Reinações Múltiplas: setembro 2014
ATENÇÃO: Este blog é pessoal e não profissional

Pesando alto

Descobri que existe alguma coisa entre eu e a verdade que me afasta da mentira. 
Não consigo fingir que estou feliz quando estou farta. E os pequenos momentos fartos me fazem odiar os momentos entre não estar farta e estar. Uma loucura minha...

Estou tão bem quando estou só.
Não desaprendi a gostar de gente, mas aprendi a gostar de mim.
Quero minha companhia. Minha e só.
Quero me acompanhar. Pra sempre ao meu lado.
E que os outros venham e vão, passando de passagem. Pra não acumular sentimentos desordenados, que insistem em não serem positivos e felizes, e que, por ultraje do destino, não partem de mim.
Desaprendi a reagir as gentes. Desaprendi a sorrir no teatro mudo.
Se não falo, não gosto. Se não falo, não quero. Deixei os bicos de lado e agora me limito a balançar a cabeça em desaprovação. Não sei se espero o momento de agir, talvez a resposta seja meio covarde.

Mas sou eu, hoje.


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Meus eus não meus

Outro desafio.
Me pergunto se estou preparada para enfrentar o novo, quando o velho ainda existe e segue estagnado em mim.
Minha vida é uma vida de EUS. Eu sigo sendo muitas. Muitas Lenahs, Helenas e Francieles. Sou o que sou e o que os outros pensam de mim também é.
Não entendo muito bem de mim, nem de quem eu gostaria de ser.
Acho que os poemas vãos, que as poesias vagas e que os anúncios de tristeza são uma patifaria em mim.
Não posso mudar as pessoas, nem posso interferir nelas. Mas as pessoas são eu. Elas são parte de mim. Parte integrante da minha vida e das emoções geradas no meu peito.
Acho injusto. Injusto o modo como eu, diante de mim, diante do meu ser e de quem eu sou, seguir vivendo outras vidas. Mas elas são parte de mim.

Mais que perfeito: tempo presente, verbo intransitivo

Estou frustrada.
Preciso arranjar um meio de repensar minhas ações.
Não sei se estou fugindo ou se estou simplesmente dando um passo para o que estive sonhando ao decorrer do ano letivo.
Eu amo o lugar em que estou. Amo acordar com o barulho dos pássaros. Amo estar sozinha e feliz, porque não estou sozinha e não estou feliz. Eu estou acompanhada e sou, do verbo ser, feliz.
Meu mundo era utópico. Eu sonhava com a felicidade, mas não a vivia. Tudo em mim era sonho. Tudo era fantasia.
Quando despertei para o mundo real, trouxe comigo a boa vontade, de levar aos que estão dormindo o mesmo despertar. Respeitando seu tempo de aprendizado, respeitando as opções que os entregarei. Respeitando-os como seres humanos.

Eu estou longe da perfeição. Mas estou no caminho de querê-la um dia. Passe a eternidade que passar, quero e vou estar mais perto de Deus. Não depende de ninguém além de mim. Então plantarei essa vontade em minha essência, e chegarei aonde quero.

Hoje estou distante de estar realizada plenamente, porque ser plena exige muito mais do que os olhos são capazes de ver. De capitar. De perceber.
Existe algo em mim que quer ir adiante. Que quer chegar longe. E o simples querer, hoje, é suficiente para que eu plante o meio do caminho.

Caminhar é a palavra. É o que eu devo fazer.
Mesmo que me julguem. Mesmo que me apontem. Mesmo que doa em meu coração ouvir que meus irmãos não me compreendem.
Mesmo que eu pareça errada. Mesmo que eu me julgue errada, ou me julgue certa. Mesmo que eu não encontre o que procuro, mas sim outra coisa - melhor ou de menor expectativa - ainda assim, lá estará a minha vontade e o desafio de ser, a cada dia, mais digna.

Eu não sei se devo criar expectativas. Sonhar, planejar, criar uma meta, são pontos fundamentais para o ser humano viver. Eu preciso saber aonde quero chegar, mesmo que eu jamais chegue. Mesmo que eu desista no meio do caminho e, ali, trace outro plano. Preciso ter um ponto. Ao menos um.

Minha intenção é chegar longe. Ir até onde os meus pés aguentarem.
Minha intenção é fazer o bem, sem olhar a quem.
Minha intenção, juro pela minha fé, é ser uma pessoa melhor. Uma pessoa boa. Uma pessoa compreensiva.
Quero compreender a vida!
Quero sentar numa tarde primaveril, ver a vida passando e pará-la para um conversa. Quero ouvir a vida: suas queixas, seus amores, suas virtudes e desvirtudes. Quero que ela sorria para mim. Quero enxugar suas lágrimas. Quero senti-la beijando os meus lábios e dizendo que me ama, tanto ou mais do que eu posso expressar.

Eu quero viver.

