Estou analisando a história desse guri carioca que manifestou seu amor e devoção por Curitiba.
Conheço, de fato, alguns curitibanos que tem medo do Rio e comentam sobre a violência exposta pela grande mídia, mesmo sem conhecer a cidade pessoalmente. E, por outro lado, conheço gente que conhece Curitiba, não é curitibano e não gosta da cidade.
Parece que os vilões da história somos nós, por esse ângulo.
Mas, conheço gente curitibana que ama o Rio e gente de fora que escolheu Curitiba para viver, porque se identifica com a cidade.
Não penso que regiões sejam como time de futebol, que você ama ou odeia, porque eu penso em algo maior, como o amor nacional, pelo solo que pertence a um povo. E não acho que as fronteiras sejam especificamente o que nos diferencia, porque quanto indivíduos detentores do poder de escolha, podemos nos aproximar e nos igualar ou nos distanciar e diferenciar. O que é natural em qualquer cidade.
Eu amo Curitiba e é lógico que amo porque tenho um elo com ela, uma dívida de gratidão por ter me acolhido e me criado, por ser parte de quem eu sou.
Eu sou uma boa pessoa e conheço muitas outras boas pessoas curitibanas.
Eu cuido da minha cidade, do crescimento dela, da divulgação de seus talentos e até faço um esforço pra dar oi no ponto de ônibus pela manhã. Até puxo assunto com estranhos (em sua maioria, senhoras de maior idade), levanto dos bancos cinzas pra oferecer lugar sem que me peçam, não empurro na hora de subir, pego panfleto de panfletista, até paro pra olhar arte de rua e compro livro do povo zen da Rua XV.
Eu não sou melhor que os outros curitibanos, sou parte de Curitiba.
Eu gosto de silêncio, procuro não incomodar aos demais e fico na minha, respeito o nível de som ambiente, sem gritar decibéis quando o ambiente está calmo - por uma questão de feeling. Assim como não me importo de rir alto e fazer escândalos, quando o lugar é propício.
Não chuto cachorro, ao contrário, vejo muito curitibano fugir de cachorro e dizer "passa, passa", com medo de ser mordido.
Nunca tive problemas com freiras, por sinal, trabalho com algumas e nos damos muito bem.
Não sorrio pra todo mundo, mas costumo sorrir pra mim. Não rio dos outros, rio com os outros e para os outros. Mas claro que não sou perfeita. Desaprendi a separar meu lixo e tenho me policiado pra reaprender. Também não costumo ser rápida pra juntar algo que cai no chão e não é meu, ou para entrar em uma conversa em que eu ache que haja uma pessoa precisando de ajuda e apoio verbal. Basicamente porque cresci aprendendo a não mexer no que não era meu.
Se é esse o problema do curitibano, não se envolver com o que não é dele, talvez eu seja uma das condenadas, levando em conta que não costumo me intrometer.
Eu costumo dizer que existem jardins e que cuido do meu, que é cercado, como muitos, mas fica de portão encostado, sem cadeado. Eu gosto que batam palma antes de entrar e eu, particularmente, sigo esse exemplo. Paro, bato palma, peço licença se sou atendida, mas em hipótese alguma entro sem avisar. Mesmo que a casa esteja vazia e a bola no quintal.
Pessoalmente, chamo isso de respeito. Porém, se meus conterrâneos brasileiros, ou meus amados e bem recepcionados (ao menos por mim) gringos não se sentem à vontade com a política de boa vizinhança que instituí, sendo curitibana, receio não poder agradar a gregos e troianos. Peço desculpas pela timidez em começar uma conversa e espero que tenham mais sorte em outras cidades, tais como o lindo Rio de Janeiro.