Estou frustrada.
Preciso arranjar um meio de repensar minhas ações.
Não sei se estou fugindo ou se estou simplesmente dando um passo para o que estive sonhando ao decorrer do ano letivo.
Eu amo o lugar em que estou. Amo acordar com o barulho dos pássaros. Amo estar sozinha e feliz, porque não estou sozinha e não estou feliz. Eu estou acompanhada e sou, do verbo ser, feliz.
Meu mundo era utópico. Eu sonhava com a felicidade, mas não a vivia. Tudo em mim era sonho. Tudo era fantasia.
Quando despertei para o mundo real, trouxe comigo a boa vontade, de levar aos que estão dormindo o mesmo despertar. Respeitando seu tempo de aprendizado, respeitando as opções que os entregarei. Respeitando-os como seres humanos.
Eu estou longe da perfeição. Mas estou no caminho de querê-la um dia. Passe a eternidade que passar, quero e vou estar mais perto de Deus. Não depende de ninguém além de mim. Então plantarei essa vontade em minha essência, e chegarei aonde quero.
Hoje estou distante de estar realizada plenamente, porque ser plena exige muito mais do que os olhos são capazes de ver. De capitar. De perceber.
Existe algo em mim que quer ir adiante. Que quer chegar longe. E o simples querer, hoje, é suficiente para que eu plante o meio do caminho.
Caminhar é a palavra. É o que eu devo fazer.
Mesmo que me julguem. Mesmo que me apontem. Mesmo que doa em meu coração ouvir que meus irmãos não me compreendem.
Mesmo que eu pareça errada. Mesmo que eu me julgue errada, ou me julgue certa. Mesmo que eu não encontre o que procuro, mas sim outra coisa - melhor ou de menor expectativa - ainda assim, lá estará a minha vontade e o desafio de ser, a cada dia, mais digna.
Eu não sei se devo criar expectativas. Sonhar, planejar, criar uma meta, são pontos fundamentais para o ser humano viver. Eu preciso saber aonde quero chegar, mesmo que eu jamais chegue. Mesmo que eu desista no meio do caminho e, ali, trace outro plano. Preciso ter um ponto. Ao menos um.
Minha intenção é chegar longe. Ir até onde os meus pés aguentarem.
Minha intenção é fazer o bem, sem olhar a quem.
Minha intenção, juro pela minha fé, é ser uma pessoa melhor. Uma pessoa boa. Uma pessoa compreensiva.
Quero compreender a vida!
Quero sentar numa tarde primaveril, ver a vida passando e pará-la para um conversa. Quero ouvir a vida: suas queixas, seus amores, suas virtudes e desvirtudes. Quero que ela sorria para mim. Quero enxugar suas lágrimas. Quero senti-la beijando os meus lábios e dizendo que me ama, tanto ou mais do que eu posso expressar.
Eu quero viver.
Ouvir as pessoas e entender o que elas pensam. Perceber, ponderar, dizem sim ou não a cada situação, com base no melhor de mim.
Porém, é possível que eu - na ânsia de entregar o mais belo do meu ser - doe demais. Ou, doe o que não é necessário.
Como aquele médium que desenhava os pontos lindamente, de modo a fazer arte nos tablados. Esse moço não tinha uma má intenção. Não tinha uma desvirtude. Havia nele o que há de mais sincero: a vontade de doar-se e entregar o seu tudo. E o tudo, naquele momento, não significou nada.
Eram pontos riscados ao relento. Era arte vazia e jogada no lixo. Não havia magia. Não havia ação mágica. Não havia o segredo e as bençãos dos orixás. Havia apenas o sentimento de entregar o máximo. O mais bem feito possível.
E, portanto, havia o excesso.
Exceder-se é ainda mais traumatizante do que limitar-se. Ambos, em extremos, são prejudiciais, ou minimamente vergonhosos. O ideal é o meio. No meio está a perfeição. O equilíbrio. A verdade.
Será que dei demais e cheguei ao extremo?
Será que dei de menos e não fui suficiente?
Será que estou no meio, e que sou incompreendida?
Estou tentada a dizer que estou certa, mas no meu coração ainda resta a dúvida: sou o melhor de mim? Estou extrema demais? Posso relaxar ou devo me empenhar o dobro? Devo sair ou continuar? Devo me deixar levar pelo golpe de interesse? Devo deixar tudo como está? Devo mudar a vibração do meu dia a dia? Devo aceitar essa nova fase, com desafios maiores e mais complexos? Devo esperar a ação natural? Devo me empenhar para que a ação ocorra?
Não saberia dizer.
Depende de mim. Da minha escolha.
Meu coração, provavelmente, já escolheu.
E não importa se é uma escolha que rumará para um lugar além, importa que eu caminhe.
Por outro lado, como em A Lenda do Sabre de Ouro, pode ser que eu me precipite. E isso seria algo que eu me arrependeria.
Espero ou avanço?