Ouvir as pessoas e entender o que elas pensam. Perceber, ponderar, dizem sim ou não a cada situação, com base no melhor de mim.
Porém, é possível que eu - na ânsia de entregar o mais belo do meu ser - doe demais. Ou, doe o que não é necessário.
Como aquele médium que desenhava os pontos lindamente, de modo a fazer arte nos tablados. Esse moço não tinha uma má intenção. Não tinha uma desvirtude. Havia nele o que há de mais sincero: a vontade de doar-se e entregar o seu tudo. E o tudo, naquele momento, não significou nada.
Eram pontos riscados ao relento. Era arte vazia e jogada no lixo. Não havia magia. Não havia ação mágica. Não havia o segredo e as bençãos dos orixás. Havia apenas o sentimento de entregar o máximo. O mais bem feito possível.
E, portanto, havia o excesso.

Exceder-se é ainda mais traumatizante do que limitar-se. Ambos, em extremos, são prejudiciais, ou minimamente vergonhosos. O ideal é o meio. No meio está a perfeição. O equilíbrio. A verdade.

Será que dei demais e cheguei ao extremo?
Será que dei de menos e não fui suficiente?
Será que estou no meio, e que sou incompreendida?

Estou tentada a dizer que estou certa, mas no meu coração ainda resta a dúvida: sou o melhor de mim? Estou extrema demais? Posso relaxar ou devo me empenhar o dobro? Devo sair ou continuar? Devo me deixar levar pelo golpe de interesse? Devo deixar tudo como está? Devo mudar a vibração do meu dia a dia? Devo aceitar essa nova fase, com desafios maiores e mais complexos? Devo esperar a ação natural? Devo me empenhar para que a ação ocorra?

Não saberia dizer.
Depende de mim. Da minha escolha.
Meu coração, provavelmente, já escolheu.
E não importa se é uma escolha que rumará para um lugar além, importa que eu caminhe.
Por outro lado, como em A Lenda do Sabre de Ouro, pode ser que eu me precipite. E isso seria algo que eu me arrependeria.

Espero ou avanço?

Reflexo

Não posso esquecer de tapar os ouvidos para àquilo que me faz sentir mal.
Não acrescenta? Então é importante sorrir e acenar.
Não me sentir magoada ou exposta. Apenas eu mesma, merecedora de seja o que for.
Que venham as próximas aventuras. Vou me esforçar para ser melhor e me redimir a mim mesma.

Espero aplausos mentais. Se outros juntam as mãos e reproduzem o som de aprovação, é bônus.


Que minhas palavras façam diferença para mim, na conversa entre eu e Deus.
Que eu seja o centro da minha evolução, mesmo que os demais estejam diretamente ligados a ela.
Que minha moral, ética e amor estejam acima de qualquer tolice do meu ser.
Que a vergonha de ser eu mesma passe, para que a liberdade que eu prego faça sentido.

Que a filosofia de vida se torne prática, ação... que o pensamento se torne vida.
Que viver ensine mais do que um livro.

Que a vida seja um livro. E que eu não seja a leitora, mas escritora de todas as linhas pelas quais for passar.

Que os trilhos de Ogum sejam meu caminho.
Que a verdade de Obá esteja em cada um dos poros do meu ser.
Que o mundo faça sentido em mim e para mim.
Que cada vez mais me torne uma pessoa especial. Especial para mim, agora que me sinto especial para Deus.

Creio que todos somos especiais e recebemos as mesmas oportunidades iniciais... mas rumamos marés diferentes.
Que o meu resgate faça sentido. E que aquele "poder" atribuído a mim seja bem utilizado pelo meu ser.
Que todos os presentes de Deus, meus irmãos em minha companhia, façam sentido em meu coração. E eu trabalhe da melhor maneira para cuidá-los.


Que minha vida seja uma eterna oração.
Assim seja.

Sobre teus olhos

"Este seu olhar
Quando encontra o meu
Fala de umas coisas
Que eu não posso acreditar
Doce é sonhar
É pensar que você
Gosta de mim
Como eu de você
Mas a ilusão
Quando se desfaz
Dói no coração
De quem sonhou
Sonhou demais
Ah se eu pudesse entender
O que dizem os teus olhos"

