O que você acha sobre o "problema" na variação linguística?
Acredito que não haja nenhum "problema" com a variação linguística.
Se bem compreendi, a questão aborda o preconceito linguístico, quanto a esse assunto, é pertinente afirmar que há um equívoco por parte dos leigos, que não estando a par do grau ineficiênte de julgamento ao qual enquadram a língua, tomam variações linguísticas como "erros de pronuncia".
A sociolinguística afirma a existência de comunidades linguísticas que possuem determinadas palavras e expressões comum a seu meio. Nesse sentido, podemos tomar expressões pronunciadas no dialéto interiorano, também chamado de dialéto caipira, por exemplo. Essas expressões são dadas como erros grosseiros e, até, estigmatizadas como de uma fala pobre e inferior. Esses pré-julgamentos caracterizam a plena e total falta de conhecimento da essência linguística, haja vista que a língua está em constante transformação e permite determinadas construções frasais e pronunciais relacionadas a situação em que o indivíduo pratica seu discurso. O enunciado é elaborado a partir da comunidade e da situação em que o falante participa, no dado momento de fala. É o que a sociolinguística chama de adequação e inadequação.
É adequado que um senador da república se refira ao presidente do senado como Excelentissímo Senhor Presidente Senador Mão Santa, quando estão no plenário ou em entrevistas a emissoras de televisão, no entanto, em um churrasco entre amigos, em que os dois são convidados a participar, é absolutamente natural que o senador, aí no papel de amigo e longe da função e do cargo, trate informalmente o presidente do senado, chamando-o apenas de Mão Santa, ou algum apelido que o referido senador possua.
A variação linguística está ligada a variantes linguísticas, essas variantes podem ser palavras com o mesmo significado caracterizada de diferentes formas em regiões distintas, como a palavra comboio, em Portugal e a palavra trem, no Brasil; e, também pode ser determinado fonema pronunciado com variação em regiões distintas, como a palavra azul no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. Não apenas as regiões como as classes sociais, o sexo, o grau de escolarização, a idade e diversos outros fatores são fundamentais para o surgimento da variação linguíticas, as gírias adolescentes, os termos policiais, as siglas governamentais, os jargões jornalísticos, etc. todos esses são parte da variação linguística, no entanto, a falta de informação de determinados setores, ocasionados por falta de acompanhamento, de estudo, de interesse ou ignorância, fazem com que haja a falsa imagem de que determinadas variações, menos prestigiadas socio-culturalmente, sejam estigmatizadas pelas dominantes.
Franciele Cristina Freire
Estudante de Letras-Português 7º período.
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