Estava eu caminhando por Curitiba, cidade em que vivo e nasci, amo e trabalho, quando um cara e duas gurias passaram pela rua e viram minha divez usando um lenço afro, cabelo black, meu habitual estilo hippie/cigano e, como sempre ocorre por aqui, acharam estranho.
Não ser branca, baixa ou usar chapinha simplesmente destoa do perfil curitibano de "normalidade", "beleza" ou "interesse"... até aí, tudo bem, não é de hoje.
O que me deixou pensativa foi ouvir o cara (bêbado ou chapado), tentar me ofender quando passei do lado dele dizendo "essa aí veio do Ceará". O tom foi de provocação e eu, no mesmo momento, percebi que era pra mim - porque ele olhou pra mim antes de falar e riu de mim depois de falar.
Pensei alguns segundos e me dei conta de que aquele ato havia sido muito banal e ridículo. Tem um pessoal por aqui que, basicamente, ignora e exclui quem não tem o mesmo esteriótipo, além do povo do norte/nordeste, que sofre um bocado pela discriminação.
Óbvio que eu pensei "Que babaca, além de não ter nada a ver essa tentativa de provocação, eu sou curitibana. E, ainda que fosse cearense, sou brasileira".
Criar esteriótipos entre nós e nos desvalorizar só serve para dividir mais o Brasil.
Fiquei incomodada com o despropósito e com a falta de respeito. Quer dizer que agora ao invés de apelar para o "preto", "preta", o diferente se torna "cearense", "baiano", "paraense"?
Eu tenho CERTEZA de que se colocar o mapa do Brasil em branco na frente do cara, ele só sabe localizar os estados do sul, São Paulo, Rio e, com alguma sorte, o Amazonas.
E sobre meu visual, sou pretinha sim. Tenho o cabelo naturalmente ruim, meu corpo não é magro e, na verdade, eu sou uma mulher linda, inteligente, interessante e só me faltame o dinheiro e o gramour.
Deixa esse marcão caí aqui na periferia, pa nóis acerta um tiro de 12 nos miolo dele, tá sabendo? #treta