Eu sempre comento que acredito nas minhas próprias causas e que não somo com ideiologias que não sejam as minhas. Já fiz isso, não deu certo.
Eu mudo tanto de opinião que, ano passado, em uma conversa de café comentei alguns elogios sobre o governo Richa. E, neste ano, fui ao protesto que reuniu diversos profissionais com - naquele ato - salários atrasados. Aliás, o nome desse homem se tornou quase uma praga entre os professores paranaenses.
Não sou de dar meu nome pra assinar causa nenhuma, porque me parece hipócrita sempre e quando eu não visto, de fato, uma camisa. É como torcer para "o time do coração" no sábado a tarde e usar o emblema dos todos os adversários durante a semana. Não faz sentido.
Sempre e quando algo faça sentido para mim, eu manifestarei o meu amor ou a minha dor por aquilo. Assim como escrevi, há alguns meses, sobre a Verônica, uma trans que apanhou até ficar deformada. Para mim, naquele momento, fez sentido escrever sobre aquele ser humano e sobre a senhorinha que foi agredida por ela. Causas sociais.
Causas sociais me comovem, mas não serei hipócrita em dizer que ofereço uma cesta básica por mês para alguma família carente, ou que contribua com um pequeno valor mensal para a Unesco.
Ao contrário, eu sou do tipo que entra em sistema de cotas, ganha bolsa de estudos e já fez parte do Luz Fraterna.
Meus altos e baixos são tantos que um ano eu ganho dinheiro suficiente pra ir pra Florida e no outro eu não tenho dinheiro nem pra ir até Colômbo e voltar.
E nessas idas e vindas, essa semana fiquei realmente irritada com um americano. Um palhaço que destratou e falou barbaridades sobre a América Latina. Fiquei pensando que conheci americanos maravilhosos e que muitos deles me trataram super bem. Lembrei de relatos de amigas que viveram nos Estados Unidos e foram tratadas com arrogância, e lembrei de pessoas que se sentiram donas do mundo por pisar na Grande Maçã. São muitas pessoas e histórias diferentes...
Na minha história, gays sempre foram bem vindos, tanto quanto a cultura pop, clichê e tosca americana - que é o que mais me liga ao contato com eles. Não tenho repulsa contra gays, e também não amo a todos da mesma maneira, porque não sou Deus para amar a todos de igual maneira.
Gays ou héteros são pessoas. Eu amo os seres humanos. Não me importo se são gays ou não. Me importo com muito pouco, aliás. Me importo com o respeito das pessoas e em estar de bem com o meu próprio mundo.
Por isso não me senti a vontade para colorir minha foto. Porque eu não estaria sendo sincera comigo mesma.
Contudo, repudio completamente as manifestações de pessoas que se dizem mobilizadas por causas mais importantes como a fome ou a mortalidade infantil. Isso me dá asco. Me dá nojo. Porque é mentira. É um falso moralismo de merda que quer inferiorizar a causa LGBT e colocar o foco em outro ponto.
Achei patético.