeza, colocando as mãos em meu rosto.
Nunca havia visto ela assim, tão de perto, tão próxima. Deus, que sabor eu sentia ao beijá-la e que toque delicioso era aquele? Nunca havia beijado assim, nunca havia entregado minha alma em um beijo.

Nossos rostos permaneceram próximos.
-Eu te amo demais. - ela apenas ouviu. Eu não tive o prazer de escutar aquelas palavras dos lábios dela, pois havia um preço a ser pago pela dor que a causei.
-Preciso voltar ao trabalho. - Fiquei olhando para ela, que estava quente em meus braços.
-O que vai acontecer com a gente? - Lenah esperou um longo tempo, olhando para mim.
-Nada.

A mulher mais linda do mundo saiu pela porta, completamente desarrumada e se trancou no banheiro feminino, me deixando em um vazio gigantesco.
Lenah contou tudo a Harry e eles resolveram ficar um tempo sem se ver para que ela soubesse o que fazer. Algo me dizia que ela já sabia.
Os ensaios da banda continuavam normais, mas sem a presença dela. Lenah pediu demissão em uma quinta-feira chuvosa. Eu já não conseguia conversar com ela. Não atendia os telefonemas, não respondia nem os "bom-dias". Os presentes que eu mandava voltavam e seu eu tentava segurá-la a força ou obrigá-la a me ouvir, era como se não tivesse voz, simplesmente não respondia e fingia não me ver.
Lenah não conversava com Cassie e algumas semana depois de parar de trabalhar na empresa, soube, por sua mãe, que ela havia viajado para outro país, onde faria intercambio.
Ela nunca voltou, mas eu não hesitei em procurá-la. A banda fez sucesso em tantos lugares e, cada uma das letras de amor, eu dedicava a ela, mesmo sem descobrir aonde estava. Lenah passava pelos lugares sem deixar rastros que a fixassem em qualquer parte. Eu a buscava sem receber mais que uma ou outra confirmação de que havia partido.

I'm sorry for blaming you
For everything I just couldn't do
And I've hurt myself... By hurting you
Ohh, me desculpe por te culpar
Por tudo que eu não pude fazer
E eu feri a mim mesmo por ferir você


Dia 29 de novembro, quando completei 30 anos, recebi um embrulho do correio. Havia uma foto de Lenah com uma garotinha de cabelos castanho-escuro e olhos redondinhos, muito verdes. Elas sorriam, lindas. Atrás da foto havia um pequeno texto:
Angela Cassie Muller, minha filha, era apaixonada pelo baixista da banda McFly. Ela faleceu em um terremoto no Chile, país em que morávamos. O sonho de Angela era um autógrafo seu, senhor Poynter. Antes que ela adormecesse, na noite da tragédia, sua mãe lhe mostrou um antigo caderno repleto de anotações de Douglas Poynter, o maior ídolo delas. Saí de casa para esfriar a cabeça, não era fácil ver minha mulher apaixonada, olhando as fotos e os recados do antigo colega de escola. Deixei elas dormindo, abraçadas e felizes na noite em que faleceram. Espero que o senhor note a coincidência na data. 29 de novembro.

Naquele momento, meu coração parou por uma fração de segundos, escorreram de mim as lágrimas mais cortantes e desesperadas de toda minha existência. Fechei os olhos com uma dor que me torturava, abracei meu corpo e supliquei a Deus que me arrancasse a vida.



FIM


N/A: Eu nunca me senti mais feliz em homenagear alguém.
Christina Maria Aguilera, há 8 anos, eu te amo.
F.

Feliz Aniversário minha DIVA

Feliz Natal





Olá meus amores, tudo bem?

Estou MUITO feliz com a participação na leitura de #Secrets, obrigada!
O ano está chegando ao seu último suspiro e em homenagem a vocês, fiz esse vídeo.
As Betas do FFOBS já viram =D e eu fico feliz, porque tudo começou lá.

Sobre o vídeo:
Eu pretendia concorrer na promo do FFOBS, mas acabei me atendo ao espírito natalino, então procurei recordar o que eu mais amo nessa época.
O que eu mais amo é ver Anastasia, chorando. Ouvir músicas e ver filmes. Chorar com as homenagens. Ganhar presentes e comer muito.

Cantei e recitei, mas não com AQUELA excelência.
Meu inglês é pura enrolação (nota-se Freire) e eu prefiro cantar o tema da Anastasia em espanhol (cheguei a gravar, mas escolhi o mais conhecido por nós brasileiras).


A música final é This Christmas da Christina Aguilera, que está em uma releitura muito relida, quem ouvir a original vai sacar porque.
A "história" que eu contei é uma letra de música, também da Christina Aguilera, há um CD de Natal dela de 2001, ouçam e morram felizes!


Para encerrar meu post, digo que amo vocês e espero que leiam Secrets, me fazendo feliz.
Não esqueçam do Prêmio.
Quem comentou está concorrendo ainda. Saí no dia 28 de fevereiro o GRANDE PRÊMIO da fiction Secrets.
Lembrem-se de ver regras e detalhes da promoção nas guias bem ali em cima do blog.
Já temos uma ganhadora, então CORRAM e comentem MUITO.


Mil beijos.