Crônica do sétimo dia

Sábado à noite. Eu poderia sair e ir pra algum lugar bacana, mas não sinto que seja o momento. 
Plaquinha mental: período pra me retirar e me curtir. 
Tive uma tarde de Amélia e Gabriela hoje. Metade limpando e curtindo a casa (e a playlist), outra metade cuidando do meu corpo e do meu cheiro. 
Se eu tivesse um parceiro sexual estaria com ele no quarto, na sala e na cozinha. Simultaneamente. Mas acho que antes adotaria um gato, só pra transformar o momento em um conto e poder descrever o "olhar do gato" enquanto nos enroscávamos como animais.
Hoje, tudo por aqui cheira limpeza e mulher. Presumo que não seria difícil trazer alguém pra dentro de casa sendo um sábado, estando solteira e me sentindo promiscua, mas não quero assim. Não seria meu eu maior se fosse assim.
Meu momento me pede carinho, compreensão, bom papo, atitude e sintonia espiritual. ~~ a lástima maior é que o parceiro sexual que eu queria pra essa noite não está disponível no mercado.
Me resta esperar que a mulher dele aproveite a cama, seja tão caprichosa, cheirosa, limpinha, prendada, Amélia e Gabriela quanto eu... e esteja tão disposta quanto "meu cravo e minha canela". ~~ mesmo porque ele deu a entender que andava "comendo mal" ultimamente, então fico na torcida pra que tenha um daqueles orgasmos de início de namoro. Ser casado por mais de cinco anos deve ser de um tédio sexual absoluto (a menos que a mulher seja como eu e a maioria das minhas amigas mais próximas, que adoram a ideia de pensar, viver, falar e fazer sexo).
Se eu fosse 100% bíblica o "não cobiçar o homem da próxima" garantiria meu lugar no purgatório esta noite... porque hoje estou desejosa e com muita saudade dele sentadinho do meu lado, com o cinto abotoado, o óculos de sol, o sorriso nos lábios... ou simplesmente com aquela boca gostosa, a barba por fazer e aqueles olhinhos castanhos reparando no meu "batom vermelho" às nove horas da manhã. Sinto falta de entrar no carro, ouvir ele dizer estaciona - em uma estrada rural no meio do nada - e pensar que naquele momento, finalmente, vai deixar de ser "o Doutor Instrutor" e insinuar algo erótico e louco. Passei algumas vezes por essa cena. O problema é que eu estacionava, o carro parava, a tensão contornava meu rosto e nada dele me olhar nos olhos e atacar minha boca. 
Que frustrante escrever fanfictions e não vivê-las ao pé da letra. Qualquer boa história teria rumado para "a mocinha e o protagonista rolando na relva, em meio a aula da tarde, com cavalos e vacas na paisagem rural", uma bela história bem humorada.

Lembro dele comentando sobre passar por meu bairro quando vem trabalhar e perguntando onde eu moro. Imagino que toda vez que ele passe em frente ao ponto de referência que eu dei acabe lembrando de mim. Será que um dia ele encontra minha porta? Torço pra eu estar na memória recente dele... entre os livrinhos da filha e o cartão de agradecimento, entre o imã de geladeira de Nossa Senhora e a trilha sonora que curtíamos juntos. 
Receio que não seja bem assim... mas ainda torço.
Torço pra que ele tenha me desejado um pouquinho quando viajávamos sozinhos entre os lindos bosques, campos e igrejinhas retiradas, no meio de lugar nenhum. Pra que ele tenha pensado em mim antes de me conhecer e pra que tenha esperado por mim quando já sabia quem eu era. Torço pra que ele fale de mim, como comentava de outras alunas, aleatoriamente. Torço pra que ele tenha receio de falar o meu nome, como se estivesse me evocando, porque quero que ele sinta medo de me querer por perto. Torço que para que assim, talvez, ele realmente me queira por perto. Torço pra tocar O Rappa, Armandinho ou Lorde cada vez que ele ligar o rádio. Torço pra que as piadas que ele faz no dia a dia sejam uma das que criamos juntos, sem querer, e que ficaram ótimas. Torço pra ele se frustre com alguma tarefa doméstica masculina e saia batendo portas, só pra aliviar um pouco da minha própria frustração em estar pensando nele.
 E, acima de tudo, torço para voltar pra aula e revê-lo o mais breve possível: natural, de rosto lavado, cansado do trabalho, depois de uma segunda-feira do cão, com alguma atitude diferente, daquelas que demonstram logo de cara que ele - em uma noite de sábado - também andou "torcendo por mim".

5 letras são seu nome

Espero ter chorado antecipadamente
Que de hoje em diante sejam apenas sorrisos
Mesmo ao saber que você não fará parte de mim
Mais um que se vai
Outro que passa
Que não me acompanha.

Mas a marcha é assim, tem seus altos e baixos.
Suas direitas, suas esquerdas,
Rampas que nos levam a sonhos distantes,
Um pouco de insegurança e muita adrenalina.
Quem disse que sambar seria fácil?
Nem a valsa é tão complexa, meu caro!

Meus pés tentam se acostumar com o ritmo do meu coração.
Maestria da avenida, entra e sai de passistas...
E você é mais um porta-bandeira com quem tive o prazer de dividir o mastro.

Maestro em tudo.
Me ensina, me dá lições de esperança... e até tua melancolia são sorrisos.
Espero que seja completamente amado.
Já que eu me dividi pela metade.
Espero que doa pouco em mim.
E nada, em você.