O povo adora reclamar dos meus finais violentos e de eu estragar os sonhos adolescentes.
Não peço desculpas. Para mim, final de ciclo é morte (ou pode ser reinício, mas aí o tema muda e vira um Memórias Póstumas ou um romance de vida após a morte... um Cidade dos Anjos da vida. Coisa linda, mas não é disso que estou falando). Se a vida continua, vem outra história; logo, não é um bom final. Exceções sempre existem, of course.
Eu sou adepta dos dramas.
Detesto quem reclama de morte no final e não tem aquele gostinho de "quero mais" quando termina de ver um Titanic da vida.
Comentando o exemplo, existe uma magia significativa em terminar o filme e assistir documentários, ver a lista de sobreviventes, as entrevistas feitas ao decorrer dos anos e as versões antigas da obra. Titanic é um conjunto de vidas que se une para formar um drama. Um puta drama. O Senhor Drama. Obra prima do meu divo James >> Francis << Cameron.
Só pra citar, quando um personagem morre - e existem fatos reais envolvidos - é apenas começo de uma descoberta louca do que há por trás da história. Para ilustrar, Quinze Dias em Setembro. Basicamente o livro que marcou 2012, pra mim. Um romance (gênero literário) brasileiro, que une tudo o que uma boa trama pode unir e ainda te faz ficar ansiosa pra ver a lista de procurados no FBI. Sim, eu faço esse tipo de coisa. É um tesão.
A obra, quando tem vida, te leva além do final feliz. Afinal, o final da obra é o teu começo. Quando acaba o "loading" e inicia o "processing".
Nada como um assassinato bem descrito e com muito suspense, também! Isso é mais gostoso do que churrasco com lasanha e Coca, no domingo em família.
Escrever história feliz é fácil; quero ver escrever um drama romântico, com pitadas de ação e humor, que prenda o leitor. Ou ainda, um suspense com detalhes milimetricamente calculados. Quero ver botar a cuca pra funcionar e fazer o objeto que apareceu na mão do personagem no capítulo inicial, ser a chave de toda a trama no capítulo final.
Conexões, é a palavra.
Conta-se nos dedos as obras que possuem essa pitada diferencial. Esse "q" de "não quero agradar, quero fazer arte", "quero mostrar cultura", "quero que o comentário seja inteligente e cite as referências implícitas".
O drama e o suspense são uma obra de arte.
E é por isso que, na tentativa de dar valor ao meu diploma e a profissão que assina minha carteira de trabalho, eu trabalho o suspense e o drama com tanto afinco.
Tenho romances café com leite, fantasias mitológicas e até trabalho com erotismo, mas o que me difere é, justamente, o drama e o suspense.
Precisava comentar o que me move, porque não consigo entender qual o problema em não escrever um final feliz. Sim, eu mato muitos de meus personagens. Sim, eles sofrem. Não, eu não me arrependo.
Viva Machado de Assis com sua Helena. Viva o Romantismo e o Realismo dramático. Viva Vidas Secas com sua linguagem ainda mais seca. Pobres dos que se frustram quando não entendem a arte! Viva Edgar Alan Poe e todas as histórias que podem encher o leitor de lágrimas, de ansiedade ou de pavor!