Cansada de escrever sobre os outros e determinada a ler minhas próprias linhas, resolvi falar de mim.
Como em uma canção de Bossa Nova, as linhas vem tortas, os versos não rimam.
Essa sou eu, a caminho da escola, mas não levo mochila porque sou quem dá aula.
É. Eu que vivo aprendendo dei uma de ensinar. Mais descubro do que passo a diante.
Não é quem sou, mas o que eu faço. E o que eu faço diz muito de quem sou.
De manhã acordo, me rastejo até o chuveiro, canto alguma coisa, ligo na rádio que tem MPB. Gosto de samba. E de chorinho. E, bem, da Bossa Nova.
Um instrumental de Tom me acompanha os pensamentos. E escrevo verso a verso cantando.
Num vai e vem de emoções.
Sensações.
Caminhos.
Quanta febre. Quanto amor.
A beleza me cerca de modo diferente. Ela vem de dentro pra fora e enlaça corações juvenis.
Eu, desse tamanho, conquisto pequenos e me sinto ainda maior. Porque estes pequenos são grandes demais para mim.
Grandes vozes, grandes em coração. Grandes pessoas. Nutridas pelo amor e pelo sabor de sentimentos novos, de vidas em sintonia. De disciplina e carinho.
Amores eternos que me costuram.
E o ritmo muda, vou me adaptar.
Faço o meu próprio samba, ainda que o que toque seja jazz.
Eu ouço a sax, me imagino com um violão.
Mas de que adianta um violão se não sei afinar as cordas do coração?
Sambar é bom.
Sambar me faz esquecer de assuntos que não resolvi.
Problemas que compõem o meu ser.
Gente que levo perto de mim.
E saudade que não vai embora.
De um tempo que ainda não vivi.
Ansiedade sempre me tocando, me amando,... E como amantes, sigo com ela, sem por um fim.
Mas ansiar é bem melhor que duvidar ou não cumprir.
Expectativa.
Enquanto isso me preparo. Vou atrás de informação.
Ou durmo.
Porque dormir faz de mim uma pessoa de pensamentos seletivos.
E sonho.
Mesmo sem querer sonhar, eu sonho.
E sonhar me faz um bem danado.